Capítulo 3 – Presente de aniversário.

S E L E N

    Hoje é sábado, dia 25 de junho, meu aniversário assim como o de Selina.

As vozes dos meus pais conversando era um som quase perturbador. Normalmente o motorista deles me deixam em casa após o café da manhã de domingo, mas espero que por ser também meu aniversário, eu poderia pedir para ir hoje mesmo, óbvio que isso faz com o que eu desça as escadas mais rápido.

– Não estamos conseguindo nem manter a casa e ela quer uma nova Ferrari? – Paro, assim que escuto a voz do meu pai se dirigindo a minha mãe.

– Eu entendo meu amor, tentarei conversar com ela – Minha mãe passa a mão nos ombros de papai e ele suspira pesado. Então eles estão falidos? Tapo minha boca para abafar a gargalhada. Que tristeza! Não poderão comprar a Ferrari rosa para minha querida irmã.

Reviro os olhos entrando no lugar e sento-me na cadeira de sempre, ao lado da mamãe. Já que dava para a vista da enorme janela de vidro onde se podia ver o jardim.

– Bom dia – Leila, minha mãe desejo, em um tom repreendedor.

– Desculpe, Bom dia – Forço o sorriso mais falso do mundo, odiava estar aqui.

– Filha, por que você não vai chamar sua irmã para tomar café? – Eu já estava quase mordendo uma torrada.

– Sim, claro – Só queria ir logo para casa. Afasto a cadeira, me levantando.

Praticamente me arrasto escadas a cima para o quarto dela que ficava próximo ao meu.

Bato na porta mas ela parece não ouvir, então arrisco a girar a maçaneta.

– Por favor, meninas, não se atrasem! A festa começará às 10h da manhã até as 10h do dia seguinte! – Vejo-a com um fone enorme nos ouvidos. Lembro-me de já ter conversado com Victor sobre a moda desses fones caríssimos.

Seus olhos me encontram e ela tira os fones da cabeça, irritada.

– O que você quer?! – Exclama caminhando até mim, me afasto da porta, voltando para o corredor, e ela logo aparece segurando a mesma.

– Seus pais me mandaram te chamar para tomar café – Não queria, mas minha voz sai falha.

– Você queria escutar minha conversa, não é? – Debocha, me olhando de cima a baixo. Me sinto desconfortável com as roupas que estou usando.

Não respondo e ele fecha a porta na minha cara, fico um segundo olhando para a porta, até balançar a cabeça e girar os calcanhares para longe dali, mas em seguida a porta se abre e ela sai da mesma, finjo que não escutei nada e continuo andando.

– Aí! – Reclamo, quando sinto unhas afiadas no meu braço, me impedindo de andar.

– O que você ouviu? – Pergunta.

– Uma festa eu acho – Respondo sua pergunta ao mesmo tempo em que tento soltar meu braço.

– Hum... – É tudo o que diz, e em seguida me solta. Não digo nada e volto a andar em direção as escadas, que inferno.

– Você não está convidada para a minha festa de aniversário! – Só então me dou conta que a festa que ela estava falando era a de aniversário, quer dizer, nosso aniversário.

– Eu sei – Respondo sem olhar.

Sento-me na cadeira novamente e pergunto a minha mãe se era possível eu ir para casa após o café. Fiquei até que um pouco desapontada quando ela respondeu prontamente que sim.

– Feliz aniversário! Meu amor! – Meus pais desejam assim que minha irmã aparece na entrada da sala de jantar. Desvio o olhar, voltando a tomar meu café.

Olho para eles por breves segundos e eles já estão de pé, abraçando minha irmã e a enchendo de beijos. Sinto uma sensação esquisita, mas decido ignorar e focar no café da manhã.

– Aqui, filha, isso é seu – Thomás se aproxima de mim enquanto minha mãe ainda está com os braços em volta de Selina.

É uma pequena caixa.

– Feliz aniversário – Ele diz sorrindo, puxando a cadeira que minha mãe estava, e sentando ao meu lado.

– Obrigada, pai – Agradeço, completamente sem jeito, eles não costumam me presentear.

Abro a pequena caixa e arregalo os olhos. Havia uma chave com a logo da Jeep.

– Um carro?! – Exclamo com o sorriso mais largo do mundo, abraço meu pai que sorrir para mim.

– Assim você pode vir aqui quando quiser, além de ajudar sua avó, soube que o carro antigo dela, quebrou.

– Meu Deus, muito obrigada! – Agradeço, não me importando minimamente se Selina está me olhando com ódio mortal.

– Vá lá ver o carro! – Ele diz e eu me levanto afastando a cadeira.

– Thomás! O que é isso? Como você comprou sem me falar nada?! – A voz irritada da minha mãe soa, mas eu estava feliz demais para me importar. Meu pai ignora ela e me acompanha até a saída da casa, em seguida até a garagem.

O Jeep vermelho para mim, se destacava entre todos os carros que estavam ali, eu era apaixonada no modelo, é um Jeep Wrangler.

– É câmbio manual, espero que goste – Meu pai sorrir. Abraço ele rapidamente e me afasto, destrancando o carro e entrando. O interior era ainda mais linda. Sinto vontade de chorar.

Precisava muito de um carro para cuidar melhor da minha avó, e como seguimos uma pequena estrada de terra até chegar em casa, um Jeep era realmente muito útil.

Após admirar o carro, eu volto para dentro de casa, mas me dou de cara com uma discussão, eles estavam discutindo por causa do carro que papai me deu de presente, Selina estava vermelha de raiva.

Em silêncio, eu decido ir logo embora e subo as escadas para buscar minha mochila em que trouxe algumas roupas.

Desço as escadas e eles ainda estão discutindo.

– Você tem mais de 3 carros, Selina! – Thomás exclama, ainda em tom baixo.

– Não interessa, essa idiota não merece nada! – Selina reclama.

– E como você fez uma coisa dessas sem me consultar?! – Agora era minha mãe.

– Obrigada pelo carro, papai! – Exclamo, chamando a atenção de todos, balanço a chave no meu dedo e sorrio antes de caminhar em direção a porta, escutando os saltos de Selina ecoarem atrás de mim.

Já fazia algum tempo que eu havia tirado minha habilitação, mas me lembrava do que precisava fazer para chegar em casa.

Sinto minhas mãos suarem de nervosismo, assim que giro a chave na ignição e ponho na marcha ré.

– Para onde você pensa que vai?! – A voz de Selina, olho pelo retrovisor ela atrás do carro.

Não acredito.

– Se meus pais te deram esse carro, ele também é meu! E você não vai sair daqui com ele! – Rio, desligo o carro e desço dele, indo até ela.

– Então significa que esses carros aqui – Aponto para os outros 6. – São meus também?! – Indago vendo ela ficar sem expressão.

– Então acho que é justo eu pegar essa Porsche aqui – Toco no capô da Porsche negra que eu sabia que era dela. – Não acha? – Sorrio.

– Ah! – Grita de raiva. – Morre! – Após isso, ela se afasta. Dou de ombros e entro de novo no Jeep. Essa garota é uma piada.

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