Ele me beijou, eu tentei sair, mas ele insistiu, até eu lhe corresponder. Foi rápido, porque um raio pareceu cair em cima de nós. — O que está acontecendo aqui? — era Romeu. Eu empurrei Arthur, num instinto de me defender de futuras acusações. — Sobe, Juliette, agora! Eu olhei para cima assustada. Arthur encostou seus lábios no meu ouvido. — Se ele não te quiser, eu quero — Ele não desistiu. Falava com a voz rouca. Eu arregalei os olhos e me afastei. Ainda o ouvi dizer: — Eu faço bem gostoso, eu lhe garanto, não vai se arrepender! Eu continuei a subir as escadas correndo. Levei um sermão do meu marido, mas o cheiro do meu enteado estava em mim. Romeu bateu a porta quando eu entrei. Ele estava fora de si. — Eu não vou permitir que me traia debaixo dos meus olhos! — Não aconteceu nada, Romeu! Arthur está embriagado, releve por favor! — Ele a está seduzindo, na minha cara! — Ele sabe que você me rejeita, por isso se acha nessa li
Eu comecei a sentir incômodo, gemer baixinho, mas ele não parou até se satisfazer completamente. Ele tombou do meu lado como um leão que acabou de devorar a sua presa por inteiro. Ele tentava controlar a respiração olhando para o teto. Às vezes sorria estranhamente, mas era possível imaginar que na cabeça dele eu só precisava de uma boa surra de amor para me acalmar. Ele não sabia lidar comigo, eu estava longe de ser submissa, como as mulheres daquele mundo medíocre em que ele vivia. A verdade era que ele só havia transado comigo com receio de ser traído, e isso era pouco para mim que estava vencida por um sentimento que eu não conhecia, que me assustava, mas que só se acalmava quando estava ao lado dele. Esperei ele adormecer e desci as escadas devagar, dessa vez nem acendi a luz, tateei no escuro e fui parar no quartinho dos fundos, onde pretendia preparar um banho de assento. Assim que entrei, acendi a luz, e ela estava lá me sorrindo acolhedo
Quando descemos para o café, eu não estava à vontade com o meu marido, mas ele fazia questão de mostrar que estávamos bem. Abraçou a minha cintura e me fez fazer parte daquela farsa. Parecíamos um casal de pombinhos. Arthur estava cabisbaixo na mesa. Depois que sentamos, ele se dirigiu ao pai, com expressão de arrependimento. — Pai, me desculpe por ontem. Eu bebi além da conta e não devia ter faltado com respeito a sua esposa. Acho que misturei alguma coisa, estava alucinado! Por um momento, eu achei que a Juliette tinha se casado comigo, ao invés do senhor. Não vai acontecer mais, eu prometo! Romeu fechou o semblante, estava claramente incomodado. — Arthur, por acaso você se arrependeu de ter-se negado a se casar com a minha mulher? Arthur me olhou fixamente antes de responder. — Esse é o meu maior arrependimento, acredite. Eu fiquei boquiaberta. Romeu também estava incrédulo. — E você diz isso assim, na minha cara? — Como negar algo que eu
Arthur não se abalou e retrucou: — Eu ouvi uma discussão entre vocês, onde entendi que ela se casou amando outro homem e que também não era mais virgem, mas isso não significa que se casou grávida! — Agora entendo que sim, filho. Temos que fazer o teste. Claro que não vai mudar muita coisa, você será sempre o meu filho, não irei te deserdar por nada desse mundo! Arthur ficou entristecido. — Se o fizer, eu posso entendê-lo, pai. Eu tenho muito dinheiro, muitos bens no meu nome, não vou ficar mais pobre, fique tranquilo. Estudei para saber multiplicar nossa fortuna. — Não, Arthur, nem pense nisso! Eu quero fazer o teste para desencargo de consciência mesmo. Eu preciso resolver issodentro de mim, entende? Não é nada com você! Arthur parecia não ouvir Romeu e falava confuso, aflito: — Estudei dia e noite, vou conseguir me virar muito bem com o dinheiro que tenho! Os dois combinaram de fazer o exame no dia seguinte e procurar não pensar no assunto po
