- Vou achar quem começou isso tudo, Sam. E acabar com o problema na raiz.- Como fará isso?- Mandarei dizer que quem se entregar, confessando fazer parte da rebelião contra o rei, receberá anistia da rainha. Quem não o fizer, será considerado traidor.- E será punido com a prisão?- Isto.- Então quem não assumir ser contra a monarquia, será um fugitivo e por um bom tempo não tentará derrubar a rainha.- Você é inteligente, príncipe. – sorri.- O nome disto é “absolutismo”. Ou “tirania”, como preferir.- Gostei dos nomes. – ironizei. – Vou optar por absolutismo.- Não acho errado num primeiro momento. Está tudo uma bagunça em Alpemburg. Encontrar os líderes rebeldes é uma boa alternativa. Mas não poderá tomar esta postura por muito tempo.- Eu sei. Mas preciso encontrar quem começou isso tudo, embora eu já tenha quase certeza.A porta se abriu e Andrew entrou, com Lívia no colo. Fiquei olhando-o confusa. O que ele fazia ali, na minha conversa com Sam sobre monarquia, com a minha sobr
- Você está pálida... – Katrina ajudou, segurando meus cabelos.Vomitei até não ter mais nada no meu estômago.- Meu Deus... Me perdoe, Katrina.- Não acredito que está se desculpando por isso, Alexia. Vá se trocar agora, vou levá-la ao médico.- Não... Não precisa. Foi só um mal-estar.- Não importa. Iremos até o consultório.- Não, eu...- Agora. – ela disse firmemente.Fui até meu quarto, tomei outro banho e troquei minha roupa. Minhas malas permaneciam feitas, sobre a cama. Peguei minha bolsa e fui conferir se estava tudo dentro dela e encontrei a pílula do dia seguinte, dada pelo doutor Lince há um mês atrás. Por que não tomei aquela porcaria antes?Joguei no lixo o comprimido e outros papéis amassados. Vai que eu passasse mal de novo e Katrina tivesse que abrir minha bolsa e se deparasse com aquela bagunça.Quando percebi, já estava no banco traseiro do carro, seguindo com ela em direção a clínica.- Faz tempo que não se sente bem ou foi a primeira vez?- Primeira vez. – confess
Fiquei ali, sentada, sem dizer nada, pensando que aquilo poderia ser um sonho. Que eu acordaria e nada teria acontecido daquela forma. Fechei e abri meus olhos repetidas vezes, tentando acordar. Mas infelizmente eu já estava acordada.- Você está bem? – Dom perguntou.- Acho que eu nunca mais vou ficar bem em toda a minha vida.Ele riu:- Vai sim. A notícia quando é dada de surpresa, deixa as pessoas confusas e preocupadas.Fiquei olhando para ele, sem saber o que eu sentia. Passava tantas coisas pela minha cabeça que parecia que eu desmaiaria ali mesmo.Deus, o que mais você quer de mim? Agora um bebê? Só pode ser brincadeira!Um pavor passou a tomar conta de mim. E se fosse filho de Alex?- É possível tirar o bebê? – perguntei imediatamente.- Alexia, acho que não deve tomar esta decisão precipitadamente. Andrew tem o direito de saber. Andrew? Sim... Senti as lágrimas tentarem escorrere pelos meus olhos, que impedi, limpando-as imediatamente. Talvez fosse um bebê gerado no hotel, u
Aquele dia amanheceu com gosto de vingança. E a semana deve ter sido difícil para Andrew Chevalier. Os canais do mundo inteiro falavam do que houve no passado e já havia até entrevista com o garoto agredido na época. Inclusive vídeos de Andy agredindo Gael na porta do hospital foram associados ao passado, levantando a questão se ele havia mudado depois do que houve ou continuaria a agredir quem cruzasse seu caminho.Só não imaginei que a carreira dele no GP pudesse ficar comprometida. Mas foi o que aconteceu. A próxima temporada com Andrew Chevalier era uma incógnita, pois ele era muito admirado por todos, inclusive crianças. As marcas patrocinadoras temiam ser associadas a um homem temperamental e agressivo.Eu ficaria chateada se ele estivesse fora do mundial. Mas também não poderia fazer nada para impedir. Fiz o que tinha que ser feito. Toda verdade tinha consequências. A minha verdade rendeu o fim de um relacionamento que na época me fazia viver e me levou diretamente à boca do lo
