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Acompanhante, ao seu dispor
Acompanhante, ao seu dispor
Por: Cristinna Guimaraes
1. Espero que morra entalada.

SÓFIA, BULGÁRIA.

– Por quanto tempo mais vou precisar passar por esse tipo de coisa? Esse trabalho maldito vai acabar me matando algum dia – resmungo para mim mesma enquanto ando apressada, os cliques do meu Saint Laurent no chão são como música para os ouvidos de qualquer um, inclusive para os meus, mas eu estou profundamente irritada na noite de hoje e não estou andando com a elegância que uso normalmente. Tudo que uma pessoa perceberia ao olhar para mim hoje é a pressa. Pressa de ficar longe do meu cliente.

É a segunda vez que esse cliente me dá dor de cabeça e eu estou cheia dele. Mesmo que me pague 1 milhão de levs, ainda não vou aceitar sair com ele outra vez, vou deixar isso bem claro na minha agência.

– Srta. Rayna! Srta. Rayna, espere! – ouço o Sr. Peev me chamando ao longe, mas não lhe dou atenção alguma. Aprendi a ignorar esse tipo de coisa com maestria. Se eu der atenção todas as vezes que eles me chamarem, vou acabar com um cachorrinho. Eu não sou um.

Desço as escadas rapidamente e já estou no salão do hotel quando ele finalmente me alcança, me segurando pelo braço.

É claro que isso chama a atenção de todos os presentes, que nos fitam com curiosidade e alguns com censura por nosso barulho exagerado. Ou será que devo atribuir isso a minha beleza? Que seja, não me importa nesse momento.

– Não pode ir embora agora, nós não acabamos – ele diz entredentes tentando disfarçar a ordem com um sorriso que ele dirige aos outros em forma de desculpa.

– Está errado, eu posso e vou embora agora. Você me pagou por um jantar, se quiser que eu vá para a cama com você vai precisar me pagar muito mais, coisa que você não fez. Eu tenho um contrato assinado que prova que nosso acordo não inclui sexo, você quebrou as regras então eu estou totalmente livre para te deixar a nenhuma e ir embora. Alguma dúvida? – as palavras saem rapidamente da minha boca e eu não me importo em ser fria e calculista. – Se não tem, vou embora agora. Boa noite.

Eu gostaria que as coisas fossem diferentes pelo menos uma vez na vida, mas não me surpreendo quando ele me segura pelo braço mais uma vez, antes que eu dê metade de um passo. Todos fazem isso, eles simplesmente não conseguem se tocar.

– Escute aqui, você acha que eu pagaria para ter sexo com você? Só quem é maluco paga por algo que se pode conseguir de graça – eu já esperava que isso saísse da boca dele. É isso que todos os homens dizem quando percebem que não vão conseguir concluir seus planinhos em relação a mim.

Sou uma acompanhante cara e a maioria dos homens que me procuram é apenas para ser exibida em um jantar de negócios ou uma ocasião formal, são poucos que querem sexo. O sr. Peev é um desses poucos, apesar de não ter dinheiro.

Com um sorriso, jogo meu cabelo loiro para o lado e sorrio da forma mais meiga que consigo para ele.

– Bem, não parece que você está conseguindo de graça, afinal me contratou para jantar com você e tentou comer muito mais do que a comida, não é mesmo? – tudo isso é dito no meu tom mais meigo e ele abre a boca, incrédulo.

– Ora, sua… sua puta – ele grita em meio ao salão lotado. Para a sua surpresa, eu sorrio e dou de ombros.

– Era para ser uma ofensa? – Questiono inocentemente. – Receio que não funcionou muito bem.

Ele não tem tempo para me responder porque um tiro soa lá fora e as pessoas começam a correr para a saída. Olho ao redor e vejo que há homens se aproximando de nós enquanto todos os outros estão indo em direção a saída, eles estão entrando ainda mais no estabelecimento.

O Sr. Peev olha ao redor e quando seus olhos batem nos homens que se aproximam, ele arregala os olhos e eu percebo o problema imediatamente. Ele é o procurado da vez.

– Ele vai fugir! Rápido! – alguém grita e eu constato que estão certos. Eu normalmente não me meto em assuntos pessoais, mas o Sr. Peev realmente tirou minha paciência hoje.

Rapidamente, antes que o sr. Peev consiga correr, coloco meu pé entre as suas pernas e lhe dou uma rasteira que o faz cair no chão como um saco de batatas.

– O que está fazendo?! Não pode me entregar para eles, vou morrer se fizer isso – ele diz desesperado tentando se levantar e fugir, mas o Sr. Peev já não é mais tão novo e não tem mais a agilidade que pensava que tinha porque ele mal consegue ficar de joelhos quando se vê rodeado de homens.

– Não estou te entregando, é o karma. Parece que não sou a única pessoa que você tenta passar para trás hoje – respondo simplesmente. – Esse é o seu castigo por querer algo que não consegue pagar.

– Espero que morra entalada – ele diz e cospe no chão com desprezo. Pela sua expressão, consigo imaginar com o quê ele está desejando que eu me engasgue. Não parece uma morte tão ruim para mim.

– Como se eu me importasse com o que você espera – faço pouco-caso e olho para os homens ao meu redor. – Posso ir embora?

O que parece ser o líder deles assente, então com uma jogada de cabelo, eu saio andando para longe do Sr. Peev, pensando no meu apartamento e num banho relaxante na minha banheira.

Pode parecer cruel o que acabei de fazer, mas é melhor que seja ele do que eu. Aprendi a não deixar meus sentimentos atrapalharem meu trabalho e esse é o segredo do meu sucesso.

Enquanto andava para fora de um dos melhores hotéis de Sófia, Rayna não percebeu que estava sendo observada por um homem que estava no andar de cima, ao pé da escada, assistindo tudo que ela tinha feito desde que saiu do quarto onde estava com o Sr. Peev. Ela não sabia ainda, mas o encontro daquela noite estava destinado a acontecer.

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