Entramos no quarto do Vitor, o som lá fora era alto. Com certeza as pessoas não ouviriam qualquer som que fizéssemos.
Era aniversário dele, como em todos os anos meu namorado fazia uma grande festa e naquele ano parecia estar ainda maior. Tinha muita gente na casa, muita bebida e com certeza outras coisas que os jovens usam para se "divertir".
Nada disso me importava, porque não era só o aniversário do Vitor, era nosso aniversário, estávamos completando um ano de namoro. Eu cursando administração como sempre quis, consegui uma bolsa depois de passar em primeiro lugar no vestibular.
_Estava com saudades... - Vitor disse me arrastando até a cama.
_Eu também... - Respondi com meio gemido.
_Pensei que não viesse...
_Amor é claro que eu viria! Seu aniversário, nosso aniversário, nos formamos eu consegui uma bolsa, muitos motivos para comemorar!
_Hum... - Essa foi a resposta que recebi do meu namorado, enquanto ele mordia meu pescoço.
Tirei a camisa dele, e comecei a desabotoar as calças...
_Você não deveria fazer isso... Vitor responde enquanto eu arranhava as costas dele. - É covardia... - Ele diz depois de tirar minha calça jeans. - Que tortura infernal!!!!
Eu não disse nada apenas me desfiz do sutiã.
_Bella... - Vitor grunhe. E coloca seus lábios em um dos meus seios.
Meu coração está batendo tão forte, se não estivesse em uma festa com música alta, com certeza meu namorado o ouviria retumbar. Sinto minhas mãos suarem e meu estômago parece estar dentro de Kamikaze.
Não há muita luz no quarto, só o suficiente para cortar o completo breu. Alguns fleches de luz passam pela janela do quarto e pousam na cama deixando nítida algumas partes dos nossos corpos.
Vitor se livra da calça e volta para cama. Ele beija, morde e suga a pele do meu corpo e força seu quadril vez ou outra em mim.
_Espera! Para!
Ele ri pelo nariz.
_Bom de mais pra ser verdade! - Ele ia se levantar e se vestir.
_Vitor, eu vou só pegar uma coisa na calça. - Espera!
_Esperar assim? Ele fala mostrando seu estado como se eu não soubesse que ele fica todo ouriçado.
Consigo pegar o envelope laminado no bolso da calça e mostro a ele.
_Você está falando sério!?
Balanço a cabeça em resposta.
_Feliz aniversário!? - Digo com o rosto em chamas enquanto Vitor me olha incrédulo.
_O melhor presente do século!
...
Ele sorri.
_Foi sua primeira vez amor, não dá para fazer com vontade, não queria te machucar. Com o tempo as coisas melhoram... Vitor recolhe a embalagem e o plástico da um nó com o preservativo ainda sujo com sangue, leva ao banheiro da suite. Quando volta começa a se vestir. _Eu queria muito que você ficasse, podíamos dormir juntos e tal, mas tem uma festa lá fora. Vamos aproveitar!
_Ta bom... Eu vou me vestir... Só... Você pode se virar? Estou com vergonha!
Ele dá uma gargalhada gostosa.
_Nós acabamos de transar! Você não devia ter vergonha!
Sinto uma sensação estranha. Vitor fala como se o que fizemos fosse normal... Não fosse nada de mais, talvez não devesse ser... Mas foi, foi pra mim, foi muito importante pra mim.
_Me desculpa, eu me esqueço que você é toda recatada. Eu sou um babaca as vezes. - Ele senta ao meu lado na cama beija minha testa e sorri. - Te espero lá embaixo.
_Tudo bem... - Vejo Vitor sair pela porta me levanto, me visto, troco os lençóis os escondo no banheiro debaixo das roupas sujas.
Quando saio do quarto e desço as escadas tenho impressão de que todos olham para mim, todos nessa festa sabem o que eu fiz. Meu rosto queima. Estou com vergonha.
"Isso é paranóia Isabella! Ninguém sabe. E mesmo se soubessem ele é seu namorado, vocês estão juntos há um ano!!!! Não tem nada de errado."
Repito na minha mente pra mim mesma. Várias e várias vezes...
Procuro por Vitor pela casa. Ele mora em uma casa enorme o que dificulta meu trabalho! Ando pela cozinha, sala, sala de TV onde alguns rapazes jogam vídeo game, olho pela varanda, e nos fundos perto da piscina. Tem tantas pessoas aqui! Mal terminamos o primeiro mês de aulas na faculdade, como Vitor conheceu tanta gente?
