༺ Oliver Mourett ༻
As coisas entre mim e Mia não estavam fáceis, porém eu não esperava ouvir aquelas palavras da sua boca. Ela pensa que foi a única que perdeu tudo. Acabei perdendo muito mais nessa história do que ela. Se soubesse como é difícil ter que eliminar o meu próprio sangue para permanecer ao seu lado, não diria palavras tão cruéis.
No meio de tudo isso, eu ainda perdi minha nona, a única pessoa que amei depois dela. Muitas vezes eu me sentia solitário e com muita falta da presença de Lupíta, principalmente quando lembro da nossa última discussão. Eu ainda sinto um certo remorso. Fui para o meu escritório ver se eu encontrava alguma coisa que me ajudasse a parar o sangramento na minha mão. De repente, vejo Derick bater na porta e entrar. Ao observar o ferimento, ele pergunta preocupado:
— Senhor, eu vim passar as últimas informações. Nossa, o que foi que aconteceu com a sua mão? Caramba! Está sangrando muito.
— Não se preocupe, é apenas superficial. Acabei me enfurecendo com Mia e quebrei o copo de whisky na minha mão, apertando com força. Mas me diga o que foi que você descobriu? — ele concorda com as minhas palavras e responde, enquanto pego alguns lenços de papel para neutralizar o sangue.
— Em todo caso, eu vou pedir para que uma das empregadas traga a caixa de primeiros socorros e realize um curativo. Mas voltando ao assunto, conseguimos achar o rastro do seu irmão. Esse desgraçado resolveu viajar para a Arábia. Agora, o que ele aspira fazer lá, eu também não sei dizer.
Derick então passa um recado pelo rádio e rapidamente uma das funcionárias entra, afirmando que vai me ajudar com o corte na mão. Ela é treinada para procedimentos de primeiros socorros. Continuo pensativo e, depois de alguns minutos de silêncio, digo:
— Arábia? Alguma coisa me diz que ele está se aliando a alguém. Tenho até medo de saber que esse alguém é o Hassan, mas se ele resolver se juntar ao meu irmão, eu mato os dois sem dó nem piedade.
— Olha, senhor, não sei sobre este homem! Poderia me dar mais detalhes a respeito para que eu possa ir atrás de mais informações? — assim que a funcionária termina o curativo na minha mão, sirvo-me uma dose de whisky e respondo, observando o Derick sério.
— É um filho da puta de um árabe que eu não quero fechar negócio porque ele fez cu doce no começo para me vender o seu petróleo, já que estou abrindo uma refinaria. Como fechei, ele de todos os lados no mercado financeiro, agora ele está querendo vingança porque eu não quero assinar qualquer tipo de contrato com ele.
— Então, o senhor tem quase certeza de que se trata de uma vingança e talvez ele tenha se juntado ao seu irmão para isso? Uau, não sabia que agora o senhor estava investindo tão alto. — levei mais um gole de whisky à boca e respondi.
— Provavelmente se trata disso. Esteves vai me cercar de todos os lados se aliando aos meus inimigos, e sim, estou investindo em algo alto, mas eu não sou o único sócio. Ainda possui cinco, porém sou um dos investidores que aplicou o maior valor.
— Claro, Senhor, entendo. De certa forma, verei o que consigo descobrir. Tenho um primo que mora por essas regiões. Verei o que eu consigo. — Derick sempre foi um cara bastante inteligente e eu tenho certeza de que ele descobriria logo a verdade e apenas concordei com as suas palavras, respondendo.
— Faça o seu melhor, Derick. Tenho certeza de que logo você acaba descobrindo do que se trata. Bom, preciso fazer uns telefonemas e falar com certas pessoas.
Assim que meu segurança sai da minha sala, continuei pensativo, achava que Mauro era podre porque havia esquecido o quanto Esteves também era uma cobra peçonhenta e venenosa. Mas ele pode ter certeza de que, quando eu descobrir a localização dele, esse filho da puta vai me pagar.
Depois de alguns minutos, decido ir ao quarto tomar um banho e descansar. Ultimamente, tenho me estressado demais. Assim que saio do banheiro. Mia está na cama sentada e me observa. Apenas respiro fundo e me dirijo até o closet. Ela continua me olhando, e não digo nada. A melhor coisa é evitar mais discussões, pois estou cansado. Ao perceber que estou em silêncio, ela pergunta:
— Me diga, como está a sua mão? Você machucou muito? O ferimento foi fundo?
