Fernando Duarte: A luz natural da janela se infiltra, iluminando toda a sala. Apesar de manter os olhos fixos nos papeis em cima da minha mesa, minhas vistas não enxergam nenhum dos números à minha frente. A minha mente cria mil e uma teorias de como vai ser a conversa intensa que começará em... Ouço batidas na porta. Minha atenção se volta para o som. — Entrem — digo, minha voz firme e controlada ecoando pela sala silenciosa. A porta se abre, Mike e Olivia entram. É notorio a tensão em seus rostos nada amigaveis, suas posturas rigidas. Levanto da minha cadeira e saio de detrás da mesa, ajustando meu terno para cumprimenta-los. Contudo, ambos estagnam no meio do caminho ao perceberem a presença de Artur na sala. O ar fica pesado, carregado de uma tensão palpável. Sinto o olhar de Mike se endurecer e a postura de Olivia se tornar ainda mais defensiva. — Era só o que me faltava — murmura Mike, seu solhos revirando. — Vou embora — fala se virando. — Vamos, Oliver. — Esperem! — Excl
Laura Martins: Hoje, Mike me deixou responsável por limpar a sala de reuniões, para que Fernando e todos os outros executivos possam finalizar os planos para lançar as novas joias. Guardo todos os produtos dentro do carrinho, satisfeita com o trabalho bem feito. Já terminei aqui agora... De repente, sinto uma mão firme segurar meu braço, reconheço a quem esses dedos grandes e grossos pertecem e, antes que possa reagir, Fernando me puxa para dentro do banheiro da sala. Ele fecha a porta atrás de si e acende a luz branca. O banheiro é pequeno, mal cabe nós dois aqui, ainda mais com o corpo musculoso e grande que Fernando tem ocupando a maior parte do espaço. — E se nos verem? — Pergunto, minha voz baixa. A adrenalina misturada com o nervorsismo por saber que a qualquer momento alguém pode entrar e nos descobrir aqui percorre as minhas veias, fazendo o meu coração acelerar e o sangue esquentar. As pupilas dele dilatam, deixando seu olhar mais intenso e sombrio sobre mim, refletindo a
Laura Martins:— Droga — esbravejo baixinho, para que Márcia não me ouça. A tensão é palpável, e meu coração bate acelerado.— Laura, está no banheiro? — Ela questiona, escuto seus passos se aproximando. Merda!— Sim! — Respondo, agindo rápido. Pego o saco de lixo do cesto. Ele está vazio, mas amarro de uma forma que o ar fique preso e ele pareça estar cheio. Olho para Fernando, que apenas me observa, seu rosto ainda pálido. Sei que não é por causa da chegada de Márcia. Respiro fundo e faço sinal de silêncio para ele, que acena em concordância.Pego na maçaneta da porta e, assim que a giro, dou de cara com Márcia, que estava prestes a abrir a porta. Apressadamente, saio do banheiro e fecho a porta, para que ela não veja Fernando ali dentro. Márcia olha para o saco na minha mão e para a porta fechada.— O que você quer? — Pergunto rispidamente, tentando manter o controle.— Por que demorou tanto? — Investiga, e seguro a vontade de revirar os olhos. — Sabe que não temos permissão de usa
Laura Martins: Saio do banheiro com os dentes trincados fortemente, sentindo toda a minha pele arrepiada por conta do banho gelado que acabo de tomar. Assim que termino de vestir o pijama, o som do chorinho de Maya chama a minha atenção. Viro-me rapidamente em sua direção, vendo-a deitada sobre a minha cama, seu pequeno corpo se remexe inquieto, o cobertor emaranhado em suas pernas, sinais claros de que novamente seus sonhos estão arrastando-a para o dia do acidente. Com o coração apertado, me aproximo dela, sentindo a angustia e urgência de conseguir acalma-la. Sento-me ao seu lado, observo seu rostinho contorcido na expressão familiar de desespero, seus olhinhos apertados enquanto lágrimas silenciosas escorrem por suas bochechas. Minha mão começa a deslizar suavemente por seus cachinhos castanhos. — Alecrim, alecrim dourado, que nasceu no campo sem ser semeado... Canto baixinho a canção que sempre acalma Maya, enquanto faço carinho em sua cabeça. — Foi meu amor, que me disse as