Andrew se ajoelhou em frente a mim e levantou a minha cabeça:- Me perdoa... Parece que eu preciso magoá-la... Fazer você sentir tudo que eu senti longe de você.- Foi você que terminou, Andrew.- Você me traiu.Eu ri:- Sim... Traí. Mas você não, quando beijou Laura, muito menos quando a garota o beijou no pódio. Quando se trata de você, tudo é armação, porque você é um homem decente e honesto, que não erra... E tem um passado limpo.- Todo mundo já sabe da porra do meu passado. – ele levantou, andando de um lado para o outro.- Eu perdoei também o seu passado. Mas você não pôde perdoar um mínimo deslize meu. O meu beijo em Sam não é a mesma coisa que seu beijo em Laura ou na garota do pódio... E em quantas outras tenham surgido que eu não saiba. Mas agora isso não importa, não é mesmo?- Eu liguei para você... Eu mandei mais de cem mensagens pedindo para conversarmos. Você sequer foi capaz de atender. Só respondeu quando toquei na porra do Bugatti.- Não existe mais conversa sobre o
As doze semanas de gestação enfim chegaram e o exame de DNA foi feito, mesmo eu sabendo os riscos que ele oferecia para a gravidez. Um fio de cabelo de Andrew foi suficiente para testar a paternidade dele.Não sei se foi sorte, ou Deus, mas tudo correu bem. A decepção veio depois:- Alteza, você terá que aguardar de uma a duas semanas para vir o resultado.- Como assim, doutor Lince?- É preciso fazer um mapeamento de DNA minuscioso. Demora mais do que se fosse uma análise normal.- Meu Deus, como vou conseguir esperar tanto tempo?Ele sorriu, sentando em sua cadeira confortavelmente:- Assim como esperou para fazer o exame.- Deste jeito o doutor vai me matar de ansiedade.- Certamente não. Se existe uma mulher forte, é você, Alexia D’Auvergne Bretonne, futura rainha de Alpemburg.- Isso é um elogio?- Sim. – ele confirmou.- Acho que só vou conseguir dormir novamente quando eu pegar este exame.- Isto quer dizer que não dorme? Há quanto tempo isso acontece?- Desde... Que tudo acont
Deixei a sala junto da advogada, deixando um Andrew completamente confuso e arrasado lá dentro. Já não importava o motivo do acordo quando ele propôs, muito menos o que ele achou na hora que soube que eu estava grávida.Ele nunca esteve lá quando eu precisei. E agora era tarde.Sim, ele teria que fazer amor comigo quando eu precisasse, se é que algum dia eu conseguiria ser tocada por alguém novamente. Embora a gravidez me desse desejos sexuais, eu temia ser tocada e me remeter ao que houve com Alexander. Era estranho, pois eu não lembrava de nada do que aconteceu realmente. Só me restaram marcas no corpo. Ainda assim eu me pegava várias vezes pensando em como ele fez aquilo. Tentava apagar as fotos do meu telefone, mas parecia que precisavam ficar lá, para me lembrar de tudo que passei e ainda assim resisti. O fato de eu amar Andrew faria com que eu o deixasse me tocar e ter prazer? Ou nunca mais eu conseguiria fazer sexo, pensando Alexander poderia ter me penetrado? E se ele tivesse
Quando acabei de contar a ela o que aconteceu, não sei quem estava com os olhos mais vermelhos de chorar: eu ou ela.- O que você pensa em fazer, Alexia?- Nada além de me vingar... Eu vivo para isso, Katrina.Ela abriu a bolsa e retirou de dentro o que parecia uma faca, numa bainha de strass. Abriu minha mão e me entregou-a.- Minha querida Alexia. O certo seria eu lhe dizer: tudo isso vai passar. E a justiça será feita. Confie na justiça dos homens e caso não seja como você imaginou, acredite na divina. Mas você deve saber que isso é a maior mentira do mundo. Porque quando você é ferida desta maneira, não atinge só o seu corpo. Atinge a sua alma. E você nunca vai voltar a ser a mesma, meu amor. A Rainha Anne foi a responsável pelo aborto do meu primeiro bebê. Ela me jogou da escada, sem um pingo de emoção ou remorso. E de tudo que ela havia feito, para a morte de meu filho era a única coisa que não havia perdão.- Então...- Eu a matei. Cheguei a pensar que não conseguiria. Mas não