CAPÍTULO 5

Ela ficou me encarando por alguns segundos, como se estivesse buscando algum vestígio de brincadeira.

— Vamos?

Eu perguntei, já pegando a mala da mão dela.

— Eu não vou fazer o quê você me pediu, se é isso que você tem em mente ao me levar pro seu apartamento.

— Relaxa esquentadinha, eu não quero que você faça nada, além de continuar estudando aqui e correndo atrás dos seus sonhos, entendeu?

Ela me encarou outra vez, e os olhos dela ficaram marejados, e eu percebi que isso acontecia com frequência.

— Quem falou pra você que eu não iria mais estudar aqui?

— Sua amiga, mas não briga com ela, eu que insisti pra ela me dizer.

— Então você perguntou a ela por mim?

— Sim.

— Então você sentiu a minha falta?

Eu vi o sorrisinho debochado dela e tentei ignorar.

— Você não vai fazer eu me irritar com você já no primeiro dia de convivência Maya.

— Convivência? Como assim? Ela perguntou assustada.

— Sim, se vamos dividir o apartamento, nós precisaremos nos entender.

— Dividir o apartamento? Eu pensei que você iria me emprestar, e não morar comigo.

— E eu vou morar onde se eu deixar ele inteiro pra você?

Ela ficou pensativa, realmente ela não estava esperando por aquilo, mas eu conseguia entender perfeitamente a preocupação dela, sem nem precisar falar.

Eu coloquei a mala dela no chão novamente e a encarei.

— Escuta, eu não sou um babaca, não sou um assassino, não sou um estuprador, não costumo levar amigos lá, não costumo levar mulheres pra lá, e não sou bagunceiro, você terá seu próprio quarto, e nós poderemos estabelecer outras regras se você quiser, eu só quero ajudar você e te conhecer melhor, falando nisso, muito prazer, eu me chamo Aslan.

Eu falei esticando a mão pra ela apertar.

Ela passou alguns segundos até decidir apertar a minha mão, e pela primeira vez eu vi um sorriso sincero saindo daquela boquinha maravilhosa.

Eu coloquei a mala dela no meu carro, e fomos pro meu apartamento, o carro dela ficou no estacionamento da universidade até eu regularizar a entrada dele no meu condomínio.

Eu não podia negar que vivia uma vida luxuosa, bancada pelo o meu pai, muito em breve eu estaria trabalhando com ele e podendo bancar os meus próprios luxos, mas enquanto esse dia não chegava, eu não ligava em receber uma mesada gorda dele, e ter a vida que eu sempre gostei de levar.

No condomínio existia tudo que um ser humano precisava, desde academia, até lojas de roupas e artigos, e eu evitei olhar pra cara da Maya, pois mesmo sem a conhecer bem, eu sabia exatamente o que estava se passando pela mente dela.

Quando eu estacionei o carro, eu desci e tirei a mala dela do carro, e por alguns segundos o nosso olhar se cruzou, e eu vi que ainda existia um certo receio da parte dela.

— Vamos entrar?

Ela apenas balançou a cabeça concordando.

Quando entramos, ela ficou parada na sala, olhando pra tudo em volta, como se tivesse admirada com o local.

— Nesse apartamento cabe uma família inteira, como você faz pra limpar esse lugar todo?

— Eu tenho uma pessoa que vem aqui duas vezes na semana pra fazer isso.

— E a comida?

— Eu compro de fora.

Ela parecia preocupada, mas por incrível que pareça, eu conseguia decifrar as reações dela, como se eu já a conhecesse de longas datas.

— Olha, você não precisa se preocupar com alimentação, não vai faltar nada pra você aqui, eu sei que você perdeu o emprego e eu vou te dar duas opções, você pode ir atrás de outro, ou você pode limpar o apartamento duas vezes na semana e fazer o jantar, e eu pago três salários por mês pra você fazer isso.

Ela ficou longos segundos me olhando com cara de paisagem até resolver me dar uma resposta.

— Você está maluco? Você já está me dando um teto, eu não posso te cobrar pra limpar um lugar que eu também vou morar, nem cobrar pra fazer uma comida que eu também vou comer Aslan, isso é um absurdo, sem contar que três salários é muito dinheiro pra pouco trabalho.

Nesse exato momento eu percebi que aquela garota era de fato especial.

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App