Alessa
Todos olhavam Alessa Castilho García!Castilho por parte de mãe e García por razão da adoção feita por Alfonso García, seus olhos lindos como um lago cristalino e seu rosto com traços lindos e delicados chamavam a atenção de todo no Conselho das famílias mais poderosas do crime mas com certeza o olhar de um homem em específico era diferente de todos os outros.Ele a amava, admirava e cobiçava a mulher que um dia foi dele mas suas ações a afastaram, tudo poderia ser diferente, se Dante pudesse voltar no tempo, teria investigado melhor e com certeza sua história não teria sido esse terrível rumo.A morte não levou Dante Fontana, não que ele merecesse viver de qualquer forma mas talvez o ceifador quis deixar seu principal emissário vivo para continuar sua obra mas nunca saberemos, Alessa olhava cada um deles tentando mentalmente pensar como ia dizer algo que pudesse justificar seus atos assassinos perante pessoas que nunca se importaram com ela.Respirando fundo, fechando seus olhos calmamente, ela ouviu a voz da espanhola, cigana de nascença, sedutora por natureza e dona de uma magia que nem ela mesma conseguia entender mas que aprendeu a aceitar com se fosse realmente natural e não uma doença psiquiátrica, Alessa aceitou Cassandra como sua amiga, irmã e protetora pois no fundo sabia que não iria sobreviver a metade do que houve com ela se não fosse sua segunda personalidade.– Alessa, acredito que saiba o motivo que está aqui, Dante Fontana foi atacado por você no dia do seu casamento, ele agiu errado e não o isentamos de nada, mas precisamos entender o que a motivou sabendo que teria outros meios para se defender estando com uma casa repleta de homens da sua família.Alessa olhou em direção de Dário, amigo de longa data do homem que tornou seus últimos anos um grande inferno, ela se lembra da primeira vez que o viu em um jantar na mansão Fontana, ele a olhou com desprezo mas todos a olhavam a assim portanto não se sentiu ofendida na ocasião, nada em sua vida a ofendia tanto do que não ser o que idealizou ou sonhou mas agora isso faz parte do passado.– Senhores, primeiramente desejo um bom dia a todos, muitos aqui me conhecem como a bastarda de sangue sujo ou a renegada mas antes de todos esses adjetivos gostaria que soubessem quem sou de verdade. Meu nome é Alessa Castilho García mas dentro da minha mente existe outra mulher, Cassandra Castilho García, possuo sangue Calon correndo nas minhas veias ou cigano como todos sabem, antes não tinha orgulho das minhas origens mas hoje sei da minha história e me sinto feliz por ser o que sou. Para que os senhores entendam porque cometi uma tentativa de homicídio contra o senhor Fontana, é necessário que voltemos no maldito dia que conheci esse homem e como cada dia até hoje vivo um verdadeiro inferno tentando sobreviver a maldade dele.Todos estavam em expectativa para ouvir uma história já bem conhecida mas que havia uma certa ansiedade para ser ouvida principalmente pelos membros da família García que não sabiam da história toda, Jarbas nunca contou por respeito a sua esposa, e Carmem jamais quis expor seu passado por sempre ser doloroso falar sobre ele, o momento era de se defender e Alessa escolheu por dizer a verdade sobre sua história mas agora na visão dela, a vítima que mais uma vez estava sendo exposta como se não fosse digna de respeito.– Tudo começou quando Negrini decidiu que seria uma pária e que minha mãe havia o traído portanto me tornando uma bastarda...