Adrian estava inquieto desde que o pai partira. Sua saúde, já frágil, começava a piorar novamente. Sarah, preocupada, permaneceu ao lado dele o tempo todo, tentando acalmá-lo enquanto ele perguntava repetidamente por Thomas. — Mamãe, o papai vai voltar? — perguntou Adrian, sua voz baixa e enfraquecida. — Claro que vai, meu amor — respondeu Sarah, acariciando seus cabelos com ternura. Mas, no fundo, ela sabia que precisava enfrentar Thomas e resolver as coisas. Não era justo com as crianças mantê-las afastadas de um pai que sempre fora presente e dedicado. Nos últimos dias, Sarah sentia o peso de suas decisões. Embora achasse que afastar Thomas fosse o melhor, percebeu que talvez estivesse sendo egoísta. Thomas não era apenas um homem que a magoara; ele também era um pai amoroso que sempre estivera ao lado dos filhos. Adrian e Aurora sentiam sua falta, e ela precisava colocar os sentimentos deles em primeiro lugar. Decidida, Sarah deixou as crianças aos cuidados de uma babá de
Thomas mal conseguia acreditar no que via quando Kathalina entrou em sua sala naquela manhã. Sua presença era tão inesperada quanto desestabilizadora. Durante anos, ele a guardara na memória como a mulher que o ensinou a amar ― e que, em seguida, o abandonara, evaporando-se sem deixar rastro algum.— Kathalina — ele murmurou, levantando-se da cadeira. — Você... voltou?Ela sorriu, um sorriso que ele conhecia bem, mas que agora parecia carregado de intenções que ele não podia decifrar.— Voltei, Thomas. Achei que era hora de encarar o passado e corrigir algumas coisas.A mente de Thomas imediatamente recuou no tempo. Ele e Kathalina haviam sido inseparáveis no início. Ela era fascinante — uma mulher de beleza estonteante e inteligência afiada, com uma confiança que desarmava quem a conhecia. Thomas se apaixonara perdidamente, acreditando que ela seria a parceira de sua vida.Mas tudo desmoronou quando a pressão familiar o empurrou para o casamento com Anna. Kathalina não ficou para lut
Thomas chegou à mansão no final da tarde, ansioso para ver Adrian e Aurora. Fazia semanas desde a última vez que desfrutara da companhia dos filhos, e o fardo da distância tornava-se insuportável.Assim que entrou, foi envolvido por um turbilhão de alegria, com os dois correndo em sua direção, os gritos de felicidade ecoando como uma melodia há muito silenciada.— Papai chegou! Papai chegou! — exclamaram em uníssono, e Thomas se abaixou para envolvê-los em um abraço apertado. O calor e a inocência das crianças eram uma salvação em meio ao turbilhão emocional que enfrentava.Sarah observava a cena da sala de estar, com um sorriso comedido nos lábios. A alegria contagiante das crianças aquecia seu coração, mas a percepção de se sentir uma peça deslocada naquela dinâmica familiar lhe causava um aperto no peito. A felicidade deles era um lembrete doloroso de sua própria solidão.Depois de alguns momentos, Thomas ergueu-se e olhou para os filhos com seriedade.— Hoje, pensei que poderíamos
— Por favor, papai — choramingou Aurora, com a voz embargada. — Não vá ainda.Adrian apenas o abraçou com força, sem dizer nada.Thomas suspirou, sentindo o peso da situação.— Tudo bem — ele disse, acariciando os cabelos deles. — Eu fico mais um pouco.Ele os levou de volta ao quarto, leu uma história curta e os embalou até que finalmente adormeceram. O coração dele se apertava ao ver o quanto sua ausência os afetava; cada momento perdido era uma lembrança dolorosa do tempo que não poderia recuperar.Quando Thomas finalmente saiu do quarto das crianças, encontrou Sarah no corredor. Os olhos dela estavam fixos nele, mas era difícil decifrar o que ela estava pensando. Havia algo entre tristeza e cansaço; algo que o fez hesitar.... — Posso voltar amanhã para vê-los? — perguntou com a voz baixa.Sarah assentiu sem dizer uma palavra; seu olhar estava distante e perdido em pensamentos profundos sobre suas próprias inseguranças e medos.Ele esperou por um momento como se quisesse dizer algo
