Capítulo 05

༺ Mia Carrozzini ༻

Na manhã seguinte, acordei mais disposta. A noite anterior havia sido difícil, com a discussão com Oliver e as palavras que ele me disse ainda estava ecoando em minha cabeça. Mas eu estava determinada a mostrar que suas palavras não me afetavam da forma como ele pensava. Ao me aproximar do berço, percebi que Nicolae já estava acordado. Com um sorriso no rosto, eu disse:

— Bom dia, meu dorminhoco! Você dormiu bem? Eu também estou de bom humor. Vem cá, quero encher você de beijinhos.

Peguei Nicolae em meus braços e comecei a amamentá-lo, pois tinha certeza de que ele estava faminto. A conexão de mãe e filho é algo realmente incrível. Seu olhar sereno e dócil me transmitia gratidão, como se ele soubesse que estou aqui para cuidar dele e amá-lo incondicionalmente. Essa é a única conexão verdadeira que conheço.

No entanto, às vezes, me pergunto como minha própria mãe teve coragem de me abandonar e me deixar com meu pai. Por que ela nunca sentiu saudades de mim? Será que eu não era digna do seu amor e cuidado? Essas perguntas sempre pairam em minha mente, mas sei que não quero repetir esse padrão com meu filho. Darei a ele todo o amor e carinho que puder, até o meu último suspiro. Não repetirei os erros do passado, pois meu filho merece todo o amor e cuidado que posso oferecer.

Depois de alguns minutos, coloquei Nicolae para arrotar, e ele voltou a dormir. A babá logo entrou para assumir seu posto, e informei a ela que ele já havia se alimentado, além de dar as instruções do dia. Ela concordou, e eu segui para o meu quarto para tomar banho. Assim que entrei, percebi que Mourett acabara de sair do banho. Respirei fundo, o ignorando, e fui direto para o meu closet. Após escolher uma roupa confortável, segui para a sala de refeições.

Como sempre, ele estava ali, lendo seu jornal de maneira tranquila. Sua calmaria constante era o que mais me irritava, mas ultimamente eu estava evitando admitir isso. Após alguns minutos, a empregada afirmou que Derick estava esperando por ele no escritório. Claro que ele não me disse nada, simplesmente me deixou de fora. Respirei fundo, odiando quando Mourett agia dessa maneira, pois só nos afastava cada vez mais.

Terminei meu café da manhã e decidi ir para a varanda. Peguei meu notebook e admirei a vista por um momento. Também notei a presença de alguns seguranças na parte de baixo do prédio. Estava tão concentrada que só percebi a presença de Gabriel depois de alguns minutos e acabei tomando um susto com sua presença.

— Nossa, você acabou me dando susto, eu não imaginava que você estava aí tão perto. Vocês seguranças e essas suas manias…

— Desculpe senhora, só estou efetuando a verificação e montando a guarda como sempre, mas me diga como você está hoje? Sei o quanto ontem foi um dia difícil. — Gabriel era um funcionário muito competente além de ter um cuidado especial comigo, ele realmente era um homem dócil apesar do cargo que possuía.

— Dentro do possível, mas sabe estou cansada com toda essa situação, é difícil não ter com quem desabafar! Às vezes me sinto insolada de tudo.

— Compreendo, senhorita Mia, mas você deve ter em mente que essas dificuldades serão temporárias e logo tudo se resolverá. — parei para observar o segurança por um momento e percebi uma certa paz nos seus olhos.

 Não tinha ideia de como conseguia ter tanta tranquilidade diante de tudo aquilo que estava acontecendo, mas, provavelmente, era porque essa guerra não era sua.

— Eu queria acreditar e ter essa tranquilidade que você passa em seu olhar, mas sinto que ainda vem muita turbulência por aí Gabriel. E a cada dia minha preocupação com meu filho aumenta.

