Narrador
Antônio passou a noite acordado, só se ausentou para tomar banho. Não estava se sentindo bem, mesmo assim, voltou para sala.
Já era manhã e todos foram embora, somente os seguranças caminhavam por ali, vez ou outra, dando notícias sobre o paradeiro de Otávio e Nicole.
Emma se aproxima acanhada, retorcendo as mãos no avental.
— Bom dia, senhor, quer que lhe traga um café?
— Por favor!
Ela sabe que tem algo errado com Antônio, há um tempo vem reparando no seu rosto cansado e ultimamente pálido, a tristeza em seu olhar. Só o via sorrir ao lado de Nicole.
<NicoleQuando o Alex chegou, eu já estava lá fora esperando por ele. Não alarmei ninguém, vai que eles querem ir atrás. Antônio não quer que ninguém saiba ainda.— Rápido Alex... — me sinto aflita e gelada.Meu coração está apertado e as lágrimas não param de descer.— Serei o mais breve possível, Nicole.Nunca vi Alex pisar no acelerador como ele está fazendo agora, sinto até os solavancos da estrada de terra e ele continua sem olhar a velocidade. Pelo visto está tão preocupado quanto eu estou.Rapidamente chegando no hospital.Alex esta
NicoleO trânsito está intenso e mesmo assim o carro voava pelas ruas. Otávio desvia dos obstáculos com precisão, passando sinais, fazendo curvas perigosas e nos colocando em risco de um acidente grave.Inesperadamente ele entra no estacionamento de um hotel e para. Ainda estou em choque e tremendo muito.— Otávio, tem certeza que eles não seguiram a gente? — olho para todos os lados.— Tenho, deixei eles para trás a um bom tempo. — sua voz é baixa e está ofegante.— Era o Ademir.— Sim.Ele não vai cansar até me pegar.— Quem esse ca
O ar some e o coração dispara, todo meu corpo reage de uma forma estranha, e nem estou tocando a sua pele. Ele se vira para mim e sorri.— Não precisa ter medo, estou aqui...Tenho medo é de mim mesma, medo da minha reação, medo de perder o controle e fazer loucuras.— Obrigada!O clima está tão pesado que me sufoca. Levanto e vou até à janela, olho no horizonte, os prédios, a lua subindo lindamente para clarear a noite...— O que foi? — para atrás de mim. — Não quer mesmo dormir?— Tem muita coisa acontecendo... — coloca as mãos nos meus ombros, o ar falta outra vez, estremecendo todo o meu corpo.Seu toque é como brasa quente, é como se tocasse meus ossos me energizando, eriçando todos os pelos do meu corpo.— Nicole, olha para mim.—
NarradorEnquanto Nicole descansa, do lado de fora as coisas estão pegando fogo.Ademir bate no volante com raiva, desesperado e completamente fora de controle.— Calma aí irmão...— Ela fugiu de novo, fugiu bem embaixo do meu nariz... Preciso achar ela agora....— Não vai adiantar.— Eu vou lá naquela fazenda, revirar aquela porra toda até achar a maldita Nicole.— Para e pensa primo, já tentamos ir lá, está chovendo segurança. Nunca passaria da primeira porteira...Soca o painel do carro outra vez, abre a porta e fecha com uma batida estrondosa, acende um cigarro com as mãos tr
NicoleSinto o chão sumir sob meus pés e caio de joelhos, Otávio me abraça.A dor rasga a minha alma, me sinto sufocada. Minha mãe se foi, ela está morta e a culpa é toda minha.Não! Ela não pode me deixar, não pode. Empurro Otávio, que acaba caindo de bunda no chão. Antônio me grita, mas já estou correndo em direção a saída da casa. Preciso chegar até a minha mãe.Alex está do lado de fora e não me vê entrar no carro, assim que percebe ele tentar me impedir, mas como deixa a chave no contato, consigo dar partida
NicoleMal posso respirar por conta dos soluços, a dor profunda escurece a minha alma, me levando cada vez mais para baixo. Minha mãe se foi, está morta, ela era a única coisa que me mantinha em pé, me fazia levantar de manhã e lutar, agora se foi para sempre.No funeral tem poucas pessoas e nenhuma delas a conhecia, ninguém aqui sabe a mulher guerreira que foi, a sua história, nem ao menos conheciam o seu sorriso lindo ao lembrar da pequena filha.Débora não saiu do meu lado desde que chegamos e Otávio me mantém em seus braços. Antônio está sentado ao lado da Beatriz e do Heitor, que parecem aborrecido
As vezes as pessoas não têm noção das promessas que estão fazendo no momento em que as fazem. A culpa é das estrelas. LIVRO I
NicoleAndei sozinha pela escuridão da noite até o sol nascer, não queria ir pra casa, principalmente sob olhar atento dos meus vizinhos fofoqueiros, e pior ainda, encontrar Ademir.Quando percebi já estava em uma praça, sentando no banco mais afastado de onde as pessoas caminham. Depois de um tempo sinto alguém senta ao meu lado.— Oi!— Oi! — respondo sem ânimo.Viro a cabeça, com os cabelos cobrindo o rosto, me deparo com um senhor bem vestido, barba feita e cheiro de gente rica.— Desculpa, vi você chorando e senti a necessidade de saber se está bem! — fala gentilmente.— Porque se importa?