Encontro Vitor do outro lado da piscina, perto da sauna. Ele conversa com uma garota loira, ela está muito bem vestida e sorri pra ele o tempo todo. Vitor sorri e olha ao redor.
"Deve estar me procurando..."
Penso e sorrio. Eu já estava com medo de que ele se interesse pela garota. Eu sei, é idiotice minha! Nós acabamos de... Ele não faria isso! Ele me ama. Vejo ele olhar para os lados de novo enquanto caminho sorrindo para ele. Ele pega uma das mãos da loira e passa praticamente ao meu lado mas não me vê. Eu chamo o nome dele, Vitor olha para trás e não me vê outra vez.
Ele balança a cabeça e continua andando. Não sei porque estou parada olhando ele subir as escadas da varanda e entrar na casa.
_Bella!? - Ouço a voz do Edgar me chamando e me viro. - Nossa você está linda!
_Obrigada. - Respondo. - Você está na mesma universidade que o Vitor?
_Sim... Vocês ainda estão namorando? - Ele pergunta com claro espanto.
_Estamos... - Digo me sentindo desconfortável com a expressão do Edgar. Ele parece estar com... Dó!? - Veio sozinho?
_Oh! Não... Meu primo está aqui, veio comigo, ele está aqui venha.
Edgar me apresenta o primo. Me lembro dele da escola. Percy. Ele tem uma estranha cicatriz no rosto. Uma queimadura. No começo ele a escondia, mas não mais... Ele é sério e muito alto, forte, com olhos de um tom de verde intimidante. Ele parece ser tão frio e cruel...
_Eu... Eu vou atrás do Vitor... - Digo com um sorriso muito forçado.
_Naaaaão! Fica mais um pouco. Daqui a pouco ele aparece aí...
Olho para o cara ao seu lado, ele olha sério para Edgar, eles conversam com o olhar, me sinto ainda mais deslocada. Por fim depois do que parece uma eternidade Percy balança a cabeça em sinal de desgosto. Edgar olha pra mim com um sorriso muito estranho.
_Olha valeu mesmo! Mas... Vou achar o meu namorado. Depois eu volto aqui.
Entro na sala que parece ainda mais cheia, procuro por todo o andar baixo e nada.
_Ei! Você viu o dono da casa? - Pergunto a um rapaz parado perto das escadas. Segurando uma garrafa de cerveja.
Ele aponta para as escadas.
Começo a subir e meu corpo é tomado pelo medo.
_Moça, não acho que deveria subir, ele com certeza vai estar ocupado. O rapaz negro diz e todos que estavam perto riem.
Sinto que vou vomitar.
_Ele é meu namorado! - As palavras saem da minha boca sem que eu perceba.
_Opa! - O loiro sorri.
_Mais um motivo para não ir! - O rapaz de cabelos vermelhos fala com sarcasmo.
Não olho para trás subo as escadas sentindo minha garganta fechar, meu estômago está frio, eu estou fria, estou com medo, me sinto como uma daquelas garotas bobas dos filmes de terror indo direto para a mãos do assassino.
Abro a porta do quarto do Vitor, tem um casal lá, mas não é meu namorado. Ando até a porta do meio e nada, ele também não está lá. Respiro fundo, a porta do quarto dos pais dele estava entre aberta. Olho para os meus tênis que estavam limpos quando cheguei. Respiro fundo novamente e término de abrir a porta.
Na cama box toda bagunçada uma garota loira geme feito uma atriz pornô, enquanto o cara diz o quanto ela e gostosa... Fico parada na porta quero gritar mas o grito fica preso na garganta, quero correr mas meus pés criaram raízes na porta do quarto. Minha mão parece estar soldada a maçaneta.
Estou em estado de choque.
O ar parece não entrar nos meus pulmões, minha vista escurece e eu sinto que vou desmaiar. Lágrimas enchem os meus olhos.
_Bella!? - A voz do Vitor me arranca da escuridão. Vejo ele levantar da cama ele está vestido com a calça ainda, presa ao quadril. - Bella eu... Eu... - Ele caminha até mim como se estivesse se aproximando de um animal feroz. - Por favor, eu posso explicar.
Olho para a garota nua na cama, ela olha de mim para ele e dele para mim, parece confusa. Talvez ela não soubesse que ele tinha namorada.
_Pode!? - Pergunto ainda com os olhos na garota.
_Ela não é ninguém, não é importante... - Meus olhos continuam na garota que começa a se vestir. - Bella olha pra mim. Olha pra mim Isabella!
