Algumas horas depois Alice Depois daquela visita, dona Olga tem uma leve alteração na pressão. Mas, graças a Deus, tudo se normaliza. Ela é transferida para um hospital particular, onde fazem todos os exames necessários para avaliar seu verdadeiro estado de saúde. Filipe cuida de tudo e, como sempre, é prestativo e gentil com todos nós. Agora estou na lanchonete do hospital com Damares, enquanto PG e Filipe conversam do lado de fora. Estou nervosa. Sei que PG compreendeu que tudo não passou de um mal-entendido e que Filipe não era nada daquilo que ele imaginava. Mas nunca se sabe o que pode acontecer, ainda mais com um homem tão explosivo e imprevisível como PG. — Você não acha que eles estão demorando muito para voltar? — pergunto, apreensiva. — Eles saíram daqui há menos de cinco minutos. Não acha que é pouco tempo para pôr o papo em dia? — Damares responde, mastigando um pedaço do seu segundo sanduíche natural. — E você, não acha que está comendo rápido demais? Isso pode fa
Alice— Segura essa bomba, amiga. — Damares fala baixo e se afasta em direção à cozinha.— Joel? Que surpresa! — falo, olhando para a porta onde ele está, mas logo desvio para PG ao meu lado, que trinca o maxilar e aperta o punho.Era só o que me faltava: uma guerra justamente agora. Ainda bem que as visitas já foram embora e dona Olga subiu para descansar em seu quarto. O único inconveniente é que Filipe não está aqui, porque, caso aconteça uma confusão, ele é o único capaz de apaziguar.Socorro, Deus!— Oi, Lice! Estou ligando para você desde ontem, mas só cai na caixa postal, e como você não foi trabalhar hoje, fiquei preocupado e decidi aparecer. — Joel fala, e sinto a proximidade de PG, que segura minha cintura como uma fera marcando território.— É que... — hesito, olhando para PG, que parece um iceberg, tão frio e silencioso. — Aconteceu uma série de problemas depois que nos despedimos, e um deles foi com o celular que você me deu... Ele desapareceu. — falo sem jeito, e de repe
Alice Com os olhos marejados e o coração batendo a mil por hora, com toda a verdade que existe dentro de mim, encaro PG e digo: — Eu não sei como te ensinar algo que sinto pela primeira vez na vida. — Dou uma pausa, tentando segurar a emoção que transborda dentro de mim. — Mas, se quiser, podemos aprender juntos. PG não diz nada. Apenas fica de pé, segura minha mão e me puxa para mais perto. Seu olhar brilha, intenso e profundo, tão diferente do dia em que nos conhecemos. Naquele dia, seus olhos estavam sombrios, vazios e perdidos. Agora, estamos ambos emocionados. Esperamos tanto, e agora, inacreditavelmente, estamos aqui, silenciosos, dizendo o que sentimos sem precisar de uma única palavra. Não há como negar: assim como dona Olga disse, estamos destinados um ao outro. Já passamos por tantas coisas para estarmos juntos, e parece que tudo isso serviu unicamente para nos fortalecer e blindar nosso amor. "Meu Deus, como eu o amo." Agora, com nossos corpos colados e os olhos
PGA ficha ainda não cai, e até agora estou tentando acreditar que Alice me aceita na vida dela. Nestes trinta anos de vida, nunca me sinto tão vivo como hoje. Agora, sinto que tenho um coração dentro do peito que bate numa frequência louca sempre que minha garota está ao meu lado. Ela, com sua pureza, inocência e garra, faz renascer dentro de mim uma vontade monstruosa de viver e conquistar o que chamam por aí de verdadeira felicidade. Com Alice ao meu lado, sinto-me livre, mesmo inconscientemente sabendo que minha vida continua presa no erro do tráfico. A certeza de que preciso ser um homem melhor e mudar para ser merecedor do seu amor queima meu peito. E o pior é que tenho certeza de que conseguir essa mudança significa trilhar um caminho difícil e, principalmente, destruir os demônios que existem dentro de mim.Enfim... Meu objetivo é tornar Alice a mulher mais feliz deste mundo, mas para isso, uma grande transformação precisa acontecer primeiro dentro de mim.Fico pensando em tud
