AZRAEL ..Uma onda de alívio tomou conta de mim quando Ayla aceitou ficar e explicar tudo, mas ao mesmo tempo eu me sentia em uma montanha russa, a todo minuto algo novo acontecia, e pra ser bem realista, a presença de Laila não estava ajudando em nada.Nós sentamos no sofá, mas Ethan estava claramente tenso, e ele inventou de preparar a comida como desculpa para disfarçar, eu sabia que ele estava apreensivo com o que descobriria a meu respeito.Enquanto isso, Laila tentou criar situações para deixar Ayla desconfortável. Eu estava prestes a enlouquecer com essa duas.Depois de um tempo, Ethan voltou, aparentemente com o espírito mais equilibrado, e pudemos enfim inciar aquela conversa.Cada palavra que saía da boca de Ayla era como uma lâmina cortando minha mente, me atingindo de formas que eu não conseguia compreender por completo. Eu apenas sentia. Sentia a verdade se desdobrar diante de mim, fragmentos de um passado que eu não lembrava, mas que, de alguma forma, pareciam tão reai
AYLA . . Eu respirei fundo antes de falar. Eu sentia o olhar de todos sobre mim, especialmente o de Azrael, que parecia tenso, esperando por minha resposta. — Aconteceu uma coisa quando eu estava na casa da prima da minha avó. O silêncio era quase insuportável. Azrael parecia em alerta máximo, e Ethan e Laila aguardavam ansiosos. Eu não queria lembrar daquilo, mas não tinha mais como evitar. — Naquele dia... Comecei, sentindo um calafrio percorrer minha espinha. Eu parecia estar dormindo, mas minha alma foi arrancada do meu corpo e levada até as montanhas. Eu sentia o vento cortando minha pele, o frio tomando conta de mim. E então, ele apareceu. Os olhos de Azrael se estreitaram. Ele já sabia de quem eu estava falando. Ethan e Laila pareciam confusos, mas atentos. — Era um anjo... Mas não como Azrael. continuei. — Ele era diferente. Escuro como a noite, olhos que pareciam fendas ardentes. Ele não era apenas um anjo obsessor. Ele era algo pior. E ele me fez uma proposta.
AZRAEL ..Ouvindo Ayla falar, senti um frio profundo se espalhar pelo meu peito, algo que eu nunca havia sentido antes. Minha fúria costumava ser um fogo incontrolável, uma labareda que consumia tudo à sua volta. Mas, naquele momento, era diferente. Era uma fúria gélida, cortante, como se cada palavra dela cravasse uma lâmina afiada dentro de mim.Eu já estava desconfiado que havia algo por trás da perseguição do anjo com Ayla, mas ouvir aquilo com todas as palavras foi como um soco no estômago. Aquele desgraçado teve a ousadia de se apresentar a ela, de tentar arrancá-la de mim com falsas promessas.Mas o que me destruiu foi a ameaça.Nossos filhos.Aqueles que ainda nem existiam, aqueles que só poderiam nascer de um amor verdadeiro, da fusão de nossas essências, estavam condenados a morrer antes mesmo de ver a luz do mundo. Isso, caso Ayla não me abandonasse.A ira dentro de mim transbordou. Meu corpo se moveu antes que minha mente pudesse processar. Levantei-me tão rápido que
AYLA ..Eu ouvi atentamente tudo o que Ethan disse depois da minha revelação, parecia que ele tinha um pouco de entendimento sobre vidas passadas, e de alguma forma as coisas que ela falava faziam sentido, mas quando ele falou de livros, de pesquisa, as coisas começaram a se desembaralhar na minha mente.Eu senti meu coração acelerar e minha respiração ficar errática. Meu corpo reagia antes mesmo da minha mente processar o que acabara de lembrar. Me levantei abruptamente, as palavras saindo da minha boca antes que eu pudesse sequer organizá-las:— Não, não foi o anjo que falou dos meus futuros filhos nascerem mortos! Meu Deus, como eu pude ter esquecido disso?Todos me encararam com expressões confusas e alertas. O olhar de Azrael se estreitou, como se ele tentasse captar os detalhes que eu ainda não tinha conseguido expressar.Ethan foi o primeiro a reagir:— Espera, o anjo não ameaçou seus futuros filhos de morte?Levei as mãos à cabeça, tentando organizar os pensamentos que, agor
