AliceDesde a morte da minha mãe e logo após ter caído nas mãos do maldito Filadelfio e sofrido tantas monstruosidades, sempre imaginei os piores fins para minha vida, mas nada se compara ao que acabou de acontecer. Nem mesmo em meus piores pesadelos eu cogitaria a possibilidade de ficar frente a frente com aquele demônio outra vez. E menos ainda, que uma menina tão linda como a Emilie, pudesse ser sobrinha de um monstro como aquele sujeito. Eu ainda não entendia como ele pôde nos tratar daquela maneira e pior, agir como um verdadeiro animal partindo pra cima de um homem maravilhoso como Joel.Definitivamente esse desgraçado é um monstro e pelo visto não tem salvação. Tudo o que queríamos era deixar uma aluna que havia sido esquecida na escola em segurança. E o que recebemos com isso? Por pouco não fomos fuzilados.Com Emilie agarrada ao meu pescoço eu não conseguia sequer me mover e tudo ficou pior quando desci do carro e meu olhar se cruzou outra vez com o maldito olhar sombrio da
AliceCom vergonha, encaro para Damares, que estava encostada na coluna a nossa frente e arrependida da minha atitude eu falo:— Me perdoe amiga. Eu não deveria gritar com você desse jeito. — falo entre soluços e fungando sem parar— Tudo bem. Isso acontece. — Damares fala naturalmente, mas no fundo eu sabia que ela estava magoada— Você só queria dá uma notícia, porque não tinha como saber que nós já estávamos cientes de tudo. — Como assim, já estão cientes de tudo? — Damares pergunta com um olhar confuso e ao mesmo tempo curioso— Sabemos, porque nós estávamos na hora da confusão. — Joel afirma— Não me diga que a menina... — Damares mal começa a falar e eu de imediato a interrompo — Sim, amiga, a menina que sumiu é minha aluna. — falo um pouco mais calma— Que babado! — Damares diz boquiaberta — Àquele sujeito é um louco. Por pouco não matou o meu filho. — Silvia fala e volta a chorar Me levanto para consola-la, apesar de que naquele momento eu não era uma boa companhia e nem u
Alice— Alice, por Deus, abaixe essa faca! — dona Olga com uma das mãos à frente do corpo fala nervosa e eu não conseguia tirar os olhos de cima daquele monstro um instante sequer "Ainda não sabia o motivo dessa visita inesperada, mas confesso que aquilo pouco me importava, tudo o que eu menos desejava era rever aquele ogro tão cedo. E eu faria de tudo para ve-lo bem longe daqui... Nada que venha desse sujeito é bom e se ele tentar algo eu não responderei por meus atos." — penso enquanto trincava meu maxilar tamanha raiva que sentia— Eu não posso! E se esse monstro tentar algo contra todas nós? — falo agitada segurando com mais força no cabo da faca e o maldito ali com as mãos apoiadas na porta me encarando como se nada tivesse acontecido. Eu poderia afirmar que ele estava se divertindo com toda aquela situação grotesca e isso só servia para uma coisa: Que eu o odiasse ainda mais."Aí! Eu odeio esse sujeito com todas as minhas forças." — resmungo mentalmente e volto a trincar o maxi
AliceNaquele momento não consigo pensar em nada além de baixar a febre da Emilie e ve-la bem novamente. Então, rapidamente a carrego no colo e olho aflita para PG perguntando:— Onde fica o quarto dela?Ele me encara de um jeito estranho, como se não acreditasse que aquilo estivesse realmente acontecendo e principalmente, que eu teria aquela reação depois de tudo o que aconteceu a poucos instantes. Mas, Emilie sempre estaria bem distante das nossas desavenças, pois ela era a única inocente em meio a tanta podridão que o próprio tio já havia cometido. Logo, eu sabia muito bem separar as coisas, mas pelo visto, o tal chefão do morro ainda não havia compreendido esse detalhe. E sinceramente, aquele não era o momento, muito menos a hora e o lugar para explicações sobre minhas atitudes. O importante era cuidar da Emilie, ou caso contrário, algo de muito mais grave poderia acontecer. E aí sim, eu não me perdoaria.— Lá em cima, segunda porta a direita. Deixa que eu carrego ela. — PG se apr
