Ele veio na minha direção e eu me encolhi na cama. Ele me sacolejou os braços. Estava fora de si. — Se me trair com o meu filho, eu te mato, Juliette! Não brinca comigo, garota! Ele me soltou e deixou as marcas das suas mãos na minha pele. — Seu grosso, estúpido! Eu odeio você, mais que tudo nessa vida!— Meu desabafo, antes do choro. Romeu me olhou, já arrependido. — Eu não sei o que faço com você, Juliette! Eu não sei lidar com você, é isso! Você é rebelde! — Eu não sou falsa como a falecida!— eu gritei. Quase apanhei. Faltou pouco! Romeu fechou os punhos, estava ofegante e os olhos brilhavam faiscantes. Eu arqueei o meu corpo para trás, enquanto ele vinha se inclinando sobre o leito. — Não fale da minha mulher, sua pirralha mimada! — Sua mulher sou eu! İnfelizmente, sou eu!— O soluço confundiu-se com as minhas palavras sofridas. Romeu ficou sem argumentos e baixou a guarda. Ele voltou o corpo e se recompôs, depois disse: — Tem razão. V
Romeu me olhou assustado e me soltou. — O que houve?— ele quis saber. Eu me afastei ofegante. Fui na direção do banheiro, erguendo as alças da minha camisola e resmungando. — Já deu. Possivelmente eu já esteja grávida, logo vamos saber! Claramente Romeu ficou decepcionado. Ele demorou para acreditar que eu havia o recusado num momento onde ele imaginava que eu jamais o resistiria. Ele tinha razão. Eu estava trancada no banheiro tremendo inteira. Eu o desejava tanto que estava ali mais por mim do que por ele. Se eu fizesse amor com ele naquele momento, iria me soltar, gemer muito alto, quem é que sabe? Melhor seria mesmo não arriscar! Para minha surpresa, Romeu começou a esbravejar. — Juliette, abra essa porta! Venha aqui, agora! Eu torci o nariz e me balancei debochada. — Nunca, nunquinha que eu vou abrir essa porta!— Eu falei para o espelho. Como eu não abria de jeito nenhum, ouvi passos se aproximando do lado de fora. — S
— Foi só uma vez — eu respondi ofegante. — Mas nessa única vez não foi tão bom assim, foi?— ele insistiu. Eu fiquei sentindo os movimentos dele por um breve momento para então responder com dificuldade: — Não sei, eu não me lembro. Ele se afastou um pouco para me olhar e sorriu satisfeito. — Eu faço gostoso, não faço? Eu assenti, sentindo o desejo aumentar. — Eu só faço gostoso assim com você, sabia? — Mentiroso!— Foi automático. Eu imaginava Romeu seduzindo as mulheres com uma destreza tão grande, que me assustava. — Você o ama?— ele quis saber. Eu fiquei olhando-o seriamente por um tempo. — Eu sou sua esposa agora, é isso o que importa. — Você é todinha minha, não é Juliette? Eu quase ri. Cadê o homem falso moralista que se sentia mais velho e que até podia ser meu pai? Ele estava se esbaldando ali, malicioso, sedutor, maravilhoso. — Eu sou, Romeu, eu sou! Eu sou toda sua!— eu admiti. Era verdade, apesar daquele mascarado ainda surgi nos meus so
Romeu ficou incrédulo. — O que está querendo dizer? Se recusa a sair de casa? Está me afrontando? — Eu a amo, deixa-a para mim! — O quê!— Romeu não acreditou. — Deixe a Juliette para mim, por favor!— Foi uma súplica. — Arthur! — Por favor! Houve um silêncio, os dois ficaram se olhando por um tempo. — Isso está fora de cogitação!— Romeu virou-se para frente, evitando o olhar do filho. — O senhor não a ama! — Ela também não me ama! Outra vez o silêncio. Arthur se ajeitou suspirando. — Está tudo errado! — Eu sei— Romeu concordou. Chegaram a frente do grande prédio espelhado e desceram discutindo. O segurança que segurava a porta do carro os acompanhou com olhar. — Pense bem, pai, o senhor vai ficar livre para viver com quem quiser!— Arthur subia os degraus falando. Romeu soprou o ar impaciente. — Eu não tenho ninguém para assumir, meu compromisso é só com a Juliette, Arthur, pare de fantasiar! — Eu vou fazê-la feliz!
