Horas antes do atentado contra PG...MuzemaAliceJá passavam das sete da noite, eu não sabia o que pensar e muito o que fazer. Sophia não soltava a minha mão por um instante sequer, e muito menos aquele armário ambulante parava de nos seguir. Tudo o que me restava era me deixar guiar e suplicar a Deus que tudo terminasse da melhor maneira possível. Após algum tempo, mais correndo do que caminhando, chegamos no local onde Sophia morava. Fico boquiaberta apenas com a fachada da casa, que era toda revestida de gesso, com pedras portuguesas no chão e no contorno do muro altíssimo. Era cercada por seguranças fortemente armados, sem falar na cerca elétrica em torno de todo terreno, nos alarmes e câmeras de vigilância instalados. Aquilo não era uma casa, mas sim uma prisão, de luxo, contudo não deixava de ser uma jaula. Como uma criança pode crescer feliz em um lugar como esse? Sophia tem muito mais em comum com a Emilie do que eu imaginava. Só ainda não poderia afirmar que o pai a trata
Alice— Ah! Coloca no viva voz, professora. Só por precaução. Sabe como é né, a sua família por desconfiar de alguma coisa. — Salgom me adverte e bufo de raiva por estar sendo obrigada a fazer o quê não quero. Sem ter como escapar, seguro o telefone e finjo discar o número da Damares, mas na realidade disco um numero aleatório, até porque eu não seria louca de pôr em risco a vida da minha amiga. De besta esse Salgom não tinha era nada, mas eu também não sou tão inocente quanto aparento. Se Ele imaginava que me tinha em suas mãos e me dominaria, estava muito engano. Posso até morrer hoje, mas morrerei com dignidade e de cabeça erguida. Se morremos com Deus estamos é no lucro e assim diz a palavra do Senhor:"Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho." (Filipenses 1:21)Entao nessa palavra que eu me segurei naquele momento. Enquanto a ligação chamava o olhar interrogativo de Salgom me deixava cada vez pior e ainda mais constrangida, se é que isso era possível. Por um milagr
AliceSalgom dá uma golada na sua bebida, seca a boca com o guardanapo e com o olhar fixo em mim diz:— Pelo contrário, filha, o papai gostou e muito de conhecer a sua professora. Não é verdade, Alice? — Salgom fala e lança um olhar repleto de segundas intenções Engulo seco e dou de ombros tentando demonstrar indiferença, e apenas falo:— Se o senhor diz, deve ser assim.Robson observa tudo e era óbvio que já havia percebido que as coisas estavam estranhas por ali, e que nada era como parecia ser. Então ele logo interfere:— Não se preocupe com o horário, Alice. Assim que você terminar de contar a história para Sophia, eu te deixo em casa. — Robson diz carinhoso segurando a minha mão— Não quero dar mais trabalho. — falo sem jeito puxando a mão de volta e tentando evitar um contato visual com aquele maldito sujeito sentado a minha frente que nos fuzilava com o olhar— Você não dá trabalho algum, Alice. E, outra, ficarei feliz em fazer algo por alguém que gosta de verdade da minha sob
Alice— Te assustei? — Salgom pergunta dando passos em minha direção— Não. Eu não costumo me assustar com qualquer coisa. — falo firme e com desdém, mas por dentro estava só os nervos — Sei que mentiu e não ligou para sua casa. Por que fez isso? — ele fala firme e me encurrala contra a paredeTento me esquivar, mas era inútil. Esse sujeito era um predador disposto a tudo para abocanhar a sua presa, e para minha desgraça, ele enfiou dentro daquela cabeça louca que a próxima presa deveria ser eu. — Não sei do que está falando. — minto me fazendo de desentendida e desvio o olhar tentando me esquivarSalgom sorri e me encarando diz:— Eu não sou burro, Alice. Acha mesmo que eu teria todo esse império se acreditasse na palavra das pessoas? — Eu não acho nada, até porque não perdi nada. — Salgom sorri e permanece bem próximo me deixando imóvel — E outra, tudo o que penso é que o senhor tem problemas com posessividade, e por isso se sente dono de tudo e de todos. Mas vou logo lhe dando u
AliceNão sei ao certo por quanto tempo fiquei dentro daquele ônibus e muito menos quantas voltas o motorista deu pela cidade, mas foi o suficiente para eu ser vencida pelo cansaço e dormir com a cabeça encostada na janela. Desperto ao sentir as pontas dos dedos do motorista tocar no meu ombro. Assustada e totalmente perdida me afasto. O motorista me encara de um jeito estranho, como se me achasse louca ou algo parecido. Com a costa da mão esfrego meus olhos e agarrada a minha mochila encaro mais uma vez para o motorista que me adverte.— Moça, você precisa descer. Já chegamos no ponto final. — ele fala e só então percebo que o ônibus estava vazioAi meu Deus, onde estou? Não conheço nada aqui no Rio de Janeiro e muito menos sei como voltar para o morro. Que bela ideia você teve de entrar no ônibus sem ver seu destino dona Alice, e agora o que vai fazer?Sem graça e perdida encaro para o motorista que permanece aguardando que eu saisse do veículo para levar o ônibus para a garagem.