Laura Martins:— Laura, os seus resultados mostram que o seu câncer evoluiu para o estágio três.A notícia me atingindo como um soco no estômago. Tento processar suas palavras, mas tudo ao meu redor parece girar ao passo que o chão sob meus pés desaparece. Engulo seco, sentindo as lágrimas caírem de meus olhos sem nenhum controle, enquanto sinto a dor dilacerante no meu coração do meu medo se tornando realidade sendo concretizando.— Ainda — pauso e respiro profundamente, as palavras parecendo que ganharam uma tonelada na minha garganta. — Ainda tenho chances de me curar, não? De me manter viva?— Sim — responde o doutor Mendes, o suspiro de alivio que sai de mim é bem audível. — Com o avanço do seu câncer, não dará para fazer apenas a cirurgia, teremos que adotar um tratamento mais agressivo.— Como assim? — Investigo.— Primeiro, faremos um tratamento de quimioterapia neoadjuvante por três meses, veremos como o seu organismo irá responder — ele explica, seu tom firme, mas gentil.Le
Fernanda Mendonça:Deitada em minha cama, os olhos fixos na tela do laptop assistindo a terceira temporada de Brighton na Netflix. As intrigas e mistérios da série me distraem momentaneamente das minhas próprias preocupações.A voz sedutora de Colin e o jeito que ele toca Penélope me faz me imaginar no lugar da protagonista enquanto Pietro ocupa o lugar do protagonista. Minha respiração começa a acelerar enquanto me imagino de frente ao espelho, completamente nua, Pietro atrás de mim me tocando com seus dedos grandes e fortes deixando um traço de arrepio por onde passam e dizendo o quanto sou linda enquanto esfrega a virilha em mim dizendo o quanto eu o deixo de...De repente, o som da minha porta sendo aberta me puxa para a realidade, me fazendo puxar o ar com força. Viro o rosto e vejo a minha mãe parada na entrada. Sua expressão é serena, mas os olhos brilham com algo que não consigo identificar imediatamente.— O que foi? — Questiono, voltando a olhar para a tela em meu colo.— Na
Laura Martins:Sentada dentro de um helicóptero, o som das hélices ressoa em meus ouvidos, o som quase ensurdecedor, mas a visão através da janela é de tirar o fôlego. Maya está ao meu lado, com os olhos arregalados e um sorriso de pura admiração estampado em seu rosto. Fernando, sentado à nossa frente.— É aquela ali — Fernando fala alta, e aponta para a ilha que se aproxima rapidamente, uma massa verdejante cercada pelo azul do mar.— Olha, mamãe! — Maya grita, apontando para fora. — A ilha, eu vejo!Fernando sorri, observando a alegria da minha pequena, sorriu também.— É realmente sua? — Pergunto, minha voz cheia de incredulidade, sei que tanto ele quanto a família são muitoo ricos, mas porra! Ter uma ilha particular? Em Dubai? Porra!Ele olha para mim e assente.— Sim — Fernando responde, com um sorriso orgulhoso. — Eu a comprei no meu primeiro ano depois de assumir a empresa como CEO no lugar da minha mãe, quando tinha vinte e cinco anos. Foi um presente para mim mesmo.— Uau —
Laura Martins:O sol está alto no céu, lançando seus raios dourados sobre a ilha. O ar é fresco, carregado com o cheiro salgado do oceano e o som relaxante das ondas. Fernando nos guia com confiança, sua mão firme segurando a minha, enquanto Maya corre na frente.— Uau, fico encantada com cada parte que vejo — comento, observando a beleza ao meu redor, mas atenta ao que Maya faz. A vegetação exuberante, com árvores altas e flores coloridas espalhadas por toda parte, é deslumbrante.— Estou feliz que você goste — Fernando responde. Sorrio em resposta para ele. Depois de mais alguns minutos de caminhada, chegamos a uma pequena vila, onde observo as casas de madeira pintadas com cores vivas. As pessoas nos cumprimentam com sorrisos calorosos e olhares curiosos. Vejo vários barcos de pesca chegando e partindo para o mar.— Mamãe, posso brincar lá? — Maya pergunta, apontando para um pequeno parquinho no centro. Assinto, e ela corre para se juntar às outras crianças. Ao chegar, ela fica me