— E por que você quer saber? Não acho que seja do seu interesse saber sobre um homem que você não queria estar junto. Sei me cuidar, não preciso da sua ajuda… — ela suspira fundo, me observando com semblante abatido, e responde.
— Olha, você sabe que eu não queria dizer aquilo do fundo do meu coração. Foi mais como um desabafo. Estamos passando por um momento difícil. Não ando bem da minha cabeça, há confusões de sentimentos.
— Sei, cherry, mas em nenhum momento joguei na sua cara que me arrependo de ter me envolvido com você. Renunciei a muita coisa para estar ao seu lado, e você está sendo ingrata comigo. Quem mais perdeu em tudo isso fui eu. — Não me importo de ser sincero nas minhas palavras.
— Eu não estou sendo ingrata, é que é difícil explicar. Você não compreende. Agora que sou mãe, eu só quero pensar na segurança do meu filho, protegê-lo.
Passei a mão na minha barba, observando seriamente. Já estava de saco cheio dessa conversa e brigas, e respondo.
— Você quer tanto ir embora para a Itália, Mia? Então você pode ir, mas saiba de uma coisa: o meu filho não vai. Eu não sei se você sofre de amnésia, todavia Dom Lorenzo está em guerra com outro dom da outra parte da ilha, e o meu filho não servirá de isca para ninguém. Ele está mais seguro ao meu lado.
— Claro, ele está muito seguro ao seu lado, não é? Pois não penso assim. Acho que, se eu estivesse mesmo na Itália, seria melhor. E não se esqueça de que, apesar de você ser o pai, sou a mãe. — ela levanta, me encarando seriamente, e me aproximo mais dela, fazendo ela recuar até se encostar na parede. Então soquei a parede com toda a força e digo ameaçadoramente.
— Olha, apesar de tudo que está acontecendo, eu te amo muito. Mas não pense que, se você tirar o meu filho de mim, ficará tudo bem, porque não vai. Foi como você disse, assim como você é mãe, eu sou o pai, e tenho tanto direito de ficar ao lado dele quanto você. Não me ameace, Mia, você me conhece, sabe o monstro que consigo ser quando eu quero.
Ela continua me encarando por um momento, então me viro de costas para ir até o closet e pegar uma cueca. No entanto, ela me responde de maneira desafiadora.
— Eu não preciso tirar o meu filho de você. Acontece que, se eu disser tudo isso à justiça, você perde a guarda dele imediatamente. Não se esqueça de que você mexe com coisas ilegais.
Ela só poderia estar tirando uma com a minha cara mesmo. Dei uma risada sarcástica e respondi.
— Acho que você se esqueceu com quem está falando. Sou um dos homens mais poderosos de Los Angeles. Você pode ter dinheiro ou qualquer outro tipo de influência, mas não se atreva a me enfrentar, porque posso pagar os melhores advogados para tirar Nicolae de você.
— É o que estou dizendo, não tem conversa com você. Não sei por que ainda tento, mas fique ciente de que tudo que acontecer com o nosso filho, ou se chegar a acontecer, será apenas culpa sua, Oliver, e pode ter certeza de que não vou te perdoar. Na primeira oportunidade, dou um jeito de sumir com ele.
Essa é a última coisa que ela me diz antes de sair pela porta, batendo-a com força. Passo a mão na minha barba, porque eu não discutirei com a Mia. Já estou com muitos problemas, e toda essa tensão entre nós, só está causando brigas.
Na manhã seguinte, quando acordo, percebo que Mia não desceu para o café da manhã. A empregada me disse que ela preferiu tomar seu café no quarto e estava na companhia do nosso filho. Ela realmente está voltando a ser a mesma petulante e revoltada de antes.
Decido me arrumar e ir para o meu escritório no cassino. Iria de carro até o aeroporto e, de lá, de helicóptero. Assim que estou entrando no carro, vejo-a e meu filho na sacada. Ela me observa por um momento e depois volta a dar atenção ao nosso filho. Apenas dou um suspiro e entro no carro, pensando: essa guerra precisa acabar, estou perdendo o amor da minha mulher.
