Quando descemos para o café, eu não estava à vontade com o meu marido, mas ele fazia questão de mostrar que estávamos bem. Abraçou a minha cintura e me fez fazer parte daquela farsa. Parecíamos um casal de pombinhos. Arthur estava cabisbaixo na mesa. Depois que sentamos, ele se dirigiu ao pai, com expressão de arrependimento. — Pai, me desculpe por ontem. Eu bebi além da conta e não devia ter faltado com respeito a sua esposa. Acho que misturei alguma coisa, estava alucinado! Por um momento, eu achei que a Juliette tinha se casado comigo, ao invés do senhor. Não vai acontecer mais, eu prometo! Romeu fechou o semblante, estava claramente incomodado. — Arthur, por acaso você se arrependeu de ter-se negado a se casar com a minha mulher? Arthur me olhou fixamente antes de responder. — Esse é o meu maior arrependimento, acredite. Eu fiquei boquiaberta. Romeu também estava incrédulo. — E você diz isso assim, na minha cara? — Como negar algo que eu
Arthur não se abalou e retrucou: — Eu ouvi uma discussão entre vocês, onde entendi que ela se casou amando outro homem e que também não era mais virgem, mas isso não significa que se casou grávida! — Agora entendo que sim, filho. Temos que fazer o teste. Claro que não vai mudar muita coisa, você será sempre o meu filho, não irei te deserdar por nada desse mundo! Arthur ficou entristecido. — Se o fizer, eu posso entendê-lo, pai. Eu tenho muito dinheiro, muitos bens no meu nome, não vou ficar mais pobre, fique tranquilo. Estudei para saber multiplicar nossa fortuna. — Não, Arthur, nem pense nisso! Eu quero fazer o teste para desencargo de consciência mesmo. Eu preciso resolver issodentro de mim, entende? Não é nada com você! Arthur parecia não ouvir Romeu e falava confuso, aflito: — Estudei dia e noite, vou conseguir me virar muito bem com o dinheiro que tenho! Os dois combinaram de fazer o exame no dia seguinte e procurar não pensar no assunto po
As mãos de Romeu tremiam, assim como a voz. — Como pode ser? Você nasceu antes dos nove meses! — Eu sou seu filho, pai, é isso? — Arthur estava emocionado. Romeu ficou em choque e Arthur tirou o papel das suas mãos. — Positivo, pai, eu sou seu filho! Eles se abraçaram, apesar de que Romeu estava perplexo. Extremamente surpreso, ele achou melhor não discutir mais sobre o assunto. À noite, Romeu estava arredio, não queria conversar. — Está assim por causa do resultado do DNA?— Eu fui falar com ele, que estava pensativo na varanda. Ele apenas suspirou e eu o questionei: — Não ficou feliz em saber que o Arthur é de fato seu filho? Ele me olhou confuso. — Eu só gostaria de saber como eu fiz isso. Não consigo me lembrar! — Talvez você estivesse bêbado, mascarado, quando ficou com ela pela primeira vez! Ele me olhou assustado. — De onde tirou essa história, Juliette? Parece novela! Eu suspirei angustiada. — Romeu, a
Eu tive que contar sobre a falecida, eu não ia me complicar. — Aconteceu exatamente assim com a sua mãe! Arthur ficou boquiaberto. — O que sabe sobre a minha mãe, Juliette? — Ela se entregou para um estranho mascarado e engravidou de você, por isso acabou achando o casamento conveniente a melhor opção. Arthur ficou pensativo. — O meu pai fez isso? — Sim, pois se é filho dele? — Ele achou que eu pudesse ser filho de outro, quando o cafajeste foi ele mesmo! Eu fiquei imaginando se Romeu poderia ter repetido o feito vinte e dois anos depois. — Arthur, é normal vocês, quer dizer, será que o seu pai é o único que faz isso? — Isso, o que Juliette? Eu estava desesperada, andava agitada, enquanto falava. — O seu pai, você acredita que ele faça essas coisas até hoje? — Não estou entendendo— Arthur cruzou os braços, me acompanhando com o olhar. — Quando vocês saem, ele sempre… droga, não consigo me expressar! — Onde exatamente você quer chegar?— ele insistiu c
