Quando eu desci, Andrew e Henry já estavam na porta principal do castelo, com as malas prontas para partir. Aimê estava se despedindo deles, chorosa. Pauline estava com minha mãe, tentando se conter. Meu coração estava despedaçado com a possibilidade de acordar no dia seguinte e não ver Andrew. Ou não ter sua presença na minha frente, à mesa. Seriam dias difíceis. Eu sobrevivi dezoito anos sem ele. Mas bastou ele aparecer para eu não entende como conseguiria viver sem a presença dele.Nossos olhos se encontraram e senti aquele maldito (ou bendito) frio na barriga que ele me provocava. Aproxime-me e disse:- Façam uma boa viagem.Vários dos empregados estavam por perto. Não seria uma despedida como eu realmente gostaria. Não haveria beijo e talvez poucas palavras fossem proferidas.- Estarei esperando por você... – ele disse pegando minha mão gentilmente e depositando um beijo nela.- Farei o impossível se for preciso para chegar ao baile em Noriah.Ele sorriu: - Lembre-se de tudo que
- Exatamente por isso você deveria aceitar, pai. Você conhece Andrew e Henry desde que nasceram... E a família deles. E sabe que nós não temos parentesco algum com os Chevalier. Só você tem.- Eu até posso entender isso vindo de Pauline... Mas de você, Alexia. Andrew não merece uma mulher como você.Abaixei minha cabeça, tentando entender o motivo da raiva que ele sentia por Andrew.- Antes que pense que eu não gosto de Andrew, eu quero que saiba que eu gosto dele. Só não quero ele com você. – ele explicou, como se adivinhasse meus pensamentos.- Pai, se eu pudesse, eu juro que não o decepcionaria. Eu tentei ficar com Gael... Suportei um ano ao lado dele, mesmo sem sentir absolutamente nada. Você sabe o que é estar com uma pessoa sem gostar dela, sendo que não houve um dia que eu não pensei em Andrew?Ele me olhou e pude ver um pingo de compaixão nos olhos de Estevan.- Quer mesmo que eu fique com alguém por que você gosta, por que é conveniente? Acha que eu devo me privar da felicida
Dois dias depois, ao acordar, recebi a primeira mensagem de Andrew:Andrew: Como está, Chapeuzinho?Alexia: Morrendo de saudade do meu lobo mau.Andrew: Como estão as coisas por aí? Mais calmas?Alexia: Melhor do que eu esperava.Andrew: Jura?Alexia: Juro.Andrew: Posso te chamar por vídeo?Alexia: Não. Estou horrível. Acabei de acordar. Ainda na cama.Andrew: Imaginando a cena de você na cama...Alexia: Me chama por vídeo à noite.Andrew: Só se você estiver na cama.Alexia: Prometo.Andrew: Você vai acabar comigo, Chapeuzinho.Alexia: Amo você.Andrew: Amo mais. Contando as horas para a noite.Deitei e coloquei o celular sobre o meu peito. Meu coração batia forte. E nem me dei conta de que eu sorria sozinha.Falar com Andrew me fez levantar com um bom humor que não era tão habitual. Tomei um longo banho e me vesti. Acompanharia minha mãe, junto de Aimê, num evento beneficente.Pauline saiu antes do café da manhã, com meu pai. Compromissos de futura rainha. Imaginei que ela estivesse
Estávamos todos sentados à mesa, fazendo o desjejum, quando Sean chegou.- Vô, que bom que você está aqui. – recebi um beijo antes de todos.- Uma vez o primeiro beijo era meu. – reclamou minha mãe sendo a última a ser beijada, já que ele seguiu para Pauline, depois para o outro lado da mesa, beijando a Aimê e finalizando nela.- Eu amo você, Sean, mas não quero um beijo esta hora da manhã. – meu pai brincou.Sean sentou-se ao seu lugar, mas não aceitou ser servido.- Já leu alguma notícia do dia, Estevan? – ele perguntou.- Não. Decidi que só vou olhar o celular e os jornais ou mesmo assistir qualquer coisa na televisão depois que tomar o café da manhã junto com a minha família.- Alguma notícia importante, papai? – perguntou minha mãe.- Lamento ter que acabar com o café de vocês. Mas trago péssimas notícias. E infelizmente não posso esperar para lhes dar.- O que houve? – minha mãe perguntou preocupada.- Os jornais, por favor. – pediu Estevan à nossa governanta, que foi buscar.Me
