Desde que o Alfa Kurt me resgatou do Midnight Pack, o lugar onde eu nasci e onde eu mais fui maltratada, eu era extremamente grata a ele.
No momento em que nos conhecemos, eu não conseguia sentir nada além de medo. E se ele só quisesse me fazer mal? Porém, percebi que não era nada daquilo. Ou, pelo menos, não ainda. Eu já tinha ouvido falar de alguns Alfas que gostavam de manter ômegas como escravas sexuais e eu preferiria morrer a passar por algo tão degradante! O Alfa Kurt era lindo, mas eu não me submeteria a esse tipo de coisa!
Sim, apesar de tudo, eu tinha sonhos de encontrar o meu companheiro predestinado. Eu tinha esperanças de que ele me encontraria e cuidaria de mim. No entanto, como isso poderia acontecer se eu ainda não tinha um lobo?
Talvez por eu ter sido rebaixada a ômega ou pelos maus tratos (já ouvi falar que pode acontecer, de más condições físicas e mentais impedirem o lobisomem de ter um lobo e acabar por ser apenas um humano), eu não tinha lobo. Eu já estava com 19 anos. Minha esperança era que no meu próximo aniversário, eu seria agraciada pela Deusa Selene e meu lobo despertaria.
Bom, até que eu encontrasse o meu companheiro, eu queria me manter casta. Não julgo quem não faz o mesmo, porém, um dos meus medos era justamente me ver apaixonada por alguém e, no fim, ele não ser o meu companheiro. Seria de partir o coração.
Deixe-me contar como eu fui rebaixada a ômega e porque todos no Midnight Pack me odiavam tanto: o meu pai, Kieran Gibson, era o antigo Beta. E ele desempenhava o papel dele maravilhosamente bem! Porém, houve um ataque de rogues e o meu pai acabou por me salvar e não à Luna. Eu estava próxima ao local do ataque, brincando. Eu era uma criança!
Segundo me disseram, eu não deveria estar ali. Fui simplesmente desobediente e acabei por causar tudo aquilo.
Meu pai, sendo culpa minha ou não, falhou com a missão dele. Por isso, foi morto pelo próprio Alfa Idris. Minha mãe morreu pouco depois, pela perda do companheiro dela. O meu castigo por ter estado no lugar errado, na hora errada, foi ser rebaixada a ômega e, também, virar saco de pancadas de quem quer que fosse. Ter apenas quatro anos não mudou em nada a decisão deles.
Ninguém nunca me ajudava, não importa o quanto eu chorasse e pedisse. Nem de outros bandos, quando visitavam. Ninguém, até mesmo o Alfa Kurt. Sim… Ele já havia visitado o bando e eu nunca o vi nem virar o rosto para perceber a minha presença.
Em contrapartida, ali no hospital, todos eram tão bons comigo! E o Alfa Kurt... Bom, ele visitava sempre. Agora que ele tinha olhado para mim e me reconhecido como uma criatura viva, a mim ele também parecia diferente.
O cheiro dele… Era divino! Uma mistura de almíscar com chocolate. Sim! E chocolate amargo, o meu favorito. Eu não comia chocolate há muitos anos, mas sempre amei o amargo e ainda conseguia lembrar do gosto. Quando eu tinha a oportunidade de conseguir alguma lasca dessa delícia, ficava feliz por vários dias, por piores que fossem.
Agora, o Alfa Kurt veio me falar sobre eu me juntar às atividades do bando, como um deles. No entanto, eu já estava decidida a ir embora. Assim que eu dei a notícia, ele ficou ali parado me olhando com aqueles olhos azul-esverdeados lindos. O cabelo dele era preto como a noite sem estrelas. A pele bronzeada. Ele era cheio de músculos. Eu juro que nunca olhei para os machos daquele jeito, mas o Alfa Kurt… Ele era de dar água na boca.
— Mas… Por quê? — Ele perguntou, finalmente, dando um passo em minha direção. Ele fez sombra sobre mim sem precisar estar muito próximo. Aquele macho devia ter mais de 2 metros de altura!
— Alfa Kurt, eu sou muito grata por tudo, mas… Eu não posso. Eu não quero mais viver entre os lobos.
