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Alguns anos depois

Carmem observava sua pequena brincando com as flores do jardim, momentos de paz tão raros mas significativos na vida triste da jovem mãe. Com dezessete anos, Carmem passou por situações inimagináveis para uma mulher tão jovem passar. Cenas de ciúmes constantes, obsessão, perseguições e toda sorte de assédio, só de pensar na forma que o homem de confiança de Negrini a olhava um medo descomunal crescia no seu peito.

Flávio sempre muito ciumento e obcecado não permitia que Carmem saísse e até a pequena Cassandra ou Alessa como Negrini a nomeou sofria com o ciúme sem medidas que o pai tinha de sua mãe. Três anos sofrendo deixaram Carmem amedrontada, temerosa e triste tentando entender porque não morreu naquela noite junto com seus pais e seu grande amor mas a vida era assim e não podia mudar nada.

Negrini apareceu no jardim irritado, ela simplesmente esperou a sessão de xingamentos começar, com o tempo ela parou de tentar se defender e passou a escutar as acusações calada sem dizer como aquilo era absurdo ou sem sentido.

– Matteo me contou que estava de conversa com o jardineiro, acha que sou algum idiota ou que vou aceitar ser corno, sua imunda?

Ela tentou compreender porque Matteo não parava de insistir nessa loucura de ser seu amante, mas o fato dele tentar e não conseguir o atormentava ao ponto de inventar mentiras deixando Negrini mais louco e ciumento. Carmem se levantou pegando a pequena nos braços, Flávio tentou alcançá-la mas não conseguiu, antes de chegar até ela, Carmem conseguiu ir para o quarto se trancando dentro dele.

– Si no fuera por ti, mi vida estaría muerta. Estos demonios terminarán matándome com estas acusaciones sin sentido. (Se não fosse por você, minha vida, estaria morta. Esses demônios vão acabar me matando com essas acusações sem sentido.)

Alessa olhava a mãe tão amada por ela sem entender porque sofria tanto mesmo sendo a melhor mãe do mundo, beijou seu rosto carinhosamente e a abraçou como se pudesse assim tirar as dores de sua mãe.

– Cassandra ama a mamá (Cassandra ama a mamãe)

A maneira agressiva de agir de Negrini assustava a pequena que não entendia as violências gratuitas contra sua mãe mesmo tão pequena, Alessa percebia como tudo aquilo era absurdo. A rotina de mãe e filha era de total terror principalmente a noite quando Flávio saia de si, enlouquecido de ciúmes procurando por Carmem para abusar dela.

– Abra essa porta, sua imunda, estou avisando se não abrir vou trepar com você na frente da sua cria. É isso que você quer?

– ¡No, Flavio! (Não, Flávio!)

Carmem colocou Alessa no berço pedindo pra fechar os olhos e não fazer barulho pensando que assim logo dormiria. Ela foi até a porta abrindo calmamente, assim que entrou no quarto, Negrini bateu em seu rosto deixando uma marca vermelha em sua face, as lágrimas saiam sem controle dos seus olhos mas não pelo tapa e sim por ele querer violentá-la na frente da menina.

– Quando vai parar de falar essa língua m*****a que é o espanhol, não chamei uma professora para ensinar italiano a você, suja? Vou receber Patrício e seu filho aqui, não quero que me passe vergonha falando a língua dos meus inimigos, entendeu?

– Sí ... Quero dizer, sim, entendi.

– Ótimo! Agora tire a roupa, quero você a noite inteira, Carmem, não imagina a falta que sinto da sua boceta, minha vagabunda.

Ela olhou para ele desesperada, ao contrário do que pensou, Alessa não dormiu, estava no berço olhando sua mãe. A pequena pensava que poderia proteger a pessoa que mais amava mas não poderia mesmo se quisesse.

– Não, a niña ainda está acordada. Por favor, aquí no.

Flávio segurou o rosto dela com força beijando sua boca como um devasso, Carmem tentou afastá-lo mas sem sucesso, naquela noite por diante, Negrini a estuprou na frente de Alessa, a menina jamais esqueceu da violência e brutalidade que ele tocava sua mãe e com o tempo não só Carmem se tornou atormentada mas também sua filha ao presenciar os abusos deixando marcas profundas em suas mentes, que sempre estariam ali vivas enlouquecendo ambas.

 

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