A tensão no ambiente era palpável, carregada por um silêncio incômodo e pela tempestade lá fora, que ameaçava desabar a qualquer instante. O estalo de um trovão fez os vidros tremerem, mas o que fez meu sangue ferver foi o toque inesperado de Laila em Azrael.Aquela mulher ousada, atrevida, colocou a mão sobre a perna dele, os dedos longos deslizando de forma intencional, como se quisesse provar um ponto. Meu olhar se ergueu lentamente, passando pela mão dela e subindo até seu rosto. Ela me encarava com um brilho desafiador nos olhos, um sorriso presunçoso nos lábios.Meu coração martelou no peito, não de ciúmes, mas de ódio. Eu me recusei a desviar o olhar, me recusando a permitir que ela achasse que poderia me provocar daquela forma. Então, encarei Azrael, esperando por sua reação.E ele percebeu.Azrael franziu a testa e, sem hesitar, pegou a mão de Laila e a afastou de sua perna com um movimento firme. Seu gesto foi definitivo, e se eu tivesse alguma dúvida sobre o que aquilo sig
Ethan me encarava com expectativa, Laila cruzava os braços e mordia o lábio inferior, como se estivesse pronta para desmontar cada palavra minha. Azrael, ao meu lado, parecia inquieto, como se algo dentro dele soubesse que o que eu estava prestes a dizer mudaria tudo. Sua mão quente repousava sobre minha perna, como se quisesse me lembrar de que estava ali, comigo.Engoli em seco e olhei diretamente para Ethan.— Antes de perder a memória, Azrael não era um homem qualquer. Ele nunca foi humano. Pausei, deixando que minhas palavras se assentassem no ambiente. — Azrael era um anjo. Um anjo obsessor.A reação foi imediata.— Um anjo? Ethan franziu o cenho, confuso. — O que diabos isso significa?Laila riu, sarcástica.— Agora você se superou. Um anjo? Qual é a próxima? Ele era um deus antigo que perdeu os poderes?Azrael, no entanto, não riu. Ele se inclinou levemente para frente, seus olhos vidrados em mim, absorvendo cada sílaba como se algo dentro dele reagisse.— Continue. Sua v
Laila cruzou os braços e me lançou um olhar carregado de malícia antes de perguntar, a voz carregada de veneno:— Você gostava dos toques dele, Ayla?A sala mergulhou em um silêncio tenso. Meu coração não acelerou de raiva, mas sim de antecipação. Eu sabia o que ela estava tentando fazer: me desestabilizar, me expor. Mas eu não cairia tão fácil.Ethan suspirou e olhou para Laila com um misto de irritação e cansaço.— Laila, pare de provocá-la. Isso não vai nos levar a lugar nenhum.Mas eu já tinha decidido responder.Inclinei-me levemente para frente, encarei Laila diretamente nos olhos e deixei um sorriso surgir no canto dos lábios antes de falar, minha voz carregada de uma doçura afiada.— Ah, Laila… se você soubesse como Azrael ficava quando estava perto de mim, não precisaria perguntar isso. Os toques dele não eram simples… ele me conhecia, entendia cada suspiro meu, cada estremecer do meu corpo. Passei as pontas dos dedos pelo braço de Azrael, apenas para reforçar minha provocaç
AZRAEL ..Uma onda de alívio tomou conta de mim quando Ayla aceitou ficar e explicar tudo, mas ao mesmo tempo eu me sentia em uma montanha russa, a todo minuto algo novo acontecia, e pra ser bem realista, a presença de Laila não estava ajudando em nada.Nós sentamos no sofá, mas Ethan estava claramente tenso, e ele inventou de preparar a comida como desculpa para disfarçar, eu sabia que ele estava apreensivo com o que descobriria a meu respeito.Enquanto isso, Laila tentou criar situações para deixar Ayla desconfortável. Eu estava prestes a enlouquecer com essa duas.Depois de um tempo, Ethan voltou, aparentemente com o espírito mais equilibrado, e pudemos enfim inciar aquela conversa.Cada palavra que saía da boca de Ayla era como uma lâmina cortando minha mente, me atingindo de formas que eu não conseguia compreender por completo. Eu apenas sentia. Sentia a verdade se desdobrar diante de mim, fragmentos de um passado que eu não lembrava, mas que, de alguma forma, pareciam tão reai
AYLA . . Eu respirei fundo antes de falar. Eu sentia o olhar de todos sobre mim, especialmente o de Azrael, que parecia tenso, esperando por minha resposta. — Aconteceu uma coisa quando eu estava na casa da prima da minha avó. O silêncio era quase insuportável. Azrael parecia em alerta máximo, e Ethan e Laila aguardavam ansiosos. Eu não queria lembrar daquilo, mas não tinha mais como evitar. — Naquele dia... Comecei, sentindo um calafrio percorrer minha espinha. Eu parecia estar dormindo, mas minha alma foi arrancada do meu corpo e levada até as montanhas. Eu sentia o vento cortando minha pele, o frio tomando conta de mim. E então, ele apareceu. Os olhos de Azrael se estreitaram. Ele já sabia de quem eu estava falando. Ethan e Laila pareciam confusos, mas atentos. — Era um anjo... Mas não como Azrael. continuei. — Ele era diferente. Escuro como a noite, olhos que pareciam fendas ardentes. Ele não era apenas um anjo obsessor. Ele era algo pior. E ele me fez uma proposta.
