– Marido e mulher? – Rayna repete debilmente como se estivesse experimentando as palavras em sua própria boca. – Não, ele não pode estar falando em casamento, a instituição do matrimônio e todas essas coisas. Isso não existe na minha vida e nunca vai existir.Será que ela sabe que está balbuciando e que estou ouvindo tudo? Acho que não.– Sim. Casamento. Viver a dois, felizes para sempre. Isso parece familiar? – cruzo as pernas e ela olha para mim ainda mais atônita.Adoro ver essa expressão no rosto das pessoas, elas fazem isso também quando estão prestes a serem torturadas.– Casa…mento – ela diz devagar e pausadamente. Então se levanta com pressa e bate na mesa, me assustando. – Não! De jeito nenhum! Não posso me casar!– Não pode? – questiono com uma sobrancelha arqueada. – Acaso já é casada? Está noiva ou algo assim?Não pensei nessa opção e isso me preocupa. Será que vou ter que me livrar de algum homem inconveniente? Eu realmente não gostaria de machucar ninguém além de quem me
Volto para casa com uma névoa enorme no lugar dos pensamentos e não tenho pura certeza de como consegui chegar em casa. Minha mente está toda embaraçada e meu pensamento todo acelerado.Convenientemente, Alietta está passando quando eu chego e me saúda com o maior dos sorrisos– Ah, você já chegou? Eu acabei de chegar também, você acredita que o Sr… – pausa quando vê minha expressão. passo direto por ela até o quarto e ela me segue. — O que está errado?Alietta é sempre rápida em perceber o que está errado em mim e por isso eu a amo. São muitos anos de convivência.– Alietta, o que vou fazer? – murmuro finalmente olhando para ela. Seus olhos se arregalam e eu não fico surpresa.Pela expressão dela, eu devo estar um caco completo.– Rayna, você está me assustando! O que aconteceu? Você foi despedida? Te fizeram algum mal? Seu salário não vai cair? – Rayna me conhece tão bem que sabe o quanto eu fico abalada quando meu salário atrasa. Essa era umas das poucas coisas que conseguiam me de
Tenho tanto ódio dentro de mim enquanto faço as malas que nem mesmo me organizo como eu normalmente faria, chega um ponto que eu estou apenas jogando tudo lá dentro da mala sem cuidado algum, algo que eu nunca faria. Enquanto isso, Alietta fica olhando para mim com preocupação nítida em seu semblante.– Rayna, você não precisa fazer isso. Nós podemos pagar, posso talvez pegar um empréstimo e… – ela diz enquanto eu estou fechando a última mala, mas eu a interrompo.– Não precisa fazer isso, Alietta. Eu jamais a forçaria a me ajudar em algo assim mesmo sabendo que você faria de bom grado. É uma quantia exorbitante já que ela pegou para revender, nós duas sabemos que isso não é sua culpa, se tem alguém que deveria me ajudar é a minha mãe, mas ela só sabe me afundar. Mesmo com o meu trabalho e o seu, demoraria anos para que tudo fosse pago – digo sinceramente me virando para ela e volto ao closet, vendo o que estou esquecendo. Não pretendo levar tudo para a casa de Nikola, daria muito tr
A despedida entre Alietta e Rayna poderia ter amolecido meu coração, se eu tivesse algum, mas como não tenho eu apenas me concentrei em observar as duas se abraçando como se o mundo fosse acabar porque estão separadas.– Mulheres são muito dramáticas – murmuro para mim mesma.– Não concordo, senhor – Jeong diz quase que imediatamente e eu me viro. Não sabia que ele tinha ouvido, mas estou ainda mais surpreso por ele ter dado sua opinião.– Não concorda? – pergunto levantando as sobrancelhas.– Somos amigos também. Não sofreria com a minha ausência? – ele arqueia a sobrancelha e eu estreitos meus olhos. Não consigo imaginar minha vida sem ele, é ele que cuida de tudo, é meu braço direito e amigo acima de tudo.Eu certamente sentiria falta dele, mas ele não precisa saber disso.– Estou muito surpreso por dizer que somos amigos. Você sabe, não consigo te considerar meu amigo quando você me chama de senhor a cada segundo, me faz sentir velho – exponho meu ponto de vista e ele arqueia a so
