AYLA ..Azrael recuou um passo, e depois outro,parecia que ele tentava a todo custo controlar seus reais instintos. Seus olhos, que antes brilhavam com um fogo intenso, agora estavam enevoados por algo que eu não conseguia decifrar, talvez ódio.Sua voz saiu áspera, quase um rugido abafado pelo vento que insistia em uivar ao nosso redor, e quanto mais ele perguntava quem ele era, mas intenso o sombrio o ambiente ficava.Meu coração pulsava descompassado. O vento forte chicoteava meu rosto, e as folhas das árvores farfalhavam de maneira sinistra, como se o próprio mundo rejeitasse esse reencontro. Mas nada me faria recuar agora. Eu precisava enfrentá-lo. Precisava trazê-lo de volta para mim.Agarrei-me ao tronco da árvore mais próxima, sentindo a madeira áspera contra minha pele trêmula, e, ignorando a tempestade crescente, gritei:— Você é o meu anjo obsessor... e o amor da minha vida!O mundo parou.O vento cessou de uma vez, como se tivesse sido engolido pelo próprio silêncio. As
AZRAEL ..Houve um completo silêncio, como se algo oculto tivesse sido reprimido, como se as palavras de Ayla tivesse desfeito algo.Ao ouvir as palavras dela, senti que algo dentro de mim havia mudado. A fúria que antes me consumia deu lugar a algo que eu não conseguia nomear. Um sentimento que aquecia meu peito, como se, pela primeira vez, um pedaço perdido de mim finalmente voltasse ao seu devido lugar.Ela estava dizendo a verdade. Eu sabia.O amor da vida dela.As palavras de Ayla ecoaram na minha mente, quebrando barreiras que eu nem sabia que existiam. Eu sempre soube que havia algo diferente nela, ou na sombra dela que constantemente percorria a minha mente. Desde o instante em que a vi em minha mente, algo dentro de mim sussurrava que ela era minha. Mas agora, essa certeza era avassaladora. Eu não sabia quem eu era, mas sabia que meu destino estava entrelaçado ao dela. Sempre esteve.Minha respiração estava pesada, e quando olhei para Ayla, vi que ela me observava com um mi
AYLA . . O silêncio de Azrael pesava entre nós conforme avançávamos pela trilha. O único som era o farfalhar das folhas secas sob nossos passos e a brisa cortante que dançava entre as árvores. Mesmo sem olhar diretamente para ele, eu sentia a tensão em seu corpo. Ele segurava minha mão, mas seu aperto era firme demais, como se estivesse tentando se controlar. A inquietação cresceu dentro de mim, e eu não consegui ignorar. Eu precisava saber sobre o quê ele estava pensando, mas me arrependi amargamente de ter perguntado. Ele demorou um segundo para responder, os olhos fixos no caminho à frente, e simplesmente disse que não era algo para se conversar naquele momento. Essa simples resposta já foi o suficiente para me deixar em alerta. Franzi o cenho, puxando-o pelo braço para que me olhasse. Ele suspirou, mas finalmente virou o rosto para mim.Eu achava que ele estava escondendo algo de mim, e realmente estava, eu só não esperava que ele me acusasse de forma tão agressiva.Ele
AZRAEL . . Não tinha forma melhor de ter aquela conversa, Ayla iria arrancar aquela resposta de mim de qualquer jeito, mas fiquei mais tranquilo em saber que ela havia aceitado deixar aquela conversa pra outro momento, uma tranquilidade que durou pouco tempo. Cada passo que eu dava pela trilha ao lado de Ayla, mais pesado meu peito se tornava. O silêncio entre nós era quase sufocante, preenchido apenas pelos sons da natureza ao redor. Mas dentro de mim, uma tempestade se formava. Convenci Ayla a deixar essa conversa para outro momento, mas por quanto tempo? Quanto tempo até ela exigir saber toda a verdade? E pior... como ela reagiria ao descobrir que Laila era prima de Ethan e tinha livre acesso à casa onde estávamos indo? A ideia me deixou ainda mais irritado. Eu queria arrancar aquela informação do meu próprio peito antes que Ayla a encontrasse por conta própria. Meu instinto me dizia que seria inevitável. E quando acontecesse, eu teria que enfrentar outra tempestade.
