(Dallas)
O aeroporto da ilha é grande, mas saber com o que estávamos lidando deu muitas vantagens. Fomos direto para o guichê de embarque com as informações que Pandora havia mandado em meu celular.
Pois é, ter uma irmã hacker é uma coisa ótima! Ela não apenas tinha checado boa parte da vida de Renée quando telefonei para ela — sem achar nada ruim como ela pensou que acharia, tenho que comentar! —, mas também foi capaz de rastrear as informações em segundo devido a pesquisa previamente realizada.
Renée ainda estava com o celular del
(Dallas) — Como eu disse. Não use Renée como seu escudo, porque ele não é seu objeto. — Dei passos para trás, abrindo os braços. — E pense nisso: Se você vai tomar Renée de mim, então eu já não o terei de qualquer forma. A vantagem na opção em que eu te mato, é ter o prazer de separar sua cabeça do corpo, algo que estou querendo fazer desde o primeiro dia que nos conhecemos, seu puto. Vou me recolher, boa noite. Siegfried? Não demore. — Subi as escadas, mas fiquei ali em cima ainda ouvindo-os conversar. — Caralho. — Karvel reclamou. — Sua esposa é um
(Siegfried) Desci da moto balançando os ombros para expulsar a neve da jaqueta de couro marrom escuro com interior de pele de carneiro. Estava frio, porém o clima de primavera começava a se instalar, momentos antes, o céu estava limpo e essa instabilidade me deixava irritado. Retirei o capacete encarando os olhos castanhos de Alyssa. Minha irmã estava nervosa, andando de um lado para o outro, com as bochechas vermelhas do frio. Ela parou no instante que me viu subir as pequenas escadas da entrada da mansão. — (Siegfried) — Não seja ciumento, Sieg. Karvel não é sangue do meu sangue e se eu tivesse que escolher, bem, eu espero nunca terque escolher. — Ela bate as unhas compridas na mesa, causando um sonoro dedilhar na madeira. — Fale-me mais sobre esse desejo de liberdade de Dallas. — Não sei os motivos por trás disso, ainda vou cavar mais a22
(Siegfried) Eu sabia que estava fodido antes mesmo de tirar o gelo da barba batendo a mão com as luvas no rosto. Maldita seja, Dallas! Cruzei a estrada como um louco tentando alcançá-la, porém, quando visualizei o 4x4, o veículo já estava estacionado do outro lado da rua de asfalto molhado diante da casa de paredes vermelhas, onde no porão eu havia escondido aquela putinha.Sentado na moto puxo o capacete e encaro Dallas subindo as escadas laterais da casa. Ela está segurando no corpo magro e pequeno de Jordan como se ela fosse seu maldito troféu e com a mochila velha dela em uma das mãos. A garota se cobre com a jaqueta felpuda com animal print de leopardo e os cabelos ruivos balançam atingidos pelo vento.— Dallas… — Desço da moto soltando o capacete.— Cale a boca, não quero ouvir o som da sua voz. — Cospe sua raiva toda para cima de mim, passando reto. — Vamos de carro, deixe a moto para pensarem que tem gente com ela. — Exige.Resfolego, i
(Siegfried) — ...Mas eu a reconheci na porta do bordel. Fui chamado porque ela matou um cara e eu fiz a ligação, o golpe certeiro na jugular. — Passo a mão na barba de novo, ponderando. — Só conheço uma pessoa tão mortal em seus golpes, você Dallas.— Ensinei Jordan a se defender. — Ela explica calma, mas como se tivesse um motivo maior por trás de tudo isso. — Mas e aí? Você simplesmente achou por boa ideia levá-la do bordel, colocá-la no porão de uma casa imunda e ter um relacionamento com ela? — Acusa-me apontando o dedo no meu nariz. — Quantas noites deitou-se com Jordan?— Não tínhamos um relacionamento! — Ergo as mãos para frente. — Eu não deitei!— Ah, tá bom! — Dallas não acredita. — E o que você fazia quando ia lá?— Conversar. Ver o que ela precisava! Uma vez vimos um filme no Netflix.— Você quer que eu acredite nisso?— Acredite ou vou ficar violento. — Ameaço.— Não! — Jordan fica em pé, passando por entre nós cortando o fio d
(Dallas) Eu não estava conseguindo dormir. Era capaz de ouvir o ronco de Siegfried cortando o vazio da noite, por cima do crepitar do fogo da lareira e o cheiro de lenha queimada. Jordan estava com as pernas trançadas com as minhas, com a bunda empinada para cima, nossos corpos por dentro de uma manta de peles que não dava para duas pessoas.Eu a abracei com força, mas ela estava largada, dormindo tranquila depois de vários sedativos que tinha no porta-luvas do carro e do esgotamento de tanto chorar. A culpa era minha. Um maldito buraco negro para o qual eu a tinha atraído sem querer. Vai saber o que fizeram com ela antes de chegar no bordel, ou quando estava lá dentro? E droga, Jordan não merecia nada disso. Ela tinha cicatrizes de um ferimento nos punhos, desses de quem foi amarrada e torturada, acho que levou socos, talvez tenha sido estuprada.Meu coração rasgava dentro do peito com a certeza de que eu tinha falhado. Fui incapaz de protegê-la e a
(Dallas) Não ficamos para ver o avião decolar, nem poderíamos. Siegfried ligou o rádio e seguiu para a estrada. Ficamos em silêncio por uns dez minutos, mas pareceu uma eternidade.Nesse tempo, muitas coisas se passaram por minha cabeça, mas eu deixei ir embora, toda a raiva e os pensamentos ruins. Acontece que a maldita tinha razão. Eu estava com ciúmes e não sabia lidar com aquilo, o sentimento era novo para mim. Sempre soube que me casaria com Siegfried e nunca tinha, nunca mesmo, cultivado sentimento de posse dentro de mim.Com um suspiro pesado eu deslizei a mão pela perna dele, causando um imediato susto em meu marido, que simplesmente virou-se para mim com os cabelos presos como sempre e um olhar franzido de desentendimento. Porém, foi reconfortante como ele segurou na minha mão e coçou a garganta, como se testasse o som.— Desculpe. — Pedi.— Ahn? — Siegfried estranhou.— Desde que nos conhecemos, quer dizer, nos reencontramos para o casamento, ten
(Siegfried) — Amarre esse cretino. — A voz baixa e calma de Dallas cortou o silêncio maculado pelo crepitar do fogo da lareira. Eu ainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo. O quarto estava entregue a uma escuridão insana, as chamas laranjas e amarelas pintavam nossas pele exposta e deixavam seu rosto avermelhado como um espírito de fogo. Dallas estava sentada na poltrona como uma maldita espectatora e seus olhos castanhos escuros sobre mim eram como a brasa quente de uma fogueira, aquecendo meu corpo por inteiro e fazendo aquele maldito negócio com vontade própria se endurecer e latejar dentro da minha cueca. Último capítulo