O jantar foi tranquilo, quase terapêutico. Teresa falava sobre as flores do jardim, Lúcio reclamava que ninguém deixava ele colocar mais azeite na comida por causa do colesterol, e por alguns minutos, a vida parecia simples de novo.
Depois que terminamos, Lúcio se levantou com um brilho no olhar.
— E aí, garota. Que tal um xadrez? Faz tempo que não tenho uma adversária decente.
— Não garanto muita coisa — ri, me levantando — mas topo.
Fomos até a sala de estar. A mesinha já tinha um tabuleiro clássico de madeira pronto. Ele tirou as peças da caixa com o mesmo cuidado de quem lida com uma relíquia.
— Essa aqu
Já passava das seis e cinquenta quando comecei a desligar o computador. A luz da minha sala era a única acesa em todo o setor — todo mundo já tinha ido embora. A segunda-feira tinha sido cansativa, mas estranhamente leve.Era como se, só de saber que minha decisão estava tomada, parte do peso nos meus ombros tivesse sumido.Respirei fundo, peguei minha bolsa e ia me levantar quando a porta se abriu.Meu coração pulou no peito.Alessandro entrou como se tivesse o direito de invadir o que quisesse, e por um instante, nós apenas nos encaramos. O mesmo rosto, o mesmo olhar, a mesma presença que ainda mexia tanto comigo… mas que agora me causava mais dor do que qualquer outra coisa.<
Eu estava focada no relatório quando ouvi a porta se abrir devagar. Meus dedos continuaram no teclado, mas meu coração deu aquele pulo automático. Seu perfume me atingiu antes mesmo de eu erguer o olhar.Alessandro.Fechei os olhos por um segundo, tentando manter a concentração, mas a presença dele era como uma nuvem pesada se espalhando pela sala.— Se for confusão, pode dar meia-volta — falei, sem tirar os olhos da tela. — Eu tenho muito trabalho pra fazer.Ele não respondeu. Só ouvi o barulho da cadeira sendo puxada e, segundos depois, o suspiro dele. Um suspiro cansado. Lento. Quase doído.Virei um pouco e o olhei só
Ela me olhou com um pouco de pena, aquele tipo de olhar que eu odiava receber.— Senhorita, seu pai teve uma parada cardíaca. Ele precisou ser reanimado e está passando por um procedimento agora. O médico vai falar com vocês assim que possível, tá bom?Uma parada cardíaca.A frase ecoou na minha cabeça como um soco. Eu mal ouvi mais nada depois disso. Me virei devagar e fui cambaleando até uma das cadeiras no canto da recepção e sentei como se meus ossos tivessem virado pó. Apoiei os cotovelos nos joelhos e enterrei o rosto nas mãos. Eu tremia inteira. Meu pai…Como isso podia estar acontecendo?Senti alguém se sentan
Ela me olhou com um pouco de pena, aquele tipo de olhar que eu odiava receber.— Senhorita, seu pai teve uma parada cardíaca. Ele precisou ser reanimado e está passando por um procedimento agora. O médico vai falar com vocês assim que possível, tá bom?Uma parada cardíaca.A frase ecoou na minha cabeça como um soco. Eu mal ouvi mais nada depois disso. Me virei devagar e fui cambaleando até uma das cadeiras no canto da recepção e sentei como se meus ossos tivessem virado pó. Apoiei os cotovelos nos joelhos e enterrei o rosto nas mãos. Eu tremia inteira. Meu pai…Como isso podia estar acontecendo?Senti alguém se sentando ao meu lado e nem pensei em olhar. Eu sabia que era ele.Tentei ignorá-lo por alguns minutos, mas a presença dele era sufocante demais.— O que você tá fazendo aqui ainda? — Tô preocupado com seu pai. E com você.Eu virei o rosto devagar para encará-lo.— Eu não estou sozinha, Alessandro.Ele assentiu, mas o olhar dele era firme.— Mesmo assim, eu não vou embora.Solt