Eu me tranquei no meu quarto para não ser importunada. Estava pensando seriamente em fazer essa troca. Se o acordo de casamento já foi insano, imagine essa troca! — O quê? Isso é um absurdo!— Antonia dizia na cozinha. — E ela está falando sério! Ela realmente acredita que essa troca é possível! Antonia ficou pensativa. — Será que o patrãozinho vai ser mais compreensivo, ou também vai querer devolvê-la para o pai? De repente, é uma saída! Ela está morrendo de medo de ter que enfrentar a fera! Esse homem deve ser um monstro! Januária se sacudiu e foi tirar a porcelana do armário para colocar na mesa do jantar. — Ela sabe que o doutor Romeu não vai cair novamente nessa! Dessa vez ele vai querer acompanhar de perto! Essa era a questão. Ao menos o Arthur me amava, e quem sabe em nome desse sentimento, ele seria mais compreensivo comigo. Eu acreditava cegamente nisso, mas não sabia como iria viver sem o Romeu e nem o que fazer com todo aquele sentimento
Depois da conversa com Arthur, Romeu sentiu que o seu corpo acordou. Subiu as escadas me desejando. Ele entrou no quarto e me viu chegando do closet, numa camisola preta, rendada e curta. Os olhos dele pousaram nas minhas pernas. Eu paralisei, pois logo percebi suas intenções. Ele não disse nada, foi ao banheiro e voltou logo, mas sempre me olhando. Eu me deitei, enquanto ele foi para o closet. Eu já comecei a ficar ofegante. Ele chegou vestido num calção de seda e veio na minha direção com o seu olhar devorador. — O que está acontecendo?— eu segurei o seu tórax que já encostava em mim. — Eu quero você, Juliette. Eu aceitei o seu beijo. Logo senti o meu corpo ser explorado pelas mãos quentes e ansiosas. Depois do beijo, eu o empurrei. Romeu me olhou com a respiração ofegante. — O que foi, você não quer? Eu não respondi e ele enfiou a mão rapidamente por debaixo da minha langerie. Eu fechei os olhos, sentindo-me
Eu entrei na água sob o olhar vigilante do meu enteado. — Por que está me olhando assim, Arthur?— eu sorria nervosa. — Vou sentir saudades— ele disse pensativo. Eu mergulhei, em seguida voltei à superfície. Arthur me olhava fixamente com os olhos tão azuis como os do pai. Eu pensava em como seriam os do meu filho. Seria irônico eu estar esperando um filho dele. Ele me sorriu, sem imaginar o que se passava na minha mente. A água estava tão gostosa que eu resolvi nadar um pouco. Januária chegou e parou para nos observar. Ela trazia uma bandeja com sucos e frutas cortadas. Antônia chegou logo em seguida e também ficou nos observando. — Eles formam um lindo casal— ela disse. Januária se sacudiu. — Sei não, Antônia, esse menino mudou o destino, tinha que ser ele! Antônia suspirou. — Pois é, agora a coitada da patroinha vai amargar esse casamento com o homem de gelo! Januária virou o rosto surpresa. — Homem de gelo! De
Eu virei rapidamente e vi o meu marido com os braços cruzados e o olhar reprovador. Eu sacudi as mãos de Arthur que seguravam as minhas e saí correndo na sua direção. Cheguei perto dele esbaforida. Nem me lembrei de colocar o camisão. Romeu me olhou irritado. — O que está acontecendo? Eu sou algum idiota, por acaso? Eu meneei a cabeça, nervosa. — Não, claro que não! Não estávamos fazendo nada demais, eu juro! Arthur levantou-se suspirando aborrecido e veio em nossa direção. Romeu ficou o encarando, até ele chegar falando: — Não aconteceu nada demais, pai, o senhor viu com os seus próprios olhos, só estávamos conversando! — De mãos dadas? Arthur gesticulou vagamente. — Como o senhor pôde ver, foi só isso. Era uma conversa delicada, sem qualquer pretensão. Romeu me olhou desconfiado, depois ordenou seco: — Vista-se! Eu voltei correndo para a mesa e vesti o camisão. Os dois ficaram se encarando, falando com o