Ethan abriu a boca, fechou, abriu de novo, piscou algumas vezes, como se tentasse processar a cena diante dele. Finalmente, soltou um sussurro rouco: — Como isso é possível? Então ela é? Nossa, mas como? Antes que eu pudesse sequer tentar formular uma resposta decente, Laila estreitou os olhos e repetiu, dessa vez com mais impaciência: — Alôo? Alguém vai me responder quem é essa garota? Ayla, sem perder tempo, tomou a frente e estendeu a mão, sua expressão mais desafiadora do que educada. — Eu sou Ayla. Laila cruzou os braços, olhando-a de cima a baixo, como se tentasse decifrar um enigma. — Eu sou Laila. O silêncio que se seguiu foi sufocante. Um tipo de silêncio que antecede uma explosão. Ayla virou a cabeça lentamente para mim, seus olhos cravados nos meus, exigindo uma resposta. Eu sabia o que ela queria perguntar. O que ela já suspeitava. Eu podia ver o desmoronamento se formando em seus pensamentos. — Ela é...? Ayla começou, mas eu me antecipei, cortando qual
AYLA..Eu caminhava ao lado de Azrael pela trilha, sentindo o peso de um silêncio que parecia gritar dentro de mim. Cada passo que eu dava me fazia sentir mais e mais a tensão que pairava entre nós. Ele falava, tentava puxar assunto, mas as palavras dele pareciam um ruído distante. Eu não conseguia responder. Não queria responder.Minha mente estava mergulhada em um turbilhão de sentimentos conflitantes. A cada minuto, a cada olhar que ele lançava na minha direção, minha mente insistia em voltar para aquela maldita verdade que eu ainda não sabia. E se eu não sabia, era porque ele não queria que eu soubesse.O que Azrael tanto escondia? Por que parecia tão desesperado para evitar esse assunto? O que era tão terrível que o fazia escolher o silêncio ao invés de simplesmente me contar? Eu não era idiota. Sabia que, cedo ou tarde, a verdade viria à tona. Mas era esse o problema: eu sentia que quando isso acontecesse, eu não estaria pronta para ouvir.Tentei me agarrar ao caminho, focar n
AZRAEL ..O silêncio reinava no ambiente como se nós dois ainda tivéssemos analisando o que havia acabado de acontecer. Ayla olhou pra algo atrás de mim, Quando virei o rosto, vi Ethan e Laila, ambos paralisados, os olhos arregalados e a expressão de puro espanto.Foi Ethan quem quebrou o silêncio primeiro:— Azrael… o que foi isso?Ele deu um passo à frente, os olhos escuros cravados nos meus com uma mistura de receio e curiosidade.— Sua voz… Ele engoliu em seco. — Parecia sombria… Tenebrosa. Como um trovão.Laila cruzou os braços, mas sua postura rígida denunciava seu desconforto.— Não parecia, Ethan. Ela me encarou como se tentasse descobrir se eu era um monstro disfarçado de homem. — Ele soou exatamente como um demônio. Eu nunca presenciei nada parecido.Meus punhos se fecharam. Não porque eu soubesse como responder, mas porque algo dentro de mim queria revidar. Algo primal. Algo que não entendia bem, mas que se revirava no fundo da minha alma, faminto por se libertar.F
AYLA..Meu peito subia e descia em um ritmo irregular, enquanto a tensão pairava no ar. Ethan e Laila, ambos imóveis, os olhos arregalados, como se tivessem acabado de presenciar um pesadelo ao vivo.Quando Ethan falou, sua voz estava cheia de receio e incredulidade. Eu vi nos olhos dele a mistura de medo e curiosidade ao encarar Azrael, como se estivesse diante de algo que não compreendia. Mas foi Laila quem deixou claro o que realmente pensava. Ela não apenas estava desconfiada, ela estava aterrorizada. E fez questão de deixar isso evidente ao insinuar que Azrael soava como um demônio.Meu sangue ferveu na hora.Quem ela pensava que era para rotulá-lo dessa maneira? Eu não permitiria que ninguém o tratasse como um monstro.Minha resposta veio afiada, carregada da minha insolência recém descoberta, eu havia mudado, tudo o que eu havia passado estava me transformando em uma versão segura, totalmente diferente da garota medrosa e ingênua que eu era antes de partir.Aquilo era mais do