Tive uma longa e sofrida conversa com meu pai. Eu contei o que aconteceu comigo na noite do aniversário do Vitor, disse o quanto estava magoada, que tinha medo de sofrer de novo. Meu pai me aconselhou a dar uma chance para o Percy.
"Nem todos os homens são iguais, eu realmente acho que esse rapaz gosta você. Se dê uma chance, supere."
Essa foi a pior resposta que ele poderia me dar...
Eu não posso negar que existe alguma coisa que me atrai em Percy, sempre me atraiu. Mas me sinto presa, estou amarrada pelas cordas invisíveis do medo.
Talvez eu tenha medo de sofrer de novo! Ou talvez eu ainda sinta alguma coisa pelo Vitor.
E no momento em que penso sobre isso ele senta-se ao lado. Meu coração para, uma dor aguda me corta o peito. Não quero chorar mas sinto que vou.
_Por favor Bella, me perdoa... - meu ex pede.
Eu não olho para ele, começo a me levantar, mas ele passa seus dedos pelo braço e me segura.
_Eu sei que errei, estou arrependido, muito arrependido... Volta pra mim, me dá uma chance. Eu não vou fazer isso de novo.
Eu não quero falar com ele, tudo isso ainda me dói muito. Só de lembrar sinto o ar me faltar... Não consigo responder qualquer coisa que seja, por isso apenas reúno o pouco de força que tenho, puxo o meu braço e saio do refeitório com pressa, quase derrubando as pessoas que entram em meu caminho.
Passo meu crachá na catraca decidida a ir embora. Não quero assistir as próximas aulas e correr o risco de vê-lo novamente. Mas o destino, o acaso, as forças da natureza ou qualquer coisa do tipo resolveu brincar comigo mais uma vez.
Seu corpo e perfume já estão marcados na minha mente. Eu tentei atravessar a rua e não cruzar com ele. Nós não conversamos depois do beijo e eu ando evitando qualquer contato com ele a quase uma semana. Não respondo suas mensagens, não atendo as ligações e nesse momento eu não tenho como correr, o confronto é inevitável.
_ Porque está me evitando? - A voz grossa e firme entra pelos meus ouvidos e meu coração dispara.
_Não estou te evitando... -Minto descaradamente. - É só que... - Não sei o que responder então desvio o olhar para meus sapatos.
_Você está me evitando por causa do beijo. - Ele afirma.
_Eu não... - Ele levanta uma das sombrancelhas. - É tá legal! É porque eu não sei como reagir, Vitor me magoou muito e... É tudo muito recente... Eu não quero me magoar de novo.
_Você não quer se magoar ou não quer ser vista com alguém como eu? - Ele aponta para a cicatriz em seu rosto.
_Não! Claro que não! - Não pude evitar me sentir ofendida. - Você é tão... Tão... Intenso!
_Isso é algum tipo de elogio? - Ele sorri e o clima começa a ficar mais ameno.
_Sim e não, eu não sei! Você chega com toda essa pose e é sempre... O que você quer? - Pergunto me lembrando que eu não deveria sentir essas coisas, não deveria deixar ele se aproximar e em hipótese alguma deveria querer beijar os lábios carnudos dele como quero agora.
_ Você. - Ele diz e se aproxima perigosamente.
Meu coração acelera dentro do peito batendo descompassado. Eu quero que ele me beije e não quero ao mesmo tempo. Passo a língua sobre meus lábios que ficaram secos.
Percy seguiu os movimentos dos lábios e língua.
_Fica difícil não te beijar quando você faz esse tipo de coisa. - O comentário me faz corar violentamente.
Abro a boca pra responder por duas vezes mas não sei o que dizer. Sinto as mãos dele no meu quadril e seu rosto ainda mais perto do meu. Acabo com a distância que havia entre nós, colando meus lábios aos dele. As mãos no quadril passam para minhas costas, me prendendo em um abraço apertado.
Tudo ao meu redor parece parar, não ouço ou vejo mais nada. Passo minhas mãos pelos ombros largos e prendo seus cabelos em meus dedos. O beijo se torna mais quente, uma onda estranha de calor se forma no meu interior, enquanto meu coração parece querer romper para fora do meu peito.
Percy me solta e me sinto como se voltasse a realidade. Estou muito envergonhada.
_Eu estou atrasada para aula. - Digo e corro literalmente para o bloco C onde eu teria aula.
_Ei!? Espera!
Ainda ouço a voz ao longe, mas não quero parar.
.......
Todas as quartas, havia uma feirinha, no intervalo, uma iniciativa da faculdade para apoiar pequenos empreendedores. As barracas montadas no pátio eram das mais variadas, tinham de tudo. Eu estava parada perto da porta que dava para o pátio na ala B.
_Vai sair que horas?
_As 22:20h
_Quer uma carona?
