AliceJá no quarto, escolho uma roupa confortável, me visto e desço para preparar o jantar, pois logo a dona Olga estaria por aqui e não era correto que após um dia inteiro trabalhando fora ela ainda tivesse que ir para o fogão cozinhar para todas nós. Ela tem me ajudado muito, e nada mais certo e justo que retribuir todo o seu carinho e a maneira humana como ela me recebeu em sua casa. Faltam poucos dias para eu receber o meu primeiro pagamento, e depois que eu tirar o valor para ofertar na casa de Deus, vou dar um dinheiro para dona Olga e ela aplica onde tiver necessidade na casa. Vou guardar algum dinheiro para eu poder em breve alugar um cantinho para morar, porque não é justo eu ficar aqui na casa da dona Olga para sempre, ela precisa de espaço e eu também preciso seguir a minha vida como uma mulher adulta, e principalmente me afastar dessa comunidade consequentemente do PG, é isso o certo a se fazer e será melhor para todos nós. Tenho que abrir uma conta no banco, mas não sei c
AliceSaí do banheiro e já estava guardando a garrafa de álcool no armário quando Damares surge toda enfezada.— Alice, por que me olhou daquele jeito e me tratou daquela maneira tão grosseira no banheiro? — ela cruzando os braços aguardava por um resposta que no fundo ela sabia muito bem qual era, então eu que não estava com o mínimo de paciência para as infantilidades dele logo esclareço as coisas. — É sério isso? Você realmente não sabe o motivo da minha chateação? — pergunto, sorrio ironicamente e sem dar tempo dela responder, sigo para a cozinha afim de terminar o meu jantar. Porque tudo o que eu queria era comer alguma coisa, depois deitar na cama e dormir até o dia seguinte. Mas, pelo visto, isso não seria tão fácil de conseguir. Damares me seguia até a cozinha e falava sem parar nos meus ouvidos que a essa altura já estavam a ponto de ferver por tanto estresse que passei em tão pouco tempo. — A vida é minha, o corpo é meu e sou eu quem devo decidir o que fazer, não acha? —
AliceMe afasto de Damares, cruzo os braços e impaciente falo:— O que está fazendo aqui? Quem abriu a porta pra você? — isso foi tudo o que consegui perguntar antes do meu corpo inteiro estremecer apenas com a presença dele, do único que me causa as piores e melhores sensações que já tive nessa vida.PG se aproxima, seu olhar era fixo em mim, mas tinha algo diferente que até então eu não conseguia distinguir. Uma de suas mãos estava posicionada atrás do seu corpo, e a outra dentro do bolso da sua bermuda. Ainda não consegui compreender o que ele estava fazendo aqui, principalmente depois de ter me feito de palhaça dentro daquele quarto. E quando penso em dizer alguma coisa, automaticamente o meu corpo começa a sentir tudo o que senti a pouco tempo quando estive em seus braços, e isso me paralisa na hora. Tudo isso só pode ser uma maldição, eu não posso sentir nada além de nojo e repulsa por esse homem. Mas, por que acontece justamente tudo ao contrário? Ao invés de afasta-lo, o meu
Alice Impaciente esfreguei o meu rosto com as duas mãos, e silenciosamente viro de costas e sigo para a cozinha. Eu precisava me acalmar, ou corria o grande risco de cometer um crime. Abro a geladeira e pego uma garrafa com água bem gelada, encho um copo e bebo tudo de uma só vez. Meu corpo inteiro estava tremendo, sem falar na queimação que sentia por dentro. A minha vontade era pular em cima do PG e espanca-lo até cansar pela merda que ele me fez, mas eu não conseguia sequer raciocinar com ele me olhando daquela maneira, imagina avançar nele feito uma fera selvagem. Ai sim, a merda estava feita de vez. Ainda com o copo na mão, fico pensativa, mas saio do transe com a voz da Damares atrás de mim. — Amiga, o que vamos fazer? — Damares chega junto mais nervosa do que eu — Eu não sei. Seria mais fácil arrancar ele daqui se a tua tia colaborasse. Mas, o que ela fez só piorou a nossa situação. Ainda não entendo porque ela defende tanto o PG. — falo baixo de frente para a pia e levo u
