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Você está dando em cima da minha namorada?

- Andrew Chevalier, você está dando em cima da minha namorada? – perguntou Gael sinceramente e eu pude sentir irritação na voz dele.

- Ei, Gael, você até me ofende dizendo isso. Alexia é minha prima. Aposto que Estevan ficaria muito bravo se soubesse que você sequer mencionou esta possibilidade. Conheço Ale desde que ela nasceu.

Ale? Como assim “Ale”? Só meu avô me chama assim, de forma tão íntima. Quem é você, Andrew Chevalier, que chega do nada e toma conta de tudo?

- Ei, eu estou aqui. Detesto quando falam sobre mim fingindo que não estão na minha presença. – falei. – Gael, só estávamos conversando sobre quando éramos crianças. Fiquei oito anos sem ver “meu primo”. Então estávamos lembrando divertidamente da nossa infância. – olhei para Andrew. – Não tente deixá-lo com dúvidas com relação a mim, Andrew. Eu não sou este tipo de garota.

Andrew me olhou sarcasticamente, com um meio sorriso. Saí e deixei os dois ali sozinhos, sentindo meu rosto pegar fogo.

Andei até o local onde ficava a cabine de transmissão sonora, num prédio de três andares e fiquei lá. Subi até o terceiro andar e fiquei lá, sozinha. Era muita coisa acontecendo em tão pouco tempo com uma pessoa que levava a vida mais pacata e monótona de todas em Alpemburg. Se eu não fosse tão sonhadora, eu poderia imaginar que Andrew Chevalier estava “me cantando”. Mas eu sabia que tudo poderia ser parte de uma brincadeira inocente, como quando éramos crianças. Ele sempre foi um garoto legal e gentil. E ainda era assim, com todos. Por isso ele era tão amado pelas garotas e fãs em geral.

Peguei meu celular e abri a página dele numa rede social e comecei a olhar as fotos postadas, que certamente eu já havia visto anteriormente. E lá estava ela, Laura, tomando conta do perfil dele. Eles pareciam se divertir e fazer muitas coisas juntos. Lembrei de quando foi mencionado, há oito anos atrás, que eles já haviam se beijado. Será que os dois tinham algum relacionamento escondido? Afinal, haviam se beijado, mas eles eram primos de verdade, já que a mãe dela era irmã de Katrina e de Magnus. Acho que eram mais que primos... Primos duplamente... Muito primos... Quase irmãos. A quem eu estava tentando enganar? Eu estava morta de ciúme. E por que eu estava olhando novamente as fotos dele?

Desliguei o telefone e sentei na cadeira almofadada, de frente para o microfone, olhando grande parte do autódromo. Eu precisava pilotar um carro... Ou morreria sufocada com meus pensamentos, que tentavam tirar minha sanidade mental.

Fiquei ali, sozinha, cheia de pensamentos, até ver meus pais voltando abraçados, depois das dezenas de entrevistas. Enfim, hora de voltar para casa. E junto dos Chevalier.

Desci a escadaria e me juntei à minha família e aos nossos futuros hóspedes. Por que Gael ainda estava ali?

Minha mãe organizou os carros que voltariam ao castelo de forma que eu e minhas irmãs ficaríamos em um e ela e meu pai com os Chevalier em outro. Gael voltaria em seu próprio carro... E não tenho certeza se iria para minha casa ou para a dele.

Assim que chegamos no carro, Pauline disse:

- Como Henry ficou tão lindo e eu nunca me dei conta?

- Acho melhor você nem pensar nisso, Pauline. Não sei o que nosso pai acharia pior: Alef ou Henry.

- Por que eles foram nascer primos do nosso pai... – ela lamentou.

- Eu ganhei a coroa de flores de Andrew. – disse Aimê orgulhosa. – Se ele beijou Alexia quando ela tinha dez anos, acham que pode me beijar também?

- Não acredito que você saiu da mesma barriga que nós. – falei fazendo cócegas nela, que se atirou gargalhando no banco.

Quando nós duas paramos, Pauline disse:

- Irmãzinha, ele não beijou Alexia porque ela tinha dez anos. Ele a beijou porque ela era a Alexia, entende?

- Alexia, como é beijar Andrew? – Aimê me perguntou curiosa.

- Aimê, sua “fedelha”. Em primeiro lugar, eu não beijei Andrew aos dez anos. Não foi um beijo de verdade. – olhei para Pauline a fim de que ela não contestasse o que eu dizia. – E em segundo, você só tem dez anos.

- Eu queria saber para publicar no meu canal. Você pode ter sido o primeiro beijo dele?

- Óbvio que não, sua boba. E nada de botar no seu canal ou em qualquer lugar que possa sequer mencionar esta questão do passado. Eu mataria você... Depois do papai e da mamãe.

- Mas teoricamente eu já estaria morta. Então você não poderia me matar novamente.

- Eu enterraria. – consertei, tentando parecer má.

- Não, você não enterraria nem uma formiga. – Pauline disse rindo.

- Você nem consegue ser má. – Aimê completou. – Mas Pauline consegue.