– Queimem tudo, não podemos deixar vestígios de nada que fizemos hoje. Esse povo sujo estava aqui para encontrar os García, portanto, mereciam morrer. – E a menina, o que fazemos com ela? Levamos para Patrício Fontana? Ela é nova e bonita, pode ser uma boa ideia vendê-la para ele. Ou quer brincar mais com ela? Carmem estava jogada em um canto, parecia uma fera fora do seu habitat lutando ferozmente contra as cordas que amarrava seus pulsos e calcanhares, Flávio violentou a pequena rom mas ela lutou a cada segundo e mesmo depois do assassino dos seus pais conseguir desflorá-la, a menina ainda brigava para se libertar, como se nada a abalasse, nem mesmo a virgindade que perdeu a fez parar de se debater e tentar a fuga. Seu acampamento estava totalmente destruído, com todos que cresceu e aprendeu a amar e respeitar mortos, Carmem não entendeu porque não a mataram como fizeram com seus irmãos, pais e noivo. Ela não conseguia olhar a destruição apenas queria lutar pela única coisa que a
Carmem desistiu de lutar! Seu corpo e mente se cansaram e tudo piorou com a gravidez, a coleira machucava seu pescoço e aquele lugar apertado como uma jaula deixava tudo muito pior, ainda era cedo mas sabia que uma criança crescia em seu ventre, a deixando mais cansada tornando sua luta mais árdua e difícil. Negrini se esforçou muito em domar Carmem, a cada vez que tentava mais agressiva ela ficava, o que tornou tudo mais horrível.O cheiro forte de urina, fezes e vômito a deixavam enjoada, mas o seu maior medo era quando anoitecia, Flávio vinha com toda sua maldade e imponência para machuca-la e tentar ao mesmo tempo mudar sua essência, ela já não suportava mais as torturas psicológicas, físicas, a forma como a violentava e as humilhações impostas. Carmem se deitou no colchonete sujo encostado em uma parede úmida e se permitiu chorar como uma menina, a fera estava ferida demais para lutar, quando a porta se abriu, quem apareceu não foi Negrini, mas seu braço direito e homem de conf
Alguns anos depois Carmem observava sua pequena brincando com as flores do jardim, momentos de paz tão raros mas significativos na vida triste da jovem mãe. Com dezessete anos, Carmem passou por situações inimagináveis para uma mulher tão jovem passar. Cenas de ciúmes constantes, obsessão, perseguições e toda sorte de assédio, só de pensar na forma que o homem de confiança de Negrini a olhava um medo descomunal crescia no seu peito. Flávio sempre muito ciumento e obcecado não permitia que Carmem saísse e até a pequena Cassandra ou Alessa como Negrini a nomeou sofria com o ciúme sem medidas que o pai tinha de sua mãe. Três anos sofrendo deixaram Carmem amedrontada, temerosa e triste tentando entender porque não morreu naquela noite junto com seus pais e seu grande amor mas a vida era assim e não podia mudar nada. Negrini apareceu no jardim irritado, ela simplesmente esperou a sessão de xingamentos começar, com o tempo ela parou de tentar se defender e passou a escutar as acusações c
Carmem andava de um lado para o outro com a pequena em seus braços, a febre não abaixa e o medo de perder sua filha não a ajudava a pensar direito. De repente, Flávio apareceu furioso pelo atraso, o jantar seria com um membro recém aceito no conselho das famílias, Patricio Fontana e seu filho mais velho, Dante, eram conhecidos por seus “trabalhos” nada agradáveis e muito requisitados pelos outros membros da família. – A menina está doente, não sou importante, quer apenas me exibir para eles. Me humilhar como sempre faz, Flávio, não tem porque ter minha presença. Não sou uma dama da sua família, nem sequer tem respeito por mim. Déjame tener a mi bebé, ella me necesita mucho más que tú. (Deixe-me ficar com a minha bebê, ela precisa muito mais de mim do que você.) – Deveria levá-la pelos cabelos até a sala mas não vou fazer isso porque não vou mais passar vergonha com você, sua infeliz. Essa maldita da sua filha desde que nasceu só me atrapalha, agora, doente, está cada vez mais compl