Eu já tinha vivido o suficiente para saber que lobisomens eram tudo o que eu não queria perto de mim. AS raras exceções não me davam segurança de que eu nunca mais seria pisada.
Ele se aproximou mais ainda e pegou a minha mão. Eu senti algo estranho, como uma faísca, uma quentura. E eu acho que ele também sentiu, pela forma como ele moveu a mão, mas no fim, ele não soltou a minha. Meu coração estava disparado!
— Rosamund, por favor… Eu entendo que você não quer ficar. No entanto, você está fraca, ainda não vai conseguir se virar sozinha — O tom dele era calmo, pausado, como se eu fosse uma criança.
— Eu me virei até aqui. Bom, quase… — Eu havia sobrevivido, não é mesmo?
— Eu sei — Ele disse e limpou a garganta — Mas você precisa ficar mais forte. Mesmo que não me aceite como o seu Alfa, você pode permanecer aqui e se fortalecer, antes de… De ir embora.
Ele falou como se tivesse engasgado com alguma coisa. Não havia motivo para ele querer que eu ficasse além do desejo me ajudar, certo? Eu não tinha qualquer uso. Ainda mais para um macho como ele. Para um bando como aquele.
Eu ouvi rumores sobre o Alfa Kurt do Shadow Moon Pack. O Alfa mais tirano e sem coração. Aparentemente, ele foi enganado pela companheira dele e, por isso, ele havia se tornado uma criatura desalmada. Ele matava quem se metesse no caminho dele. Disseram que ele matou a companheira dele com as próprias mãos, sem nem estar na forma de lobo. E que ele comeu as entranhas dela. Eu não acreditava nisso, ainda mais olhando-o de perto. Ele era grandão, tinha um olhar sério, mas não parecia cruel.
— Eu vou pensar a respeito, Alfa Kurt — Eu disse, desviando o olhar do dele. Era difícil olhar para o rosto dele. Não por conta da cicatriz, que ia da têmpora até o queixo, e descia pela gola da camisa. Mas por conta da forma como eu me sentia na presença dele.
— Eu mesmo vou treinar você, se ficar — Eu olhei para o rosto dele, incrédula. O próprio… O próprio Alfa me treinaria?
— Nossa! Ah… Muito obrigada, Alfa — E olhei para baixo, envergonhada. Eu estava tendo dificuldades em me concentrar. Além de lindo, o cheiro dele me fazia sentir umas coisas estranhas!
— Não há o que agradecer — Ele colocou a mão debaixo do meu queixo e me fez olhar para ele — Será que eu posso te chamar de Rosa?
Eu concordei. Sinceramente, naquele momento, com ele me olhando tão profundamente, eu acho que diria “sim” para o que ele quisesse. E isso era perigoso.
Ele parecia querer dizer algo a mais, porém, ele não o fez. Ele me encarou por alguns instantes, até que sorriu fracamente e se afastou, saindo do jardim sem dizer mais nada.
Eu entrei no quarto e me deixei cair na cama. O que aconteceu comigo? Eu fiquei completamente idiota! A presença dele me deixou assim, provavelmente porque ele era um Alfa. Mas eu nunca havia ficado daquele jeito perante o Alfa Idris. Eu tinha medo daquele loiro, apenas isso.
Naquela noite, eu tive sonhos com ele, o macho que tinha o cheiro mais delicioso de todos. Aquele foi o meu primeiro sonho erótico.
