AliceContinuo caminhando, mas durante algum tempo, ainda conseguia ouvir o barulho da moto bem próximo a mim. Mas pouco tempo depois, para ser mais exata uns cinco minutos, eu não ouvia nada além do barulho de carros e pessoas conversando enquanto caminhavam pela calçada.Será que enfim PG compreendeu o que eu disse e me deixará em paz?Ai, Deus! Faz esse milagre acontecer, porque se ele continuar tentando se aproximar de mim, confesso que não sei por quanto tempo poderei resistir. Sou ser humano, fraca e propensa a errar, mas tenho a certeza que com o Senhor ao meu lado tudo ficará mais fácil. Pois, em Tua palavra está escrito."Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." (Tiago 4:7)O Senhor é testemunha que estou tentando resistir, mas meu Deus, é tão difícil não olhar para uma perfeição de homem como aquele. Eu sei, eu sei que PG é um ser ruim e que sua vida toda é cercada pelas trevas. Mas o Senhor mesmo nos diz, Tudo é possível para aquele que crê. Entã
AliceSeguro forte nas alças da minha mochila, como se fossem a minha tábua de salvação, e com os olhos arregalados viro meu corpo ficando frente à frente com um homem que tinha um olhar tão demoníaco quanto o do PG. Mas esse sujeito parecia ser mil vezes pior e algo dentro de mim gritava afirmando que eu estava num beco sem saída e foi uma péssima escolha ter seguido pelo caminho mais fácil. Na hora lembro da palavra do Senhor que nos diz:"Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela." (Mateus 7:13)Começo a suplicar a misericórdia e benignidade de Deus. Eu errei, mas o Senhor é bondoso, perdoa e guarda todos aqueles que Nele crêem. Eu tinha certeza que o Senhor enviaria o seu socorro e que essa situação me serviria de lição para nunca mais seguir pelo caminho largo.Volto a realidade com uma voz grave e forte próxima do meu ouvido esquerdo.— Ei, o gato morreu a tua língua, gracinha? — o sujeito rodeava
Comunidade da MuzemaRio de JaneiroAlice— Tia Aliceeeee... Que legal você aqui.Ouço essa voz e um sorriso espontâneo brota no meu rosto. Era Sophia, uma das minhas alunas, que com toda certrza foi enviada por Deus para me livrar dessa enrascada. A pequena se aproxima e me olha estranho pelo jeito que eu estava. Eu também no lugar dela acharia tudo muito esquisito, porque o normal são as pessoas andarem com os pés no chão e não carregadas nos ombros como sacos de batatas.— Será que pode me colocar no chão, por favor? — tentando manter o controle peço ao armário que me carregava— Posso não. Tenho que seguir o trajeto e executar a missão. São ordens do patrão. — ele responde grosso e Sophia intervém ao meu favor De onde essa pequena conhece esses sujeitos? Será que ela convive com pessoas erradas, assim como a Emilie? Não. Isso seria coincidência demais e se existe algo que não acredito eram em acasos do destino. Para mim tudo na vida sempre tem um motivo e uma razão de ser. Precis
PGAinda não dá pra acreditar que eu me deixei ser tachado e feito de otário por aquela garota sem noção. Na moral, tô me sentindo um cuzão do caralho por ter baixado as rédeas com ela e ter esquecido meu único objetivo, que sempre foi eliminar tudo e todos que possam me causar problemas. E essa mulher desde que cruzou o meu caminho só tem me afrontando e criado confusão em cima de confusão. Parece até cão de guarda que só sabe farejar treta atrás de treta. Imaginei que ela fosse amansar depois do que aconteceu com a Emiie e o que rolou hoje na hora que a deixei no trampo. Até um beijo de agradecimento no rosto dela eu dei e já aguardava levar um tapão na cara, mas não, ela agiu totalmente diferente do que eu imaginava, sorrio e não não impediu que acontecesse. E até deu a entender que gostou do jeito que eu falei e a tratei. E agora, do nada, ela enfia o sorvete na minha cara e foge como se tivesse vendo o próprio capeta na frente dela?"Garota com jeito doido, mas por outro lado t