༻ Mia Carrozzini ༻ Minha última discussão com Oliver não foi das melhores. Eu andava muito preocupada e tinha os meus motivos. A Noêmia partiu na mesma noite; precisava voltar ao trabalho e achava melhor que fosse assim, temia pela sua segurança ao meu lado. Novamente, eu estava sozinha, cercada de seguranças naquela pequena mansão. Os meus dias se tornaram tenebrosos diante de tudo que vem acontecendo. Como se eu estivesse presa pagando pelos meus crimes enquanto o verdadeiro bandido estava solto. Eu jamais pensei que eu e Oliver acabaríamos nos afastando depois de tudo que aconteceu entre nós e dos vários desafios que passamos juntos. Mas, quando se trata da segurança do Nicolae, minha intuição de mãe fala mais alto e não consigo confiar que o Oliver nos protegerá. É como um instinto materno que indica que algo está prestes a acontecer. Porém, espero estar errada sobre isso. As minhas noites têm sido difíceis, sempre estou tendo um sonho ruim em que meu filho é levado de mim por Es
༺ Oliver Mourett ༻ Estou fazendo os últimos repasses de cálculos com o meu administrador quando Derick entra pela porta sem bater. Provavelmente alguma coisa terrível aconteceu para ele já chegar assim; posso perceber isso através do seu olhar. Me levanto rapidamente, perguntando: — Fale de uma vez, aconteceu alguma coisa? Eu já conheço muito bem esse seu semblante. Foi com a Mia, não foi? — Senhor, eu não tenho boas notícias. A mansão acabou sendo atacada e vários homens invadiram. Eu não sei o que está acontecendo; a senhorita Mia estava desesperada do outro lado da linha. Eu só vim avisar para a gente ir logo embora daqui. — quando ele me revela isso, estou completamente sem reação e rapidamente pego o meu casaco e respondo, já caminhando para fora do escritório. — Vamos imediatamente, outra hora terminarei os cálculos com você, contador. Agora é importante que eu vá salvar minha mulher e meu filho. Porra, eu não tenho um minuto de paz. Porque estou com essa angústia de que alg
༺ Mia Carrozzini ༻Abri meus olhos lentamente, reconhecendo o quarto onde estou. Olhei para o lado e vi o soro pendurado com uma bolsa de sangue, então me dei conta de que sobrevivi ao ataque de Esteves. Observava tudo devagar, porque continuo sob o efeito de medicação forte, e acabei dormindo novamente pela exaustão.Quando despertei, estava melhor. Olhei ao redor e vi Oliver me observando sentado na poltrona, sério. Ao perceber que eu havia acordado, ele se aproximou, e notei estar com os olhos vermelhos; acredito que não tenha passado as últimas horas da melhor forma.— Cherry, finalmente você acordou! Fiquei com tanto medo de que algo acontecesse com você, meu amor, mas graças a Deus você está fora de perigo.— Meu corpo todo ainda dói. Você conseguiu acabar com Esteves e trazer o nosso filho de volta? — fui direta em minhas palavras, pois não me importava comigo, e sim com meu filho. No entanto, Oliver balançou a cabeça negativamente e respondeu.— Sinto muito, cherry. Estamos a
༺ Oliver Mourett ༻Uma semana havia se passado, e minha relação com a Mia não estava das melhores. Estava em busca de encontrar nosso filho, porém continuava sendo difícil. Esteves estava conseguindo mantê-lo muito bem escondido. A cada vez que fracassava em trazê-lo de volta, conseguia perceber a decepção nos olhos da Mia. Ela não suportava nem olhar para minha cara.No entanto, eu não posso desistir de nós, pois não conseguiria viver sem ela. Já estava sendo terrível ficar sem meu filho, e se eu também a perdesse, não sei o que seria de mim. Assim, sigo em direção ao quarto dela e percebo que Derick está conversando com o segurança. Ele leva a mão à barba, perplexo e furioso, ouvindo os relatos do segurança. Será que aconteceu alguma coisa?Quando ele me vê, parece tenso, então me aproximo sério e pergunto:— O que houve? Por que vocês estão tão sérios assim? Não me diga que a Mia passou mal de novo?— Não é isso, senhor. Eu nem sei como vou explicar para você, pois nem consegui ent