Copacabana/RJAlice — Damares, sou eu, Alice. — falo rápido para não abusar do celular do Fagner — Alicinha? Onde você está? Estamos preocupados com você. — agora Damares fala com uma voz diferente, como se estivesse realmente angustiada— Ai, amiga, aconteceram muitas coisas hoje, mas quando chegar em casa te conto melhor. Mas, a principal é que preciso da ajuda, estou em Copacabana e não sei como chegar em casa. — falo e Damares dá um grito de surpresa do outro lado da linha— Ah, meu Deus! O que aconteceu para você chegar até aí, garota? Esse lugar é um perigo em qualquer horário do dia. — Damares começa o seu sermão de sempre, mas logo a corto, primeiro porque eu estava morta de cansada, estressada por tudo o que aconteceu e ainda estava usando o telefone de um desconhecido — Damares, já disse que depois te explico tudo o que aconteceu nos mínimos detalhes, mas agora eu preciso que venha me buscar. Será que pode fazer isso por mim? — falo já sem paciência — Calma amiga. Eu vou
Alice— Você não deveria deixar suas coisas jogadas por ai, mocinha. Isso pode ser perigoso. — Joel fala segurando o par de tênis e a mochila que eu tinha deixado na areia próximo ao bancoAssustada coloco as mãos na boca e virando o corpo falo:— Que susto! — desequilíbro com o susto, e Joel solta os objetos que tinha em sua mão, me segurando pela cintura evitando uma queda — Desculpa, minha linda, não foi minha intenção te assustar. — Joel fala olhando no fundo dos meus olhos, nossos rostos estão próximos e consigo sentir seu aroma amadeirado que exala por seus poros me fazendo suspirar involuntariamente Joel retira suavemente com as pontas dos dedos uma mecha de cabelo que estava no meu rosto e com carinho a coloca atrás da minha orelha direita. Nossas bocas estão muito próximas e isso por alguma razão me incomoda. Nunca beijei ninguém, acreditem se quiser, aos dezoito anos sou virgem no sentido literal da palavra, mas não me envergonho disso. Não que eu tenha criado na minha ment
AliceJoel parecia ler meus pensamentos e com sua voz firme fala:— Não, aqui não tem um restaurante, mas tem uma comida deliciosa. Vem comigo. — Joel já fora do carro abre a porta do carona e estende a mão em minha direção. Mesmo assustada e temerosa, confio nele e o sigo. Entramos no elevador e subimos até a cobertura. Eu ainda estava estranhando todo aquele mistério, mas fiquei em silêncio, pois eu confiava no Joel, afinal ele nunca fez algo de errado para perder a minha confiança. A porta do elevador é aberta e ficamos de frente com a entrada de um apartamento. Encaro para Joel e falo:— O que estamos fazendo aqui, Jô? Pensei que fossemos numa lanchonete ou até em um quiosque na praia. — falo desacreditada — Acha mesmo que na nossa primeira chance de passar um tempo juntos eu te levaria para comer em qualquer lugar? — Então, não entendi. De quem é esse apartamento?Ao perguntar Joel abre a porta e sorrindo fala:— Bem vinda a minha nova casa, me mudei ontem, e você é a minha pr