PG— Qual é da boa, parceiro? — falo na tranquilidade enquanto puxo um cigarro e observo o movimento do morro, que por sinal estava frenético.— Tá de sacanagem com a minha cara, porra? Tô aqui pra mais de uma hora no teu aguardo pra resolver a parada da mercadoria e tu some sem dá satisfação. Virou bagunça, agora? — Nocaute fala já gritando e eu tranquilo dou outra tragada no cigarro, solto a fumaça pelo canto da boca e continuo observando o movimento do morro na hora do rush. — PG... PG... Tu está aí, cara? — Nocaute grita Jogo o cigarro no chão e apago com a ponta do meu Nike, e só depois falo:— Parceiro, já estou no morro, e tô colando aí pra nós desenrolar essa fita. Fica sussa, porra, que tudo vai ser agilizado. Termino de falar e Nocaute volta a gritar, até parecia a doida da Patricia quando as paradas não saiam do jeito que ela queria. Deve ser a convivência com aquela sequelada ou a falta de boceta que tá deixando ele assim. "Por falar nisso, eu também tô precisando alivi
PGAs horas passam e nós foi desenrolar a fita com o fornecedor no porto. Mas antes de sair, dei ordens para trazer Jamal até a boca, ele já estava há muito tempo na disciplina e acredito que já tinha aprendido a lição. Ele errou, mas quem nunca errou nesse meio que nós vive? Os menor executam minhas ordens e buscam Jamal no barraco no topo do morro, onde sempre eram feitos os acertos de contas.Já na minha frente, Jamal fica de joelhos, me aproximo dele e o encaro falando:— E ai, Jamal, beleza? — falo e o observo com atenção De longe não lembrava em nada o sujeito fodão e metido a valentão que executava minhas ordens sem vacilar. Seu olhar era baixo, suas roupas eram só poeira de tão sujas e o mal cheiro, que saia do seu corpo pelos dias sem banho, era difícil de suportar. Me afasto e consigo ver as marcas em seu corpo pelas horas de tortura que sofreu. Mas, quando eu ordenei que ele levantasse o rosto, só então pude confirmar até onde chegou o meu ódio naquele dia. Jamal perdeu a
Horas antes do atentado contra PG...MuzemaAliceJá passavam das sete da noite, eu não sabia o que pensar e muito o que fazer. Sophia não soltava a minha mão por um instante sequer, e muito menos aquele armário ambulante parava de nos seguir. Tudo o que me restava era me deixar guiar e suplicar a Deus que tudo terminasse da melhor maneira possível. Após algum tempo, mais correndo do que caminhando, chegamos no local onde Sophia morava. Fico boquiaberta apenas com a fachada da casa, que era toda revestida de gesso, com pedras portuguesas no chão e no contorno do muro altíssimo. Era cercada por seguranças fortemente armados, sem falar na cerca elétrica em torno de todo terreno, nos alarmes e câmeras de vigilância instalados. Aquilo não era uma casa, mas sim uma prisão, de luxo, contudo não deixava de ser uma jaula. Como uma criança pode crescer feliz em um lugar como esse? Sophia tem muito mais em comum com a Emilie do que eu imaginava. Só ainda não poderia afirmar que o pai a trata
Alice— Ah! Coloca no viva voz, professora. Só por precaução. Sabe como é né, a sua família por desconfiar de alguma coisa. — Salgom me adverte e bufo de raiva por estar sendo obrigada a fazer o quê não quero. Sem ter como escapar, seguro o telefone e finjo discar o número da Damares, mas na realidade disco um numero aleatório, até porque eu não seria louca de pôr em risco a vida da minha amiga. De besta esse Salgom não tinha era nada, mas eu também não sou tão inocente quanto aparento. Se Ele imaginava que me tinha em suas mãos e me dominaria, estava muito engano. Posso até morrer hoje, mas morrerei com dignidade e de cabeça erguida. Se morremos com Deus estamos é no lucro e assim diz a palavra do Senhor:"Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho." (Filipenses 1:21)Entao nessa palavra que eu me segurei naquele momento. Enquanto a ligação chamava o olhar interrogativo de Salgom me deixava cada vez pior e ainda mais constrangida, se é que isso era possível. Por um milagr