Capítulo 4 - Larissa

(Larissa)

一 Alessandro, precisamos conversar. 

Ele estava olhando para o celular novamente, ergueu os olhos brevemente, mas rapidamente voltou sua atenção para o telefone, me ignorando completamente.

一  Alessandro. -  Tentei novamente, meu tom ficando mais insistente. 一 Por favor, me ouça.

Mas ele continuou a digitar freneticamente em seu telefone, como se eu não estivesse ali. Senti uma mistura de dor e frustração crescendo dentro de mim enquanto o observava, sem ao menos se preocupar em me dar atenção.  

Me aproximei lentamente, ele sequer havia notado minha presença, completamente absorto naquilo que lia. 

Respirei fundo, tentando conter a insegurança que se acumulava dentro de mim. Quando o chamei antes, ele apenas murmurou algo sem tirar os olhos do aparelho. 

Agora, já sem paciência, estendi a mão e toquei levemente o celular.

Os olhos dele se ergueram imediatamente para mim, a expressão carregada de irritação. Num movimento rápido, puxou o celular de volta, apertando-o com força entre os dedos.

— O que você quer? - Sua voz saiu ríspida, como se eu o tivesse interrompido no momento errado.

Engoli em seco, sentindo um aperto no peito. Ele nunca tinha paciência para mim ultimamente. Mesmo assim, eu precisava falar.

— Precisamos conversar. - Suspirei, reunindo coragem para continuar. — Mas quero sua atenção total, Alessandro. Você pode, por favor, deixar o celular de lado por um momento?

Ele abriu a boca para responder, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, o celular vibrou em sua mão. Com um movimento, ele baixou os olhos para a tela e, num segundo, abriu a mensagem.

Observei o rosto dele, e foi impossível ignorar o brilho sutil que surgiu em seu olhar. 

Aquele tipo de brilho que eu nunca vi quando olhava para mim. Meu estômago se revirou. Quem tinha o poder de provocar essa reação nele? Quem estava do outro lado daquela mensagem? Era Chiara?

Ele digitou algo rapidamente, guardando o celular no bolso.

— Eu preciso sair. - Anunciou, sem nem me olhar.

Segurei seu braço, quase sem perceber.

— Alessandro, por favor… Você pode ir depois. Precisamos conversar agora. - Minha voz saiu trêmula, quase uma súplica.

Ele puxou o braço com firmeza, se afastando de mim.

— É urgente. Conversamos depois. - Sua resposta foi fria e cortante.

E então ele saiu, sem olhar para trás, deixando apenas o som da porta se fechando atrás de si.

Fiquei ali, imóvel, sentindo o vazio crescer ao meu redor. Meus olhos ardiam, e as lágrimas começaram a se formar, mas pisquei rapidamente, limpando-as antes que caíssem.

Engoli o choro, forçando-me a respirar fundo. Eu já deveria estar acostumada com isso. Mas, por algum motivo, essa dor só parecia aumentar a cada dia.

***

Duas semanas se passaram e Alessandro passou mais tempo viajando do que em casa ou na empresa. 

Hoje, nós dois iríamos nos encontrar pela primeira vez depois de muito tempo e confesso que estava um pouco nervosa. Minha mente sempre teimava em me fazer lembrar que Chiara agora estava livre e quem sabe os dois não se encontraram nesse tempo?

一 Está tudo pronto? - Catherine perguntou, entrando na minha sala com o seu computador em mãos. 

一  Sim, vamos?

Ela acenou confirmando e nós duas saímos da minha sala. Encontramos com Rafael e sua estagiária no elevador. 

一  O chefe volta hoje, será que está de bom humor? - Cathe lançou a pergunta no ar. 

一  Com toda certeza. - Rafael disse sorrindo e nós duas olhamos para ele curiosas. 

一  Por que tem certeza? - Perguntei confusa. Será que ele sabia de algo. 

Mas ele não teve tempo de responder, logo as portas se abriram e Liliane, assistente pessoal de Alessandro, entrou no elevador. Ela sempre foi fofoqueira e com certeza iria adorar saber que estávamos falando dele. 

O silêncio permaneceu até que a porta se abriu e entramos no corredor, estava distraída conversando com Catherine quando ouvi um baixo xingamento vindo de Rafael. Nós duas olhamos para ele e então seguimos o seu olhar, que estava fixo logo à nossa frente. 

Lá, em frente a porta de madeira da sala de reuniões, estava Alessandro com sua presença marcante e ao seu lado, uma loira muito bonita. Ela também era alta, comparado com a altura dele. 

一 Qu..quem é aquela? - Perguntei sentindo meu peito apertar. 

一  Chiara. - Rafael sussurrou ao nosso lado. 

Catherine arregalou os olhos e voltou a encarar os dois. Eles estavam conversando algo que estranhamente fez Alessandro rir. Foram raras as vezes que eu o vi rir, mas nenhuma chegou tão próximo do brilho que esse sorriso de agora teve. 

Ela tocou em seu ombro e assentiu, antes de começar a vir na nossa direção. Meu olhar se encontrou com o de Alessandro, que pouco demonstrou qualquer emoção e entrou na sala de reuniões. 

A loira passou pela gente, mas parou quando reconheceu Rafael. 

一  Não acredito! - Disse em uma empolgação estranha. 

Rafael sorriu e a abraçou. Os dois começaram a conversar e eu os observava, na verdade, eu a observava. Ela era linda, elegante e parecia ser muito inteligente. 

一  Vamos. - Cathe me cutuca no braço e me viro para ela, confirmando e saindo de perto deles. 

