Thomas caminhava pelo corredor da mansão, os passos agora soando como batidas insistentes em seus ouvidos.Não era o silêncio da noite que o perturbava, mas um zumbido crescente de ansiedade sob a pele. O que o tirara da cama? Uma inquietação que ele não conseguia, ou não queria, identificar.Ao passar pela biblioteca, uma luz fraca escapando por baixo da porta o deteve. Ele ouviu vozes: a de Sarah, inconfundível, misturada a um tom grave que ele conhecia bem. “Arthur”.“O que ele estava fazendo ali com Sarah naquela hora? Só os dois na biblioteca?”Sarah e Arthur estavam sentados próximos, conversando em tom baixo, mas com uma intensidade que ele não podia ignorar. Hesitou, a mão pairando no ar antes de se decidir a espiar. Thomas hesitou por um momento, escondendo-se parcialmente na sombra da porta entreaberta.A proximidade deles, a maneira como Sarah sorria ― um sorriso que ele raramente via ultimamente ― acendeu um fogo frio em seu estômago. As palavras eram quase inaudíveis, mas
Sarah observava a luz que atravessava as janelas do hospital, enquanto aguardava notícias dos exames de Adrian. Ao seu lado, Arthur distraía as crianças com uma conversa animada.— Aurora, você fez mais desenhos? — Arthur perguntou, sorrindo para a menina. — Adoraria ver artes suas.Aurora sorriu radiante e animada mostrando seu caderno com vários desenhos feitos por ela.Sarah sentia-se grata com Arthur, a forma como ele interagia com as crianças a tocava, mas também sentia um incômodo que não conseguia explicar.Enquanto isso, Thomas reunia-se com a equipe médica, sua tensão evidente. Ele não conseguia desviar o olhar da porta, consumido pela imagem de Arthur rindo com seus filhos.Um ciúme que ele sentia ser infundado o corroía, ameaçando o que havia construído, mesmo com Arthur sendo seu amigo desde a infância. Ele não gostava da proximidade entre ele e Sarah.Quando finalmente saiu da reunião, Thomas avistou Sarah e Arthur juntos, rindo enquanto Aurora mostrava seu desenho. O olh
Thomas ficou parado no jardim, lutando para controlar o turbilhão de emoções que o consumia.Finalmente, chegara o dia do julgamento de Anna. A sala do tribunal estava lotada. O burburinho do público era abafado pelas vozes graves dos advogados e pelo ranger das cadeiras. Thomas e Sarah estavam sentados na primeira fileira, com semblantes firmes. Adrian e Aurora ficaram em casa, protegidos do circo midiático que o julgamento havia se tornado.No banco dos réus, Anna sentava-se ereta, vestida com elegância, mas sem o brilho habitual nos olhos. Por trás da postura altiva, havia um medo latente. Seu advogado sussurrava instruções, mas ela não parecia ouvi-lo.A porta dos fundos se abriu, e Olívia entrou. Um silêncio tomou conta do ambiente. Ela caminhou com passos decididos até o banco das testemunhas. Seus olhos encontraram os de Sarah por um breve instante antes de se voltarem para o juiz.— A senhora se compromete a dizer a verdade, somente a verdade? — perguntou o juiz.— Eu juro — r
O clima na mansão estava tenso, era como uma corda esticada ao máximo.Durante a tarde, enquanto Sarah conversava com Arthur no jardim, as risadas de Adrian e Aurora ecoavam pelo ar, um som que antes trazia alegria, mas que agora soava como uma provocação.O sol da tarde dourava a cena, iluminando os cabelos de Sarah enquanto ela se inclinava para Arthur, rindo de algo que ele dissera. Arthur, com sua presença calma e acolhedora, ousou colocar a mão no ombro dela, um toque aparentemente inocente que, aos olhos de Thomas, queimava como fogo. Para qualquer observador desavisado, a cena transbordava cumplicidade, uma conexão que excluía qualquer outro. Mas para Thomas, parado à sombra da varanda, era uma tortura.Um ciúme ácido corroía suas entranhas, a possessividade gritando em cada fibra de seu ser. “Ela era dele,” sua mente urrava, mesmo sabendo que tal pensamento era irracional. Cada sorriso trocado, cada olhar cúmplice, era uma facada em seu orgulho ferido. O maxilar travado, os pu