Eu poderia ter saboreado muito mais o sabor do jantar na minha “casa” nova se não estivesse sob a tensão do olhar de Nikola e do seu irmão, Viktor, em cima de mim, sem falar nos pensamentos que estavam girando na minha cabeça o tempo inteiro.Em vários momentos, me peguei sendo analisada tanto por Viktor quanto por Nikola e tudo que eu podia fazer era demonstrar normalidade e sorrir como uma idiota apaixonada para o meu marido aparentemente caloroso, já que ele segurava minha mão em toda oportunidade, fato que Viktor ficava observando com curiosidade aparentemente. Felizmente, é um papel que eu já desempenhei muitas vezes, se não, eu estaria em maus lençóis. Não tive nem mesmo tempo de olhar ao redor da propriedade além do momento em que chegamos, tudo que sei é que é uma casa bonita e luxuosa, mas não consigo explorar porque estou presa aqui com esses dois homens.Fico aliviada quando o irmão de Nikola se despede logo após a sobremesa e diz que precisa resolver algumas coisas pessoai
Estou deitado na cama a algum tempo, esperando por Rayna. Eu nunca dividi minhas coisas antes e isso inclui o meu espaço, mas há uma sensação de conforto em tê-la por perto mesmo com tão pouco tempo de conhecimento. Talvez por causa do seu humor ácido e sua total imunidade ao meu charme. Talvez eu esteja precisando de alguém que não cai aos meus pés a cada palavra dita, para variar.Olho para a aliança no meu dedo e percebo o quanto ela é presente, tão presente que pode ser notada de longe.– Será que meu pai vai gostar? – questiono para mim mesmo e meu celular toca na mesa de cabeceira. Puxo-o para mim e olho no visor. – Falando no diabo. Alô?– Finalmente resolveu me atender – Teodor, meu pai, resmunga do outro lado da linha. Ele está sempre resmungando e reclamando, nunca é um tom ameno.– E você acabou de me lembrar o motivo pelo qual eu nunca atendo – rebato. Ele é um grande bundão, mas prefiro não dizer isso em sua frente.– Não tenho tempo para as suas birras. Amanhã teremos um
Minha cama está tão quentinha e confortável que eu não tenho vontade alguma de sair daqui. Estico os braços e solto um gemidinho de prazer.– Vejo que está confortável – quatro palavras são necessárias para me despertar quase que imediatamente. Abro os olhos e percebo que estou encostada em um corpo quente, e no corpo quente há uma cabeça que me olha de uma forma muito divertida. – Então, eu sempre quis saber, é bom ficar em cima de mim? Em minha defesa, você veio para cima de mim primeiro, eu só aceitei.Pulo da cama e paro longe dele, me cobrindo com a mão como se estivesse nua e Nikola ri.– Você é sempre tão divertida assim quando acorda? – ele pergunta encostando o queixo na mão como se estivesse prestes a ouvir algo muito importante.– Nikola, se você falar mais juro que vou te matar – ameaço passando os dedos entre os cabelos e jogando-os para o lado, largando a posição defensiva. Estamos de roupa, eu estou longe dele, está tudo certo e nada vai acontecer.Não há motivo para te
Magnifica. Escultural. Deusa. Esplendorosa. Uma verdadeira rainha, assim como o significado de seu nome.Eu poderia usar qualquer um desses para descrever Rayna nesse momento.Passamos o dia separados após um café da manhã cheio de demonstrações de afeto a contragosto da parte dela e eu não consegui deixar de lembrar seu rosto forçado durante todo o dia, até me peguei rindo em alguns momentos. Somos totalmente opostos e ela me deixa no limite as vezes, mas eu estou aprendendo a gostar da presença dela cada vez mais. A mulher simplesmente não tem medo algum de mim e diz o que vem na telha. Como não gostar?Quando cheguei em casa, fui informado de que ela não havia voltado do cabeleireiro e que ia se arrumar por lá mesmo e que tudo que eu precisava era passar por lá para pegá-la e assim eu fiz. Tomei banho, vesti um dos meus melhores ternos, meu melhor par de sapatos, penteei meu cabelo para trás e fui em busca dela. Rayna é uma mulher bonita, eu já a vi arrumada antes, mas hoje… ela es