Minha boca tinha um gosto amargo, que tentei ignorar enquanto adentramos a sala de reuniões. 

Ele estava sentado no lugar de sempre, na cabeceira da mesa. Junto com Catherine, fomos até a outra cabeceira da mesa da longa mesa de mogno polido, sentei-me  nervosamente organizando minhas anotações enquanto aguardava sua equipe chegar. 

Podia sentir o olhar de Alessandro em mim, mas o ignorei para que ele não atrapalhasse a minha mente. O Sr. Oliveira entrou na sala com um sorriso confiante, seguido pelos membros da equipe, cada um carregando suas pastas e tablets. Por último, Rafael entrou na sala com sua estagiária e veio se sentar ao meu lado. 

Respirei fundo, tentando ignorar a tensão que sempre pairava no ar na presença de Alessandro. Concentrada, liguei o projeto para exibir o meu trabalho e ideias para a nova linha de produtos.  

一  Obrigado por estarem aqui hoje. - Comecei, mantendo a voz firme e profissional. 一  Estou empolgada em compartilhar minha visão para a embalagem da nossa nova linha de cuidados para a pele.

Comecei a explicar minhas ideias, deslizando pelos slides com fluidez enquanto descrevia cada elemento do design. Mas então, percebi que enquanto falava, Alessandro olhava para o telefone, claramente desinteressado. 

Seu comportamento desdenhoso me causava certa irritação, mas mantive a compostura, determinada a não deixar minhas emoções interferirem na apresentação. 

Quando terminei, o Sr. Oliveira aplaudiu, elogiando minha criatividade e visão.    

一  Excelente trabalho, Larissa. Tenho certeza que essa linha será um grande sucesso. - Disse animado, olhando para Alessandro em busca de saber se ele havia aprovado também. Mas o homem mantinha sua expressão séria no rosto.

Voltei a me sentar e Catherine assumiu o lugar da apresentação. As próximas uma hora e meia foram com os outros membros dando suas ideias e mostrando seus avanços no projeto. 

A reunião finalmente chegou ao fim e eu estava prestes a sair da sala quando a voz de Alessandro me fez parar. Catherine me lançou um “Boa sorte” e saiu com os outros, me deixando sozinha com ele. 

一  Sim, Sr. Moratti? 

Virei-me para encontrá-lo parado, me encarando como se estivesse com raiva. Mas então, Alessandro deu um passo e ergueu a mão, tocando o meu rosto com uma gentileza que eu conhecia muito bem. 

一  O que… 

一  Não fale nada. - Disse e no momento seguinte sua boca estava colada à minha. 

Totalmente pega de surpresa, sem entender o porquê de ele estar fazendo isso aqui e agora, apoiei minhas mãos no seu peito e tentei empurrá-lo. 

一  O que está fazendo? Alguém pode entrar aqui!

Ele respirou fundo e então passou por mim. 

一  Vamos para a minha sala. 

Saiu pela porta e eu a encarei por um momento antes de segui-lo. Assim que entrei em sua sala, seus braços me envolveram e me ergueram do chão. Seus lábios se chocaram com os meus mais uma vez, só que agora o beijo estava mais necessitado. 

Ele nos levou até o sofá, me deitando e pairando por cima de mim. 

Suas grandes mãos apalparam minha bunda e coxa enquanto seus beijos se espalharam pela pele exposta no meu colo.

一  Alessandro, alguém…

一  Falei pra ficar calada. 

Mordi o lábio quando senti seus dedos pressionarem o meu clitóris. Minha calcinha foi puxada para o lado e em segundos o senti me penetrar. Alessandro voltou a me beijar com fervor, enquanto trabalhava com seus dedos lá embaixo. 

Em algum momento, ele havia desafivelado o cinto e então o senti me preencher por completo. 

Um som abafado deixou meus lábios e eu os tampei, com medo que alguém nos ouvisse. Suas investidas eram lentas, mas profundas o suficiente para me fazer chegar ao limite. 

一  Assim não dá, preciso de movimento… - Resmungou e depois de dar outro beijo, se sentou no sofá me puxando para o seu colo. 

Puxando minha saia até minha cintura, ele me posicionou em cima do seu membro e eu desci, o sentindo ainda mais fundo por causa da posição. Comecei com os movimentos, sabendo o ritmo que ele gostava quando estávamos assim. 

Seus olhos se encontraram com os meus, era nítido a luxúria e desejo neles. E era alí onde eu me perdia, onde meu coração sempre criava mais um pouco de esperança de que talvez ele sentisse algo por mim. 

Sua mão agarrou a minha bunda, aumentando o meu ritmo enquanto a outra veio até a minha nuca e puxou-me, para que outro beijo se iniciasse. Em meio ao som de gemidos baixos e nossa pele se esfregando, me desfiz em seu colo, chegando ao ápice e comigo, Alessandro jorrando dentro de mim o seu líquido. 

Ele suspirou, encostando sua testa no meu ombro enquanto tentava controlar a respiração. 

一 Você pode ir. - Disse quando voltou a me encarar. 

Seu olhar havia mudado, tudo mudou. E sabendo que não voltaria tão cedo, assenti, saindo do seu colo e indo até o banheiro na sua sala para me limpar. 

A sensação de humilhação fez com que um nó se formava na minha garganta. Me olhei no espelho do banheiro, sentindo meus olhos brilhando com as lágrimas. Eu as reprimi, limpando um pouco com o papel toalha e então saí do banheiro, peguei meu computador e saí de sua sala, sem ao menos olhar. Eu não queria que ele visse a minha tristeza escancarada. 

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