AliceFechei a porta com força, apoiando as mãos no alumínio enquanto sentia o coração batendo forte. As lágrimas que eu tanto segurei começaram a escorrer, mas eu as limpei rapidamente, recusando-me a deixar PG ou qualquer um me ver naquele estado.— Você tá bem, minha filha? — Dona Olga perguntou com voz suave, se aproximando devagar.— Tô, tô sim. Só preciso de um minuto. — respondi, sem me virar. Eu não podia encarar ninguém agora.Dona Olga ficou em silêncio por alguns segundos, mas logo percebi seus passos se afastando. A casa estava estranhamente quieta agora, como se o caos que PG havia trazido tivesse sumido junto com ele. Mas dentro de mim, nada estava em paz. Tudo ainda estava uma bagunça, como se ele tivesse deixado um furacão e ido embora calmamente, sem se importar com os destroços.Me sentei à mesa, olhando para os cacos de vidro do vaso que ainda não havia terminado de recolher. Era assim que eu me sentia: quebrada em mil pedaços. Cada vez que ele aparecia, parecia me
AliceEnfim, em paz, ou tentando ficar, fomos jantar. Durante todo o tempo ficamos conversando sobre diversos assuntos, menos a respeito do que houve a pouco, pois tudo o que nós menos precisávamos era relembrar o momento conturbado e todo o alvoroço que PG causou. A comida ainda estava morna, então preparei outro suco e tudo estava correndo super bem, até o momento de Damares colocar uma garfada de comida na boca e enjoar mais uma vez.— Damares, o que está acontecendo com você? — dona Olga pergunta ao notar o desconforto de Damares— Nada. Eu devo ter comido algo que não me fez bem, foi só isso. — Damares tentou desviar do assunto, mas dona Olga era muito esperta, e logo perceberia que esse mal estar era por outro motivo muito diferente.Eu finjo que não sei de nada, e trato logo de levantar para buscar a sobremesa, que era pudim de pão que eu havia comprado mais cedo na padaria.— Hum... Que delícia! Assim vou ficar mal acostumada. — sorrio do que dona Olga dizia enquanto se servia
Alice Os dias passaram rápido, sem nenhuma novidade, e enfim chegou sábado. Era para ser motivo de alegria, afinal era o dia que Joel e eu íamos até o cinema, mas era nítido que nada disso aconteceria, pois fazem muitos dias que não o vejo e ele sequer me procurou para se desculpar pela sua grosseria. Confesso que até cogitei a possibilidade de procurá-lo para resolver aquela situação desagradável que só existia dentro da cabeça dele, mas preferi ficar no meu canto, trabalhar, viver a minha vida como Deus permitia e ficar o mais longe de problemas que eu pudesse. Continuo com o pensamento de encontrar um novo lugar para morar, mas Damares me fez prometer que esperaria mais um pouco, até porque a situação que ela está passando é muito mais complicada do que a minha, e nada mais correto do que ficar ao lado dela nesse momento delicado. PG também havia desaparecido, não o vi em nenhum dos locais que ele costumava ficar, e isso era muito bom, assim esse sentimento errado que existia den
AliceSeguimos até a entrada do morro, e o motorista já estava nos aguardando. Abre a porta, entrei e logo em seguida Damares faria o mesmo se não fosse por um louco enviado do inferno chamado Jamal impedir.— Me solta, Jamal. Ficou louco? — Damares dizia enquanto tentava se desvencilhar daquele brutamontes que a segurava com força pelo braço — Onde tu pensa que vai vestida desse jeito? — Jamal fala fitando Damares de cima abaixo— Isso não é da tua conta. Sou uma mulher livre e faço o que eu quiser da minha vida. — Damares grita e o desgraçado a aperta com mais força, e aquilo só fazia aumentar o meu ódio por aquele monstro— Você é minha mulher, e só faz o que eu mando. Agora sobe na minha moto que vou te levar de volta pro teu barraco, tu vai tirar essa porra do corpo e vestir uma roupa de verdade. Ouviu? — o monstro do Jamal esbraveja — Eu já disse que sou livre e não vou contigo a nenhum lugar. Tá surdo porra? — Damares grita chamando a atenção de todos na rua e o desgraçado do