1990
Hoje decidi que vou verificar a biblioteca, quem sabe encontro algum livro que faça referência ao número 11 para colocar no meu livro. Acho que será uma boa ideia inserir essa curiosidade tão divulgada por todos por aqui. Pelo menos foi o que percebi na cidade, as pessoas acham esse fato muito relevante. —Com licença, Sra. Chloé, alguém está tocando a campainha na porta da frente. Mas não estou esperando uma visita, deixe-me ver pessoalmente. Ela não estava acostumada a ter ninguém na Mansão, exceto os Meyers Von Durts. — Sr Ricardo, o que te traz aqui? —Gostaria de conversar um pouco, se não se importa? —Da próxima vez me avise antes de vir. —Você deveria me agradecer senhorita. Afinal, você não recebe ninguém neste mausoléu.- ele ri sarcástico. —Mas que petulância a sua! Acho que você não deve entrar. —Senhorita, estou brincando. Não leve tudo o que digo tão a sério. Eu prometo levar apenas alguns minutos.- Chloé pensa por alguns segundos — Enquanto pensa, está na hora de me oferecer um café.- Richard entra sem nenhuma cerimônia. -Bem, bem...mas o Sr. é um folgado mesmo! Pois bem, eu vou te dar esses minutos. Abri a grande porta do salão de visitas, Richard me seguiu até o saguão silencioso, sentou-se em seguida numa cadeira de couro na cor imbuía fitando-me como um lobo. Vou ver o seu café. Volto em seguida. -Eu quero beber um cappuccino, se não for incômodo. —Senhor. Richard, isto não é uma cafeteria, não tenho capuccino. Pode ser um café tradicional muito forte? —OK. Eu aceito, o que posso fazer? Nunca vi ninguém tão frio. Ele era totalmente diferente de seus tios-avós. Fui até a cozinha e pedi a Amélie para fazer o café e nos levar à sala; tentaria me livrar desse incômodo rapidamente. voltei para a sala —Como estão seus tios? —Você não os visitou recentemente? —Sim. Mas se passaram alguns dias. —Estão bem. O que poderia haver de errado com eles se estão sempre cercado por crenças tolas. Eles vivem no país das maravilhas; acreditam que existe um plano superior, onde todos ainda estão vivos e trabalhando. -ele ri enquanto olha as obras de arte batendo com os dedos nós joelhos. — Não acha que deveria respeitar a religião deles? —E desde quando isso pode ser considerado religião Srta.? Amélie Rosi serviu-nos café com bolo. —Bem, acho que você não veio aqui para falar sobre seus tios. O que te trouxe então? — Obrigado, excelente café! Richard queria desfazer a má impressão do dia em que invadiu a Mansão sem ser convidado assim que Chloé chegou de viagem. —Então, o que tem a dizer sr. Richard!? — Precisava me desculpar. Acho que falei besteiras quando mencionei crime, incêndio... eu... eu quero que você me perdoe. Parei por alguns segundos olhando bem de perto aquele par de olhos azuis, não havia verdade neles; mas ele estava dando desculpas, aceitar seria o mínimo que poderia fazer para livrar-me logo. —Sr. Richard, acho interessante você ter me contado tudo o que aconteceu por aqui; melhor ouvir da sua boca do que de algum morador local. —Então eu não sou mais considerado um estranho?! —Quis dizer...ser sobrinho-neto de Emma. Além disso, houve um crime real aqui. Não é porque passou um século que se tornou uma lenda. —Sim. É verdade. Fatos são fatos. Contra isso não há argumentos. —Qual é a sua área de direito? —Direito Civil. Eu amo o que eu faço. Tenho um grande escritório no centro. Lá temos outros advogados de outras áreas. —Interessante! Se eu precisar de você, sei que posso contar com sua experiência. —Sim, claro! Mas... Chloé. Se eu posso te chamar assim. Gostaria de convidá-la algum dia para jantar. Quero esclarecer o mal-entendido sobre minha falta de educação.-ele ri expondo charme arqueado uma sobrancelha. —Pensei que tínhamos reiniciado aqui nesse café, Sr. Richard-risos —Srta. Chloé, por favor diga que aceita! Sem dúvida Richard soube convencer como um bom advogado que é. —Está bem. Concordo! "NÃO! POR FAVOR"! -a voz -Não acredito!-Chloé fala em voz alta. —Você não acredita...?? —Sinto muito... Só pensei alto. Lembrei que tenho que algo importante para fazer, foi isso. —OK. Eu não vou tomar mais o seu tempo. Podemos jantar amanhã à noite? —Sim. Não! Não! -a voz —Sim. Richard. — Te pego aqui as 20h30 —Perfeito! Deixe-me acompanhá-lo até a porta. —Se me deixar dar uma sugestão,coloque um interfone e mude as fechaduras para as eletrônicas. Eu posso ver isso para você. Seria mais seguro. —Vou pensar nisso. É melhor conversarmos amanhã. Obrigado pela visita. - Até logo Chloé! —Até logo Richard.