Eu queria abrir meus olhos, mas eles se recusavam a me obedecer. A cabeça doía muito. E meu coração estava tão acelerado que parecia que eu teria um infarto. Tentei puxar meu braço, mas ele não veio... Parecia estar preso.Abri os olhos com dificuldade. Minhas mãos estavam para cima, amarradas levemente. Estava deitada numa cama. Tentei olhar para trás, mas minha cabeça doía muito e não consegui. Eu estava num quarto amplo, mas levemente escuro. O teto rodava. Tentei falar, gritar, mas minha voz não saia.Me mexi e senti muita dor no corpo. O colchão era duro, mas confortável. A cama enorme. Deus, o que eu havia feito? Dormi com um desconhecido? Eu não lembrava de nada... Absolutamente nada. Ainda me vinha a cabeça a imagem de Alex. Depois disso era tudo um borrão.Consegui retirar as mãos, que estavam amarradas com um tecido fino à cabeceira. Sentei sobre o colchão. Eu estava nua... Entrei em pânico quando vi sangue na cama. Tentei levantar, mas estava tonta. Doía cada parte do meu c
O voo aterrissou em Alpemburg trazendo uma Alexia sem bagagem, só com a roupa do corpo e uma bolsa atravessada no peito. Eu não era a mesma pessoa que partiu daquele lugar, meses atrás.Liguei para o motorista do castelo e pedi que me buscasse. Havia mais de 50 mensagens e ligações não atendidas no meu celular quebrado: de meus pais, Sean, Sam. E não, nenhuma mensagem de Andrew.Liguei primeiro para minha mãe. Já eliminava duas pessoas de uma vez para retornar a mensagem: ela e meu pai.- Alexia, me diga, pelo amor de Deus, que você está bem. – ouvi a voz dela ansiosa e preocupada do outro lado da linha.Não, eu não estou bem, mamãe. Eu fui vítima de uma vingança sórdida e cruel contra você. Ele me atingiu profundamente, para que você sofresse de todas as formas possíveis. Mas, mãe, você já sofre mais do que qualquer outra pessoa que eu conheço, quando nossa monstrinha segue firme e forte aguardando um doador que pode estar no confim mais remoto do mundo. Eu nunca fui de lhe contar so
- Sam tem idade para ser seu pai.- Mas ele não é.- Alexia, você se envolver com Sam seria uma das piores decepções da minha vida.- Sam? Quem é Sam? Alexia é de Andy e Andy é de Alexia. – falou Aimê. – E eles vão ter o bebê que vai me salvar.Olhei para ela e suspirei. Como contar que eu e Andy não ficaríamos mais juntos, muito menos teríamos o bebê que ela tanto queria?- Monstrinha, Pauline e Henry tiveram um bebê. E ele vai ser seu doador. Eu tenho certeza disto.- Alexia, ninguém lhe contou que a bebê de Pauline não é compatível comigo?Olhei para o meu pai, confusa:- Como assim?- O teste é feito pelo sangue do cordão umbilical. Não é compatível. – ele abaixou a cabeça, confirmando.- Por que ninguém foi capaz de me contar?- Creio que eu tenha ligado umas vinte vezes para você. Por vinte motivos diferentes: um Bugatti queimado, um puxão de orelha por Sam, para avisar que Pauline teve uma menina e avisando que não era compatível. Você não foi capaz de atender nenhuma delas. En
- Mas ele tocou-a, Alteza. – o doutor me olhou por detrás do meu corpo, me observando no espelho. – E isso basta para colocá-lo atrás das grades, de onde nunca mais deverá sair.- Por que escolheu Alpemburg, doutor? Se seus amigos estão em Avalon?- O amor. – ele sorriu. – Conheci a mulher da minha vida e ela é de Alpemburg. A propósito, ela adora o rei Estevan. E foi por este motivo que decidi vir para cá. Ela se recusou a sair. E vi que este país era um bom lugar para começar a minha vida profissional. Sinto muito por seus pais e a situação da pequena princesa.- Diga para sua esposa que Alpemburg voltará a ser um ótimo lugar. Eu garanto.Me vesti e quando voltei, ele me entregou uma caixa com um comprimido:- Sugiro que tome a pílula do dia seguinte, mesmo que tenha passado um pouco do tempo recomendado para sua eficácia, Alteza.- Obrigada.Peguei o comprimido e guardei na bolsa. Tentei pagar a consulta, mas ele não aceitou. Gostei do doutor Lince e isso não me surpreendeu, pois e
