Capítulo 8 - Alessandro

As horas foram passando e Chiara acordou. Como havia dito, Helen voltou depois de sua consulta e eu fui embora, prometendo a Chiara que voltaria mais tarde. 

Tentei ligar para Larissa, para saber se ela tinha voltado, mas então me lembrei que ela falou a aquele homem que tinha esquecido o celular em casa. Fui direto para casa, pensando em esperar por ela lá, mas as horas foram passando e nada de Larissa aparecer. 

A preocupação realmente começou a surgir. Algo aconteceu com ela? Ela estava de bolsa, provavelmente com dinheiro. Chegando a entrada da cidade, teria acesso a um táxi ou ônibus. Por que não apareceu ainda?

一  O senhor vai jantar? Posso colocar a mesa? - Margarida perguntou, surgindo no quarto. 

一  Pode sim, a Larissa deu alguma notícia?

一  Não senhor. O celular dela tocou várias vezes durante o dia. 

一  Onde ele está?

一  No aparador do corredor lá em cima.

Margarida se retirou e fui até o quarto, pegando o celular de Larissa vendo as chamadas perdidas na tela de bloqueio, sendo cinco delas de Rafael. 

A raiva voltou enquanto eu digitava a senha, sabendo que era a data em que fizemos nossa viagem de lua de mel. Ela tinha gostado bastante de viajar. 

O celular desbloqueou, mostrando várias mensagens de Rafael, Catherine e de seu pai. Comecei a abrir o aplicativo de mensagem quando o som de um carro estacionado chamou a minha atenção. Fui até a janela vendo que era o Jeep de Larissa. Bloqueei o celular de volta e sai do quarto, a encontrando subindo as escadas. 

Seu rosto estava todo vermelho e a expressão que ela carregava no rosto me causou uma sensação estranha. Larissa passou por mim, indo direto para o nosso quarto em completo silêncio. 

一  Por que você demorou? Esteva com alguém?

Ela se virou de vez, quase me fazendo trombar com sua figura pequena. Seus olhos castanhos, estavam fervendo de uma raiva que eu nunca havia visto antes. Ela sempre foi calma, tentando me agradar, mas esse olhar era diferente.

Mas ela então se virou novamente, pegando o celular da cômoda e indo até o closet. 

一  Não vai falar comigo? Acha que esse tratamento vai te trazer algum benefício? - Continuou me ignorando enquanto olhava sua parte de roupas novas. 

Franzi o cenho quando retirou um vestido que caia muito bem no seu corpo. 

一  Onde pensa que está indo? - A falta de uma resposta me irritou e com um movimento a prendi entre a parede e eu. 

Me aproximei do seu cabelo, sentindo um cheiro diferente. Ela havia tomado banho? 

一  Onde você estava? - Perguntei, dessa vez com minha voz transbordando de raiva. 

一  Estava onde você me deixou, naquele nada de rodovia. - Respondeu, passando por debaixo do meu braço. 

一  Larissa, você estava com outro homem? O que eu fiz com você não serviu de nada? 

Mais uma vez seus olhos raivosos focaram em mim antes dela pegar o vestido e entrar no banheiro. 

Continuei no quarto esperando sair do banho. 

一  Sr. Moratti, o jantar já está posto. - Margarida apareceu na porta do quarto. 

一 Guarde tudo e pode ir embora. - Disse ainda sentindo raiva em minhas veias. 

Margarida não disse nada, apenas assentiu e foi fazer o que mandei. Larissa saiu de dentro do banheiro, já vestida e com o cabelo pronto. 

一 Você não vai sair. - Eu disse, segurando a chave do quarto. 

Seus olhos a perceberam e ela veio na minha direção. 

一  Você não manda em mim! Me dê essa chave ou eu ligo para a polícia!

Uma risada amarga deixou meus lábios enquanto erguia a chave no alto, sabendo que ela não conseguiria pegar. 

一  Faça isso… e eu dou um jeito de VOCÊ passar a noite na cadeia hoje. 

Ela parou de tentar pegar a chave quando seu celular tocou. Larissa foi até ele e o desligou, digitando algo em seguida. Essa desgraçada estava combinando de se encontrar com algum homem?

Avancei tentando pegar seu celular, mas ela correu para o banheiro e se trancou. 

