Arthur voltou para casa de madrugada, parou na porta do meu quarto e ficou um tempo pensativo, depois seguiu pelo corredor. Não demorou a dormir, pois havia bebido um pouquinho a mais que de costume. No dia seguinte, nos encontramos no café da manhã. Eu acordei cedo. Logo que sentou-se, Arthur comentou preocupado: — Hoje tenho muito trabalho! Sem o meu pai, embola um pouco o meio de campo! — E o meu pai? Não ajuda? — Isso é o que vamos ver! — Parece que ele anda com medo de ser deixado pela minha mãe. Depois de tudo o que aprontou, não é para menos! Quando Arthur ia saindo, eu lhe perguntei, fazendo-o parar e vira-se surpreso: — É amanhã que o seu pai chega? — Sim, por quê? Está ansiosa? Eu fiquei sem jeito e me remexi na cadeira. — Você sabe que preciso ter uma conversa séria com ele. Arthur ficou desconfiado. — Faça como desejar, só espero não vê-la chorar por ele. Eu desviei o olhar para o meu prato e Arthur se
O olhar dele me fuzilava. — Pai!— Arthur também ficou surpreso. — Atrapalho alguma coisa? Arthur começou a descer a escada para ir ao encontro do pai, enquanto eu voltei a subir rapidamente e entrei no meu antigo quarto. Eu não esperava que Romeu chegasse antes, mesmo assim, já havia transferido algumas coisas para lá. Lá embaixo, Arthur segurou o pai no momento em que ele tentou vir atrás de mim. — Calma, pai! Não pode falar com ela, alterado desse jeito! Romeu não se conformava. — O que aconteceu? Por que ela me recebeu com essa frieza? Estava tudo bem quando eu saí daqui! Você falou que o celular dela estava quebrado e sempre que eu ligava você dizia que ela não podia falar comigo! Arthur levou o pai para o bar. — Vamos beber alguma coisa, depois o senhor conversa com ela. Romeu concordou e aceitou a bebida que o filho lhe preparou. — Mas me diga, porque chegou antes, não devia chegar só amanhã? Romeu tomou um gole do seu whisky olhando para a escada, cha
— Eu não entendi o porquê desta desfeita, é uma acusação infundada! Eu cruzei os braços e o encarei, pronta para o ataque. — Mais uma, não é Romeu? Quantas mais virão, até que eu me canse de ser ridicularizada? Ele me olhou magoado. — Sabe quanto tempo levei para lhe comprar esses presentes? Eu merecia um “ obrigada”, ao menos! Eu baixei a cabeça e fiquei sem jeito. — Não quero ser indelicada com você, sei que tudo isso é natural na sociedade em que você vive, mas eu não quero fazer parte disso! Romeu segurou as minhas mãos e falou com voz tranquila: — Do que está falando? A que se refere? Seja mais clara, por favor! — Estou falando da mulher que lhe acompanhou nessa viagem! — Não teve mulher alguma, acredite em mim! — Mentira! Ficamos nos olhando, sem se falar por um breve tempo. Até que ele me beijou, calando qualquer possível acusação que eu tentasse lhe fazer. Eu me afastei nervosa, depois de corresponder claro, ninguém é de ferro! — Por que meteu essa bob
Eu estiquei o meu pescoço para ver se alguém podia nos ver e insisti em resistir. — Não Romeu! Alguém pode nos ver, pare com isso! Sem tirar seus delicados emissores de prazer de dentro de mim, ele olhou em volta e brincou: — Acho que ninguém quer ver eu possuindo a minha mulher aqui ao ar livre. Em agonia, sentindo que logo me entregaria, eu implorei: — Tudo bem, eu faço o que quiser, mas não me tome aqui, por favor, alguém pode nos ver! Prontamente, Romeu me puxou pela mão. — Então venha, quero você agora, estou subindo pelas parede! — Espere, Romeu, calma! Não adiantava eu falar, ele não me ouvia, estava desesperado para fazer amor comigo. Passamos pela porta de vidro, ele me puxando pela mão enquanto eu lhe repreendia. As criadas estavam na sala de jantar e ficaram surpresa com a cena. — O homem está louco por ela! — Januária comentou, achando graça. Antônia já era mais despojada. — Louco para pegar ela de jeito, você quer dizer, né? — Ai Antônia, nã