_Quero! - Yvi ficou muda olhava com a testa franzida para algum lugar além das barracas de doce. Não consigo encontrar o que tanto chamou sua atenção. - Yvi!? Ela não responde. - Yvi... - Toco no ombro dela.
_Qual o seu lance com meu irmão? - Ela pergunta sem desviar os olhos do lugar onde olhava.
_Não temos um lance... - Engulo em seco.
_Eu vi vocês se beijando... - Tenho certeza que meus olhos dobraram de tamanho, Yvi se virou e viu meu completo estado de surpresa, não tentei negar, ela viu. Só não esperava que abrisse um sorriso tão grande ao me pegar mentindo. - Não precisa de ficar com essa cara. Entendo que esteja meio recente e confuso, teve toda aquela situação... Só não magoe meu irmão. - Ela pisca com um sorriso ainda maior.
Não entendo muito bem o que está acontecendo comigo, só o fato de falar sobre Percy minhas mãos soam e meu estômago se vira como ondas no mar, com direito a espumas.
_Vou indo porque ele está vindo e o que quer que vocês tenham não quero atrapalhar, meu irmão anda muito sozinho!
_Por favor fique!!!! - Seguro o braço de Yvi com desespero. - Não me deixe sozinha.
A loira para e me olha, depois olha para o lugar de onde ele está vindo e murmura alguma coisa em sua língua materna.
_Oi irmãozinho. - Ela diz e eu tenho uma vontade louca de chorar. Não consigo olhar para cima, tenho medo de olhar para ele, minha mão que ainda está segurando o braço da Yvi treme ao ouvir a voz dele.
_Oi... Tudo bem Isabela?
Balanço a cabeça com olhos fixos no chão.
_Posso conversar com você?
_Acho que o intervalo terminou. - Digo e saio praticamente correndo, meu coração batendo disparado.
Eu estou chorando, pareço uma maluca. O que está acontecendo comigo? Alguém segura meu braço, pensei ser Percy e levantei meus olhos querendo ver os olhos cor de jade mais lindos e que vem atormentado minha vida.
_Vitor?
_Porque está me evitando? O que aconteceu com você!? - Ele enxuga uma lágrima que escorre pelo meu rosto._Por favor não me toque. - Digo desviando meu rosto dos seus dedos._Você não pode sair da minha vida assim Bella. Precisamos conversar!!!_Eu não quero falar com você. Não tenho nada para dizer, não quero te ouvir. Eu vi o suficiente, não sou tão burra que você precise explicar e nem tão ingênua para não saber o que vocês estavam fazendo. - Os sentimentos dentro do meu peito mudaram completamente, sinto uma imensa raiva crescendo em mim._Isabella... - Ele diz devagar. - Você precisa me dar uma chance, eu sou homem, fui fraco, admito, mas... Nós não..._Cala boca Vítor! - Praticamente grito e as pessoas que passavam ao nosso redor nos olham, provavelmente querendo saber o que estava acontecendo. - Fica calado e longe de mim. O que você fez não tem volta ou explicação. - Digo entre os dente
Percy me trouxe em casa, eu o convidei para entrar enquanto fazia janta para o meu pai ele me contava sobre a irmã mais nova. O carinho que ele fala dela é palpável, sorrio achando lindo o carinho dele para com ela._Você quer jantar?_Não. - Ele responde se levantando da bancada da cozinha. - Vou conhecer meu sogro hoje?_Você já conhece meu pai._Não como seu namorado._Não estamos namorando. - Digo de forma displicente, sinto seus beijos em meu ombro e pescoço. - O que você está fazendo...? - Pergunto com a voz mais melosa do que gostaria._Tentando descobrir o que sou para você, já que não sou seu namorado. - Solto um gemido sem querer e sinto seu sorriso sobre a minha pele. - Um ficante, talvez?Me viro e o encaro._O que eu sou pra você? - Pergunto com a sobrancelha erguida, faço minha melhor pose inquisidora. Os olhos verdes agora muito mais escuros._Eu diria minha namorada, mas n
A semana passou muito rápido, em todos os dias Percy me trouxe em casa. Eu passei o sábado durante o dia arrumando a casa, a noite teve uma "festinha" na casa do meu namorado.Me surpreendi com a tal festa. Porque não é como as festas que Vitor costumava fazer, Percy se resumia com as irmãs dele e aos amigos. Tudo bem que eu me perdia as vezes na conversa porque dois deles só falavam em inglês.Tinha muita pizza, cerveja, refrigerante, salgadinhos e bolo. Enquanto tiro outra fatia de bolo uma cabecinha loira para ao lado._Você quer?_Você é... - Ela pensa um pouco. - Namorida do meu irmão?.Acho engraçado a forma que ela fala. Preciso me lembrar que ela está aprendendo o português._É namorada, e sim sou a namorada. - A garota sobe na bancada e vejo que tem uma cicatriz de queimadura no braço. - Você se queimou também?Ela levanta a manga da blusinha e posso ver o quanto está feia, a pele fina e enr