一  Me deixa em paz! Você me largou sozinha naquele lugar, onde eu poderia ter sido raptada por homens maldosos!! Eu te odeio! 

Gritou do banheiro, mas pouco me importava com o seu chilique. Não iria carregar a fama e sensação de que fui traído. Isso nunca!

Meu celular vibrou em meu bolso e o peguei, vendo o nome de Chiara. Deixei a chave em cima da cama e atendi sua ligação. 

一  Oi, aconteceu alguma coisa?

“ Não, eu estou bem. É que… você disse que viria e minha mãe precisou sair. Não queria passar a noite sozinha.” 

一  Chiara, não é um bom momento para eu te acompanhar. 

“ Eu sei, não queria te atrapalhar. Mas é que… eu tenho medo de algo acontecer e eu estar sozinha… os enfermeiros vêm de tempo em tempo.”

Suspirei, apoiando a mão na testa. Olhei para a porta do banheiro e depois para a chave na cama. 

一  Tudo bem, estou indo. 

Desliguei o celular e fui até o closet trocar de roupa, mas nesse momento ouvi a porta do banheiro se abrir e a figura de Larissa passando correndo. Sendo mais rápido, a alcancei no momento em que ela conseguiu abrir a porta. 

一  Me solta! - Gritou enquanto a pegava no colo e levava em direção a cama. 一  Me solta, Alessandro! Você não pode fazer isso. 

Segurei suas duas mãos acima da cabeça e prendi suas pernas com as minhas. Eu nunca a vi tão feroz como agora e de alguma forma seu comportamento estava me excitando. 

Me aproximei dela, quase colando meus lábios com os seus. 

一  Se você continuar agindo dessa forma, eu vou te foder agora mesmo. 

Isso a fez parar e me olhar com os olhos cheios de lágrimas. Agora, além da raiva, havia decepção. Sua reação me causou angústia e eu a soltei, saindo de perto dela. 

一 Se você ousar sair. - Disse quando ela se levantou para sair. 一  Eu demito aquela sua amiga da empresa e faço com que ela não arrume mais um emprego digno. 

Seus movimentos pararam enquanto a ouvi fungar. Larissa encarou suas mãos, que estavam fechadas em punho. 

一  Em todos esses quatro anos juntos, você nunca me tratou dessa maneira. Sempre estava frio, mas nunca me machucou. - Sua voz carregava tanta mágoa, que instintivamente eu me virei, a observando. 一  Mas agora, que Chiara voltou, você mudou. 

Ela ergueu o rosto, seus olhos cheios de lágrimas e tristeza, mas foi a determinação em seu olhar que me fez sentir a sensação ruim novamente. Dessa vez, mais intensa. 

一 Se você ama tanto aquela mulher, por que continua com o nosso casamento? Por que não se livra de mim? 

Continuei a observando por um momento, ela realmente estava triste ou apenas arrumando uma desculpa para se separar e viver seus romances?

O pensamento me trouxe raiva e para não machucá-la de verdade, virei-me e fui me vestir. 

一  Eu pensei que tínhamos um acordo, que poderíamos encontrar uma maneira de fazer isso funcionar.  - A encarei, buscando em seu rosto a verdade. 

一  Você estava esse tempo todo se iludindo, Larissa. Nós dois sabíamos desde o início que isso não era mais do que um casamento por conveniência. Nunca disse que iria te amar e nunca demonstrei isso. 

Seus olhos se escureceram de dor. Talvez o que eu estivesse dizendo seria doloroso na visão de quem amava, mas eu sabia que ela só se importava com dinheiro. Larissa estava com medo de perder o conforto que tinha nessa casa e prejudicar a sua família.

一  Você não tem coração, Alessandro. - Ela disparou, sua voz tremendo de emoção. 一  Eu pensei que talvez, apenas talvez, pudéssemos encontrar alguma felicidade juntos. Mas agora vejo que estava enganada. Eu não quero mais nada com você, vou embora dessa casa e quando tudo se encerrar, assinamos o divórcio. 

Disse, virando as costas e saindo do quarto. Minha raiva aumentou, ela queria se ver livre de mim o quanto antes para ir atrás de Rafael, ou do outro cara?

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