Fiquei com Pauline o restante do dia, tentando animá-la. Mas foi praticamente impossível. Um dos motivos é que eu não era uma pessoa muito divertida, por mais que eu tentasse. Então eu fiquei calada, só abraçando ela e fazendo-a não se sentir só. Porque nisso eu era boa: ficar em silêncio, com meus próprios pensamentos, respeitando o silêncio da outra pessoa.E sim, havia vezes que eu realmente não queria falar com ninguém, só comigo mesma. E isso era bem frequente. Mas não funcionava muito com a minha mãe, porque quando ela queria, arrancava qualquer coisa da gente.Mas eu não fui capaz de contar sobre a chantagem de Gael. Porque certamente eles não conseguiriam impedir. As fotos não foram tiradas por ele. Gael pagou alguém para me seguir e fotografar qualquer coisa que pudesse usar contra mim. Então o detetive ou qualquer outra pessoa que ele tenha contratato, também tinha as fotos e poderia espalhar a qualquer momento.Se eu tinha intenção de contar a verdade? Não tenho certeza. Fi
Fiquei imóvel, sentindo meu coração batendo descompassadamente e uma dor que eu não conseguia descrever.Meu pai veio correndo, junto dos demais empregados que estavam próximos. Começaram a mexê-la, tentando fazê-la acordar.Eu via pavor no rosto da minha mãe enquanto ela subia sobre o corpo de Pauline, empurrando seu peito com força, tentando reanimá-la. Olhei para o chão e vi um blíster de comprimidos, vazio.Como num filme, sem perceber o movimento das minhas pernas, muito menos conseguindo pensar, pequei o blíster na minha mão:- Ela tomou os comprimidos... Não está morta.Os paramédicos entraram e a colocaram na maca. Entreguei o blíster nas mãos deles e afirmei:- Ela tomou isso.- Obrigada... Isso nos ajuda muito, Alteza.Enquanto meus pais estavam acompanhando-a, desci junto a escadaria principal. Ela parecia morta, mas meu coração dizia que Pauline ainda estava ali... Ela não teria partido sem se despedir de mim... Jamais faria isso.- Alexia, cuide de tudo aqui, por favor. –
Falar com Alexia me acalmou um pouco. Ela era meu porto seguro e sempre tinha as palavras certas para me dizer.Minha irmã não era parecida fisicamente nem com meu pai, muito menos com minha mãe. Ela era a mistura dos dois. Os olhos verdes de minha avó, segundo Sean. Cabelos ruivos naturais, sem sabermos de onde saiu. Pele clara, sardas e carinha de menina. Mas eu sabia o quanto ela forte como a minha mãe. Ao mesmo tempo doce e meiga como o meu pai. Porque Estevan D’Auvergne Bretonne era assim: ele chorava quando tinha vontade, gritava e falava palavrões se necessário e ao mesmo tempo era possível encontrar nele uma pessoa tranquila e bem humorada. Exceto na presença de Andrew e Henry Chevalier. Eles o desestruturavam completamente. E eu podia apostar que era por ciúme.Quando Alef me mandou mensagem perguntando quando nos encontraríamos, logo respondi que não nos veríamos mais. Porque desde que Henry chegou, eu tive a certeza de que não queria mais alguém como Alef na minha vida. Eu
Dois dias depois, Pauline estava em casa e nós com as malas prontas rumo à Noriah Sul. A ansiedade tomava conta de todas nós. E meu coração acelerava só de pensar em rever Andrew.Enquanto descíamos as escadas, Pauline perguntou:- Por que mesmo Gael vai junto?Não, eu não o avisei que anteciparíamos nossa viagem. Mas ele soube. Como? Não sei. Mas a primeira coisa que passou na minha cabeça foi que ele pudesse ter um informante dentro do castelo, visto que nossa saída de Alpemburg não foi divulgada.- Eu já disse... Fiquei com dó dele, que sempre quis conhecer Noriah. – tentei ser convincente.- Alexia, duas coisas: Gael é um canalha escroto. E você não o levaria a Noriah por dó. O que está escondendo?- Nada...Minha mãe passou por nós na escadaria e disse:- Pois então, Pauline. Agora ela decidiu ser amiga de Gael. O problema é que ela nunca foi amiga dele antes. De mal suportar a presença dele passou a considerá-lo amigo de infância. – ela foi irônica.- Gael é bonito... Mas Andrew