— Claro, Juliette! Vamos nos casar o mais rápido possível, só precisa se divorciar do meu pai! Precisa ser firme com ele, você sabe que ele tem um forte poder de persuasão. Eu baixei a cabeça resignada. — É, você tem razão, eu bem sei disso, mas estou decidida! Arthur apertou o modo empolgação e não parava mais de falar, segurando os meus braços olhando nos meus olhos. — E não se preocupe se ele quiser colocá-la para fora desta casa, você pode morar no meu apartamento, que logo será nosso! Você estará segura comigo e não tem que se preocupar com o seu pai também, eu me entendo com ele! Arthur saiu dali cheio de energia e me deixou melhor também. Coloquei Júnior num pequeno carrinho que Antônia improvisou. Na verdade, era um lugar onde ele poderia ficar no andar de baixo durante o dia. Eu fui a primeira a chegar para o jantar e fiquei esperando ansiosa. Arthur desceu sorrindo, animado. — Que bom que já está aí, Juliette! Estou faminto, sabia?
— Viu só Juliette, lembra-se do que eu falei sobre poder de persuasão? Você nunca terá voz própria do lado de alguém que está sempre te convencendo que a errada é você! Romeu ficou incrédulo com o comportamento do filho. — Arthur, está usando de baixos artifícios para me separar da minha mulher! Mas Arthur continuou me olhando e falando com a mesma expressão de indicação. — Viu só, eu sou o culpado por ele ter-se casado com você. Ele sim, merece sua confiança! Ele pode fazer o que quiser, que ainda assim terá que compreendê-lo! — Não é nada disso, Arthur! Eu não estou me justificando porque não fiz nada, até onde eu sei! Eu não sei quem é esta mulher que esteve aqui! Meus olhos lacrimejaram, a tristeza me consumia e eu queria que a história daquela mulher fosse mentira, só isso. — Você tirou a máscara e se apresentou para ela, por isso veio até aqui! Ela tem um filho com a mesma idade do Júnior! Romeu se entristeceu em ver a minha dor e baixou o
l — O quê!– fiquei incrédula. Nina explicou com detalhes: — Ela já andava estranha, Juliette. Saíamos para nos divertir e ela já não era mais a mesma. Até o dia em que passou mal e vomitou muito! Emília, que estava embalando o meu filho no colo, atravessou na fala de Nina, afobada. — Verdade, até brincamos dizendo-lhe que devia estar grávida. — E ela?— fiquei curiosa. — Virou uma fera! Saiu brava, e até passou uns dias sem falar conosco! Fiquei pensativa a matutar, enquanto andava de um lado para o outro da sala. — Meu Deus, eu pensei que a Tina tivesse sempre o cuidado de se prevenir! Nina e Emília fizeram muitos desabafos. Tina teria sofrido muito sem dividir comigo. Eu me sentia muito egoísta. Desde que estava casada, não lhe dava mais atenção. — Vamos ligar para ela!— eu sugeri. Fomos para o meu quarto provisório e lá tentamos muitas vezes. Júnior estava calmo, sentindo o aconchego dos braços de Emília, mesmo ela estando muito agita
— Eu acredito em você — eu disse desanimada. Arthur veio me abraçar e ficou um tempo assim, até que ele se afastou curioso. — Tem certeza que ela está grávida? — É só uma suspeita! Ela não quer falar com ninguém, digo conosco, suas amigas! Arthur ficou pensativo. — Se quiser me dar o número de contato dela, posso tentar convencê-la a falar com você. Sei lá, quem sabe ela me ouve? — Será?— Fiquei feliz com a perspectiva. Arthur parecia o melhor amigo desse mundo. Sem pensar muito, lhe dei,claro, o contato da Tina e ele anotou no seu celular. — Pode deixar, Juliette, vou subir agora para tomar banho e descer para jantar, mas antes de dormir eu ligo para ela. Acompanhei Arthur com o olhar, enquanto ele subia as escadas, e quando me virei, as criadas estavam chegando da cozinha para arrumar a mesa de jantar. — Arthur vai me ajudar. Ele vai ligar para Tina, quem sabe ela o atende!— Comentei passando para o meu quarto. — A senhora acreditou n