Na quietude da noite, quando até as crianças já haviam se entregado ao sono, Sarah desceu em busca de água, tentando aliviar sua insônia. Ao entrar na cozinha, encontrou Thomas. A luz fraca mostrava um homem imerso em pensamentos obscuros, a solidão presente em cada expressão do seu rostoAo erguer os olhos e avistá-la, o silêncio entre eles pareceu se intensificar e se tornar ainda mais aterrador, como se a cozinha se transformasse em um cenário para seus temores ocultos e paranoias inabaláveis.Sarah tentou ignorar sua presença, pegou o copo e encheu-o na pia. Mas, ao tentar sair, Thomas bloqueou seu caminho.— Thomas — sua voz cortou o silêncio, carregada de uma tensão que parecia vibrar no ar. — Está bem, precisamos conversar.Thomas ergueu o olhar, e por um instante, o peso da noite pairou entre eles.— Sobre o quê? — ele respondeu, a frieza em sua voz denunciando a batalha interna que travava.Sarah hesitou, buscando as palavras certas, mas a dor e a frustração transbordavam.—
A manhã estava silenciosa na mansão Lewantys. Sarah preparava o café das crianças, o som suave dos talheres sendo a única trilha sonora. O aroma de torradas e café fresco preenchia o ar quando Thomas entrou na cozinha. Seu semblante estava sério, e ao lado dele, havia duas malas. Aquela visão fez o coração de Sarah acelerar.— Thomas? — Sarah perguntou, parando o que estava fazendo. — O que significa isso? O que você está planejando?Ele respirou fundo, os olhos presos nos dela, como se procurasse força naqueles instantes.— Vou sair da mansão, Sarah. — A voz dele era calma, mas carregada de uma tristeza contida. — Essa casa é sua agora. Sua e dos nossos filhos. Você não precisa ir embora com eles. Se você não consegue me perdoar... não faz sentido eu continuar insistindo.As palavras dele ecoaram no ar como um golpe. Sarah sentiu o estômago revirar, a realidade do que estava acontecendo começando a se instalar. Ficou imóvel, surpresa com a decisão repentina.Parte dela queria detê-lo
Foi naquele momento que ela tomou sua decisão. Precisava recomeçar, longe da mansão e de tudo o que ela representava. O único lugar onde poderia criar um novo lar para Aurora e Adrian era nos Estados Unidos. Lá, ela poderia oferecer uma vida longe das feridas do passado.Mas Sarah sabia que não poderia alertar Thomas. Se ele soubesse de seus planos, poderia tentar impedir ou dificultar sua saída. Ela precisava planejar cada passo com cuidado, garantindo que, quando partisse, não houvesse volta.Nos dias seguintes, Sarah começou a planejar sua partida em segredo. A ansiedade a consumia enquanto ela entrava em contato com seu advogado, solicitando os documentos necessários para viajar com as crianças, sob o pretexto de visitar parentes distantes. A ideia de deixar Thomas para trás era inevitável, e ela sabia que precisava agir rapidamente.Durante o dia, Sarah mantinha uma rotina normal. Brincava com as crianças, lia histórias antes de dormir e cuidava das tarefas cotidianas. No entanto
Adrian estava inquieto desde que o pai partira. Sua saúde, já frágil, começava a piorar novamente. Sarah, preocupada, permaneceu ao lado dele o tempo todo, tentando acalmá-lo enquanto ele perguntava repetidamente por Thomas. — Mamãe, o papai vai voltar? — perguntou Adrian, sua voz baixa e enfraquecida. — Claro que vai, meu amor — respondeu Sarah, acariciando seus cabelos com ternura. Mas, no fundo, ela sabia que precisava enfrentar Thomas e resolver as coisas. Não era justo com as crianças mantê-las afastadas de um pai que sempre fora presente e dedicado. Nos últimos dias, Sarah sentia o peso de suas decisões. Embora achasse que afastar Thomas fosse o melhor, percebeu que talvez estivesse sendo egoísta. Thomas não era apenas um homem que a magoara; ele também era um pai amoroso que sempre estivera ao lado dos filhos. Adrian e Aurora sentiam sua falta, e ela precisava colocar os sentimentos deles em primeiro lugar. Decidida, Sarah deixou as crianças aos cuidados de uma babá de