Não dei muita trégua, pois o percurso era curto é só havia nós dois. E não dava para brincar com Andrew, pois eu sabia o quanto ele era bom. Havia ganhado de meu pai, que até então era o melhor.A competição era acirrada e com ultrapassagens constantes. O motor construído por Sean era perfeito, fazendo o ritmo da troca das marchas ser suave e ao mesmo tempo não perder a velocidade.Eu acho que não importava o carro que eu pegasse. Eu sempre poderia ganhar uma corrida. Porque eu acreditava em mim mesma quando estava dentro de um carro dirigindo em alta velocidade... Aquilo era a melhor sensação do mundo inteiro. E principalmente porque eu conseguia, naquele momento, provar que eu era mais forte que qualquer pessoa.Estávamos lado a lado a poucos quilômetros da linha de chegada. Mas eu fui mais rápida. E passei na frente, vencendo com poucos segundos de vantagem. Desacelerei o carro e fui parando devagar, sentindo meu coração ir baixando os batimentos junto com o enfraquecimento do moto
Dormi na casa do meu avô naquela noite. No outro dia cedinho pedi para ele me levar de volta ao castelo. Sabia que no dia seguinte os Chevalier partiriam de volta para Noriah e eu demoraria algumas semanas para ver Andrew novamente.Quando cheguei ninguém havia acordado ainda. Tomei um banho e troquei de roupa. Ouvi meu celular vibrar e havia uma mensagem: “Estou com saudades, linda. Quando vamos nos ver novamente?”Fiquei pasma com a insolência de Gael. Não achei que pudesse haver dúvidas de que não estávamos mais juntos. E eu não iria jogar o jogo dele. Falaria com meu pai ainda naquele dia. Tinha que ter coragem e não deixar Andrew partir sem estarmos oficialmente namorando e com a minha família sabendo e aceitando. Mal sabia eu o quanto aquilo seria difícil.Joguei o celular na cama e estava escovando meus cabelos quando ouvi gritos abafados ao longe.Fiquei preocupada e abri a porta imediatamente. Minha mãe estava vindo pelo corredor, preocupada. Passou por mim sem dizer nada. Fu
Ficamos ali, abraçadas, sem dizer nada.- Venha, vamos para o meu quarto! – peguei Pauline pela mão.Ela precisava de carinho. E que eu dissesse que tudo ficaria bem. Claro que estávamos chateadas com nosso pai. Mas eu tinha certeza que ela estava tão mal quanto eu por tê-lo magoado de alguma forma. Porque nós o amávamos e sabíamos que ele sentia o mesmo por nós.Quando passamos pelos guardas, um deles me disse:- Por favor, Alteza... Eu poderia lhe falar?- Claro. – consenti curiosa. Era raro algum dos serviçais querer trocar qualquer palavra conosco, a não ser a governanta, que era de confiança de meus pais, especialmente da minha mãe.- Eu... Gostaria de devolver os ingressos ao senhor Chevalier. Não posso aceitar.Eu tive certeza de que aquela era a dupla que estava de plantão na noite que Andrew passou no meu quarto.- Não aceito devolução. Ninguém vai saber, não se preocupem. E eu posso garantir que se meu pai descobrir, não ficarão desempregados. O próprio Andrew os realocará e
Quando eu desci, Andrew e Henry já estavam na porta principal do castelo, com as malas prontas para partir. Aimê estava se despedindo deles, chorosa. Pauline estava com minha mãe, tentando se conter. Meu coração estava despedaçado com a possibilidade de acordar no dia seguinte e não ver Andrew. Ou não ter sua presença na minha frente, à mesa. Seriam dias difíceis. Eu sobrevivi dezoito anos sem ele. Mas bastou ele aparecer para eu não entende como conseguiria viver sem a presença dele.Nossos olhos se encontraram e senti aquele maldito (ou bendito) frio na barriga que ele me provocava. Aproxime-me e disse:- Façam uma boa viagem.Vários dos empregados estavam por perto. Não seria uma despedida como eu realmente gostaria. Não haveria beijo e talvez poucas palavras fossem proferidas.- Estarei esperando por você... – ele disse pegando minha mão gentilmente e depositando um beijo nela.- Farei o impossível se for preciso para chegar ao baile em Noriah.Ele sorriu: - Lembre-se de tudo que
