A Biblioteca

...Após aquele episódio no salão com o Richard, resolvi vasculhar a biblioteca.]

Eu fico fascinada com essa disposição dos livros por todas as paredes. É...como se aqui, fosse uma floresta do saber. Me faz recordar os filmes de época, contos de fada. Estão alinhados e organizados por categoria. Acredito que esse antigo morador, era um perfeccionista.

“A minha maior perfeição foi você, Isabelle. “-a voz

—Okay, voz da minha consciência. Eu aprecio sua independência. Acho mesmo que uma analista vai amar estudar meu caso.

“Você não está louca, você realmente pode me escutar”.-a voz

—Mas então...se não criei essa realidade interna...o que é você??

“Você não pode me ver, mas me ouve... busque os Meyes... eles podem explicar”-a voz.

“Aí ai meu Deus! Eu nunca fui religiosa, mas também nunca deixei de crer que havia algo além do racional. Mas, daí pensar que escuto uma voz que não sei se onde vêm. Isso é demais pra minha cabeça. “-Chloé fala enquanto anda de uma lado para o outro na biblioteca.

—Por favor...! Eu te peço, pare de me procurar ou vou embora daqui; não vim para que você continuasse a me perturbar. Já perdi meu emprego, já me sinto uma alienada. Todos me olham diferente. Não quero lhe escutar mais! —Entendeu!?

“Eu sinto muito! Isabelle”.-a voz

Eu saí da Biblioteca o mais rápido possível! Não queria sequer imaginar que àquela voz de fato, seria de um fantasma. Fui para a cozinha tentar relaxar conversando com Amelie, ao menos ela estava viva.

—Me diz uma coisa Amelie....Você tem achado algo estranho aqui nesta Mansão desde que chegou?

—Não. Ainda não Sra. Chloé !

—Como assim, ainda não. Espera encontrar?

—Sra., Uma Mansão com mais de um século. Tudo pode acontecer! Eu sou muito medrosa. Risos

—Ah, entendi. Ufa! Pensei que também ouvia algo.

—Anh? Também ouvia o quê?

—Não Não! Me expressei mal. Queria dizer, rumores de fatos sobrenaturais. Você sabe, casa antiga não é?!

—Sim. Antes de aceitar a indicação da Sra. Meyer, eu fiquei meio receosa. Mas daí pensei... Se a moradora dorme lá sozinha e nunca viu nada, não serei eu a ver.

—Certamente, Amelie. Mas... você acredita nessas coisas de visões, Ghost?

—Eu não acredito nem desacredito; só não vi, ainda! Mas minha falecida avó que Deus a tenha, morava afastada da zona urbana, ela contava para todos que a noite quando já estavam todos dormindo no casarão...os antigos escravos e alguns Srs., vinham até o seu quarto e a chamavam para conversarem num gabinete. Eram mais de seis ou sete numa só noite! Eles foram antigos moradores daquele local. Viverem séculos antes da vovó nascer. Estavam presos alí angustiados.

—Não me diga uma coisa dessas!

Mas, você sabe dizer...se ela escutava ou via?

—Eu era pequena. Tinha uns cinco anos. Mas lembro dela pintando quadros com o rosto deles. Ela via e ouvia como nós aqui.

—Impressionante! E depois que ela faleceu?

—Aí rezaram várias missas no casarão pra afastar os fantasmas. A Sra. Acredita que minha mãe me disse que após ela ter morrido,a casa ficou fechada, a minha mãe é filha única e meu avô já havia partido. Então, a casa demorou até ser vendida. Algo não queria. A Minha mãe me levou algumas vezes lá. Numa dessas idas, enquanto ela tirava o pó e teias de aranha. Eu senti o cheiro do cigarro dela. Minha avó fumou a vida inteira. Ela tinha uma piteira em ouro. Dizem que sumiu assim que ela morreu. Mas ninguém havia entrado no casarão.

—Mas Amelie...esse cheiro pra você o que significou? Você só era uma criança. Alguém mais poderia está na casa.

—Eu não sei dizer ao certo. Mas os Meyes sabe muito sobre todo esses fenômenos eles foram lá algumas vezes a pedido da mamãe. Diziam que minha avó não queria sair do gabinete. Então D. Emma, depois de algumas idas lá, a convenceu trabalhar no Centro de sensitivos.

—Mas trabalhar como, se ela havia morrido?

—Na época eu não sabia de nada por ser pequena. Mas depois que cresci estive no Centro algumas vezes por curiosidade. Meus pais passaram a frequentar e trabalhar lá. Certa vez, eu vi uma sensitiva pintando um quadro meu aos cinco anos, sem nunca ter me visto na infância. Foi tudo muito rápido e intenso. Ela assinou o nome da minha avó.

—Estou gostando muito desse relato Amelie. Continue...

—Bem. Eu não sei o nome certo desse fenômeno. Mas a mulher pintava com os dedos e palma das mãos. Parecia um transe. Eu chorei bicas de emoção. Depois eu soube que a vovó vinha duas vezes por semana pra fazer as pinturas e ajudar a quem necessitasse de consolo.

—Será que você herdou esse dom da sua avó?

—Não Sra. Isso não passa para ninguém como uma coisa hereditária. É de cada um em seu grau de dívidas. Foi o que ouvi falar assistindo as palestras.

—Dividas? Então, quem tem essas visões são devedores? Bom saber!

—Mas...Por que a Sra. Se interessou tanto? Acha que aqui poderá ter o fantasma do dono? Ele devia ser lindo! Deve haver fotos ou pintura dele em algum museu. Como era rico, não duvido de haver registros.

—O que me admira é que nessa casa não haja nada que lembre sua família. A não ser que esteja naquele porão que não me atrevo a descer.

—Não acredito Sra. Chloé, mas podemos dar uma olhada outro dia mais cedo. Tem que haver alguma coisa.

—Boa idéia Amelie!

Na próxima vez que vier, reservamos uma parte do dia para descer até lá.

—Obrigada pela conversa. Foi muito interessante.

—Eu que agradeço poder contar um pouco sobre minha avó. Tenho lembranças viva do seu carinho por mim.

Aquela conversa foi sem dúvida muito esclarecedora. Eu tinha que descobrir algo sobre esse mistério que envolve o antigo dono desta Mansão.

Se havia algum retrato, teria que encontrar.

Pelo visto,não estou ficando louca como havia imaginado.

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