AZRAEL . . Não tinha forma melhor de ter aquela conversa, Ayla iria arrancar aquela resposta de mim de qualquer jeito, mas fiquei mais tranquilo em saber que ela havia aceitado deixar aquela conversa pra outro momento, uma tranquilidade que durou pouco tempo. Cada passo que eu dava pela trilha ao lado de Ayla, mais pesado meu peito se tornava. O silêncio entre nós era quase sufocante, preenchido apenas pelos sons da natureza ao redor. Mas dentro de mim, uma tempestade se formava. Convenci Ayla a deixar essa conversa para outro momento, mas por quanto tempo? Quanto tempo até ela exigir saber toda a verdade? E pior... como ela reagiria ao descobrir que Laila era prima de Ethan e tinha livre acesso à casa onde estávamos indo? A ideia me deixou ainda mais irritado. Eu queria arrancar aquela informação do meu próprio peito antes que Ayla a encontrasse por conta própria. Meu instinto me dizia que seria inevitável. E quando acontecesse, eu teria que enfrentar outra tempestade.
Ethan abriu a boca, fechou, abriu de novo, piscou algumas vezes, como se tentasse processar a cena diante dele. Finalmente, soltou um sussurro rouco: — Como isso é possível? Então ela é? Nossa, mas como? Antes que eu pudesse sequer tentar formular uma resposta decente, Laila estreitou os olhos e repetiu, dessa vez com mais impaciência: — Alôo? Alguém vai me responder quem é essa garota? Ayla, sem perder tempo, tomou a frente e estendeu a mão, sua expressão mais desafiadora do que educada. — Eu sou Ayla. Laila cruzou os braços, olhando-a de cima a baixo, como se tentasse decifrar um enigma. — Eu sou Laila. O silêncio que se seguiu foi sufocante. Um tipo de silêncio que antecede uma explosão. Ayla virou a cabeça lentamente para mim, seus olhos cravados nos meus, exigindo uma resposta. Eu sabia o que ela queria perguntar. O que ela já suspeitava. Eu podia ver o desmoronamento se formando em seus pensamentos. — Ela é...? Ayla começou, mas eu me antecipei, cortando qual
AYLA..Eu caminhava ao lado de Azrael pela trilha, sentindo o peso de um silêncio que parecia gritar dentro de mim. Cada passo que eu dava me fazia sentir mais e mais a tensão que pairava entre nós. Ele falava, tentava puxar assunto, mas as palavras dele pareciam um ruído distante. Eu não conseguia responder. Não queria responder.Minha mente estava mergulhada em um turbilhão de sentimentos conflitantes. A cada minuto, a cada olhar que ele lançava na minha direção, minha mente insistia em voltar para aquela maldita verdade que eu ainda não sabia. E se eu não sabia, era porque ele não queria que eu soubesse.O que Azrael tanto escondia? Por que parecia tão desesperado para evitar esse assunto? O que era tão terrível que o fazia escolher o silêncio ao invés de simplesmente me contar? Eu não era idiota. Sabia que, cedo ou tarde, a verdade viria à tona. Mas era esse o problema: eu sentia que quando isso acontecesse, eu não estaria pronta para ouvir.Tentei me agarrar ao caminho, focar n
AZRAEL ..O silêncio reinava no ambiente como se nós dois ainda tivéssemos analisando o que havia acabado de acontecer. Ayla olhou pra algo atrás de mim, Quando virei o rosto, vi Ethan e Laila, ambos paralisados, os olhos arregalados e a expressão de puro espanto.Foi Ethan quem quebrou o silêncio primeiro:— Azrael… o que foi isso?Ele deu um passo à frente, os olhos escuros cravados nos meus com uma mistura de receio e curiosidade.— Sua voz… Ele engoliu em seco. — Parecia sombria… Tenebrosa. Como um trovão.Laila cruzou os braços, mas sua postura rígida denunciava seu desconforto.— Não parecia, Ethan. Ela me encarou como se tentasse descobrir se eu era um monstro disfarçado de homem. — Ele soou exatamente como um demônio. Eu nunca presenciei nada parecido.Meus punhos se fecharam. Não porque eu soubesse como responder, mas porque algo dentro de mim queria revidar. Algo primal. Algo que não entendia bem, mas que se revirava no fundo da minha alma, faminto por se libertar.F
