As mãos de Romeu tremiam, assim como a voz. — Como pode ser? Você nasceu antes dos nove meses! — Eu sou seu filho, pai, é isso? — Arthur estava emocionado. Romeu ficou em choque e Arthur tirou o papel das suas mãos. — Positivo, pai, eu sou seu filho! Eles se abraçaram, apesar de que Romeu estava perplexo. Extremamente surpreso, ele achou melhor não discutir mais sobre o assunto. À noite, Romeu estava arredio, não queria conversar. — Está assim por causa do resultado do DNA?— Eu fui falar com ele, que estava pensativo na varanda. Ele apenas suspirou e eu o questionei: — Não ficou feliz em saber que o Arthur é de fato seu filho? Ele me olhou confuso. — Eu só gostaria de saber como eu fiz isso. Não consigo me lembrar! — Talvez você estivesse bêbado, mascarado, quando ficou com ela pela primeira vez! Ele me olhou assustado. — De onde tirou essa história, Juliette? Parece novela! Eu suspirei angustiada. — Romeu, a
Eu tive que contar sobre a falecida, eu não ia me complicar. — Aconteceu exatamente assim com a sua mãe! Arthur ficou boquiaberto. — O que sabe sobre a minha mãe, Juliette? — Ela se entregou para um estranho mascarado e engravidou de você, por isso acabou achando o casamento conveniente a melhor opção. Arthur ficou pensativo. — O meu pai fez isso? — Sim, pois se é filho dele? — Ele achou que eu pudesse ser filho de outro, quando o cafajeste foi ele mesmo! Eu fiquei imaginando se Romeu poderia ter repetido o feito vinte e dois anos depois. — Arthur, é normal vocês, quer dizer, será que o seu pai é o único que faz isso? — Isso, o que Juliette? Eu estava desesperada, andava agitada, enquanto falava. — O seu pai, você acredita que ele faça essas coisas até hoje? — Não estou entendendo— Arthur cruzou os braços, me acompanhando com o olhar. — Quando vocês saem, ele sempre… droga, não consigo me expressar! — Onde exatamente você quer chegar?— ele insistiu c
— Calma, não estou falando de você!— ele brincou, segurando os meus braços. — Odeio o jeito com que vocês tratam as mulheres!— eu bufei. — Não, Juliette! Pelo amor de Deus, eu não tive a intenção de te magoar, eu tenho certeza que você estava naquele baile tão discretamente, incapaz de chamar a nossa atenção! Eu me lembrei de como eu estava enlouquecida, dançando com as minhas amigas. Eu saí na direção da escada, ouvindo as explicações do Arthur. — Nessas reuniões, Juliette, estão sempre os homens infelizes no casamento arranjado, ou até prometidos. Foi assim que eu comecei a frequentá–las! Eu parei alguns degraus acima para retrucar: — Vocês são indecentes, e o seu pai é o pior! Voltei a subir, mas a conclusão de Arthur me paralisou. — Você o ama, Juliette, não há como negar! Eu não me virei, engoli em seco, e depois de alguns segundos, voltei a subir. Entrei no quarto e o meu marido dormia profundamente. Me deitei devagar
Nesse dia, eu tive muito enjoo durante o almoço e tive que sair da mesa para vomitar. As criadas foram atrás de mim até o lavabo social. — Ai patroinha, a senhora está grávida mesmo!— Antonia falava desesperada. — E você tinha dúvida quanto a isso? Pois eu já havia percebido pelas roupas! As palavras de Januária me assustaram. Eu coloquei as mãos no ventre, mesmo inclinada na direção da pia. — Meu Deus, o Romeu vai me devolver para o meu pai! — Esconda o quanto puder, assim vai ficar mais difícil para ele fazer isso! O seu pai pode julgar que ele aproveitou-se de você o quanto pôde e que teria que carregar esse filho junto! — Você não conhece o meu pai, Januária. Ele vai apoiar o Romeu e é bem capaz de querer se livrar do meu filho e exigir que eu engravide novamente do seu sócio. As criadas ficaram chocadas, encostadas à porta. Eu lavei minha boca e me recolhi com os olhos vermelhos, deixando as duas discutindo o assunto. — Eu se fosse ela,