- Como assim o açúcar que Laura colocou no tanque do carro? – perguntou Henry.- Meu avô havia revisado o carro. Estava tudo certo. Como acha que ele parou no meio da corrida? Sean mandou investigar. E foi isso que aconteceu. Mas eu contei a Andrew. E ele, pelo visto, não foi capaz de compartilhar com ninguém. Mas eu não esperava nada melhor vindo dele.- Você fez isso? – perguntou o homem ao lado dela, apresentado como seu “namorado”.- Eu... Não fiz. – ela disse confusa, sem saber ao certo o que responder.- O que importa agora, não é mesmo? Eu estou fora do GP e Andrew vencendo todas as corridas. Acredito que ninguém soube porque isso é só mais uma das coisas que Andrew esconde. – olhei para Katrina e saí.Antes que eu chegasse até o fim do corredor, Andrew já estava na minha frente, impedindo-me de seguir:- Você não pode me acusar deste jeito.- Sim, eu posso. Na minha cabeça sempre acharei que foi você, junto com ela.- Logo depois da nossa conversa, eu voltei para o GP. Não fal
- Acha que devo pedir perdão por você ter me traído com Samuel Beaumont e o idiota do seu professor?Dei uma bofetada no rosto dele, com toda a minha força. Ele ficou incrédulo, me encarando, levando a mão à face avermelhada.- Nunca mais fale dele... Ou eu mato você. – falei saindo atordoada.Se eu era capaz de bater na cara de Andrew Chevalier com toda a minha força por ele tocar na palavra “professor”, o que eu seria capaz de fazer com Alexander?Eu tinha até medo de mim mesma quando ele estivesse na minha presença. E isso seria em breve... Muito em breve.Meu pai já sabia sobre a minha data de retorn. O autorizei a anunciar oficialmente que Alexia D’Auvergne Bretonne assumiria a coroa e seria a rainha de Alpemburg.Claro que eu sabia que haveria inúmeras revoluções e grupos rebeldes contrários a mim. Mas eu já sabia como lidar com aquilo. E poderiam bater pé, espernear... A liderança de Alpemburg era minha e de minha família por direito. E eu tinha cabeça só para aquilo: ser a sob
- Vou achar quem começou isso tudo, Sam. E acabar com o problema na raiz.- Como fará isso?- Mandarei dizer que quem se entregar, confessando fazer parte da rebelião contra o rei, receberá anistia da rainha. Quem não o fizer, será considerado traidor.- E será punido com a prisão?- Isto.- Então quem não assumir ser contra a monarquia, será um fugitivo e por um bom tempo não tentará derrubar a rainha.- Você é inteligente, príncipe. – sorri.- O nome disto é “absolutismo”. Ou “tirania”, como preferir.- Gostei dos nomes. – ironizei. – Vou optar por absolutismo.- Não acho errado num primeiro momento. Está tudo uma bagunça em Alpemburg. Encontrar os líderes rebeldes é uma boa alternativa. Mas não poderá tomar esta postura por muito tempo.- Eu sei. Mas preciso encontrar quem começou isso tudo, embora eu já tenha quase certeza.A porta se abriu e Andrew entrou, com Lívia no colo. Fiquei olhando-o confusa. O que ele fazia ali, na minha conversa com Sam sobre monarquia, com a minha sobr
- Você está pálida... – Katrina ajudou, segurando meus cabelos.Vomitei até não ter mais nada no meu estômago.- Meu Deus... Me perdoe, Katrina.- Não acredito que está se desculpando por isso, Alexia. Vá se trocar agora, vou levá-la ao médico.- Não... Não precisa. Foi só um mal-estar.- Não importa. Iremos até o consultório.- Não, eu...- Agora. – ela disse firmemente.Fui até meu quarto, tomei outro banho e troquei minha roupa. Minhas malas permaneciam feitas, sobre a cama. Peguei minha bolsa e fui conferir se estava tudo dentro dela e encontrei a pílula do dia seguinte, dada pelo doutor Lince há um mês atrás. Por que não tomei aquela porcaria antes?Joguei no lixo o comprimido e outros papéis amassados. Vai que eu passasse mal de novo e Katrina tivesse que abrir minha bolsa e se deparasse com aquela bagunça.Quando percebi, já estava no banco traseiro do carro, seguindo com ela em direção a clínica.- Faz tempo que não se sente bem ou foi a primeira vez?- Primeira vez. – confess