AZRAEL ..Ethan tinha uma teoria, e tudo o que ele falava tinha um peso dobrado para mim, o cara era cheio de conhecimentos, ele sabia de coisas que iam além do meu entendimento.Eu estava disposto a desbravar o que fosse preciso para obter as respostas para as minhas dúvidas, mas Ayla, em determinado momento, se levantou abruptamente, como se tivesse lembrado de algo.Quando ela começou a falar e a explicação que havia se confundido na sequência das coisas que ela vivenciou e descobriu, um choque percorreu meu corpo como uma corrente elétrica. Não fora um anjo que havia proferido aquela maldição. Fora uma humana que havia explicado as consequências do nosso envolvimento. Alguém da linhagem dela, alguém que sabia da verdade muito antes de nós.O nascimento de um filho… um filho meu… um filho nosso… poderia quebrar a maldição.Por um momento, esqueci-me de tudo. Do peso da minha existência, da missão que deveria seguir, do que eu era e do que deveria ser. Um lampejo de esperança ace
AYLA ..O estalo ecoou pela casa, mergulhando-nos em uma escuridão opressora. Mas não era apenas a ausência de luz. Era algo muito pior. Era como se a própria noite houvesse ganhado forma, como se aquele maldito anjo invisível estivesse nos espreitando, esperando o momento certo para nos destruir.Meu corpo se arrepiou de imediato. O ar tornou-se denso, pesado, sufocante. Um terror primitivo tomou conta de mim antes mesmo que eu tivesse consciência plena do que estava acontecendo. Foi instintivo. A presença gelada dele roçou minha pele, e eu soube. Ele estava ali.Minha respiração falhou. O medo me fez congelar no lugar, e mesmo assim, minha mente gritava para que eu corresse, para que me escondesse, para que fizesse qualquer coisa além de permanecer imóvel, esperando pelo inevitável.E então, a voz ecoou pela casa.Minha garganta secou, e meu estômago revirou. A ameaça foi clara, cortante como uma lâmina afiada, antes que qualquer mudança pudesse acontecer, antes que nossa decisão
AYLA..Meu nome é Ayla, e durante 18 anos, vivi sobre o manto das tradições da minha família.Fui ensinada desde pequena que a pureza era o meu maior tesouro, algo a ser protegido a todo custo.As mulheres da minha linhagem só podiam se casar aos 21 anos, e até lá, a virgindade deveria ser mantida como prova de honra e respeito, era uma regra inquestionável, e eu nunca pensei em desafiá-la.Havia muitos pretendentes à minha volta, todos de boas famílias, todos sabendo que, até os 21 anos, não poderiam me tocar.Para eles, era um privilégio poder esperar, uma prova de paciência e desejo. Para mim, era uma responsabilidade que eu carregava com orgulho.Eu acreditava plenamente no valor dessa tradição e no que ela representava para mim e para a minha família.Mas então, algo aconteceu. Algo que eu jamais poderia prever ou entender.Tudo começou em uma noite comum, como qualquer outra.Eu estava no meu quarto, pronta pra dormir, quando senti um frio estranho, que parecia emanar das pare
Desde que Azrael apareceu, eu dormia inquieta, mas no dia seguinte em que estive com a minha avó, durante a noite, caí num sono profundo, como se uma força invisível me puxasse para um mundo desconhecido. Eu estava em um campo, a grama alta balançando suavemente ao vento, a lua cheia iluminando tudo com um brilho prateado. O ar era fresco, e uma sensação de paz me envolveu, tão diferente do que eu vinha sentindo nas últimas semanas.De repente, senti uma presença atrás de mim, me virei e o vi. Azrael estava ali, ainda mais bonito e envolvente do que eu me lembrava. Suas asas se abriam lentamente, como se estivesse prestes a me abraçar. E, naquele momento, não senti medo, mas um desejo intenso e desconhecido que começou a queimar dentro de mim.Ele se aproximou lentamente, seus olhos fixos nos meus, me hipnotizando. Quando estava perto o suficiente, senti sua mão deslizar pelo meu braço, um toque leve que enviou uma onda de calor pelo meu corpo. Era como se cada célula minha responde