Nos primeiros dias após a difícil conversa com as crianças, Thomas comparecia à mansão diariamente. Ele passava horas brincando com Aurora e Adrian, garantindo que eles sentissem sua presença, mesmo que o clima na casa permanecesse tenso. As crianças, embora ainda tristes, começavam a se adaptar à nova dinâmica.Sarah, por outro lado, observava tudo à distância. Cada visita de Thomas era uma mistura de alívio e dor. Ela sabia que ele estava tentando fazer o melhor para os filhos, mas isso não diminuía o vazio crescente que sentia toda vez que ele ia embora.Com o passar das semanas, a frequência das visitas de Thomas foi diminuindo gradualmente. No início, ele vinha todos os dias.Thomas decidiu que cada visita seria uma oportunidade de criar memórias preciosas com Aurora e Adrian. Ele se esforçaria para estar totalmente presente, dedicando tempo para brincadeiras, conversas e atividades que realmente importassem para eles.Seu objetivo era que, mesmo com a distância, cada encontro fo
Arthur finalmente decidiu que era hora de agir. Não suportava mais ver Sarah definhar, aprisionada pela tristeza, disfarçando a dor que se espalhava por toda a casa enquanto se esforçava para manter a fachada na frente das crianças.Uma urgência o consumiu, a certeza de que precisava agir para resgatá-la daquele abismo e, quem sabe, revelar-se como alguém disposto a ser seu porto seguro.Naquela tarde, enquanto Sarah revisava alguns documentos na sala de estar, Arthur entrou com seu característico ar tranquilo, mas com uma determinação sutil nos olhos.Naquela tarde, encontrou Sarah absorta em pilhas de documentos. Arthur adentrou o cômodo, sua habitual serenidade contrastando com a determinação que agora incendiava seu olhar. Ele sabia que o momento de agir havia chegado.— Sarah — começou ele, aproximando-se —, acho que você precisa de uma pausa.Ela levantou o olhar, surpresa.— Uma pausa?— Sim. Apenas uma noite para relaxar, respirar e se lembrar de que há um mundo lá fora — diss
Sarah ajustava o colar enquanto se olhava no espelho. Fazia meses desde que saíra para algo que não fosse resolver problemas ou cuidar das crianças.Agora, sentia uma mistura de ansiedade e leveza enquanto se preparava para mais um jantar com Arthur.Ele, sempre atencioso, havia escolhido um restaurante tranquilo, longe do caos que ultimamente parecia dominar sua vida.Enquanto dirigiam para o restaurante, Sarah olhava pela janela. O silêncio entre eles era confortável, mas ela sabia que, em algum momento daquela noite, Arthur faria perguntas que ela vinha adiando responder.Sentados em uma mesa no canto mais reservado do restaurante, Arthur sorriu enquanto servia vinho.— Está um pouco mais relaxada esta noite — comentou, observando o rosto dela com curiosidade.Sarah sorriu de volta, mas havia um peso em seus olhos.— Talvez seja porque você tem esse efeito calmante — brincou, embora soubesse que a calma era apenas superficial.Arthur apoiou os cotovelos na mesa, inclinando-se levem
Era uma noite movimentada no restaurante mais elegante da cidade. Luzes tênues criavam um ambiente acolhedor e romântico, enquanto uma música suave preenchia o ar. Sarah e Arthur ocupavam uma mesa no canto, conversando animadamente. Ele segurava as mãos dela e a olhava com uma intensidade que fazia Sarah desviar o olhar de vez em quando, tentando disfarçar o nervosismo.Do outro lado do salão, Thomas entrou acompanhado por Kathalina. Ele parecia tenso, como se aquele lugar fosse o último onde queria estar. Kathalina, por outro lado, irradiava confiança, deslizando pelo ambiente com um sorriso de quem sabia que estava chamando atenção.Quando os olhos de Thomas encontraram Sarah e Arthur, ele parou no meio do caminho, o rosto endurecendo. Lá estava ela, rindo suavemente, com Arthur segurando suas mãos. A proximidade entre os dois fazia o sangue de Thomas ferver.— Você está bem? — Kathalina perguntou, percebendo a súbita mudança na postura de Thomas.Ele seguiu o olhar dela e suspirou.