Ele veio na minha direção e eu me encolhi na cama. Ele me sacolejou os braços. Estava fora de si. — Se me trair com o meu filho, eu te mato, Juliette! Não brinca comigo, garota! Ele me soltou e deixou as marcas das suas mãos na minha pele. — Seu grosso, estúpido! Eu odeio você, mais que tudo nessa vida!— Meu desabafo, antes do choro. Romeu me olhou, já arrependido. — Eu não sei o que faço com você, Juliette! Eu não sei lidar com você, é isso! Você é rebelde! — Eu não sou falsa como a falecida!— eu gritei. Quase apanhei. Faltou pouco! Romeu fechou os punhos, estava ofegante e os olhos brilhavam faiscantes. Eu arqueei o meu corpo para trás, enquanto ele vinha se inclinando sobre o leito. — Não fale da minha mulher, sua pirralha mimada! — Sua mulher sou eu! İnfelizmente, sou eu!— O soluço confundiu-se com as minhas palavras sofridas. Romeu ficou sem argumentos e baixou a guarda. Ele voltou o corpo e se recompôs, depois disse: — Tem razão. V
Romeu me olhou assustado e me soltou. — O que houve?— ele quis saber. Eu me afastei ofegante. Fui na direção do banheiro, erguendo as alças da minha camisola e resmungando. — Já deu. Possivelmente eu já esteja grávida, logo vamos saber! Claramente Romeu ficou decepcionado. Ele demorou para acreditar que eu havia o recusado num momento onde ele imaginava que eu jamais o resistiria. Ele tinha razão. Eu estava trancada no banheiro tremendo inteira. Eu o desejava tanto que estava ali mais por mim do que por ele. Se eu fizesse amor com ele naquele momento, iria me soltar, gemer muito alto, quem é que sabe? Melhor seria mesmo não arriscar! Para minha surpresa, Romeu começou a esbravejar. — Juliette, abra essa porta! Venha aqui, agora! Eu torci o nariz e me balancei debochada. — Nunca, nunquinha que eu vou abrir essa porta!— Eu falei para o espelho. Como eu não abria de jeito nenhum, ouvi passos se aproximando do lado de fora. — S
— Foi só uma vez — eu respondi ofegante. — Mas nessa única vez não foi tão bom assim, foi?— ele insistiu. Eu fiquei sentindo os movimentos dele por um breve momento para então responder com dificuldade: — Não sei, eu não me lembro. Ele se afastou um pouco para me olhar e sorriu satisfeito. — Eu faço gostoso, não faço? Eu assenti, sentindo o desejo aumentar. — Eu só faço gostoso assim com você, sabia? — Mentiroso!— Foi automático. Eu imaginava Romeu seduzindo as mulheres com uma destreza tão grande, que me assustava. — Você o ama?— ele quis saber. Eu fiquei olhando-o seriamente por um tempo. — Eu sou sua esposa agora, é isso o que importa. — Você é todinha minha, não é Juliette? Eu quase ri. Cadê o homem falso moralista que se sentia mais velho e que até podia ser meu pai? Ele estava se esbaldando ali, malicioso, sedutor, maravilhoso. — Eu sou, Romeu, eu sou! Eu sou toda sua!— eu admiti. Era verdade, apesar daquele mascarado ainda surgi nos meus so
Romeu ficou incrédulo. — O que está querendo dizer? Se recusa a sair de casa? Está me afrontando? — Eu a amo, deixa-a para mim! — O quê!— Romeu não acreditou. — Deixe a Juliette para mim, por favor!— Foi uma súplica. — Arthur! — Por favor! Houve um silêncio, os dois ficaram se olhando por um tempo. — Isso está fora de cogitação!— Romeu virou-se para frente, evitando o olhar do filho. — O senhor não a ama! — Ela também não me ama! Outra vez o silêncio. Arthur se ajeitou suspirando. — Está tudo errado! — Eu sei— Romeu concordou. Chegaram a frente do grande prédio espelhado e desceram discutindo. O segurança que segurava a porta do carro os acompanhou com olhar. — Pense bem, pai, o senhor vai ficar livre para viver com quem quiser!— Arthur subia os degraus falando. Romeu soprou o ar impaciente. — Eu não tenho ninguém para assumir, meu compromisso é só com a Juliette, Arthur, pare de fantasiar! — Eu vou fazê-la feliz!