Alice— Já disse para abrir a porta. O que foi, você é surdo ou quê? — falo já alterada e impaciente PG sorri de um jeito cafajeste e dá passos a frente se aproximando ainda mais.— Pra uma mina como tu posso ser tudo o que quiser e mais um pouco. Só basta eu ter o teu aval.Ele fala me fitando de cima abaixo e fixa seus olhos na minha boca. Tento recuar, mas sou impedida pela parede que havia bem atrás de mim. PG sorri vitorioso com minha situação nada favorável e posiciona as palmas das mãos uma de cada lado do meu rosto encostando-as na parede. Respiro ofegante me sentindo encurralada. Olho para os lados buscando uma solução para escapar daquela situação desconfortável, mas não havia nada além de paredes, portas, janelas e colunas diante de mim. Então, respiro fundo e sem ter o que fazer suplico a Deus em silêncio pela sua ajuda.Fecho os olhos por alguns instantes e em sequencia ouço algo que me faz engolir seco.— Mas, tem uma coisa que nunca fui e nunca vou ser. Ingrato. Sei re
Alice— A cachinhos está dormindo e sem febre. A tia Olga vai ficar de olho nela por enquanto, mas já consegui uma mina pra cuidar dela. Então, pode ficar sussa professorinha, que tua aluna vai ficar protegida. — PG fala sem desviar o seu olhar do meu— Hum... Assim espero. — falo e dando de ombros abro a porta— Tu é muito desconfiada, sabia? — PG fala seguindo meus passos — E não tenho motivos para ser? — falo sem olhar para trás — Tá certa. Mas, anota aí o que vou te dizer, tu vai mudar a tua opinião sobre mim e ainda vai dizer que sou um cara mil grau. Paro, viro de frente pra ele e cruzo os braços.— Mil grau? E o que isso significa? — pergunto curiosa— Que sou um cara ponta firme e que tu pode confiar cem por cento. Quando tô fechado com alguém ou alguma coisa vou até o fim. Não sou um príncipe encantado, tenho muitos erros em cima da carcaça, mas sou sujeito homem como poucos, e tu ainda vai enxergar isso professorinha.Aqueles olhos cor de mel me encaravam e pareciam conse
Algum tempo depois...AliceDepois de toda àquela loucura, enfim estava no lugar que tanto amava, que me fazia sorri e que me transmitia uma paz sem igual. Com exatamente uma hora de atraso chego na creche e ao entrar vou direto para a sala de aula. Abro a porta, já imaginando a bagunça que encontraria por ali, mas me engano, pois a sala estava vazia e tudo na mais perfeita ordem. As mochilas enfileiradas na parede ao lado da porta, as lancheiras organizadas lado a lado em cima das três mesas redondas que haviam no fundo da sala e os brinquedos paradidáticos enfileirados nas quatro prateleiras que haviam no armário de ferro próximo à minha mesa, do mesmo jeitinho que deixei na aula anterior. "Estranho, tudo está tão quieto, onde estão as minhas sementinhas?" — penso e após deixar a minha mochila em cima da mesa saio à procura delesCaminho até a direção, mas após dar alguns passos, ouço gargalhadas que eu reconheceria em qualquer lugar desse mundo, vindas do pátio, Sorrio, seguindo
AliceO tempo passou. As crianças terminaram a aula de educação física e em seguida foram lanchar. No final do lanche eu apareci, e adivinhem, quase cai no chão de tantos abraços apertados que recebi ao mesmo tempo. Adiantei um pouco as atividades do dia com eles, pois por conta do meu atraso não daria tempo de pôr em prática tudo o que havia planejado. Alguns minutos depois passei a lição de casa e como ainda faltavam trinta minutos para terminar a aula decidi contar uma história. Sentamos em torno do tapete mágico e eu enfileirei alguns livros para que eles escolhessem. As meninas queriam ouvir uma história de princesas e os meninos queriam dinossauros. Então, para não dá briga, contei a história de João e Maria. Todos ficaram satisfeitos e felizes. Meia hora depois o sinal soou. Então, oriento a cada um que pegasse sua mochila e formassem a fila. — Hoje sou a primeira, né tia!? A chata da Emilie não veio. — Sophia fala sorridente segurando a minha mão — É sim, meu amor. Mas, a