Depois da conversa com Arthur, Romeu sentiu que o seu corpo acordou. Subiu as escadas me desejando. Ele entrou no quarto e me viu chegando do closet, numa camisola preta, rendada e curta. Os olhos dele pousaram nas minhas pernas. Eu paralisei, pois logo percebi suas intenções. Ele não disse nada, foi ao banheiro e voltou logo, mas sempre me olhando. Eu me deitei, enquanto ele foi para o closet. Eu já comecei a ficar ofegante. Ele chegou vestido num calção de seda e veio na minha direção com o seu olhar devorador. — O que está acontecendo?— eu segurei o seu tórax que já encostava em mim. — Eu quero você, Juliette. Eu aceitei o seu beijo. Logo senti o meu corpo ser explorado pelas mãos quentes e ansiosas. Depois do beijo, eu o empurrei. Romeu me olhou com a respiração ofegante. — O que foi, você não quer? Eu não respondi e ele enfiou a mão rapidamente por debaixo da minha langerie. Eu fechei os olhos, sentindo-me
Eu entrei na água sob o olhar vigilante do meu enteado. — Por que está me olhando assim, Arthur?— eu sorria nervosa. — Vou sentir saudades— ele disse pensativo. Eu mergulhei, em seguida voltei à superfície. Arthur me olhava fixamente com os olhos tão azuis como os do pai. Eu pensava em como seriam os do meu filho. Seria irônico eu estar esperando um filho dele. Ele me sorriu, sem imaginar o que se passava na minha mente. A água estava tão gostosa que eu resolvi nadar um pouco. Januária chegou e parou para nos observar. Ela trazia uma bandeja com sucos e frutas cortadas. Antônia chegou logo em seguida e também ficou nos observando. — Eles formam um lindo casal— ela disse. Januária se sacudiu. — Sei não, Antônia, esse menino mudou o destino, tinha que ser ele! Antônia suspirou. — Pois é, agora a coitada da patroinha vai amargar esse casamento com o homem de gelo! Januária virou o rosto surpresa. — Homem de gelo! De
Eu virei rapidamente e vi o meu marido com os braços cruzados e o olhar reprovador. Eu sacudi as mãos de Arthur que seguravam as minhas e saí correndo na sua direção. Cheguei perto dele esbaforida. Nem me lembrei de colocar o camisão. Romeu me olhou irritado. — O que está acontecendo? Eu sou algum idiota, por acaso? Eu meneei a cabeça, nervosa. — Não, claro que não! Não estávamos fazendo nada demais, eu juro! Arthur levantou-se suspirando aborrecido e veio em nossa direção. Romeu ficou o encarando, até ele chegar falando: — Não aconteceu nada demais, pai, o senhor viu com os seus próprios olhos, só estávamos conversando! — De mãos dadas? Arthur gesticulou vagamente. — Como o senhor pôde ver, foi só isso. Era uma conversa delicada, sem qualquer pretensão. Romeu me olhou desconfiado, depois ordenou seco: — Vista-se! Eu voltei correndo para a mesa e vesti o camisão. Os dois ficaram se encarando, falando com o
Ele ficou esperando que eu tivesse coragem, mas acabou por arriscar um palpite. — Ele te ameaçou, é isso? Você está se sentindo pressionada, coagida nesta casa? Eu ainda abri a boca, mas não deu. — Melhor deixá-lo de fora desta história, Arthur. — Por que, Juliette? Eu mordi os lábios, nervosamente, e passei a ponta dos dedos no canto dos olhos para impedir que as lágrimas pudessem escorrer pelo meu rosto. — Eu a quero tanto, Juliette! Me dói muito vê-la desse jeito. Se abre comigo! — Melhor não!— eu puxei minhas mãos rapidamente. Arthur ficou desolado. — O ama tanto assim? É capaz de se anular por ele, mesmo sabendo que não significa nada para ele? Eu fiquei de costas e tirei o camisão, depois entrei na água e fui para a outra extremidade da piscina. Januária servia o almoço para Arthur e ele ficou me olhando, enquanto comia. “Como é linda, parece uma sereia!”— ele pensava admirado. Enquanto me movia lentamente na águ
