Capítulo 10

Oliver Mourett ༻

As coisas entre mim e Mia não estavam fáceis, porém eu não esperava ouvir aquelas palavras da sua boca. Ela pensa que foi a única que perdeu tudo. Acabei perdendo muito mais nessa história do que ela. Se soubesse como é difícil ter que eliminar o meu próprio sangue para permanecer ao seu lado, não diria palavras tão cruéis.

No meio de tudo isso, eu ainda perdi minha nona, a única pessoa que amei depois dela. Muitas vezes eu me sentia solitário e com muita falta da presença de Lupíta, principalmente quando lembro da nossa última discussão. Eu ainda sinto um certo remorso. Fui para o meu escritório ver se eu encontrava alguma coisa que me ajudasse a parar o sangramento na minha mão. De repente, vejo Derick bater na porta e entrar. Ao observar o ferimento, ele pergunta preocupado:

— Senhor, eu vim passar as últimas informações. Nossa, o que foi que aconteceu com a sua mão? Caramba! Está sangrando muito.

— Não se preocupe, é apenas superficial. Acabei me enfurecendo com Mia e quebrei o copo de whisky na minha mão, apertando com força. Mas me diga o que foi que você descobriu? — ele concorda com as minhas palavras e responde, enquanto pego alguns lenços de papel para neutralizar o sangue.

— Em todo caso, eu vou pedir para que uma das empregadas traga a caixa de primeiros socorros e realize um curativo. Mas voltando ao assunto, conseguimos achar o rastro do seu irmão. Esse desgraçado resolveu viajar para a Arábia. Agora, o que ele aspira fazer lá, eu também não sei dizer.

Derick então passa um recado pelo rádio e rapidamente uma das funcionárias entra, afirmando que vai me ajudar com o corte na mão. Ela é treinada para procedimentos de primeiros socorros. Continuo pensativo e, depois de alguns minutos de silêncio, digo:

— Arábia? Alguma coisa me diz que ele está se aliando a alguém. Tenho até medo de saber que esse alguém é o Hassan, mas se ele resolver se juntar ao meu irmão, eu mato os dois sem dó nem piedade.

— Olha, senhor, não sei sobre este homem! Poderia me dar mais detalhes a respeito para que eu possa ir atrás de mais informações? — assim que a funcionária termina o curativo na minha mão, sirvo-me uma dose de whisky e respondo, observando o Derick sério.

— É um filho da puta de um árabe que eu não quero fechar negócio porque ele fez cu doce no começo para me vender o seu petróleo, já que estou abrindo uma refinaria. Como fechei, ele de todos os lados no mercado financeiro, agora ele está querendo vingança porque eu não quero assinar qualquer tipo de contrato com ele.

— Então, o senhor tem quase certeza de que se trata de uma vingança e talvez ele tenha se juntado ao seu irmão para isso? Uau, não sabia que agora o senhor estava investindo tão alto. — levei mais um gole de whisky à boca e respondi.

— Provavelmente se trata disso. Esteves vai me cercar de todos os lados se aliando aos meus inimigos, e sim, estou investindo em algo alto, mas eu não sou o único sócio. Ainda possui cinco, porém sou um dos investidores que aplicou o maior valor.

— Claro, Senhor, entendo. De certa forma, verei o que consigo descobrir. Tenho um primo que mora por essas regiões. Verei o que eu consigo. — Derick sempre foi um cara bastante inteligente e eu tenho certeza de que ele descobriria logo a verdade e apenas concordei com as suas palavras, respondendo.

— Faça o seu melhor, Derick. Tenho certeza de que logo você acaba descobrindo do que se trata. Bom, preciso fazer uns telefonemas e falar com certas pessoas.

Assim que meu segurança sai da minha sala, continuei pensativo, achava que Mauro era podre porque havia esquecido o quanto Esteves também era uma cobra peçonhenta e venenosa. Mas ele pode ter certeza de que, quando eu descobrir a localização dele, esse filho da puta vai me pagar.

Depois de alguns minutos, decido ir ao quarto tomar um banho e descansar. Ultimamente, tenho me estressado demais. Assim que saio do banheiro. Mia está na cama sentada e me observa. Apenas respiro fundo e me dirijo até o closet. Ela continua me olhando, e não digo nada. A melhor coisa é evitar mais discussões, pois estou cansado. Ao perceber que estou em silêncio, ela pergunta:

— Me diga, como está a sua mão? Você machucou muito? O ferimento foi fundo?