Vi Guilherme conversando com uma enfermeira do outro lado da recepção. Ele me notou e veio em minha direção com um sorriso cansado.— A enfermeira disse que o seu pai vai continuar na UTI até a tarde, mas ele está estável. Você devia ir pra casa descansar, Larissa.— Eu não quero — suspirei. — Eu sei que não vou conseguir dormir.— Então pelo menos deita um pouco, toma um banho... — ele sugeriu gentil. — O Sr. Álvaro tá bem melhor. E quando ele acordar, eu te ligo, prometo.Assenti devagar, com o coração apertado e a mente em mil lugares.— Obrigada, Guilherme... por cuidar de
(Larissa) Luciano e eu estávamos completando três anos de namoro, e eu mal podia conter minha empolgação, já que minha melhor amiga, Samira, contou que o viu no shopping mais cedo, em uma joalheria, escolhendo um anel lindo. Ela estava certa de que era um anel de noivado e meu coração estava acelerado até agora ao imaginar que poderia realmente ser um pedido de casamento. Eu sempre sonhei com esse momento.Estava sentada no restaurante onde combinamos de nos encontrar, observando os casais que passavam, os risos, os abraços e beijos trocados. Mas o tempo foi passando, e Luciano não chegava. Peguei o celular e liguei para ele, que atendeu na terceira tentativa, mas parecia confuso.— Larissa? O que foi?— O que foi? Luciano, a gente combinou de se encontrar, você esqueceu?— Ah... Eu... Amor, eu preciso resolver umas coisas. Não posso falar agora. A gente se fala depois, tá?A chamada foi encerrada antes que eu pudesse responder. Meu coração apertou. O que ele estava resolvendo? Duas
(Larissa) Deixei o ar escapar por meus lábios e desliguei o celular, ver essas fotos não iria me ajudar em nada. Não era novidade que Alessandro Moratti, meu esposo, vivia saindo com outras mulheres. Infelizmente, nosso casamento é segredo para àqueles de fora da família Santini. Um acordo que no início, para mim não faria diferença e até cheguei achar melhor assim, mas hoje… São cinco anos juntos, impossível negar os sentimentos que criei ao longo do tempo. Voltei minha concentração ao meu trabalho, que estava finalizando os detalhes de uma nova embalagem para um creme facial revolucionário na Moratti Essenza, onde depois de muita luta, consegui um trabalho como designer. Já que para Alessandro, eu permaneceria em casa sem fazer nada.O cheiro suave de produtos perfumados pairava no ar, criando uma atmosfera relaxante em minha sala. No computador, exibia uma tela cheia de cores vibrantes e formas elegantes enquanto ajustava meticulosamente cada detalhe.De repente, a porta se abri
(Larissa)Estava na empresa, finalizando uma parte do esboço do design da embalagem do creme, quando meu celular tocou com uma ligação. Olhei para a tela, vendo o número desconhecido. 一 Alô? - Esperei que respondesse, mas a linha continuou muda. 一 Alô? Se não disser nada, vou desligar. 一 Você acha que ele será seu para sempre? Franzi o cenho, mas a linha ficou muda novamente e quando trouxe para frente, vi que a chamada havia sido encerrada. Bloqueei o número e deixei o celular de lado. Existem pessoas nesse mundo que não tem muito o que fazer, por isso, ficam passando trote. 一 Lari? - Ergui o olhar vendo Rafael entrar na sala segurando dois cafés. Sorri aceitando o que ele estendeu na minha direção e dei um gole, fechando os olhos sentindo o sabor delicioso. 一 Imaginei que estivesse precisando, você não sai dessa sala desde quando chegou. Pelo menos almoçou direito? 一 Sim, Cathe trouxe o meu almoço e comemos juntas. Ele acenou satisfeito e se sentou na poltrona em frente