Volto meus olhos para Vitor que está bem mais perto agora. Ele abotoou a calça e está com a camisa nas mãos.
_Eu... Eu me entreguei pra você! Eu te dei tudo! - Dou alguns passos para trás e encosto na parede do corredor.
_Bella por favor, vamos conversar... - Ele tenta me tocar mais eu me esquivo.
Sinto tanto nojo de mim. Tanto nojo dele. Me sinto tão suja.
_Me sinto tão suja... Não era para me sentir assim... Você estragou tudo! - Me viro e começo a correr pelo corredor e as escadas, não ouço mais nada nem ninguém. Só quero correr e sair daqui.
_Isabella! Espera! Merda! Isabela...
A voz do Vitor some já estou saindo pela porta de entrada da casa dele. Não olho para trás nenhuma vez se quer não quero que ele me toque, não quero ver que está perto.
Passo as mãos sobre os olhos para limpar as lágrimas, antes que minhas mãos alcancem os bolsos da calça em busca de dinheiro eu bato em alguém.
Quando olho para cima vejo o par de olhos mais frios que já vi.
_ Você está bem? - Ele pergunta. Está tremendo! E... Chorando!?
_Me tira daqui por favor!? - Digo.
Só quero sair desse lugar!
_Onde você quer ir? Onde você mora?
Mas antes que eu responda minhas pernas fraquejam e eu vejo tudo apagar.
Quando acordei estava deitada numa cama macia, em um quarto neutro. Alguém conversava em uma parte da casa. Estava vestida com apenas camisa masculina que ia até o meio das minhas coxas. Eu não era baixinha, o fato de ter um metro e setenta de altura me fazia acreditar que poderia ser considerada alta.Olhei ao redor e não encontrei minhas roupas. Caminhei de vagar pela casa, estranhamente não sentia medo. Na sala uma mulher alta e muito bonita estava sentada sorrindo para alguém que estava de costas para mim._Você acordou!? - Já estava preocupada.A outra pessoa se levanta virando-se em minha direção. Sua expressão é séria e fria._Me desculpa se criei problemas para você e seu... - Não sei porque achei estranho que aquele rapaz tivesse uma namorada, afinal, não fosse a cicatriz em seu rosto eu poderia dizer que ele é lindo! - Namorado. - Respondo muito sem graça._Oh! - Ela abre um grande so
Fazia bem mais de uma semana que não via o Vitor, era uma sexta- feira e fazia um calor medonho. Enquanto caminhava para o ponto de ônibus Percy parou o carro ao meu lado e sua irmã desceu correndo na minha direção.Não vou esconder o fato de que fiquei com medo, tomei um susto daqueles e quase gritei por socorro ou sai correndo pela rua escura.Por sorte eu percebi quem era antes de fazer um enorme estardalhaço. A mulher com longos fios dourados e olhos azuis como o céus me abraçou como se fôssemos grandes amigas que não se viam a anos._O que está fazendo aqui nessa rua escura? Onde estava indo? - Ela pergunta com interesse._Estava indo para o ponto de ônibus atrás da avenida._Porque não vem de carro? - Acho engraçado a pergunta dela._Eu não tenho carro, e, se pegar um dos ônibus que passam em frente a faculdade terei que pagar duas por passagens._Estava in
Chegamos no portão de casa e Percy não se deu o trabalho de conversar comigo. Ele simplesmente pegou as sacolas e parou ao lado do portão, como se dissesse "não vou te deixar carregar".Abri o portão e esperei que entrasse, minha casa era simples, não tinha muitos luxos, para falar a verdade nosso único luxo era a smart TV de 50" e o sofá retrátil em que meu pai estava sentado._Oi pai, desculpa demora, achei que chegaríamos mais cedo._ Tudo bem. - Meu pai responde ainda olhando a TV. _Vamos pedir pizza?_Eu trouxe comida senhor. - Percy responde atrás de mim.Percy tem uma voz grossa, é muito mais alto que eu, e olhando para ele agora enquanto se apresenta vejo que é mais alto até que meu pai._Rapaz você é muito alto. Tomava chá de bambu quando pequeno, ou sua mãe te dava fermento de bolos? - Meu pai brinca com uma estranha liberdade.Meu acompanhante não ente
