Algum tempo depois...AliceDepois de toda àquela loucura, enfim estava no lugar que tanto amava, que me fazia sorri e que me transmitia uma paz sem igual. Com exatamente uma hora de atraso chego na creche e ao entrar vou direto para a sala de aula. Abro a porta, já imaginando a bagunça que encontraria por ali, mas me engano, pois a sala estava vazia e tudo na mais perfeita ordem. As mochilas enfileiradas na parede ao lado da porta, as lancheiras organizadas lado a lado em cima das três mesas redondas que haviam no fundo da sala e os brinquedos paradidáticos enfileirados nas quatro prateleiras que haviam no armário de ferro próximo à minha mesa, do mesmo jeitinho que deixei na aula anterior. "Estranho, tudo está tão quieto, onde estão as minhas sementinhas?" — penso e após deixar a minha mochila em cima da mesa saio à procura delesCaminho até a direção, mas após dar alguns passos, ouço gargalhadas que eu reconheceria em qualquer lugar desse mundo, vindas do pátio, Sorrio, seguindo
AliceO tempo passou. As crianças terminaram a aula de educação física e em seguida foram lanchar. No final do lanche eu apareci, e adivinhem, quase cai no chão de tantos abraços apertados que recebi ao mesmo tempo. Adiantei um pouco as atividades do dia com eles, pois por conta do meu atraso não daria tempo de pôr em prática tudo o que havia planejado. Alguns minutos depois passei a lição de casa e como ainda faltavam trinta minutos para terminar a aula decidi contar uma história. Sentamos em torno do tapete mágico e eu enfileirei alguns livros para que eles escolhessem. As meninas queriam ouvir uma história de princesas e os meninos queriam dinossauros. Então, para não dá briga, contei a história de João e Maria. Todos ficaram satisfeitos e felizes. Meia hora depois o sinal soou. Então, oriento a cada um que pegasse sua mochila e formassem a fila. — Hoje sou a primeira, né tia!? A chata da Emilie não veio. — Sophia fala sorridente segurando a minha mão — É sim, meu amor. Mas, a
AliceContinuo caminhando, mas durante algum tempo, ainda conseguia ouvir o barulho da moto bem próximo a mim. Mas pouco tempo depois, para ser mais exata uns cinco minutos, eu não ouvia nada além do barulho de carros e pessoas conversando enquanto caminhavam pela calçada.Será que enfim PG compreendeu o que eu disse e me deixará em paz?Ai, Deus! Faz esse milagre acontecer, porque se ele continuar tentando se aproximar de mim, confesso que não sei por quanto tempo poderei resistir. Sou ser humano, fraca e propensa a errar, mas tenho a certeza que com o Senhor ao meu lado tudo ficará mais fácil. Pois, em Tua palavra está escrito."Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." (Tiago 4:7)O Senhor é testemunha que estou tentando resistir, mas meu Deus, é tão difícil não olhar para uma perfeição de homem como aquele. Eu sei, eu sei que PG é um ser ruim e que sua vida toda é cercada pelas trevas. Mas o Senhor mesmo nos diz, Tudo é possível para aquele que crê. Entã
AliceSeguro forte nas alças da minha mochila, como se fossem a minha tábua de salvação, e com os olhos arregalados viro meu corpo ficando frente à frente com um homem que tinha um olhar tão demoníaco quanto o do PG. Mas esse sujeito parecia ser mil vezes pior e algo dentro de mim gritava afirmando que eu estava num beco sem saída e foi uma péssima escolha ter seguido pelo caminho mais fácil. Na hora lembro da palavra do Senhor que nos diz:"Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela." (Mateus 7:13)Começo a suplicar a misericórdia e benignidade de Deus. Eu errei, mas o Senhor é bondoso, perdoa e guarda todos aqueles que Nele crêem. Eu tinha certeza que o Senhor enviaria o seu socorro e que essa situação me serviria de lição para nunca mais seguir pelo caminho largo.Volto a realidade com uma voz grave e forte próxima do meu ouvido esquerdo.— Ei, o gato morreu a tua língua, gracinha? — o sujeito rodeava