༺ Esteves Mourett ༻— Como assim, eles pegaram as minhas filhas? Paguei muito bem pela segurança delas. Não acredito que vocês falharam e deixaram o Oliver sequestrar as duas.— Não podemos fazer muita coisa, senhor. Eram vários homens, eles nos cercaram. Dona Amélia ainda fez de tudo para que eles não levassem as meninas, porém não conseguiu evitar. Ainda levou uma coronhada na cabeça. — levantei furioso da minha cadeira, arremessando a garrafa de uísque contra a parede. Que inferno!— Mas que merda! Como isso aconteceu assim? Isso estragará meus planos, com toda certeza ele quererá trocar as minhas filhas pelo filho dele.— Não sabemos, senhor. Ele simplesmente levou as meninas para um lugar que ninguém conhece. Elas não estão mais naquela mansão, disso tenho certeza. Qualquer um que se aproxime para tentar descobrir alguma coisa acaba morrendo. — passei a mão na barba, completamente nervoso.Eu não queria que as coisas tivessem ido para esse lado. Então vejo minha esposa entrando e
༺ Mia Carrozzini ༻Depois que decidi sair daquele hospital sem olhar para trás, na esperança de encontrar outra solução para resgatar meu filho e tirá-lo das mãos de Esteves, eu troquei até mesmo meu número de telefone. Não conseguia mais acreditar que Oliver poderia trazer Nicolae de volta.Nem posso ficar de mãos atadas esperando um milagre acontecer, sei que Oliver está fazendo tudo que está ao seu alcance, porém para mim não é suficiente.Meu desespero é grande e, além disso, ninguém no meu lugar poderia me entender melhor do que eu mesma, por ser mãe. Nas últimas semanas, não preguei os olhos, pois sempre acabo tendo pesadelos terríveis de que meu filho está sofrendo nas mãos daquele maldito infeliz.Voltar para a Itália poderia ser uma boa solução, pois eu poderia pedir apoio a Dom Lorenzo. Meu tio sempre me dizia que ele era um homem muito influente e sabia de tudo o que acontecia no submundo do crime. Quem sabe, se eu pedir a ele para perguntar a quem lhe deve favores, eu cons
༺ Oliver Mourett ༻Alguns dias se passaram e Mia continuava me evitando. Ela ainda não me perdoou por não conseguir proteger nosso filho. As ligações que faço sempre vão para a caixa postal. Respiro fundo enquanto caminho para a sala de armas. Após realizar alguns ajustes, finalmente retornei à minha mansão e ela estava intacta novamente.Analiso com certa calma todas as armas. Uma pistola de cor prateada chama minha atenção. O confronto final entre mim e Esteves se aproxima, e minhas moedas de troca seriam suas filhas. Contudo, sabendo que ele pode ser capaz de qualquer coisa, mandei providenciar algo especial para as suas filhas.Um colar bomba para cada uma. Sim, isso pode ser considerado duplamente cruel da minha parte, mas é apenas uma forma de me precaver, caso ele resolva ser mais esperto do que eu. Terminando de escolher minhas armas, sinto a presença de Derick ao meu lado. Estava aguardando apenas por ele, espero que esteja tudo pronto.— Senhor Oliver, temos tudo planejado.
༺ Mia Carrozzini ༻Eu havia viajado um dia antes depois que Dom Lorenzo descobriu onde seria o encontro para que Oliver fizesse as trocas das filhas de Esteves com o nosso filho. Passei dias treinando tiros ao alvo, inclusive treinando algumas táticas de defesa. Quando embarquei naquele jatinho, eu estava disposta a tudo para trazer o meu filho de volta e não me importaria com as consequências que teria que causar para tê-lo novamente em meus braços.Dom Lorenzo me ajudou a comprar um grande exército de homens, dinheiro para mim naquela altura não era problema. Eu havia herdado bilhões do meu tio e não me importaria de usar isso para conseguir o meu filho de volta. Dom Lorenzo acabou enviando Luka para me acompanhar nessa viagem, já que ele era um dos melhores homens, principalmente em táticas de ataque e defesa, e ele me orientaria da melhor maneira possível. Porém, é lógico que nem tudo saiu de graça. Tive que pagar um preço alto pelos seus serviços também.Assim que o encontro acon