PG Geral fica sem saber o que dizer até ouvir Patrícia abrir a boca e soltar uma das merdas dela. — Eu te disse que era melhor pedir nosso lanche pelo aplicativo, Emilie. Assim, não veríamos essa cena ridícula. — Patrícia fala, e eu já estou levantando quando Alice segura meu braço, me impedindo. — Por favor, se acalma. A Emilie está aqui. — Alice diz baixo, próximo ao meu ouvido. — Essa sequelada dos infernos encheu a cabeça da garota. Olha como a Emilie tá olhando pra gente. — Falo, e Alice abre um sorriso para Emilie, que continua do mesmo jeito. — Oi, minha princesa! Não vai dar um abraço na tia? — Alice sorri, de braços abertos. — Não sou tua princesa, e você não é mais minha tia preferida. Eu não gosto de gente mentirosa. — Emilie fala com raiva, e sua voz sai embargada. — Meu Deus! Por que ela te tratou assim, amiga? — Damares pergunta, tão confusa quanto todos nós, e vejo Alice paralisada. — Amor... tá tudo bem? — Pergunto, preocupado. — É que... eu não sei o que fiz
PGChego em casa soltando fogo pelas ventas, com um ódio tão grande que seria capaz de matar o primeiro imbecil que surgisse no meu caminho. Patrícia sempre foi a pedra no meu sapato, mas hoje ela extrapola.Ainda segurando o braço dela, invado a sala, e antes que eu faça alguma merda da qual vá me arrepender depois, jogo-a com força no sofá reclinável de três lugares. Patrícia me encara afrontosa. Seu olhar está diferente, como se tivesse sido fortalecida por alguém, mas não diz uma única palavra. Estranho. Alguma coisa acontece para ela estar agindo desse jeito. Bebida não é, até porque ela tá zerada, e nenhum comerciante vai fortalecer alguma coisa sem o meu aval. Tem merda aí, e eu vou descobrir.Com as mãos cruzadas acima da cabeça, caminho de um lado para o outro, nervoso. Não é a primeira vez que Patrícia me tira do sério, mas desta vez ela vai longe demais ao meter a Alice no meio dessa porra toda — justamente a mulher por quem estou vidrado e que sempre nos fortaleceu.Sei qu
PG Com a decisão tomada, subo os degraus da escada e sigo direto para o meu quarto. Preciso tomar banho, trocar de roupa e relaxar um pouco antes de enlouquecer de vez. Dessa vez, Patrícia extrapolou, e, se não me afastar dela, sou capaz de estrangular aquela desgraçada. Minha cabeça está a mil por hora—chegada de armamento, fortalecimento das biqueiras, contabilidade—sem falar que já passou da hora de dar um fim no traidor do Jamal. Estou me descuidando dos negócios e das minhas responsabilidades. Sou o chefe, o cabeça, e, se continuar do jeito que está, é mais do que certo que minha queda chegue antes que eu consiga revidar. Nocaute passou a visão de que viram Jamal outra vez rondando a área do Salgom. Pois é, esse pela-saco teve a ousadia de me trair e entregar minha cabeça para aquele miliciano de merda. Mas isso não vai ficar assim. Essa semana mesmo, dou um ponto final nessa situação. Já pronto, vou até o quarto da Cachinhos. Meu peito aperta ao vê-la deitada no colo de Noca
Alguns dias depois...AliceO tempo passa rápido demais. Parece que foi ontem que perdi minha mãe e descobri a possibilidade de ser filha de um médico conceituado. Agora, estou a poucos dias de confirmar se Filipe Belmonte é ou não meu pai biológico.PG e eu estamos mais firmes e apaixonados do que nunca. Todos os dias, ele me leva e me busca no trabalho. Mesmo dizendo que não há necessidade, ele bate o pé e insiste que é pela minha segurança e pela da Emilie. Mas eu sei que, por trás da preocupação, há algo maior. Para evitar discussões constantes, prefiro me calar e aceitar a carona.Desde a noite em que Joel esteve na casa da dona Olga e descobriu sobre meu namoro com PG, ele desapareceu. Soube que pediu transferência para uma creche no interior do estado, e até agora não conversamos. É uma pena, porque o amo como um irmão, e sua ausência me entristece. Mas essa foi sua decisão, e quem sou eu para questionar? Só desejo que, algum dia, ele volte e possamos zerar tudo, e que, em seu