Comunidade da MuzemaRio de JaneiroAlice— Tia Aliceeeee... Que legal você aqui.Ouço essa voz e um sorriso espontâneo brota no meu rosto. Era Sophia, uma das minhas alunas, que com toda certrza foi enviada por Deus para me livrar dessa enrascada. A pequena se aproxima e me olha estranho pelo jeito que eu estava. Eu também no lugar dela acharia tudo muito esquisito, porque o normal são as pessoas andarem com os pés no chão e não carregadas nos ombros como sacos de batatas.— Será que pode me colocar no chão, por favor? — tentando manter o controle peço ao armário que me carregava— Posso não. Tenho que seguir o trajeto e executar a missão. São ordens do patrão. — ele responde grosso e Sophia intervém ao meu favor De onde essa pequena conhece esses sujeitos? Será que ela convive com pessoas erradas, assim como a Emilie? Não. Isso seria coincidência demais e se existe algo que não acredito eram em acasos do destino. Para mim tudo na vida sempre tem um motivo e uma razão de ser. Precis
PGAinda não dá pra acreditar que eu me deixei ser tachado e feito de otário por aquela garota sem noção. Na moral, tô me sentindo um cuzão do caralho por ter baixado as rédeas com ela e ter esquecido meu único objetivo, que sempre foi eliminar tudo e todos que possam me causar problemas. E essa mulher desde que cruzou o meu caminho só tem me afrontando e criado confusão em cima de confusão. Parece até cão de guarda que só sabe farejar treta atrás de treta. Imaginei que ela fosse amansar depois do que aconteceu com a Emiie e o que rolou hoje na hora que a deixei no trampo. Até um beijo de agradecimento no rosto dela eu dei e já aguardava levar um tapão na cara, mas não, ela agiu totalmente diferente do que eu imaginava, sorrio e não não impediu que acontecesse. E até deu a entender que gostou do jeito que eu falei e a tratei. E agora, do nada, ela enfia o sorvete na minha cara e foge como se tivesse vendo o próprio capeta na frente dela?"Garota com jeito doido, mas por outro lado t
PG— Qual é da boa, parceiro? — falo na tranquilidade enquanto puxo um cigarro e observo o movimento do morro, que por sinal estava frenético.— Tá de sacanagem com a minha cara, porra? Tô aqui pra mais de uma hora no teu aguardo pra resolver a parada da mercadoria e tu some sem dá satisfação. Virou bagunça, agora? — Nocaute fala já gritando e eu tranquilo dou outra tragada no cigarro, solto a fumaça pelo canto da boca e continuo observando o movimento do morro na hora do rush. — PG... PG... Tu está aí, cara? — Nocaute grita Jogo o cigarro no chão e apago com a ponta do meu Nike, e só depois falo:— Parceiro, já estou no morro, e tô colando aí pra nós desenrolar essa fita. Fica sussa, porra, que tudo vai ser agilizado. Termino de falar e Nocaute volta a gritar, até parecia a doida da Patricia quando as paradas não saiam do jeito que ela queria. Deve ser a convivência com aquela sequelada ou a falta de boceta que tá deixando ele assim. "Por falar nisso, eu também tô precisando alivi
PGAs horas passam e nós foi desenrolar a fita com o fornecedor no porto. Mas antes de sair, dei ordens para trazer Jamal até a boca, ele já estava há muito tempo na disciplina e acredito que já tinha aprendido a lição. Ele errou, mas quem nunca errou nesse meio que nós vive? Os menor executam minhas ordens e buscam Jamal no barraco no topo do morro, onde sempre eram feitos os acertos de contas.Já na minha frente, Jamal fica de joelhos, me aproximo dele e o encaro falando:— E ai, Jamal, beleza? — falo e o observo com atenção De longe não lembrava em nada o sujeito fodão e metido a valentão que executava minhas ordens sem vacilar. Seu olhar era baixo, suas roupas eram só poeira de tão sujas e o mal cheiro, que saia do seu corpo pelos dias sem banho, era difícil de suportar. Me afasto e consigo ver as marcas em seu corpo pelas horas de tortura que sofreu. Mas, quando eu ordenei que ele levantasse o rosto, só então pude confirmar até onde chegou o meu ódio naquele dia. Jamal perdeu a