— Acredite senhora quando você passa pelo inferno não é tudo que lhe assusta, eu já passei por coisas que você não faz nem ideia, principalmente quando estive no exército! — ele revela aquilo como se estivesse pensando em algo do seu passado e respondi curiosa.

— Eu sempre julguei que você parece que carrega muitos traumas, dar para perceber isso no seu olhar, Gabriel se você quiser pode me contar o que aconteceu em seu passado, eu gostaria de entender.

— Senhora, não tenho nada para contar. Sou apenas um homem que viu muita violência de perto e, sobretudo, viu os seus companheiros morrerem aos seus pés pelos terroristas. O pior é que ninguém se importa com as consequências que ficam, mesmo que tenhamos sido convocados para lutar pelo nosso país. — eu tinha que concordar com Gabriel: os soldados nem sempre eram valorizados.

— Entendo o seu ponto de vista, provavelmente nem sempre foi fácil tudo o que você passou, a minha vida não é cercada totalmente de dor, mas eu não tive uma infância fácil e é por isso que ultimamente tenho me preocupado com todos esses ataques.

— Apenas pense no lado bom para evitar coisas más, talvez as coisas não sejam tão difíceis, senhora. O seu Mourett ama-te, posso ver isso nos seus olhos. Ele é capaz de tudo para protegê-la tanto quanto seu filho. — quando ele fala dessa forma, dou um sorriso amargo e respondi olhando para a vista maravilhosa do lado de fora do apartamento.

— Pode ser Gabriel, mas estou realmente cansada e não sei se vou lutar ao lado de um homem como ele. Estou simplesmente desistindo. Sabe, agora que virei mãe, começo a pensar muito mais em mim e no meu filho. Não é que eu não ame Oliver, mas, se ele colocar a vida do meu filho em perigo, tudo vai nos afastar ainda mais.

— Se a senhora me permite dizer algo que minha sábia avô dizia: o amor, ele é assim, sempre tem os seus altos e baixos, nem toda a vida estaremos só com a felicidade, virão turbulências para testar se realmente o amor é capaz de superar tudo isso. Resta saber se você sobrevirá a cada impacto, e mais menos isso que penso sobre a relação de vocês. — as palavras que Gabriel dizia eram bonitas, mas a realidade era outra.

— Ah, Gabriel, são palavras bonitas, mas estou cansada de tudo o que aconteceu até o momento. Há alguns meses, eu era apenas uma estudante universitária, vivendo como qualquer outra pessoa comum, juntando suas economias para não morrer de fome e pagar a faculdade, mas, repentinamente, a minha vida tornou-se um turbilhão.

— Compreendo e a senhora acha que ganhou o quê com isso vindo até aqui? Na minha opinião acredito que tenha sido amadurecimento, principalmente se tornou uma mulher forte a cada dia. — respirei fundo lembrando de tudo que me aconteceu, principalmente a chegada ao cassino do Mourett e respondi com sinceridade.

— Às vezes fico pensando se tudo isso não tivesse acontecido, se a minha vida não estaria melhor, no momento eu me encontro perdida com tudo que está acontecendo.

— Apenas deixe as coisas acontecerem senhora e você saberá o que é bom para você na hora certa, eu preciso fazer uma ronda pelo apartamento que a senhora tenha um bom trabalho, com licença. — apenas concordei com as suas palavras e continuei com o meu trabalho.

Era a única coisa que não me deixava enlouquecer de vez, me manter ocupada, eu não posso enlouquecer ao ponto de deixar as coisas saírem do controle, mas confesso que se estivesse em outro lugar que me sentiria mais segura, longe dessa loucura eu estava melhor.

Na noite passada tive dois pesadelos e neles Esteves conseguia sequestrar o meu filho, eu não gosto nem de pensar nessa possibilidade decido deixar o notebook no sofá e vou até a varanda observa mais de perto a paisagem e pensei por um momento:

“Se um novo ataque voltar acontecer, eu serei obrigada a dar um jeito de fugir com o meu filho Nem que seja escondido de Oliver.

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