AYLA..Meu peito subia e descia em um ritmo irregular, enquanto a tensão pairava no ar. Ethan e Laila, ambos imóveis, os olhos arregalados, como se tivessem acabado de presenciar um pesadelo ao vivo.Quando Ethan falou, sua voz estava cheia de receio e incredulidade. Eu vi nos olhos dele a mistura de medo e curiosidade ao encarar Azrael, como se estivesse diante de algo que não compreendia. Mas foi Laila quem deixou claro o que realmente pensava. Ela não apenas estava desconfiada, ela estava aterrorizada. E fez questão de deixar isso evidente ao insinuar que Azrael soava como um demônio.Meu sangue ferveu na hora.Quem ela pensava que era para rotulá-lo dessa maneira? Eu não permitiria que ninguém o tratasse como um monstro.Minha resposta veio afiada, carregada da minha insolência recém descoberta, eu havia mudado, tudo o que eu havia passado estava me transformando em uma versão segura, totalmente diferente da garota medrosa e ingênua que eu era antes de partir.Aquilo era mais do
A tensão no ambiente era palpável, carregada por um silêncio incômodo e pela tempestade lá fora, que ameaçava desabar a qualquer instante. O estalo de um trovão fez os vidros tremerem, mas o que fez meu sangue ferver foi o toque inesperado de Laila em Azrael.Aquela mulher ousada, atrevida, colocou a mão sobre a perna dele, os dedos longos deslizando de forma intencional, como se quisesse provar um ponto. Meu olhar se ergueu lentamente, passando pela mão dela e subindo até seu rosto. Ela me encarava com um brilho desafiador nos olhos, um sorriso presunçoso nos lábios.Meu coração martelou no peito, não de ciúmes, mas de ódio. Eu me recusei a desviar o olhar, me recusando a permitir que ela achasse que poderia me provocar daquela forma. Então, encarei Azrael, esperando por sua reação.E ele percebeu.Azrael franziu a testa e, sem hesitar, pegou a mão de Laila e a afastou de sua perna com um movimento firme. Seu gesto foi definitivo, e se eu tivesse alguma dúvida sobre o que aquilo sig
Ethan me encarava com expectativa, Laila cruzava os braços e mordia o lábio inferior, como se estivesse pronta para desmontar cada palavra minha. Azrael, ao meu lado, parecia inquieto, como se algo dentro dele soubesse que o que eu estava prestes a dizer mudaria tudo. Sua mão quente repousava sobre minha perna, como se quisesse me lembrar de que estava ali, comigo.Engoli em seco e olhei diretamente para Ethan.— Antes de perder a memória, Azrael não era um homem qualquer. Ele nunca foi humano. Pausei, deixando que minhas palavras se assentassem no ambiente. — Azrael era um anjo. Um anjo obsessor.A reação foi imediata.— Um anjo? Ethan franziu o cenho, confuso. — O que diabos isso significa?Laila riu, sarcástica.— Agora você se superou. Um anjo? Qual é a próxima? Ele era um deus antigo que perdeu os poderes?Azrael, no entanto, não riu. Ele se inclinou levemente para frente, seus olhos vidrados em mim, absorvendo cada sílaba como se algo dentro dele reagisse.— Continue. Sua v
Laila cruzou os braços e me lançou um olhar carregado de malícia antes de perguntar, a voz carregada de veneno:— Você gostava dos toques dele, Ayla?A sala mergulhou em um silêncio tenso. Meu coração não acelerou de raiva, mas sim de antecipação. Eu sabia o que ela estava tentando fazer: me desestabilizar, me expor. Mas eu não cairia tão fácil.Ethan suspirou e olhou para Laila com um misto de irritação e cansaço.— Laila, pare de provocá-la. Isso não vai nos levar a lugar nenhum.Mas eu já tinha decidido responder.Inclinei-me levemente para frente, encarei Laila diretamente nos olhos e deixei um sorriso surgir no canto dos lábios antes de falar, minha voz carregada de uma doçura afiada.— Ah, Laila… se você soubesse como Azrael ficava quando estava perto de mim, não precisaria perguntar isso. Os toques dele não eram simples… ele me conhecia, entendia cada suspiro meu, cada estremecer do meu corpo. Passei as pontas dos dedos pelo braço de Azrael, apenas para reforçar minha provocaç