Laura Martins:Ouço o som da cadeira de Fernando arrastando, o barulho suave contra o piso ecoando no ambiente aconchegante do iate. Levanto o olhar e o vejo se aproximar, seus passos firmes e confiantes. Cada movimento dele é cheio de uma elegância natural que me faz admirá-lo ainda mais. Quando ele para ao meu lado, meu coração acelera.— Quer dançar? — Ele pergunta, estendendo a mão para mim. Seus olhos brilham com uma mistura de expectativa e ternura.Olho para a mão dele, sinto o medo de quebrar suas expectativas perdendo o ar na minha garganta. A hesitação me fazendo apertar os dedos com força contra os talheres.— Eu... não sei dançar — admito, envergonha, minha voz saindo quase como um sussurro nervoso enquanto desvio o olhar. Meu peito sobe e descer rápido, o temor dele se irritar por eu estregar o plano que ele fez para o nosso primeiro encontro me corroendo.Seus dedos fortes me puxam pelo queixo, me fazendo ergue a cabeça até seus olhos capturarem os meus.— Apenas, confie
Fernanda Mendonça: Sentada no sofá da sala, Maya está deitada, repousando sua cabecinha nas minhas coxas, seus cabelos castanhos cacheados estão espalhados e eu faço carinho suavemente em seus cachos grossos enquanto ela assiste. Na televisão, é exibido um episodio de Vila Sésamo, Maya ri baixinho das os experimentos do personagem Beto. Mas a minha mente está tão longe... Olho para Maya, tão concentrada no desenho, sinto uma onda de ternura. Um pequeno sorriso triste se estica em minha face. Se não fosse aquele acidente, eu estaria fazendo corinho na minha sobrinha... Ela estaria rindo, me abraçando, seriamos muito próximas... — Por que tá chorando? — A voz de Maya tira-me dos meus pensamentos, da lembrança da tristeza desoladora que me tomou no dia que a noticia do acidente e dá morte tão brutal da minha cunhada e sobrinha em seu ventre chegou. Respiro fundo, rapidamente limpo as lágrimas e coloco um sorriso no rosto. — Me emocionei, lembrei da minha infância, pequena — mint
Laura Martins:— Quero te ajudar a voltar aos estudos, pagarei a melhor escola do estado para você — Fernando diz, seus olhos cravados nos meus. Longos segundos se passam comigo em silêncio, pega completamente de surpresa, me sinto até sem palavras.Nunca imaginei que Fernando fosse querer fazer algo assim. Certo, se hoje eu estou aqui, é graças a ele. Literalmente. Mas quando contei não imaginei que ele se oferecia para pagar meus estudos.Minha respiração está pesada e o meu peito ainda mais. A oferta dele é... generosa, nunca pisei em uma escola particular, mas, por mais tentador que isso pareça, eu não posso aceitar. A mãe dele já me paga, tenho o meu salário na empresa que é ele quem me paga. Não quero me afundar ainda mais por conta de dinheiro.— Obrigada, de verdade — agradeço, tentando encontrar as palavras certas. — Mas não é necessária à sua ajuda — tento soar o mais educada possível.Fernando não desvia o olhar, seus olhos azuis profundos fixos nos meus, como se estivesse
Laura Martins:— Mike — falo seu nome sem esconder a surpresa, sentindo-me nervosa. Aperto mais forte a maçaneta da porta, meu coração batendo forte no peito.— Posso entrar? — Ele pergunta, sua voz baixa. Olho para trás dele e vejo Olivia, ela sorri e acena para mim.Assinto com a cabeça e dou passagem para eles.Mike entra primeiro, seguido por Olivia. O ambiente parece mais apertado com a presença deles, e sinto meu coração acelerar. A sala pequena parece encolher ainda mais com cada passo que eles dão.— Laura, você já está... — Camily, minha vizinha que toma conta de Maya, para de falar ao ver Mike e Olivia dentro da minha casa. — Oi — ela os cumprimenta timidamente, seus olhos se demorando em Mike.— Oi — Mike e Olivia respondem de volta em uníssono, suas vozes ecoando no pequeno espaço.— Essa é Camily — apresento-a. — Mily, estes são Mike e Olivi... — Olivia balança suavemente a cabeça em negando, entendo o recado. — Oliver — me corrijo rapidamente, e Olivia respira aliviada.