Um acordo İnsano entre o meu pai e seu sócio, iria decidir o meu destino. Eu teria que me casar com o único herdeiro do império deles, além de mim, claro! Eu me lembrava pouco desse garoto, que podia ter seus sete anos e eu cinco. Ele sempre foi mimado e chato, e eu também devia ser. Éramos filhos únicos de dois sócios do ramo de joias no Brasil. Esse negócio se estendia até os Estados Unidos, pois tinha um escritório lá, onde o doutor Romeu, era assim que minha mãe se referia a ele, ia muitas vezes. Eu brincava, à beira da piscina ouvindo a mesma conversa de sempre. — Casando Juliette com o filho do doutor Romeu, nossos negócios estarão seguros!— o meu pai me olhava, como se esperasse que eu crescesse muito rápido para seguir com o seu plano insano. Minha mãe, percebendo a minha presença, Inclinou-se para sussurrar: — Jaime, você não devia esperar para saber se os dois vão se gostar? Eles se viram, já faz um tempo! O garoto foi estudar nos Estados Unidos e… Meu pai alterou
Eu tentei poupar a minha mãe e não falei mais daquele assunto com ela durante quatro anos. O que eu sabia era que o meu pai também casou com ela para unir as empresas que eram dos pais deles. Os pioneiros faleceram e a união dos dois deu certo, como se eles fossem donos do mundo! Quando a família do doutor Romeu despontou nos negócios, eles se uniram no mesmo propósito, seriam donos de um império que iria se propagar com a linhagem dos filhos. O ramo de joias proporciona muita riqueza e eles não queriam dividir com mais ninguém. Depois que nasceu o menino, minha mãe ficou grávida só um ano depois e tinha obrigação de ter uma menina. O meu pai chegou a dizer para ela que se não tivesse competência para ter uma menina, que não tivesse aquela criança. Minha mãe respirou aliviada ao saber que cumpriu com a sua parte naquele acordo sujo! Eu me tornei uma adolescente normal, espevitada, alegre, mas só na escola. Em casa, eu era sonsa! Bem bobinha mesmo! Meu pai relaxou. Eu andava só com
No dia seguinte, coloquei meu plano em prática. É, eu tinha um também! Desci as escadas feliz e cantarolando. Meu pai estava tomando o seu desjejum e até largou a xícara sobre o pires, surpreso. Ele me olhou sorrindo. — Bom dia, filha! Diante do olhar satisfeito do meu pai, eu surpreendi: — Bom dia, pai! Eu estava pensando, por que eu não posso me casar com o filho do seu sócio já? Por que eu tenho que esperar dois anos? Eu sabia que o meu pai só iria autorizar o meu casamento depois que eu fizesse dezoito anos, isso estava no acordo com o doutor Romeu. Ele ajeitou o seu guardanapo, expressando satisfação. — Fico feliz que esteja ansiosa, filha, mas teremos mesmo que esperar dois anos. O seu futuro marido está estudando fora. Romeu não gosta muito de mudanças, ele é rígido com essas coisas! Eu fiquei pensativa. Esse doutor Romeu devia ser tão mulherengo quanto o meu pai. Também devia ter-se casado contra a vontade. Lourença servia a mesa e me olhava desconfiada.
Minha mãe saiu com os olhos lacrimejando, e o diretor veio em seguida atrás falando: — Desculpe-me, Marlene, eu preferi falar com você, porque me pediu para não chamar o seu marido, mas isso pode ficar sem controle! Eu senti um ar de intimidade entre eles. Minha mãe devia estar sempre lá me monitorando através dele. Coisas piores estavam por vir. Levei um sermão da minha mãe, mas na mesma semana Tina teve outra ideia mais insana. Ela sempre teve, mas eu nunca compactuava com as suas loucuras. A coisa desandou mesmo depois da última conversa que tive com o meu pai. Eu estava numa revolta só! Tina descobriu uma parte do muro da escola que podíamos pular. Claro que Nina, por ser mais fortinha demorou para ter coragem. Todas nós do outro lado a esperando, e ela quase chorando. — Me esperem, eu vou tentar novamente, por favor me esperem!— ela suplicava. Eu estava impaciente. Os seguranças da escola iriam acabar por nos encontrar. — Vai logo, Nina!— eu quase gritei impaciente.