- Exatamente por isso você deveria aceitar, pai. Você conhece Andrew e Henry desde que nasceram... E a família deles. E sabe que nós não temos parentesco algum com os Chevalier. Só você tem.- Eu até posso entender isso vindo de Pauline... Mas de você, Alexia. Andrew não merece uma mulher como você.Abaixei minha cabeça, tentando entender o motivo da raiva que ele sentia por Andrew.- Antes que pense que eu não gosto de Andrew, eu quero que saiba que eu gosto dele. Só não quero ele com você. – ele explicou, como se adivinhasse meus pensamentos.- Pai, se eu pudesse, eu juro que não o decepcionaria. Eu tentei ficar com Gael... Suportei um ano ao lado dele, mesmo sem sentir absolutamente nada. Você sabe o que é estar com uma pessoa sem gostar dela, sendo que não houve um dia que eu não pensei em Andrew?Ele me olhou e pude ver um pingo de compaixão nos olhos de Estevan.- Quer mesmo que eu fique com alguém por que você gosta, por que é conveniente? Acha que eu devo me privar da felicida
Dois dias depois, ao acordar, recebi a primeira mensagem de Andrew:Andrew: Como está, Chapeuzinho?Alexia: Morrendo de saudade do meu lobo mau.Andrew: Como estão as coisas por aí? Mais calmas?Alexia: Melhor do que eu esperava.Andrew: Jura?Alexia: Juro.Andrew: Posso te chamar por vídeo?Alexia: Não. Estou horrível. Acabei de acordar. Ainda na cama.Andrew: Imaginando a cena de você na cama...Alexia: Me chama por vídeo à noite.Andrew: Só se você estiver na cama.Alexia: Prometo.Andrew: Você vai acabar comigo, Chapeuzinho.Alexia: Amo você.Andrew: Amo mais. Contando as horas para a noite.Deitei e coloquei o celular sobre o meu peito. Meu coração batia forte. E nem me dei conta de que eu sorria sozinha.Falar com Andrew me fez levantar com um bom humor que não era tão habitual. Tomei um longo banho e me vesti. Acompanharia minha mãe, junto de Aimê, num evento beneficente.Pauline saiu antes do café da manhã, com meu pai. Compromissos de futura rainha. Imaginei que ela estivesse
Estávamos todos sentados à mesa, fazendo o desjejum, quando Sean chegou.- Vô, que bom que você está aqui. – recebi um beijo antes de todos.- Uma vez o primeiro beijo era meu. – reclamou minha mãe sendo a última a ser beijada, já que ele seguiu para Pauline, depois para o outro lado da mesa, beijando a Aimê e finalizando nela.- Eu amo você, Sean, mas não quero um beijo esta hora da manhã. – meu pai brincou.Sean sentou-se ao seu lugar, mas não aceitou ser servido.- Já leu alguma notícia do dia, Estevan? – ele perguntou.- Não. Decidi que só vou olhar o celular e os jornais ou mesmo assistir qualquer coisa na televisão depois que tomar o café da manhã junto com a minha família.- Alguma notícia importante, papai? – perguntou minha mãe.- Lamento ter que acabar com o café de vocês. Mas trago péssimas notícias. E infelizmente não posso esperar para lhes dar.- O que houve? – minha mãe perguntou preocupada.- Os jornais, por favor. – pediu Estevan à nossa governanta, que foi buscar.Me
Fiquei com Pauline o restante do dia, tentando animá-la. Mas foi praticamente impossível. Um dos motivos é que eu não era uma pessoa muito divertida, por mais que eu tentasse. Então eu fiquei calada, só abraçando ela e fazendo-a não se sentir só. Porque nisso eu era boa: ficar em silêncio, com meus próprios pensamentos, respeitando o silêncio da outra pessoa.E sim, havia vezes que eu realmente não queria falar com ninguém, só comigo mesma. E isso era bem frequente. Mas não funcionava muito com a minha mãe, porque quando ela queria, arrancava qualquer coisa da gente.Mas eu não fui capaz de contar sobre a chantagem de Gael. Porque certamente eles não conseguiriam impedir. As fotos não foram tiradas por ele. Gael pagou alguém para me seguir e fotografar qualquer coisa que pudesse usar contra mim. Então o detetive ou qualquer outra pessoa que ele tenha contratato, também tinha as fotos e poderia espalhar a qualquer momento.Se eu tinha intenção de contar a verdade? Não tenho certeza. Fi