— E por que você quer saber? Não acho que seja do seu interesse saber sobre um homem que você não queria estar junto. Sei me cuidar, não preciso da sua ajuda… — ela suspira fundo, me observando com semblante abatido, e responde.

— Olha, você sabe que eu não queria dizer aquilo do fundo do meu coração. Foi mais como um desabafo. Estamos passando por um momento difícil. Não ando bem da minha cabeça, há confusões de sentimentos.

— Sei, cherry, mas em nenhum momento joguei na sua cara que me arrependo de ter me envolvido com você. Renunciei a muita coisa para estar ao seu lado, e você está sendo ingrata comigo. Quem mais perdeu em tudo isso fui eu. — Não me importo de ser sincero nas minhas palavras.

— Eu não estou sendo ingrata, é que é difícil explicar. Você não compreende. Agora que sou mãe, eu só quero pensar na segurança do meu filho, protegê-lo.

Passei a mão na minha barba, observando seriamente. Já estava de saco cheio dessa conversa e brigas, e respondo.

— Você quer tanto ir embora para a Itália, Mia? Então você pode ir, mas saiba de uma coisa: o meu filho não vai. Eu não sei se você sofre de amnésia, todavia Dom Lorenzo está em guerra com outro dom da outra parte da ilha, e o meu filho não servirá de isca para ninguém. Ele está mais seguro ao meu lado.

— Claro, ele está muito seguro ao seu lado, não é? Pois não penso assim. Acho que, se eu estivesse mesmo na Itália, seria melhor. E não se esqueça de que, apesar de você ser o pai, sou a mãe. — ela levanta, me encarando seriamente, e me aproximo mais dela, fazendo ela recuar até se encostar na parede. Então soquei a parede com toda a força e digo ameaçadoramente.

— Olha, apesar de tudo que está acontecendo, eu te amo muito. Mas não pense que, se você tirar o meu filho de mim, ficará tudo bem, porque não vai. Foi como você disse, assim como você é mãe, eu sou o pai, e tenho tanto direito de ficar ao lado dele quanto você. Não me ameace, Mia, você me conhece, sabe o monstro que consigo ser quando eu quero.

Ela continua me encarando por um momento, então me viro de costas para ir até o closet e pegar uma cueca. No entanto, ela me responde de maneira desafiadora.

— Eu não preciso tirar o meu filho de você. Acontece que, se eu disser tudo isso à justiça, você perde a guarda dele imediatamente. Não se esqueça de que você mexe com coisas ilegais.

Ela só poderia estar tirando uma com a minha cara mesmo. Dei uma risada sarcástica e respondi.

— Acho que você se esqueceu com quem está falando. Sou um dos homens mais poderosos de Los Angeles. Você pode ter dinheiro ou qualquer outro tipo de influência, mas não se atreva a me enfrentar, porque posso pagar os melhores advogados para tirar Nicolae de você.

— É o que estou dizendo, não tem conversa com você. Não sei por que ainda tento, mas fique ciente de que tudo que acontecer com o nosso filho, ou se chegar a acontecer, será apenas culpa sua, Oliver, e pode ter certeza de que não vou te perdoar. Na primeira oportunidade, dou um jeito de sumir com ele.

Essa é a última coisa que ela me diz antes de sair pela porta, batendo-a com força. Passo a mão na minha barba, porque eu não discutirei com a Mia. Já estou com muitos problemas, e toda essa tensão entre nós, só está causando brigas.

Na manhã seguinte, quando acordo, percebo que Mia não desceu para o café da manhã. A empregada me disse que ela preferiu tomar seu café no quarto e estava na companhia do nosso filho. Ela realmente está voltando a ser a mesma petulante e revoltada de antes.

Decido me arrumar e ir para o meu escritório no cassino. Iria de carro até o aeroporto e, de lá, de helicóptero. Assim que estou entrando no carro, vejo-a e meu filho na sacada. Ela me observa por um momento e depois volta a dar atenção ao nosso filho. Apenas dou um suspiro e entro no carro, pensando: essa guerra precisa acabar, estou perdendo o amor da minha mulher.

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