Fiquei com Pauline o restante do dia, tentando animá-la. Mas foi praticamente impossível. Um dos motivos é que eu não era uma pessoa muito divertida, por mais que eu tentasse. Então eu fiquei calada, só abraçando ela e fazendo-a não se sentir só. Porque nisso eu era boa: ficar em silêncio, com meus próprios pensamentos, respeitando o silêncio da outra pessoa.E sim, havia vezes que eu realmente não queria falar com ninguém, só comigo mesma. E isso era bem frequente. Mas não funcionava muito com a minha mãe, porque quando ela queria, arrancava qualquer coisa da gente.Mas eu não fui capaz de contar sobre a chantagem de Gael. Porque certamente eles não conseguiriam impedir. As fotos não foram tiradas por ele. Gael pagou alguém para me seguir e fotografar qualquer coisa que pudesse usar contra mim. Então o detetive ou qualquer outra pessoa que ele tenha contratato, também tinha as fotos e poderia espalhar a qualquer momento.Se eu tinha intenção de contar a verdade? Não tenho certeza. Fi
Fiquei imóvel, sentindo meu coração batendo descompassadamente e uma dor que eu não conseguia descrever.Meu pai veio correndo, junto dos demais empregados que estavam próximos. Começaram a mexê-la, tentando fazê-la acordar.Eu via pavor no rosto da minha mãe enquanto ela subia sobre o corpo de Pauline, empurrando seu peito com força, tentando reanimá-la. Olhei para o chão e vi um blíster de comprimidos, vazio.Como num filme, sem perceber o movimento das minhas pernas, muito menos conseguindo pensar, pequei o blíster na minha mão:- Ela tomou os comprimidos... Não está morta.Os paramédicos entraram e a colocaram na maca. Entreguei o blíster nas mãos deles e afirmei:- Ela tomou isso.- Obrigada... Isso nos ajuda muito, Alteza.Enquanto meus pais estavam acompanhando-a, desci junto a escadaria principal. Ela parecia morta, mas meu coração dizia que Pauline ainda estava ali... Ela não teria partido sem se despedir de mim... Jamais faria isso.- Alexia, cuide de tudo aqui, por favor. –
Falar com Alexia me acalmou um pouco. Ela era meu porto seguro e sempre tinha as palavras certas para me dizer.Minha irmã não era parecida fisicamente nem com meu pai, muito menos com minha mãe. Ela era a mistura dos dois. Os olhos verdes de minha avó, segundo Sean. Cabelos ruivos naturais, sem sabermos de onde saiu. Pele clara, sardas e carinha de menina. Mas eu sabia o quanto ela forte como a minha mãe. Ao mesmo tempo doce e meiga como o meu pai. Porque Estevan D’Auvergne Bretonne era assim: ele chorava quando tinha vontade, gritava e falava palavrões se necessário e ao mesmo tempo era possível encontrar nele uma pessoa tranquila e bem humorada. Exceto na presença de Andrew e Henry Chevalier. Eles o desestruturavam completamente. E eu podia apostar que era por ciúme.Quando Alef me mandou mensagem perguntando quando nos encontraríamos, logo respondi que não nos veríamos mais. Porque desde que Henry chegou, eu tive a certeza de que não queria mais alguém como Alef na minha vida. Eu
Dois dias depois, Pauline estava em casa e nós com as malas prontas rumo à Noriah Sul. A ansiedade tomava conta de todas nós. E meu coração acelerava só de pensar em rever Andrew.Enquanto descíamos as escadas, Pauline perguntou:- Por que mesmo Gael vai junto?Não, eu não o avisei que anteciparíamos nossa viagem. Mas ele soube. Como? Não sei. Mas a primeira coisa que passou na minha cabeça foi que ele pudesse ter um informante dentro do castelo, visto que nossa saída de Alpemburg não foi divulgada.- Eu já disse... Fiquei com dó dele, que sempre quis conhecer Noriah. – tentei ser convincente.- Alexia, duas coisas: Gael é um canalha escroto. E você não o levaria a Noriah por dó. O que está escondendo?- Nada...Minha mãe passou por nós na escadaria e disse:- Pois então, Pauline. Agora ela decidiu ser amiga de Gael. O problema é que ela nunca foi amiga dele antes. De mal suportar a presença dele passou a considerá-lo amigo de infância. – ela foi irônica.- Gael é bonito... Mas Andrew