As mãos de Romeu tremiam, assim como a voz. — Como pode ser? Você nasceu antes dos nove meses! — Eu sou seu filho, pai, é isso? — Arthur estava emocionado. Romeu ficou em choque e Arthur tirou o papel das suas mãos. — Positivo, pai, eu sou seu filho! Eles se abraçaram, apesar de que Romeu estava perplexo. Extremamente surpreso, ele achou melhor não discutir mais sobre o assunto. À noite, Romeu estava arredio, não queria conversar. — Está assim por causa do resultado do DNA?— Eu fui falar com ele, que estava pensativo na varanda. Ele apenas suspirou e eu o questionei: — Não ficou feliz em saber que o Arthur é de fato seu filho? Ele me olhou confuso. — Eu só gostaria de saber como eu fiz isso. Não consigo me lembrar! — Talvez você estivesse bêbado, mascarado, quando ficou com ela pela primeira vez! Ele me olhou assustado. — De onde tirou essa história, Juliette? Parece novela! Eu suspirei angustiada. — Romeu, a
Eu tive que contar sobre a falecida, eu não ia me complicar. — Aconteceu exatamente assim com a sua mãe! Arthur ficou boquiaberto. — O que sabe sobre a minha mãe, Juliette? — Ela se entregou para um estranho mascarado e engravidou de você, por isso acabou achando o casamento conveniente a melhor opção. Arthur ficou pensativo. — O meu pai fez isso? — Sim, pois se é filho dele? — Ele achou que eu pudesse ser filho de outro, quando o cafajeste foi ele mesmo! Eu fiquei imaginando se Romeu poderia ter repetido o feito vinte e dois anos depois. — Arthur, é normal vocês, quer dizer, será que o seu pai é o único que faz isso? — Isso, o que Juliette? Eu estava desesperada, andava agitada, enquanto falava. — O seu pai, você acredita que ele faça essas coisas até hoje? — Não estou entendendo— Arthur cruzou os braços, me acompanhando com o olhar. — Quando vocês saem, ele sempre… droga, não consigo me expressar! — Onde exatamente você quer chegar?— ele insistiu c
— Calma, não estou falando de você!— ele brincou, segurando os meus braços. — Odeio o jeito com que vocês tratam as mulheres!— eu bufei. — Não, Juliette! Pelo amor de Deus, eu não tive a intenção de te magoar, eu tenho certeza que você estava naquele baile tão discretamente, incapaz de chamar a nossa atenção! Eu me lembrei de como eu estava enlouquecida, dançando com as minhas amigas. Eu saí na direção da escada, ouvindo as explicações do Arthur. — Nessas reuniões, Juliette, estão sempre os homens infelizes no casamento arranjado, ou até prometidos. Foi assim que eu comecei a frequentá–las! Eu parei alguns degraus acima para retrucar: — Vocês são indecentes, e o seu pai é o pior! Voltei a subir, mas a conclusão de Arthur me paralisou. — Você o ama, Juliette, não há como negar! Eu não me virei, engoli em seco, e depois de alguns segundos, voltei a subir. Entrei no quarto e o meu marido dormia profundamente. Me deitei devagar
Nesse dia, eu tive muito enjoo durante o almoço e tive que sair da mesa para vomitar. As criadas foram atrás de mim até o lavabo social. — Ai patroinha, a senhora está grávida mesmo!— Antonia falava desesperada. — E você tinha dúvida quanto a isso? Pois eu já havia percebido pelas roupas! As palavras de Januária me assustaram. Eu coloquei as mãos no ventre, mesmo inclinada na direção da pia. — Meu Deus, o Romeu vai me devolver para o meu pai! — Esconda o quanto puder, assim vai ficar mais difícil para ele fazer isso! O seu pai pode julgar que ele aproveitou-se de você o quanto pôde e que teria que carregar esse filho junto! — Você não conhece o meu pai, Januária. Ele vai apoiar o Romeu e é bem capaz de querer se livrar do meu filho e exigir que eu engravide novamente do seu sócio. As criadas ficaram chocadas, encostadas à porta. Eu lavei minha boca e me recolhi com os olhos vermelhos, deixando as duas discutindo o assunto. — Eu se fosse ela,