No domingo de manhã eu estava com o humor péssimo. Meu pai ainda estava dormindo quando acordei. Ele costuma chegar pela manhã quando seu plantão é a noite. Enquanto escovava os dentes o som do maldito interfone soava por toda a casa.Olho o relógio do celular e vejo que são dez horas da manhã. Quem em sã consciência bate na porta dos outros às dez da madrugada? Será que as pessoas não respeitam o sono dos outros!Abro o velho portão da minha casa. Moro num bairro humilde, apesar disso aqui é bem tranquilo. A maioria se conhece desde sempre, é um bairro bem antigo também. Na minha rua algumas das casas foram reformadas e estão até muito bonitas.A minha casa porém ainda tem o velho portão de madeira escura e sobre ele o pequeno telhado colonial. Olho pelo olho mágico e vejo um rapaz franzino, com certeza se enganou de casa. Abro o portão e tomo um susto.O rapaz segura um enorme buquê de rosas, pelo tamanho ex
Nós três fomos almoçar juntos. Meu pai, Percy e eu. Achava estranho o fato do meu pai ter tamanha liberdade com ele. Mas ouvindo os dois conversarem percebo que eles se conhecem a mais tempo do que imaginava, o que explica um pouco.Permaneço calada enquanto ouço os dois conversarem como velhos amigos. Eles estão falando do hospital Central onde meu pai trabalha e das pessoas que trabalham nele. Como se meu pai estivesse falando de um filho do qual tem orgulho sou incluída na conversa._Você acredita que outro dia o doutor Benedito estava falando dele para ele. Os dois riem com cumplicidade._Eu ainda não entendi... - Aponto o dedo de um para outro que estão sentados na minha frente, mudando de assunto completamente. - Qual é a de vocês? Há quanto tempo se conhecem? - Franzi a sombrancelha estranhando a cara que meu namorado fez._Você não sabia? - Percy é voluntário lá no hospital! Eu conheço ele tem...
Coloquei numa vasilha de porcelana branca o pêssego em calda e depois despejei o creme de leite que estava ao lado do queijo mascarpone. Me sentei ao lado do meu namorado que comia brownie com sorvete._Onde conseguiu isso? Ele apontou para um mostruário refrigerado que ocupava todo o lado esquerdo da entrada.Dei de ombros já colocando em minha mente que comeria daquilo também. Coloquei o primeiro pedaço na boca e gemi. Nunca tinha provado algo tão bom!Depois de acabar com o pêssego comi um pedaço da torta holandesa, outro de pudim e a goiabada com queijo. Ao lado daquele espaço da loja um arco dava passagem para uma outra área de vendas com potes de doce variados, queijos diversos, alguns pacotes de doces como cocadas, beijinhos, cajuzinhos, freezers com sorvetes e toda delícia pecaminosa.Percy comprou a
Depois de pouco mais de um mês depois da surra que Vitor levou. Ele continua me ligando, vira e mexe manda flores e da última vez até bombons. Umas duas vezes ele esteve aqui em casa, mas meu pai o colocou pra correr mesmo eu estando aqui.As vezes acho que meu namorado se sente incomodado. Eu não posso culpa-lo, também estaria no lugar dele. As atitudes do Vitor não são algo que eu possa controlar. O que Percy não sabe é que estou cada dia mais apaixonada por ele e Vitor não tem a menor chance.Enquanto estamos nos beijando na sala com a TV ligada para nos assistir. Eu estou sentada no colo dele. Nas pernas para ser exata, mais próxima dos joelhos. As mãos grandes e quentes seguram minha cintura carinhosamente, ele não está me apertando ou forçando meu corpo para mais próximo como Vitor costumava fazer. Estamos sozinhos em casa._Vocês podem fazer isso no quarto! - Meu pai fala assim que entra nos vê na sala.
Percy Jackson JohnsonQuando cheguei ao Brasil eu queria esquecer de tudo que aconteceu. Acordar naquele hospital e saber que meus pais tinham morrido foi muito difícil.As minhas irmãs e meus avós foram a força que me moveu até aqui. No começo eu fazia as seções fisioterapia por elas, depois com o tempo eu passei a me aceitar melhor, não que tivesse deixado de doer, ainda doía muito. Acredito que uma parte de mim morreu naquele incêndio.Depois de seis meses após acordar do coma os pesadelos vieram, então eu passei a me exercitar o máximo que conseguia, das aulas na escola a academia, apenas para ter uma noite de sono, o que não adiantava, os pesadelos sempre vinham.Quando tudo parecia estar perdido, veio o convite do meu tio James para que eu ficasse um tempo no Brasil. A primeira semana foi a segunda pior da minha vida.Sem se dar por vencido meu tio me incluiu num programa