Tive uma longa e sofrida conversa com meu pai. Eu contei o que aconteceu comigo na noite do aniversário do Vitor, disse o quanto estava magoada, que tinha medo de sofrer de novo. Meu pai me aconselhou a dar uma chance para o Percy."Nem todos os homens são iguais, eu realmente acho que esse rapaz gosta você. Se dê uma chance, supere."Essa foi a pior resposta que ele poderia me dar...Eu não posso negar que existe alguma coisa que me atrai em Percy, sempre me atraiu. Mas me sinto presa, estou amarrada pelas cordas invisíveis do medo.Talvez eu tenha medo de sofrer de novo! Ou talvez eu ainda sinta alguma coisa pelo Vitor.E no momento em que penso sobre isso ele senta-se ao lado. Meu coração para, uma dor aguda me corta o peito. Não quero chorar mas sinto que vou._Por favor Bella, me perdoa... - meu ex pede.Eu não olho para ele, começo a me le
_Porque está me evitando? O que aconteceu com você!? - Ele enxuga uma lágrima que escorre pelo meu rosto._Por favor não me toque. - Digo desviando meu rosto dos seus dedos._Você não pode sair da minha vida assim Bella. Precisamos conversar!!!_Eu não quero falar com você. Não tenho nada para dizer, não quero te ouvir. Eu vi o suficiente, não sou tão burra que você precise explicar e nem tão ingênua para não saber o que vocês estavam fazendo. - Os sentimentos dentro do meu peito mudaram completamente, sinto uma imensa raiva crescendo em mim._Isabella... - Ele diz devagar. - Você precisa me dar uma chance, eu sou homem, fui fraco, admito, mas... Nós não..._Cala boca Vítor! - Praticamente grito e as pessoas que passavam ao nosso redor nos olham, provavelmente querendo saber o que estava acontecendo. - Fica calado e longe de mim. O que você fez não tem volta ou explicação. - Digo entre os dente
Percy me trouxe em casa, eu o convidei para entrar enquanto fazia janta para o meu pai ele me contava sobre a irmã mais nova. O carinho que ele fala dela é palpável, sorrio achando lindo o carinho dele para com ela._Você quer jantar?_Não. - Ele responde se levantando da bancada da cozinha. - Vou conhecer meu sogro hoje?_Você já conhece meu pai._Não como seu namorado._Não estamos namorando. - Digo de forma displicente, sinto seus beijos em meu ombro e pescoço. - O que você está fazendo...? - Pergunto com a voz mais melosa do que gostaria._Tentando descobrir o que sou para você, já que não sou seu namorado. - Solto um gemido sem querer e sinto seu sorriso sobre a minha pele. - Um ficante, talvez?Me viro e o encaro._O que eu sou pra você? - Pergunto com a sobrancelha erguida, faço minha melhor pose inquisidora. Os olhos verdes agora muito mais escuros._Eu diria minha namorada, mas n
A semana passou muito rápido, em todos os dias Percy me trouxe em casa. Eu passei o sábado durante o dia arrumando a casa, a noite teve uma "festinha" na casa do meu namorado.Me surpreendi com a tal festa. Porque não é como as festas que Vitor costumava fazer, Percy se resumia com as irmãs dele e aos amigos. Tudo bem que eu me perdia as vezes na conversa porque dois deles só falavam em inglês.Tinha muita pizza, cerveja, refrigerante, salgadinhos e bolo. Enquanto tiro outra fatia de bolo uma cabecinha loira para ao lado._Você quer?_Você é... - Ela pensa um pouco. - Namorida do meu irmão?.Acho engraçado a forma que ela fala. Preciso me lembrar que ela está aprendendo o português._É namorada, e sim sou a namorada. - A garota sobe na bancada e vejo que tem uma cicatriz de queimadura no braço. - Você se queimou também?Ela levanta a manga da blusinha e posso ver o quanto está feia, a pele fina e enr
No domingo de manhã eu estava com o humor péssimo. Meu pai ainda estava dormindo quando acordei. Ele costuma chegar pela manhã quando seu plantão é a noite. Enquanto escovava os dentes o som do maldito interfone soava por toda a casa.Olho o relógio do celular e vejo que são dez horas da manhã. Quem em sã consciência bate na porta dos outros às dez da madrugada? Será que as pessoas não respeitam o sono dos outros!Abro o velho portão da minha casa. Moro num bairro humilde, apesar disso aqui é bem tranquilo. A maioria se conhece desde sempre, é um bairro bem antigo também. Na minha rua algumas das casas foram reformadas e estão até muito bonitas.A minha casa porém ainda tem o velho portão de madeira escura e sobre ele o pequeno telhado colonial. Olho pelo olho mágico e vejo um rapaz franzino, com certeza se enganou de casa. Abro o portão e tomo um susto.O rapaz segura um enorme buquê de rosas, pelo tamanho ex