Eu me assustei com a chegada dela. Me encolhi para ouvir o seu desabafo. Ela andava, falando sem parar: — Senhora, por que não ficou lá, no quarto com o seu marido? Como espera se manter nesse casamento tendo este tipo de comportamento? — Sinceramente, Januária, o seu patrão não está fazendo a menor questão. Estou querendo ter uma conversa séria com ele desde que chegou e ele não está nem um pouco curioso! Ele já conseguiu o que queria! Januária cruzou os braços pensativa, quase concordando comigo. — É, a patroa pode ter razão. Ele estava bem tranquilo com relação a estar dormindo aqui. Eu sentei rapidamente na cama. — Eu não falei? Ele está bem estranho! Por que não veio aqui esbravejando, para que eu voltasse para o quarto dele! Januária bufou inclinando-se para mim, com os braços cruzados. — E a senhora vai aceitar essa situação? Vai fazer igual a dona Salete, que teve essa ideia ridícula de separar os quartos e acabou tendo poucos momentos
Depois que terminamos de comer, Romeu me ajudou a levantar da mesa. Ele continuava atencioso e carinhoso, como se não desse atenção ao que eu havia lhe dito. Fomos nos sentar no grande sofá da sala de estar e ele passou o braço por trás de mim, me acolhendo junto ao peito. Depois ele encostou os lábios próximo ao meu ouvido e falou baixinho, com a voz aveludada: — Por que está querendo desistir de nós? Me acha velho para você? — Não, claro que não!— eu me virei rapidamente. Ele sorriu sedutor, segurou o meu rosto e me beijou. Todo o meu corpo se entregou àquele beijo. — Não adianta fazer isso e depois me recriminar por não ser a esposa que você precisa!– eu o empurrei, agitada. — Não existe um modelo de mulher, Juliette, deixe de bobagem! — Claro que existe, ela tem que ser cega, muda e surda! Enquanto eu surtava, Romeu ria da situação. — Estou falando sério. Você não acredita, mas não estou feliz, não me sinto segura nesta relação!
Quando eu desci para o jantar, pai e filho já estavam me esperando. Arthur abriu um sorriso ao me ver e levantou-se rapidamente para puxar a cadeira para mim. Romeu ficou com uma pulga atrás da orelha. Durante o jantar, Arthur conversava animado, ele havia percebido que eu e o Romeu já não parecíamos mais um casal, ao menos descemos separados para o jantar. Isso era um sinal de que eu estava firme na minha decisão. Era perceptível que Romeu estava inquieto, olhando para o filho e para mim tentando entender se havia ali alguma intimidade. — Eu vou subir!— avisei levantando-me. Arthur precipitou-se para me ajudar. Deu a volta na mesa rapidamente e veio puxar a minha cadeira. Romeu que estava mais perto, ficou boquiaberto. — Vai subir, Romeu?— eu quis saber. Ele soltou o ar pela boca, demonstrando insatisfação. — Eu vou depois. — Eu te acompanho, Juliette!— Arthur se ofereceu. Olhei para o meu marido, me olhando sério e dispensei a gentileza do meu enteado. —
— Juliette!— uma súplica abafada. Os olhos de Arthur lacrimejaram. Ele ficou ali parado, me observando, até que ele me viu retornar para o meu quarto, sem concluir o que fui fazer ali. A minha silhueta podia ser vista caminhando lentamente pelo corredor, ele podia ouvir o choro quase silencioso e abafado pelas mãos que cobria a minha boca. Entrei no meu quarto, sem perceber a presença dele ali. Arthur estava mais para dentro que fora do seu quarto, e a luz fraca do corredor lhe camuflava. Deitei e aceitei o calor aconchegante do meu cobertor. Estava em crise de abstinência e se entrasse no quarto do meu marido, teria deixado lá minha dignidade. Tudo o que queria era me aninhar nos seus braços e dormir bem agarradinha com ele, ou quem sabe até impedi-lo de procurar outras mulheres, mas eu sabia que uma hora ele perceberia o tanto que eu o amava e iria achar que eu aceitaria tudo para ficar com ele. Só de pensar em passar por tudo o que a minha mãe passou, me dava arrepios! Ar