-Chloé olha para o andar superior— Agora sou eu e esse fantasma de uma figa! —Ouça bem, sua bolha flutuante: Não sei de onde você vem e não quero saber. Me deixe em paz! Eu saio com quem eu quiser! Temos um acordo? —Sra. Chloé, está tudo bem, com quem estava falando? -pergunta Amelie. -Ah sei lá, acho que sozinha Amelie. É que eu gosto de pensar nas falas do meu personagem e interpreta-las para ver como ficará no livro. —Não entendo muito.- Risos —Vocês escritores são tão engraçados! —Sim,nós somos- risos Saí do salão um pouco envergonhada imaginando se ela havia acreditado que estivera falando sozinha. Fui para o meu quarto só queria entender por que aquela voz só se manifestava ocasionalmente. Mas como eu poderia saber?-Chloé decide perguntar: Então, voz do além. Aqui na sala, ninguém vai nos ouvir. Diga-me de uma vez por todas, o que você quer de mim? Porque eu acho que estou realmente ficando louca!-mas desta vez, ninguém respondeu. —Então é assim que funciona seu miserável! Não vai mais interferir na minha vida. Vou exorcizar com padre, bruxos, água benta ou com um crucifixo. Uma coisa te garanto... você vai saber da minha cola por bem ou por mal. estamos entendidos?? Chloé estava realmente preocupada com sua situação. Havia perdido o controle sobre seus pensamentos. Aquela voz tomava vida própria a cada dia sem hora nem aviso prévio. Ela precisaria se controlar, ou acabaria num hospício.Século XIX A Sociedade local de Soluthurn na Suíça, promovia bailes durante a temporada de verão para que os jovens pudessem conhecer suas futuras esposas. Sempre havia que chamava atenção pela beleza, instrução, simpatia e dote. Sim, o dote era um fator primordial. Não importando se o rapaz fosse rico. Charlotte era uma prima de consideração, só pelos laços de amizade; seus pais se conheciam desde que as meninas nasceram. Aos dezoito anos, Charlotte conhece Henrico, irmão do Nikläus na festa de boas vindas da Itália. Henrico veio mostrar suas habilidades com os cavalos e passar sua experiência no empreendimento que logo Nikläus assumiria após o casamento com Charlotte. Isabelle e Giocondo O baile estava muito animado com as moças em seus lindos vestidos desfilando para chamar atenção dos melhores pretendentes. Beatrice e Giovanna não foram convidadas porque Charlotte não gostava do comportamento invejoso delas. A belíssima Isabelle estava usando um vestido de veludo de seda
...Após aquele episódio no salão com o Richard, resolvi vasculhar a biblioteca.]Eu fico fascinada com essa disposição dos livros por todas as paredes. É...como se aqui, fosse uma floresta do saber. Me faz recordar os filmes de época, contos de fada. Estão alinhados e organizados por categoria. Acredito que esse antigo morador, era um perfeccionista. “A minha maior perfeição foi você, Isabelle. “-a voz —Okay, voz da minha consciência. Eu aprecio sua independência. Acho mesmo que uma analista vai amar estudar meu caso. “Você não está louca, você realmente pode me escutar”.-a voz —Mas então...se não criei essa realidade interna...o que é você??“Você não pode me ver, mas me ouve... busque os Meyes... eles podem explicar”-a voz. “Aí ai meu Deus! Eu nunca fui religiosa, mas também nunca deixei de crer que havia algo além do racional. Mas, daí pensar que escuto uma voz que não sei se onde vêm. Isso é demais pra minha cabeça. “-Chloé fala enquanto anda de uma lado para o outro na bibli
Século XX, Soluthurn Eu estava nervosa, fazia mais de cinco meses que eu não saía com um homem. Desde os episódios das vozes que me incomodavam, não tive mais prazer em sair para tomar meu Gin. Me arrumei, fiquei bem com vestido transpassado na cor azul-marinho; ele me deixa sensual. Não queria parecer vulgar, mas gostava ser o mais feminina possível. Richard parece ser muito arrogante, mas confesso que ele é um homem atraente. Não vou deixar que ele chegue muito perto, afinal é o sobrinho-neto dos Meyes. Não acho que seja sensato nos envolvermos tão precocemente, está tudo muito recente; além disso, não vim para cá para ter um romance, mas para escrevê-lo. A campainha toca.... Deve ser o Richard. -Chloé desce as escadas... -Cheguei na hora certa!" -Sim, Richard, pontual - eles riem. Sirva-se de um drinque, enquanto eu fecho as portas dos fundos. -Você não quer ajuda, Chloé? -Tudo está sob controle, obrigada. Fui em direção às duas portas que davam para os jardins e para a c