KURTMas que porra! Eu saí do quarto da minha Rosa — Calma aí… De onde isso saiu?! — me sentindo esquisito. Ela me fazia querer ficar perto dela, não só por razões sexuais, mas também… Ela me fazia bem. Eu ficava mais em paz perto dela.“— Ela pode ser a nossa segunda chance…” — Thorin comentou, como quem não queria nada.“— Não, ela não é. Isso de segunda chance é algo raro e depois do que eu passei com uma companheira predestinada, seria muita sacanagem me mandarem outra!”Eu não queria falar sobre esse assunto, por isso, afastei Thorin para o fundo da minha mente. Caso contrário, depois de anos lidando com ele, eu sabia muito bem que aquele lobo ficaria, literalmente, falando na minha cabeça sem parar.Quando cheguei na packhouse, já estava anoitecendo. Eu morava lá, agora. Antes, quando eu ainda era casado, optei por ter uma casa mais afastada, onde eu e a minha companheira poderíamos ter mais privacidade. Ela fez questão disso, na verdade, e eu não me incomodei.Eu fui burro, iss
KURTNão sei se a Dra. percebeu, mas ela se calou e sorriu, misteriosa.Rosa se pôs de pé assim que a porta se abriu. Ela estava linda, radiante! Usando o vestido amarelo que comprei para ela, doce, mas sexy ao mesmo tempo. O vestido era daqueles de mangas levemente bufantes, com um decote em “U”, um cinto de mesma cor na cintura e a saia um pouco rodada. Claro, sapatos baixos, afinal, eu não sabia se ela era acostumada a andar de salto alto.— Alfa Kurt! — Ela me recebeu com um sorriso tão maravilhoso que eu tive vontade de mandá-la ficar paradinha, para que eu pudesse tirar uma foto. Mas, pelo visto, eu teria que eternizar o momento apenas na minha mente.— Pronta? — Eu perguntei e ela anuiu com a cabeça veementemente, quase saltitando.— Sim, sim! — Ela se virou para a Dra. Hanna — Nada pessoal, Doutora. A senhora e todos foram muito legais comigo, mas… Eu quero sair daqui!Nós três rimos e Rosa e eu fomos embora do quarto. Ela não tinha nada com ela, então, não tinha motivo para d
KURTNão!Eu me afastei da porta, passando a mão pelo rosto. Muito perigoso. Muito perigoso. O que eu estava precisando era foder, apenas isso. Achar uma ômega — nenhuma delas nunca negou fogo — e me aliviar. Todos ficariam felizes.“— Menos eu…”— Thorin comentou. Ele nunca mais foi o mesmo depois de Alexandra. Ora ele estava assim, deprimido, ou então, loucamente assassino.“— Não podemos transar com ela, Thorin. Eu não posso oferecer nada além de sexo.”Todos me viam como um filho da puta sem escrúpulos, mas eu não era assim tão ruim. Sim, no campo de batalha, eu não tinha piedade. Quem quer que resolvesse arrumar briga comigo, deveria estar mais do que preparado para levar uma surra. Ou algumas mordidas. Pelo menos para isso a puta da Alexandra serviu: a minha sede por sangue e por conquista me tornaram o maior Alfa do país.Na cozinha, uma linda ômega estava cozinhando. Ela era loira, corpo delgado… Ela sentiu a minha presença e abaixou a cabeça, como todos eles faziam. Eu não exi
KURT — Se você quiser, você pode. Eu não quero ser um incômodo — Eu falei da forma mais gentil possível e ela levantou a sobrancelha, claramente surpresa. Eu olhei para o pai dela — Eu não me importo, desde que ela fique mais confortável. Eu sei que estou ocupando muito espaço nesse sofá.— Ah… Claro. Faça como quiser, querida — Ele disse para Giselle, que sorriu e se levantou, indo para a poltrona ao lado.— Eu acredito que o senhor já saiba o motivo da minha visita, não é mesmo? — Eu perguntei a ele, que limpou uma gotícula de suor da testa com um lenço retirado do bolso dele. Eles dois eram muito parecidos, pai e filha. Não tinha como negar que eram ligados por sangue.— Eu… Eu não me atreveria a imaginar, Alfa Kurt — Ele estava demonstrando respeito e, também, submissão. Ele era mais velho, porém, ele estava se subjugando a mim. Ótimo.— Eu gostaria de pedir a mão da sua filha, Giselle, em casamento.Após ter firmado o acordo com o Alfa Gregório, eu voltei para o meu bando. Ele q
KURTRosa estava na cama, lendo. Tão linda, os cabelos cascateando pelos ombros dela. Ela estava usando uma das roupas que eu havia separado pra ela. Um vestido leve, pêssego. Era até mais perfeito do que eu achei que seria, nela. Os pés de Rosa eram delicados e bem-feitos.Puta merda! Estava ficando mais complicado a cada momento. Eu não podia olhar para aquela fêmea sem querer atacá-la! Tudo nela me fazia desejar estar colado a ela, e eu comecei a me perguntar se Thorin não estaria certo. Ela não tinha lobo, ainda. Sendo assim, se fôssemos mesmo predestinados, não poderíamos sentir a ligação, ainda. Mas… E se no dia seguinte ela despertasse? Eu estaria mais do que fodido.Resolvi limpar a garganta para chamar a atenção dela. Normalmente, qualquer fêmea perceberia que eu estava presente, afinal, qualquer Alfa exala um cheiro característico. Mas Rosa... Talvez ela estivesse muito concentrada no livro dela. É, devia estar, pois não me ouviu…Eu entrei no quarto e comecei a me aproximar.