Pauline começou a fazer cócegas nela, que caiu gargalhando sobre mim. Eu a abracei quando ela parou, com os olhos cheio de lágrimas de tanto rir.

- Nós amamos você, “monstrinha”. – confessei enquanto Pauline também a abraçava.

- Alexia, o que quer dizer “fedelha”?

Suspirei e deixei meu corpo relaxar:

- Quando eu era pequena, me chamavam de fedelha como forma de ofender, porque todos eram maiores que eu, e queria fazer tudo o que eles faziam. É alguém que incomoda...

- G****e, o que quer dizer “fedelha”? – ela falou ao celular, que respondeu: “Fedelha que dizer que é ainda garota, criança, que ainda cheira a cueiros”.

Ela nos olhou e perguntou novamente:

- G****e, o que quer dizer “cueiros”?

Retirei o celular das mãos dela e desliguei.

- Ei, você não pode fazer isso. – ela contestou.

- Posso sim. Você já sabe o que significa fedelha. Agora largue este celular.

Ela cruzou os braços, não muito satisfeita, mas logo não se preocupou mais com aquilo. Aimê estava super ansiosa com a presença dos nossos primos Chevalier no castelo. Eles encantavam até mesmo uma menina de dez anos...

Assim que chegamos ao estacionamento, desci rapidamente do carro e me dirigi ao quarto. Eu quase corria. Abri a porta e fui diretamente na minha enorme penteadeira branca e espelhada e abri a última gaveta. Peguei na mão o porta-joias que ganhei do meu avô quando eu ainda era criança. Ele estava vazio. Virei-o de cabeça para baixo, para me certificar de que não havia realmente nada dentro. Foi ali que guardei, há pouco tempo atrás, o anel que Andrew me deu em nosso casamento de brincadeira. Digo que guardei há pouco tempo porque vez ou outra eu o pegava para admirar e ficava alguns dias com ele no dedo, mesmo sendo uma simples argola de chaveiro. Pois tinha um significado muito especial para mim.

Sai furiosa do meu quarto, com o porta-joias na mão e fui até o quarto de Pauline. Ela era a única que sabia que eu guardava ali.

Abri a porta, sem bater antes. Ela estava trocando de roupa, tranquilamente:

- Você está ruborizada.

- E vou ficar ainda mais... De raiva. Onde você botou o meu anel?

- Que anel? – ela perguntou confusa enquanto puxava o vestido, ajeitando-o na frente do espelho.

- Este. – mostrei o porta-joias vazio.

- Eu não mexi nisto, Alexia. Por que eu pegaria seu anel de latão?

- É ferro. Não é latão. – corrigi.

- Que diferença faz? Você sempre guardou como se fosse ouro com diamantes. Não sei se cuida tão bem da sua coroa quanto da argola do chaveiro. – ela deu de ombros.

- Isso não lhe dá o direito de o pegar nas minhas coisas.

Pauline ficou séria:

- Alexia, acalme-se. Entendo que talvez você queira mostrar para Andrew que guardou... Mas eu não mexi. Procure melhor, deve estar nas suas coisas.

Enquanto discutíamos Aimê entrou no quarto, com dois vestidos diferentes em cabides:

- Acham que devo usar para o almoço este ou este? – ela mostrou um de cada vez.

Aimê olhou para o porta-joias na minha mão e ficou pálida.

- Ah, sua pirralha... Você pegou o meu anel. – acusei.

- Eu... Prometo que posso tentar resgatar. – ela disse amedrontada.

- Como assim resgatar? Onde está o anel?

- Não é um anel de verdade... É uma argola de chaveiro, na verdade. Mas... Foi dada por Andrew Chevalier. – a caçula disse.

- O que você fez com o pertence de Alexia, Aimê? – perguntou Pauline seriamente.

- Eu... Troquei por uma camiseta autografada do BTS. – ela confessou largando os vestidos no chão e andando um passo largo para trás.

Olhei para ela e disse, quase gritando:

- E você que disse que eu sou boazinha e não seria capaz de enterrar você... Vou matá-la, cortá-la em pequenos pedaços e fritar. – falei correndo atrás dela, que disparou na minha frente no corredor.

Ela desceu as escadas de dois em dois degraus e eu atrás, firme e forte. Assim que chegamos ao primeiro andar, no hall de entrada do castelo, ela ficou incerta de para onde seguir que eu não a encontrasse. Então quando eu estava quase chegando perto, ela gritou por minha mãe, que apareceu do nada, como se já soubesse o que estava acontecendo, para protegê-la.

Aimê grudou-se nela, apavorada.

- O que está acontecendo aqui? – perguntou Satini brava.

- Alexia quer me bater, mamãe...

- Mãe, você não imagina o que ela fez.

- O que ela fez? – perguntou minha mãe curiosa enquanto cobria Aimê com seus braços.

- Bem, ela mexeu nas minhas coisas.

- Aimê, você não pode mexer nas coisas da sua irmã. Isso não é correto.

- Mãe, você não entende? Não pode falar isso assim, tranquilamente. Era algo importante para mim. Você precisa gritar com ela, se impor.

