Narrador
Enquanto Nicole descansa, do lado de fora as coisas estão pegando fogo.
Ademir bate no volante com raiva, desesperado e completamente fora de controle.
— Calma aí irmão...
— Ela fugiu de novo, fugiu bem embaixo do meu nariz... Preciso achar ela agora....
— Não vai adiantar.
— Eu vou lá naquela fazenda, revirar aquela porra toda até achar a maldita Nicole.
— Para e pensa primo, já tentamos ir lá, está chovendo segurança. Nunca passaria da primeira porteira...
Soca o painel do carro outra vez, abre a porta e fecha com uma batida estrondosa, acende um cigarro com as mãos tr
NicoleSinto o chão sumir sob meus pés e caio de joelhos, Otávio me abraça.A dor rasga a minha alma, me sinto sufocada. Minha mãe se foi, ela está morta e a culpa é toda minha.Não! Ela não pode me deixar, não pode. Empurro Otávio, que acaba caindo de bunda no chão. Antônio me grita, mas já estou correndo em direção a saída da casa. Preciso chegar até a minha mãe.Alex está do lado de fora e não me vê entrar no carro, assim que percebe ele tentar me impedir, mas como deixa a chave no contato, consigo dar partida
NicoleMal posso respirar por conta dos soluços, a dor profunda escurece a minha alma, me levando cada vez mais para baixo. Minha mãe se foi, está morta, ela era a única coisa que me mantinha em pé, me fazia levantar de manhã e lutar, agora se foi para sempre.No funeral tem poucas pessoas e nenhuma delas a conhecia, ninguém aqui sabe a mulher guerreira que foi, a sua história, nem ao menos conheciam o seu sorriso lindo ao lembrar da pequena filha.Débora não saiu do meu lado desde que chegamos e Otávio me mantém em seus braços. Antônio está sentado ao lado da Beatriz e do Heitor, que parecem aborrecido
As vezes as pessoas não têm noção das promessas que estão fazendo no momento em que as fazem. A culpa é das estrelas. LIVRO I
NicoleAndei sozinha pela escuridão da noite até o sol nascer, não queria ir pra casa, principalmente sob olhar atento dos meus vizinhos fofoqueiros, e pior ainda, encontrar Ademir.Quando percebi já estava em uma praça, sentando no banco mais afastado de onde as pessoas caminham. Depois de um tempo sinto alguém senta ao meu lado.— Oi!— Oi! — respondo sem ânimo.Viro a cabeça, com os cabelos cobrindo o rosto, me deparo com um senhor bem vestido, barba feita e cheiro de gente rica.— Desculpa, vi você chorando e senti a necessidade de saber se está bem! — fala gentilmente.— Porque se importa?
Minha casa fica a uma hora do centro, na comunidade.— Tem certeza que é confiável entrar aqui, senhor? — o motorista questiona desconfiado de colocar uma limusine dentro da favela.— Se preferir posso ir a pé, só preciso trocar de roupa.Claro que não quero ir sozinha, se encontrasse Ademir, ele poderia me matar dessa vez.— Não! Siga em frente Alex.Antônio ordenou risonho, está achando graça do medo do motorista.— Penso que enquanto estiverem comigo, podem ficar tranquilos. — Sorri, tentando ser convincente.Talvez não!— Não sei não, senhor! — ele olhava para os lados assustado.— Faça o que digo homem!— Sim, senhor!Vou acenando para os conhecidos e alguns me olham com inveja.Paramos em frente ao meu barraco, não é de luxo, por&eac
Levo a minha irmã na festa e vejo algumas menininhas me dando mole, não é a minha praia, prefiro mulheres bem resolvidas, com experiência, se é que me entendem. Já meu pai não se importa, adora uma virgenzinha.— A hora que for embora me mande uma mensagem, que venho te buscar.— Não se preocupe, arrumo uma carona para casa. — Sorri se distanciando do carro.— Você quem sabe! Me ligue se precisar e tome cuidado com esse vestidinho!Ainda estou pensando se levo ela de volta para casa e quando decido, já sumiu de vista.Dirijo até a boate, e para a minha sorte o dono está do lado de fora, conversando com alguns clientes.— Oi!Ele sorri pra mim, descendo os olhos descaradamente pelo meu corpo.— Olá gato! Não vai querer entrar?Ótimo, ele é gay, só me faltava essa. N&atild
Uma mulher maravilhosa toma conta da minha visão, está com um vestido preto, é apertado nos seios médios e solto no cumprimento até os pés. Ela é linda e perfeita, não sei como definir. O preto se destaca na sua pele branca e seus longos cabelos castanhos, em cachos até a cintura.— Oi! — repete a todos nós, parecendo envergonhada.Ninguém responde, estamos todos em choque, menos o meu avô que sorri e responde tranquilamente:— Oi querida, está maravilhosa como previ!O que? Como assim? É ela? A esposa?— Pai! O que está acontecendo aqui, você está de brincadeira comigo?Meu pai encontrou a voz primeiro.— Está é a minha noiva e nos casamos no sábado.— Sábado? — pergunto no automático.A raiva começa tomar o lugar da indig
NicoleSó consegui respirar normalmente depois que sai daquela casa, não pensei que fosse ser tão difícil, nem que encontraria ele aqui, o cara que quase me fez descer do palco e perder o juízo somente com um olhar. E de novo senti o olhar dele em mim, rastros de fogo me consumiam, minha vontade era voltar e dizer algumas coisas a ele, ou fazer, mas apenas caminhei até a limusine e Alex me levou de volta ao hotel.— Está tudo bem, Senhorita?— Não, só vou ficar bem quando começar a me chamar pelo nome.Não gosto como soa, sei que é uma forma de respeito, porém não vou conseguir me acostumar com isso.— Desculpe, vou tentar. Assim que estaciona na frente do prédio eu desço, e antes de ir embora ele me chama de sen