— Calma, não estou falando de você!— ele brincou, segurando os meus braços. — Odeio o jeito com que vocês tratam as mulheres!— eu bufei. — Não, Juliette! Pelo amor de Deus, eu não tive a intenção de te magoar, eu tenho certeza que você estava naquele baile tão discretamente, incapaz de chamar a nossa atenção! Eu me lembrei de como eu estava enlouquecida, dançando com as minhas amigas. Eu saí na direção da escada, ouvindo as explicações do Arthur. — Nessas reuniões, Juliette, estão sempre os homens infelizes no casamento arranjado, ou até prometidos. Foi assim que eu comecei a frequentá–las! Eu parei alguns degraus acima para retrucar: — Vocês são indecentes, e o seu pai é o pior! Voltei a subir, mas a conclusão de Arthur me paralisou. — Você o ama, Juliette, não há como negar! Eu não me virei, engoli em seco, e depois de alguns segundos, voltei a subir. Entrei no quarto e o meu marido dormia profundamente. Me deitei devagar
Nesse dia, eu tive muito enjoo durante o almoço e tive que sair da mesa para vomitar. As criadas foram atrás de mim até o lavabo social. — Ai patroinha, a senhora está grávida mesmo!— Antonia falava desesperada. — E você tinha dúvida quanto a isso? Pois eu já havia percebido pelas roupas! As palavras de Januária me assustaram. Eu coloquei as mãos no ventre, mesmo inclinada na direção da pia. — Meu Deus, o Romeu vai me devolver para o meu pai! — Esconda o quanto puder, assim vai ficar mais difícil para ele fazer isso! O seu pai pode julgar que ele aproveitou-se de você o quanto pôde e que teria que carregar esse filho junto! — Você não conhece o meu pai, Januária. Ele vai apoiar o Romeu e é bem capaz de querer se livrar do meu filho e exigir que eu engravide novamente do seu sócio. As criadas ficaram chocadas, encostadas à porta. Eu lavei minha boca e me recolhi com os olhos vermelhos, deixando as duas discutindo o assunto. — Eu se fosse ela,
Ele veio na minha direção e eu me encolhi na cama. Ele me sacolejou os braços. Estava fora de si. — Se me trair com o meu filho, eu te mato, Juliette! Não brinca comigo, garota! Ele me soltou e deixou as marcas das suas mãos na minha pele. — Seu grosso, estúpido! Eu odeio você, mais que tudo nessa vida!— Meu desabafo, antes do choro. Romeu me olhou, já arrependido. — Eu não sei o que faço com você, Juliette! Eu não sei lidar com você, é isso! Você é rebelde! — Eu não sou falsa como a falecida!— eu gritei. Quase apanhei. Faltou pouco! Romeu fechou os punhos, estava ofegante e os olhos brilhavam faiscantes. Eu arqueei o meu corpo para trás, enquanto ele vinha se inclinando sobre o leito. — Não fale da minha mulher, sua pirralha mimada! — Sua mulher sou eu! İnfelizmente, sou eu!— O soluço confundiu-se com as minhas palavras sofridas. Romeu ficou sem argumentos e baixou a guarda. Ele voltou o corpo e se recompôs, depois disse: — Tem razão. V
Romeu me olhou assustado e me soltou. — O que houve?— ele quis saber. Eu me afastei ofegante. Fui na direção do banheiro, erguendo as alças da minha camisola e resmungando. — Já deu. Possivelmente eu já esteja grávida, logo vamos saber! Claramente Romeu ficou decepcionado. Ele demorou para acreditar que eu havia o recusado num momento onde ele imaginava que eu jamais o resistiria. Ele tinha razão. Eu estava trancada no banheiro tremendo inteira. Eu o desejava tanto que estava ali mais por mim do que por ele. Se eu fizesse amor com ele naquele momento, iria me soltar, gemer muito alto, quem é que sabe? Melhor seria mesmo não arriscar! Para minha surpresa, Romeu começou a esbravejar. — Juliette, abra essa porta! Venha aqui, agora! Eu torci o nariz e me balancei debochada. — Nunca, nunquinha que eu vou abrir essa porta!— Eu falei para o espelho. Como eu não abria de jeito nenhum, ouvi passos se aproximando do lado de fora. — S