Mamãe olhou para o porta-joias na minha mão e soltou Aimê, virando-se para ela e perguntando seriamente:

- Me conte agora o que você fez.

- Eu... Peguei a argola do chaveiro que ela guardava na gaveta da penteadeira do quarto dela... – confessou Aimê. – E... Eu vendi. Ou melhor, foi uma troca.

- Por que você vendeu uma “argola de chaveiro”? – minha mãe perguntou confusa.

E, para piorar a minha situação, apareceram Andrew e Henry, vindos da mesma direção de onde minha mãe havia saído. Claro, tinham recém chegado e vinham da garagem. E agora?

- Esquece, mãe... Está tudo bem. – falei.

Não, eles não podiam ouvir do que se tratava aquilo.

- Nem pensar, não vou esquecer. Quero saber o que aconteceu.

- Algum problema, Satini? – perguntou Andrew me olhando e depois voltando os olhos para Aimê.

- Briga entre irmãs... Nada grave. – respondeu minha mãe.

- Estas crianças... – ele sorriu.

- Andrew, eu peguei o anel de argola de chaveiro que você deu para Alexia.

- Andrew, você deu um anel de argola de chaveiro para Alexia? – minha mãe perguntou arqueando as sobrancelhas e enrugando a testa. – Por que você faria isso?

Percebi que Andrew ficou, pela primeira vez, confuso sobre o que dizer.

- E o que você fez com ele? – Andrew perguntou para minha irmã.

- Eu... Troquei. – ela confessou.

- Trocou? Quem trocaria algo por uma argola de chaveiro?

- É que foi dada por Andrew Chevalier. – ela disse envergonhada.

Henry começou a tossir, tentando evitar rir.

- Pelo que você trocou, minha filha?

- Por uma camiseta autografada do BTS.

- Você está valendo bem no mercado negro, Andy. – observou Henry debochadamente.

- Com quem você trocou? – perguntou minha mãe.

- Com Talita.

- Porra, e os pais dela não ficaram furiosos de trocar uma camiseta autografada por uma argola de chaveiro? – minha mãe perguntou.

- Pelo menos o autógrafo era original, escrito à canela? – Henry perguntou.

- Ela ganhou direto deles, no camarim de um show. – Aimê explicou.

- E o anel dado por mim era mais importante que o autógrafo do BTS para ela? – Andrew sorriu. – Acho que sou famoso em Alpemburg, Henry.

- Até demais... – Henry me olhou e abaixou os olhos, divertidamente.

- E o que você acha que ela faria se eu tirasse uma foto com ela? Ou até mesmo desse um autógrafo? – Andrew perguntou, enquanto abaixava-se na altura de Aimê.

- Ela ficaria completamente surtada. E eu transmitira ao vivo no meu canal... Poderia?

- Claro, pequena. – ele disse alisando a cabeça dela. – Mas em troca, ela devolve o anel da sua irmã.

- Não é um anel. É uma argola de chaveiro. – ela corrigiu.

- Mas pelo visto é importante para Alexia. – ele me olhou.

- Isso não vai dar certo. – minha mãe me olhou seriamente.

- Vai sim. Vou conseguir o anel de volta. – Andrew garantiu.

- Não estou falando disso, Andrew. E você sabe muito bem.

Fiquei enrubescida novamente enquanto Andrew tentava apaziguar a situação.

- Discordo. Pode dar certo sim. – Henry disse, em voz baixa, ao meu lado.

- Não sei do que você está falando. – falei num tom baixo também, para só ele ouvir.

- Você até pode ser tímida, mas não é burra. – ele disse.

- Eu tenho namorado. – afirmei.

- Aliás, ele é chato. – ele disse tranquilamente.

- Não pedi sua opinião. Eu que tenho que gostar dele.

- E por que não gosta mesmo?

- Porque...

Olhei para ele furiosa. Ele começou a rir:

- Fedelha, você é incrível.

- Eu não sou fedelha. – contestei brava.

Vi Aimê saindo tranquilamente e disse para minha mãe:

- Não é pela argola de chaveiro... – que eu sempre considerei anel. – É porque ela mexeu nas minhas coisas.

- O almoço será servido ao meio dia e trinta. – ela disse. – Obrigada por ter resolvido parcialmente a situação, Andrew. Ainda assim, mais tarde quero saber sobre o anel que não é anel e desde quando, exatamente, ele está com Alexia. Qual dos dois me contará?

Eu e Andrew nos olhamos.

- Eu conto. – ele falou.

- Não, pode deixar que eu conto. – decidi.

- Por que não os dois? Hoje à noite, depois do jantar. – ela disse saindo.

- Vou contar a verdade. – ele alertou.

- Que verdade? – perguntei.

- Se me dão licença, “primos”, vou explorar o castelo de Alpemburg.

- Fique... À vontade, Henry. – falei sem sequer olhá-lo.

- A verdade sobre o anel.

- Pois então... Não há verdade.

- Vou contar que nos casamos... E você, além de não usar a aliança, ainda me traiu descaradamente com um idiota que corre feito menina.

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