Dois meses se passaram desde o último encontro de Isabelle e Giocondo no baile de Charlote. Ainda circulavam comentários sobre o possível relacionamento que haveria surgido. Mas Giocondo não fora visto na companhia de Isabelle em nenhum piquenique ou nas reuniões do jovens em saraus . Evril estava em todos, Ela não perdia a oportunidade de estar no mesmo lugar que seu pretendente Nikläus. No fundo ela sabia que ele não a pediria em noivado.Isabelle melhorava em seus estudos cada vez mais, aprendera outros idiomas. Sua mãe era professora de canto; muitas jovens a contratavam para melhorar suas habilidades no canto e na fala . Naquela época uma linda voz poderia fazer a diferença na escolha de um bom casamento. Tudo estava indo muito bem nos negócios do pai de Isabelle, uma loja têxtil da família. Seu pai tinha bons contatos com fornecedores. As mulheres da sociedade sempre p buscara para escolher os melhores tecidos.Houve muitos clientes que fizeram encomendas de peças de tec
Século XIX Johann Di Berna Huschel A dúvida sobre a origem do sobrenome "Di Berna". O menino Johan, ficou órfã alguns dias após seu nascimento. Esse sobrenome pertencia a sua mãe; por isso que ele se chamava: Johann Di Berna. Giulia Catrina Di Berna nasceu na Itália. Com a morte de seus pais ela se viu sozinha aos 15 anos de idade. Sua irmã Anna que era dois anos mais velha, havia se casado recentemente com um homem de poucos amigos; não vendo nenhuma outra alternativa, a garota foi servir como dama de companhia da jovem Sra. Aleida Ruschels. Sua tia Anna, repetiu várias vezes ao menino a mesma história: que sua mãe morrera poucos dias após seu nascimento; disse mais, que Berna, lhe enviara uma carta alguns meses antes do parto, mas ainda não poderia ser revelado seu conteúdo, só em caso extremo. Ninguém soube o paradeiro dessa carta. Anna não estava feliz com o fato de Johann ter jogado ao vento a heranças da família Ruschel. Ela mencionou ir a Soluthurn para falar com Giocondo, m
Século XX , ano 1990Uma semana havia se passado desde que jantei com Richard. Surpreendentemente, tudo estava normal na mansão. A voz não sussurrava mais. Convidei minha secretária Amelie para um passeio. Fomos de carro até a subida da montanha Altreu-Grenchen; um lugar perfeito para caminhadas. Mas minha real intenção era encontrar famílias antigas que tinham pousadas e cabanas para visitantes. Assim, eu poderia descobrir algo sobre os Ruschels.Amelie adorou a ideia dessa excursão de última hora, eu sou assim, faço as coisas do meu jeito. Não programo muita coisa. A menos que seja relacionado ao trabalho. Levei duas mudas de roupa para mim e para Amelie para o caso de decidirmos passar a noite por lá. Eu estava animada; Amelie conhecia todos os lugares da região, então eu não precisava de um guia. Depois de quarenta minutos de carro, chegamos ao pé da bela montanha. Havia muitos bicicletas estacionadas para quem quisesse alugar. Pegamos duas delas e alugamos uma cabana para descan
Século XX, Ano 1990 Acordamos no sopé da montanha totalmente restauradas. A energia do lugar era incrível! Definitivamente eu voltaria várias vezes. À agitação das pessoas se preparando para suas corridas era motivadora. Alguns sentados em bancos tomando café ao ar livre, eu não queria ir embora. Amelie me tirou do meu transe.... -Chloé, vamos tomar café da manhã no restaurante ou pedimos aqui? -Vamos ao restaurante e de lá vamos para a casa da Sra. Ezrha, que fica ao lado. -Vou terminar de me arrumar e depois vamos, acho que teremos boas surpresas. -Por que você diz isso, Amelie? -Intuição. Nada mais. Fomos para o restaurante. O salão estava cheio de turistas e moradores locais. Esperamos alguns minutos por uma mesa. Phedro, sobrinho-neto da Sra. Ezhra, veio nos cumprimentar. Ezhra, veio em seguida. -Bom dia. Vocês devem ser as pessoas de quem minha tia estava falando. Prazer! Sou Phedro e estou à disposição!-Olá Phedro, sou Amelie. -Olá, sou Chloé, prazer em conhecê-lo! -
A Soluthur do século XIX tinha seus encantos. Os passeios ao ar livre, os encontros com amigos e familiares. Eu havia sido convidada para um piquenique com Giocondo; para a sociedade, seria o prenúncio de um pedido de noivado oficial. Fiquei muito feliz! Meus pais estavam presentes um pouco mais afastados nos observando. Cheguei ao parque com um modelo de Mademosaile Chateou em rosa chá, usava um chapéu com fitas que prendiam delicadamente embaixo do meu queixo. Eu estava radiante! juntamente com a minha mãe, preparei a toalha com as delícias preparadas para aquele momento: frutas, bolos, pães, sucos naturais... Giocondo se aproxima e cumprimenta papai que está mais distante. Eles conversam por um tempo enquanto mamãe se levanta para cumprimentá-lo; ele beija a mão de mamãe e vem ao meu encontro. Os outros jovens, embora amigos, não se aproximavam a menos que fossem chamados. Giocondo se aproxima. —Bom dia, senhorita Isabelle. Posso arriscar dizer que a sua beleza não compete com