Os dias que se seguiram foram tristes. O próprio Romeu estava estranho, sentia um vazio por não voltar para casa com o filho depois do trabalho. Eu percebia meu ventre mais saliente a cada dia. Romeu chegou a dizer que eu estava engordando, depois de fazermos amor, certo dia. Eu comentei com as criadas, com quem eu conversava o dia inteiro. — Ele ainda não percebeu porque além da patroa ser muito magrinha, é sua primeira gestação — Antônia comentou. Eu passei a mão no meu ventre nervosamente. — Eu devo estar com quatro meses! Estou apavorada, tem roupas que já não entram mais! Januária olhou atentamente para mim e questionou: — Sabia que a senhora não parece estar grávida? Devia ir ao médico, é estranho essa menstruação não vir! — Acha que eu posso estar doente?— Eu fiquei preocupada. Antônia pressionou as mãos, ansiosa. — O que você acha, Antônia?— eu a intimei. Ela, ao invés de me responder, olhou para Januária que se precip
— Mas a Juliette não me ama, tio! Pelo contrário, eu tive que tirar o meu filho de casa, antes que eles se envolvessem! O homem assentiu tranquilamente. — Estou sabendo, o seu filho me contou! — Contou! Como? Ele foi na sua casa fazer queixa de mim? — Eu sou a referência de avô que ele conhece! Devia imaginar que isso iria acontecer! Eu vim aqui outras vezes, mas você não estava. Romeu ficou cabisbaixo. — Eu estava tentando dar o herdeiro que ela tanto quer. Acho até que ela já conseguiu, por isso não está mais me querendo! Eduardo Martins olhou para o sobrinho e riu achando graça. — Quem olha do jeito que eu a vi te olhar naquele casamento, não pode estar querendo só isso! Romeu ergueu os olhos para olhar para o tio. — Mas é isso tio! Foi assim com a Salete e parece que será com ela também. — Não faça comparações, meu sobrinho. Deixe a moça se mostrar! Romeu suspirou entristecido. — Ao menos eu descobri que sempre fui o homem por quem a Salete suspirava.
Depois do desjejum, saímos eu e Januária, acompanhadas por três seguranças. Entramos numa clínica particular, num bairro nobre do Rio de Janeiro. Entramos juntas no consultório médico. — Vou examiná-la rapidamente, senhora— O médico disse levantando-se. Eu fui orientada a vestir um jaleco branco atrás de um biombo. Januária acompanhava tudo, como se fosse minha mãe. Eu deitei na maca e o médico me examinou. — E aí doutor?— Januária estava muito ansiosa. O homem sorriu simpático e respondeu tranquilamente: — Ao que tudo indica, ela está grávida de pouco mais de quatro meses. Suas contas batem, mas vamos pedir um ultrassom para saber de quantas semanas exatamente está. — Mas o senhor já tem certeza da gravidez, doutor? O homem olhou para Januária e sorriu simpático. — Pode comemorar, senhora, sua filha está grávida! Januária franziu a testa, apavorada e me olhou preocupada. — Vai dar tudo certo, querida— ela dis
Chegamos em casa e eu subi para o meu quarto, mesmo com Januária insistindo para conversar. Eu parei no meio da escada, falando nervosa: — Eu sei que vocês querem me ajudar, mas eu tenho que falar tudo para o Romeu hoje, não dá mais para protelar! — Mas patroinha, ele vai lhe devolver para o seu pai!— Antônia choramingou. — Eu sei disso!— eu retruquei já me virando. As duas subiram as escadas e foram atrás de mim no meu quarto. Elas invadiram, falando ao mesmo tempo! — Parem, pelo amor de Deus! Vocês não percebem que eu não tenho saída? Eu procurei esse caminho, eu podia não ter me casado! Eu apenas adiei o castigo do meu pai! Antônia já deixava as lágrimas escorrerem pelo seu rosto — Patroinha, por favor, a senhora está se punindo! Quando veio para cá, não sabia que o mesmo havia acontecido com a falecida e que o doutor Romeu iria desconfiar. Ela fez isso e deu certo! Por favor, espere mais um pouco! Eu meneei a cabeça impaciente. Januária veio na