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Capítulo 2 – Família Vallence.

A S L A N

    Embora eu procurasse uma solução incansavelmente, nenhuma ideia parecia boa o suficiente.

Assim completados meus 18 anos, escolhi viver longe de toda a responsabilidade da organização e também da minha família. Saí do Brasil dedicado a continuar mantendo tudo assim: longe de mim.

Mas o muro que criei ao meu redor, não me salvou da responsabilidade que eu acreditei ter conseguido escapar. Sendo filho de Benjamin Belvoir, eu já deveria saber que é impossível fugir do próprio sangue e do destino já traçado antes mesmo de dar meus primeiros passos, pronunciar a primeira sílaba ou a primeira palavra pronunciada corretamente.

Agora eu estava no avião, voltando para o Brasil, ainda sem saber o que faria depois que visse os olhos angustiados da minha mãe. Ela teve que enterrar o próprio marido sozinha, sem direito a abrir o caixão ou velar o corpo. Sem nada e também sem mim.

Minha mãe é italiana, meu pai a conheceu em uma das viagens a Itália. Lembro-me das várias histórias e aventuras que me contaram até eu achar o amor uma grande perca de tempo e as histórias fictícias demais. Como um homem gritando perigo, iria atrair uma mulher doce como a minha mãe?

Criei diversas teorias ao longo dos anos e cheguei a conclusão que meu pai com certeza a sequestrou. Mas é claro que jamais iriei perguntar isso em voz alta e muito menos para a minha doce mãe. Que sempre defendia meu pai com unhas e dentes. Se ela tivesse com ele no dia do seu assassinato, com certeza se colocaria á frente dele para que ele não se machucasse. Olívia Belvoir realmente não era nada fraca quando se tratava da família.

Com toda a certeza ela está decepcionada comigo igual o dia em que fui embora. Abandonar a família, para ela era o pior dos pecados. Mas eu não aguentava viver sob as regras intermináveis do meu pai, sempre me comparando ao extremo para que eu fosse a versão idêntica á ele. Mas agora que sou seu herdeiro, entendo o porque de toda a insistência.

A alguns dias atrás eu descobri que na verdade a viagem que meu pai fez para a Itália, naquele ano em que conheceu minha mãe, foi completamente planejada. Ele pretendia começar a lavar o dinheiro para a Itália para que ele conseguisse sair do Brasil e levar o dinheiro sem que fosse rastreado por inimigos e a justiça.

Ponho as mãos no rosto, respirando frustrado, porque se eu soubesse, teria conseguido lavar o dinheiro antes da sua morte e trazer minha mãe com segurança para os Estados Unidos. E agora, essa responsabilidade não estaria em minhas mãos.

– Senhor, achamos um laranja que o senhor pode gostar – Um dos meus homens aparece em minha frente e me entrega um tablet. Espero que seja a solução finalmente, estou cansado de andar em círculos.

Me tornei empresário no ramo de imobiliárias, investindo capital em casas e as revendendo por um valor alto, era uma boa oportunidade de lavar dinheiro, mas não posso fazer isso com as empresas que já sou sócio, preciso achar uma especificamente para isso e de preferência que o dono esteja á beira da falência para não ter onde correr e aceitar minha oferta

Imobiliária Vallence. Vallence, um sobrenome forte. Rolo a tela, lendo atentamente as informações da empresa. O dono Thomás Vallence está falido, graças a um investimento arriscado que ele fez no último ano. Casado e pai...

Meus olhos brilham quando vejo o nome da filha: Selina Vallence. Minha obsessão. Tudo começou com um story publicado a um ano por minha secretária em um jantar de negócios, Selina estava acompanhada do namorado, que graças a mim, virou ex poucos dias depois. E desde então, estou obcecado por aquele olhar significativo, um lobo em pele de cordeiro. Sempre envolvida em polêmicas que deveriam estragar sua imagem na mídia, mas que acontecia o inverso, ela ficava cada vez mais conhecida por sua maldade e preconceitos. E isso me fascinava. Preciso de uma mulher forte como ela ao meu lado.

Pego meu celular, abrindo o aplicativo do I*******m, vendo seus últimos storys, os olhos azuis se destacavam enquanto ela virava o corpo levando o celular consigo ao mesmo tempo em que segura um chapéu, ela parecia estar em uma praia, o sol refletia em sua pele agora bronzeada. Passo a língua nos lábios e respondo seu curto vídeo:

"VOCÊ ME DEIXA QUENTE FEITO O INFERNO E UM DIA A FAREI QUEIMAR JUNTO Á MIM"

Em seguida, volto a ver o que mais ela postou hoje. Ela brigava com uma amiga que estava ao seu lado enquanto bebia algum drink, provavelmente uma de suas birras, ela parecia extremamente mimada e eu não podia deixar de achá-la ainda mais interessante.

– Gostou? – Meu amigo senta ao meu lado, apontando para o tablet que pousei em cima da minha coxa. Bloqueio o celular e olho para ele que me pisca os olhos com um sorriso ladino.

– Sabia que iria gostar – Ele pisca novamente, o que me rende uma gargalhada. O desgraçado me conhecia bem.

– Você quem achou? – Pergunto, me referindo á empresa dos Vallence.

– Sim, mas admito que foi uma coincidência o homem ser pai da sua futura esposa – Brinca. – Tenho uma ideia que talvez você goste.

– Estou ouvindo – Agora guardo o celular, esperando que ele dê continuidade. Ele solta uma gargalhada antes de continuar.

– Você pode tentar negociar com o homem para que se case com ela, não apenas pela sua obsessão, mas que isso poderá servir para que você não seja alvo de uma hipotética investigação, já que você mora nos Estados Unidos a muitos anos, um casamento iria consolidar muita coisa. – Ele termina, novamente me piscando o olho. Abro um sorriso para ele.

– Você é um gênio. – Afirmo. – Além de que posso usar isso como pretexto para trazer minha mãe.

Ele assente.

– Sei que não pensou no futuro quando decidiu se afastar da organização, mas o que você fez, vai te deixar limpo para o que precisa fazer agora, graças a seu afastamento a 14 anos, talvez você não seja uma preocupação, mas esse casamento vira á calhar – Ele termina, levantando-se e passando seus dedos por entre os cachos dos cabelos. Assinto, pensativo. Jonas além de ser meu faz tudo, também é um ótimo conselheiro e amigo. Trabalha para mim faz um pouco mais de 6 anos.

Também brasileiro, isso fez com que nós déssemos bem logo de primeira, o que era estranho para mim, simplesmente em um dia qualquer ele se tornou digno da minha confiança e lealdade e isso é recíproco.

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