Tentei não ficar pensando muito em mim e Andrew. Pauline estava imensamente feliz e aquilo que importava naquele momento.Enquanto nossos pais foram entrando, junto de Aimê, que já estava no colo de Dereck contando histórias, Andrew foi direto com Gael:- O que você faz aqui?- Calma, Andrew! – ele levantou as mãos. – Estou em missão de paz, garanto. Minha linda decidiu terminar nosso relacionamento e agora vamos ser só amigos. Então ela me convidou para conhecer Noriah, já que sempre foi um desejo meu.- Você só pode estar brincando. – falou Henry.- Alexia tem uma explicação para isso. – Pauline disse seriamente.- Tem? – Gael me olhou. – Estou louco pela sua explicação, Alexia.Antes que eu dissesse qualquer coisa, vimos Laura saindo pela porta principal de castelo, descendo as escadas vagarosamente, como se estivesse desfilando. Ela havia crescido... Muito.A menina magrela deu lugar a uma loira alta e com corpo esguio. O rosto era fino e os olhos castanhos muito bem maquiados. Us
- Só queria ver você, Chapeuzinho.- Isto se chama invasão de privacidade. – falei, passando por ele enrolada na toalha.Antes que eu chegasse ao quarto, ele me puxou, empurrando-me contra a parede e fechando a porta do banheiro:- Ale... Olha como eu fico só olhando para você. – falou pegando minha mão e levando ao seu membro completamente endurecido.Senti meu coração saltar dentro de mim e aquele frio percorrendo minha espinha, com a mistura do cheiro dele, me deixando completamente embriagada pela luxúria.Retirei minha mão rapidamente e fui firme:- Saia daqui.- Não vou sair. – ele beijou meu pescoço. – Esperei você ansiosamente.- Não parece... Por que não vai mostrar para “Laurinha” como você está?- Não acredito que esteja com ciúmes de Laura, Chapeuzinho.- Acha mesmo que vocês se beijarem na minha frente é normal, Andy?- Ei, ela fez isso só para provocá-la. Eu não a beijei. Mas fiquei enciumado porque Gael veio com você, por isso acabei não retirando as mãos dela sobre mim
Sim, lá vinha Aimê acabar comigo sutilmente, com sua carinha linda e fofa. Todos morriam de amores por ela, inclusive eu. Mas às vezes eu tinha a impressão de que ela veio ao mundo para me fazer passar vergonha.- E então, Andrew. Conte-nos sobre isso. – Kim pediu, começando a rir.Percebi que Andrew ficou pensativo. Por fim, respondeu:- Só uma brincadeira, monstrinha.- Ora, Andy, não a chame de monstrinha. Ela parece uma anjinha. – disse Katrina.- Ele não me chamava assim. Mas acabou pegando a mania de Alexia. – ela contou, me olhando de soslaio, como quem diz: “Viu o que você causou”?- E por que Alexia chama você assim, querida? – Katrina começou a rir.- Eu não entendo... – ela falou, sentindo-se importante enquanto vítima.- Imagine o motivo, Katrina. – eu disse.- Alexia, pode me chamar de Kat, se preferir. – ela autorizou, sorrindo.- Kat é só para os íntimos. – Kim avisou. – Então você já está neste patamar, querida.- Obrigada... – falei sem jeito.- Só não chame de “sogra
- Você acha que isso justifica o fato de ela mostrar claramente que gosta de Andrew mais do que uma prima?- Não. – ela disse seriamente. – Mas também quero que entenda que ela é o que nos resta da nossa irmã... Refiro-me a mim e Magnus.- Isso quer dizer que... Preferem-na com Andy? – perguntei confusa.- De forma alguma, Alexia. Eu prefiro o que Andy seja feliz, só isso. E sempre foi você. Depois de tudo que aconteceu, há oito anos atrás, ele disse que gostava de você. Eu... Fiquei chocada. Ele tinha dezesseis anos. E me disse que gostava de uma garota de dez. Eu e Magnus conversamos e achamos melhor ele se afastar um pouco. Tivemos medo que ele sofresse além da conta com o sentimento que havia dentro dele. E a culpa que ele carregava, que era nítida. Associada a pressão diária de Laura.- Katrina, eu ainda era muito pequena. Mas entendi exatamente o que aconteceu naquele dia. Eu também gostava de Andy... E na minha cabeça, eu me casaria com ele de verdade um dia. – sorri.- Felizme