Três anos depois– Cassandra, ¿dónde estás? Niña traviesa, vem a tomar uma ducha, puedo oler a cerdito aquí. (Cassandra, onde você está? Menina levada, venha tomar banho, estou sentindo cheiro de porquinha aqui.) A pequena se escondia da mãe sorrindo entre os grandes arbustos da mansão, a menina, agora, com cinco anos crescia em beleza e alegria, Carmem fez seu melhor para menina ser feliz apesar de toda maldade imposta às duas.– No soy um cerdita. ¡Pero no quiero darme uma ducha, mamá!(Não sou porquinha. Mas não quero tomar banho, mamãe!) – ¡Pero necesito ducharme, mi amor! (Mas precisar tomar banho, meu amor!) Carmem vivia por sua filha e sua filha vivia por ela, ambas eram amigas, confidentes e unidas em tudo. Ao contrário dela, Cassandra desenvolveu a clarividência muito jovem, ela tinha sonhos desde que completou quatro anos, começou a ter o mesmo sonho com um garoto mais velho com olhar de um leão feroz, cabelos loiros escuros e expressão animalesca a observando até pegá-la
– Negrini, tem certeza que essas mulheres vão salvar meu filho? Se ele morrer, mato você e elas, entendeu? – Entendi, ela sabe o que está fazendo, não se preocupe, meu amigo, seu filho será salvo. Carmem começou a limpar Dante que estava coberto de sangue sendo auxiliada por sua filha, o médico chegou alguns minutos depois, elogiou o trabalho delas e concluiu removendo as balas que estavam no corpo do jovem, Cassandra não saia de perto dele segurando sua mão com tanta força que causou estranheza em Patrício. Ele foi em direção a menina pronto para tirá-la de perto do seu filho mas percebeu algo diferente, Dante apertava a mão da menina com força, havia uma ligação entre eles, Patrício jamais viu o filho tão próximo de alguém ainda mais uma menina desconhecida. Foi assim durante as horas que se seguiram, o médico explicou que a recuperação de Dante agora dependia dele, tudo que era possível fazer foi feito, Cassandra não saiu de perto dele um minuto sequer, mesmo a mãe explicando qu
🚨 Atenção🚨Capítulo possui gatilhos– Foi assim que tive o primeiro contato com o senhor Dante, naquela época, acreditava cegamente como uma menina doce e inocente que ele cuidaria de mim e da minha mãe e que seria meu Salvador. O príncipe no cavalo branco, meu predestinado pelas estrelas e pelo destino, amei Dante como se fosse um deus, quando Sofia começou a inventar mentiras sobre minha mãe, e Negrini acreditou sem sequer dar o benefício da dúvida a ela, esperei que Dante nos salvaria como um herói mas ele não veio, quando Negrini bateu em minha mãe e disse que havia matado a única que me amou verdadeiramente e que protegia minha mente e coração das maldades dele, Dante não veio ao meu socorro. O silêncio se instalou no meio de todos, Alessa continuou seu relato com tristeza sendo observada por Dante, extremamente abalado por ouvir a mulher que amava pela primeira vez. – Depois, Negrini me colocou naquele galpão, só Deus viu como sofri chorando por dias de fome, sede, medo e sa
– O melhor é se livrar dessa menina logo, os gregos não deram retorno para você? Deveríamos acionar Nicolas, ele não gosta de menininhas para o seu leilão? Agora ter que conviver com uma cópia daquela infeliz traidora na minha propriedade é inaceitável. Mateo olhava Sofia com ódio, ela era culpada pela morte da sua amada e agora por querer tirar Alessa dele, faltava tão pouco para garota finalmente ceder, deixá-lo fazer com ela o que quisesse, assim ficaria estragada para qualquer outro homem e seria somente dele. Ele não conseguiu ficar com Carmem, mas com a menina tudo seria diferente. – Negrini, já falei: fico com a garota sabe que gosto dela. Fique tranquilo que Alessa jamais será um problema para você e sua nova família, ela já gosta muito de mim. Alessa estava muito doente e foi preciso uma internação em um hospital religioso mantido por um convento, recebeu alta mas ao invés de ficar em conforto para uma melhor recuperação, Flávio a manteve no galpão passando pelas mesmas pri