5. Minha noiva.

Marggie continua olhando para mim com expectativa e eu sorrio, ponderando as minhas palavra. Inesperadamente, ela interpreta meu modo de agir de outra forma e abre um sorriso.

– Eu sabia que podíamos negociar! Ah, tenho certeza de que você vai adorar a minha menina e…

– Pareço um traficante de pessoas para você? – interrompo sua frase e me aproximo, o rosto tão próximo do dela que consigo ver cada ruga que há naquele rosto. O sorriso dela se desfaz e ela parece temerosa outra vez.

Ah, Marggie, você nunca deveria ter baixado a guarda para mim.

– E você ainda tem coragem de chamá-la de sua menina? – continuo e ela se encolhe. – Não acho que ela saiba que você está vendendo ela, do contrário, correria para as montanhas. Acho que é um grande azar o dela por ter uma mãe como você. Margarita, eu posso mexer com qualquer merda, mas eu não mexo com mulheres e crianças.

– Eu sou uma mulher.

– Você é uma viciada que me procurou por livre e espontânea vontade querendo iniciar um negócio. Você sabia quem eu era, sabia das consequências e é por isso que estamos tendo essa conversa aqui e agora. Você me entende? – pergunto empurrando um dedo em seu peito e ela assente rapidamente. – Ótimo.

– Mesmo assim, você jamais se arrependeria do nosso trato. Minha filha não é assim tão boa como você pensa, ela se vende por dinheiro e tem tanto valor quando eu. Ela se acha só porque mora numa cobertura e é uma acompanhante de luxo. Bobagem, para mim, puta é puta – Marggie diz amarga e eu percebo um certo rancor ali.

Que seja, não é da minha conta.

– Sua filha é acompanhante de luxo?

– Sim. Ela devia me agradecer por ter puxado a minha beleza, mas em vez de fazer isso, ela faz de tudo para ficar longe de mim. Nem mesmo me ajuda a pagar as contas quando tem muito mais dinheiro que eu – arqueio a sobrancelha. Acho que Marggie e meu pai tem muito em comum, os dois se acham os donos da razão e querem que os filhos lidem com as merdas deles.

Estou num impasse aqui. Não posso voltar para casa de mãos abanando e não vou dar mais tempo a ela. Ela não é merecedora desse tempo.

– O que ela diria se soubesse que está sendo vendida?

– Ah, não faço ideia. Ela já não espera nada de mim mesmo – em sua fala, percebo que ela não liga nem um pouco para a filha.

Olho para Jeong com o meu melhor olhar de “o que você acha que eu devo fazer” nos afastamos um pouco de Margarita e ele se aproxima e me fala ao pé do ouvido, de modo que apenas eu sou capaz de ouvir.

– A filha dela é Rayna Petrova, acompanhante na Agency B. – Jeong sempre tem a ficha familiar das pessoas que eu visito porque, normalmente usamos isso para chantagear. Dessa vez foi totalmente ao contrário.

– Por que parece que já ouvi esse nome em algum lugar? – murmuro.

– Ela é a mulher que o ajudou a capturar o Sr. Peev, Sr. – levanto as sobrancelhas.

– Aquela é a filha dela? – questiono surpreso. Aquela mulher causou uma impressão ótima em mim, mas eu não pago para mulheres sairem comigo. – Eu nunca imaginaria.

São dois tipos diferentes de mulher e eu jamais associaria uma a outra.

– O que vai fazer? – Jeong pergunta.

– Aceitar a proposta. Se ela não vai me pagar, a filha dela vai – não pretendo vendê-la, muito menos usá-la para prostituição.

Tudo que eu quero é dinheiro.

Me aproximo de Marggie e sorrio.

– Vou preparar os papéis para que você assine e Jeong vira trazer. Assine – comunico e ela olha esperançosa para mim.

– Vai aceitar minha proposta? Mesmo?

– Sim e não. Vou negociar com a sua filha e se ela me pagar, voltarei e você mesma vai precisar dar um jeito, ou eu vou dar um jeito em você. Você bem sabe que não é nada difícil de te encontrarem em uma vala escura, certo? – falo angelicalmente e ela olha para mim com temor. Isso mesmo. É assim que eu gosto que me olhem.

– Você me entendeu? – enfatizo e ela assente. – Ótimo. Até mais. Tenho um pressentimento de que vamos nos encontrar de novo.

Vejo um pequeno tremor nela e lhe dou as costas, saindo da mesma forma que entrei.

– Acha que foi a decisão certa, Sr? – Jeong pergunta assim que chegamos ao carro.

– Você faria diferente?

– Eu acho que a Srta. não é do tipo que gosta da mãe. Na verdade, pelo jeito que ela falou, eu duvido que se deem bem. Ela não vai pagar essa dívida.

– Ah, vai sim. Alguém vai me pagar, ou alguém vai morrer. Elas vão decidir quem morre e quem vive – É minha última palavra e eu entro no carro. Jeong entende o recado e não toca mais no assunto, mas eu fico pensativo.

Rayna Petrova. O nome combina bem com ela e seu olhar obstinado. A primeira coisa que pensei quando a vi foi que ela parecia um pouco comigo. Além de não ligar para os insultos do Sr. Peev, ela ainda lidou com toda a situação de uma forma bem fria e calculista assim como eu faria.

– Está pensando na sua noiva, Sr? – Jeong pergunta subitamente, me tirando dos meus pensamentos.

– Noiva? – pergunto.

– Sim, sua noiva. A garota de bem com quem terá que se casar. Você tem algum palpite de que garota o seu pai gostaria?

– Não, mas eu tenho vários palpites de garotas que ele não gostaria, mas… – tenho um insight e paro, minha mente acelerada, a melhor ideia de todos os tempos se formando na minha mente. Um sorriso se espalha lentamente pelo meu rosto.

– Jeong, mudança de planos, vamos para a casa do meu advogado.

– Agora? Mas você disse que ia jantar – ele questiona confuso.

– Posso jantar enquanto discuto isso com Jamie. Tive a melhor ideia para o meu casamento e tenho certeza que meu pai vai adorar. Já até consigo ver a cara dele de felicidade quando souber.

– O que você vai fazer? Não me parece nada bom – Jeong me conhece demais e sabe que não estou brincando.

– Você vai ver.

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