Fernando Duarte: A luz natural da janela se infiltra, iluminando toda a sala. Apesar de manter os olhos fixos nos papeis em cima da minha mesa, minhas vistas não enxergam nenhum dos números à minha frente. A minha mente cria mil e uma teorias de como vai ser a conversa intensa que começará em... Ouço batidas na porta. Minha atenção se volta para o som. — Entrem — digo, minha voz firme e controlada ecoando pela sala silenciosa. A porta se abre, Mike e Olivia entram. É notorio a tensão em seus rostos nada amigaveis, suas posturas rigidas. Levanto da minha cadeira e saio de detrás da mesa, ajustando meu terno para cumprimenta-los. Contudo, ambos estagnam no meio do caminho ao perceberem a presença de Artur na sala. O ar fica pesado, carregado de uma tensão palpável. Sinto o olhar de Mike se endurecer e a postura de Olivia se tornar ainda mais defensiva. — Era só o que me faltava — murmura Mike, seu solhos revirando. — Vou embora — fala se virando. — Vamos, Oliver. — Esperem! — Excl
Laura Martins: Hoje, Mike me deixou responsável por limpar a sala de reuniões, para que Fernando e todos os outros executivos possam finalizar os planos para lançar as novas joias. Guardo todos os produtos dentro do carrinho, satisfeita com o trabalho bem feito. Já terminei aqui agora... De repente, sinto uma mão firme segurar meu braço, reconheço a quem esses dedos grandes e grossos pertecem e, antes que possa reagir, Fernando me puxa para dentro do banheiro da sala. Ele fecha a porta atrás de si e acende a luz branca. O banheiro é pequeno, mal cabe nós dois aqui, ainda mais com o corpo musculoso e grande que Fernando tem ocupando a maior parte do espaço. — E se nos verem? — Pergunto, minha voz baixa. A adrenalina misturada com o nervorsismo por saber que a qualquer momento alguém pode entrar e nos descobrir aqui percorre as minhas veias, fazendo o meu coração acelerar e o sangue esquentar. As pupilas dele dilatam, deixando seu olhar mais intenso e sombrio sobre mim, refletindo a
Laura Martins:— Droga — esbravejo baixinho, para que Márcia não me ouça. A tensão é palpável, e meu coração bate acelerado.— Laura, está no banheiro? — Ela questiona, escuto seus passos se aproximando. Merda!— Sim! — Respondo, agindo rápido. Pego o saco de lixo do cesto. Ele está vazio, mas amarro de uma forma que o ar fique preso e ele pareça estar cheio. Olho para Fernando, que apenas me observa, seu rosto ainda pálido. Sei que não é por causa da chegada de Márcia. Respiro fundo e faço sinal de silêncio para ele, que acena em concordância.Pego na maçaneta da porta e, assim que a giro, dou de cara com Márcia, que estava prestes a abrir a porta. Apressadamente, saio do banheiro e fecho a porta, para que ela não veja Fernando ali dentro. Márcia olha para o saco na minha mão e para a porta fechada.— O que você quer? — Pergunto rispidamente, tentando manter o controle.— Por que demorou tanto? — Investiga, e seguro a vontade de revirar os olhos. — Sabe que não temos permissão de usa
Laura Martins: Saio do banheiro com os dentes trincados fortemente, sentindo toda a minha pele arrepiada por conta do banho gelado que acabo de tomar. Assim que termino de vestir o pijama, o som do chorinho de Maya chama a minha atenção. Viro-me rapidamente em sua direção, vendo-a deitada sobre a minha cama, seu pequeno corpo se remexe inquieto, o cobertor emaranhado em suas pernas, sinais claros de que novamente seus sonhos estão arrastando-a para o dia do acidente. Com o coração apertado, me aproximo dela, sentindo a angustia e urgência de conseguir acalma-la. Sento-me ao seu lado, observo seu rostinho contorcido na expressão familiar de desespero, seus olhinhos apertados enquanto lágrimas silenciosas escorrem por suas bochechas. Minha mão começa a deslizar suavemente por seus cachinhos castanhos. — Alecrim, alecrim dourado, que nasceu no campo sem ser semeado... Canto baixinho a canção que sempre acalma Maya, enquanto faço carinho em sua cabeça. — Foi meu amor, que me disse as