KURT“— Não! Nós não podemos!” — eu o repreendi. Eu o entendia, claro. Rosa era deliciosamente perfeita e era muito complicado manter o monstro dentro das calças. Eu o queria dentro dela! Eu mantive Thorin no fundo da mente. Se ele continuasse, e resolvesse insistir demais, ele a tomaria e eu estaria ferrado.— Para onde vamos, exatamente? — Ela me perguntou, sorridente. Eu abri a porta de entrada para ela e vi Finn com uma tigela de sucrilhos, escorado na porta que dava para o corredor da cozinha. Ele sorriu de uma maneira como se eu fosse me divertir. Eu apenas balancei a cabeça negativamente e sai da packhouse.— Vamos dar uma volta pelo bando — Eu respondi — A nossa pequena cidade fica um pouco distante, então, precisamos ir de carro, ok?Ela concordou com a cabeça, me olhando com aqueles olhos castanhos que, com a luz do sol refletindo, fazia com que traços avermelhados dançassem na íris dela.— Obrigada por ser tão bom comigo — Ela finalmente falou, quando me sentei no bando do
KURT— Alfa Kurt! — Um deles disse, se atrevendo a sorrir para mim e a olhar para Rosa!— O que você quer aqui? — E me controlei, pois Rosa estava perto e eu não queria parecer um monstro. Ela tinha dito que eu era legal e tudo o mais.— Eu vi essa linda jovem e… Não resisti. Precisei saber mais sobre essa novata — Ele se virou para Rosa — Eu adoraria poder conversar mais, conhecer você, Rosa. Eu posso te mostrar o bando!Eu precisei inspirar profundamente, unindo toda a minha força de vontade para não fazer uma besteira das grandes!— Eu vou mostrar o bando para a senhorita Gibson — Rosa uma ova! Quem ele pensava que era para ter aquela porra de intimidade?— Ah, entendi. Mas… Bem-vinda, Rosa! A gente pode passear, mesmo assim. O bando tem muito para se ver em um dia só. E o Alfa Kurt é muito atarefado… Vai ser um prazer mostrar tudo a você. Mas que… Atrevido! Ele não percebeu que eu não o queria perto dela? Eu não queria nenhuma porra de macho perto da minha… Da minha… Eu tinha qu
KURT— Rosa, se continuar se movendo em cima de mim desse jeito, eu não vou esperar até chegarmos no quarto — Eu falei e acariciei o braço dela — E eu tenho muitas formas de fazer suas pernas ficarem dormentes. Orgasmos múltiplos... Já teve?Assim que as palavras saíram da minha boca, eu desejei que ela me dissesse que não. Eu sei, eu sei… Na verdade, eu não tinha problemas com fêmeas que tiveram outros parceiros. Eu não achava necessário que a fêmea se guardasse apenas para o seu predestinado. Mas, não nego que ficaria mais do que feliz em ser o primeiro — e único! — da Rosa. Ela negou com a cabeça. Eu sorri. — Não tenho ideia do que você está falando — Ela disse e eu senti minha calça ainda mais contrita.Colocando-a de volta no banco do passageiro, com todas as forças que eu tinha e dando-lhe um beijo rápido nos lábios, eu dei partida no carro.— Você vai descobrir do que eu estou falando, meu bem.Dirigimos em silêncio. Acredito que ela estava pensando com antecipação no que far