AZRAEL ..Ouvindo Ayla falar, senti um frio profundo se espalhar pelo meu peito, algo que eu nunca havia sentido antes. Minha fúria costumava ser um fogo incontrolável, uma labareda que consumia tudo à sua volta. Mas, naquele momento, era diferente. Era uma fúria gélida, cortante, como se cada palavra dela cravasse uma lâmina afiada dentro de mim.Eu já estava desconfiado que havia algo por trás da perseguição do anjo com Ayla, mas ouvir aquilo com todas as palavras foi como um soco no estômago. Aquele desgraçado teve a ousadia de se apresentar a ela, de tentar arrancá-la de mim com falsas promessas.Mas o que me destruiu foi a ameaça.Nossos filhos.Aqueles que ainda nem existiam, aqueles que só poderiam nascer de um amor verdadeiro, da fusão de nossas essências, estavam condenados a morrer antes mesmo de ver a luz do mundo. Isso, caso Ayla não me abandonasse.A ira dentro de mim transbordou. Meu corpo se moveu antes que minha mente pudesse processar. Levantei-me tão rápido que
AYLA ..Eu ouvi atentamente tudo o que Ethan disse depois da minha revelação, parecia que ele tinha um pouco de entendimento sobre vidas passadas, e de alguma forma as coisas que ela falava faziam sentido, mas quando ele falou de livros, de pesquisa, as coisas começaram a se desembaralhar na minha mente.Eu senti meu coração acelerar e minha respiração ficar errática. Meu corpo reagia antes mesmo da minha mente processar o que acabara de lembrar. Me levantei abruptamente, as palavras saindo da minha boca antes que eu pudesse sequer organizá-las:— Não, não foi o anjo que falou dos meus futuros filhos nascerem mortos! Meu Deus, como eu pude ter esquecido disso?Todos me encararam com expressões confusas e alertas. O olhar de Azrael se estreitou, como se ele tentasse captar os detalhes que eu ainda não tinha conseguido expressar.Ethan foi o primeiro a reagir:— Espera, o anjo não ameaçou seus futuros filhos de morte?Levei as mãos à cabeça, tentando organizar os pensamentos que, agor
AZRAEL ..Ethan tinha uma teoria, e tudo o que ele falava tinha um peso dobrado para mim, o cara era cheio de conhecimentos, ele sabia de coisas que iam além do meu entendimento.Eu estava disposto a desbravar o que fosse preciso para obter as respostas para as minhas dúvidas, mas Ayla, em determinado momento, se levantou abruptamente, como se tivesse lembrado de algo.Quando ela começou a falar e a explicação que havia se confundido na sequência das coisas que ela vivenciou e descobriu, um choque percorreu meu corpo como uma corrente elétrica. Não fora um anjo que havia proferido aquela maldição. Fora uma humana que havia explicado as consequências do nosso envolvimento. Alguém da linhagem dela, alguém que sabia da verdade muito antes de nós.O nascimento de um filho… um filho meu… um filho nosso… poderia quebrar a maldição.Por um momento, esqueci-me de tudo. Do peso da minha existência, da missão que deveria seguir, do que eu era e do que deveria ser. Um lampejo de esperança ace