Eu não devia ter ido a uma loja de carros comprar um pra uma estranha, mas eu fui.
— Você quer que eu coloque no seu nome, Senhor Aslan? Eu fiquei em dúvidas se deveria ou não colocar no meu nome, eu poderia simplesmente mandar deixar na universidade e a louca iria se virar com isso depois, mas eu fiquei imaginando que ela também não teria dinheiro pra rebocar o carro, já que estava sem o documento dele, certamente não poderia dirigi-lo. — Sim, coloque no meu nome e eu mesmo vou levá-lo, não precisa entregar. — Sim, senhor. Eu deixei o meu carro no estacionamento da própria loja e disse que iria pegá-lo antes do fim do dia, o dono não se opôs, então eu peguei o carro novo da maluca, cujo nome eu nem sabia, e fui pra universidade na esperança de encontrá-la. Eu fui pra vaga que ela disse ser dela, embora no dia anterior ela tivesse tentado estacionar em outra, mas eu não sabia nada da garota, e ali era o único lugar que eu poderia encontrá-la, mas ela não apareceu por lá, e outro carro estacionou no local que no momento estava livre. Eu procurei outra vaga, estacionei o carro lá e fui pra aula. Na hora do intervalo, eu fui pra lanchonete e a maluca estava sentada com a mesma amiga do outro dia, ela me viu e virou a cara, eu deveria ter ido devolver o carro dela, mas eu queria provar que eu não era pobre, então eu caminhei até ela. — Anda, levanta aí e vem comigo. Ela olhou pra minha cara como se quisesse me matar, o que pra mim não fazia nenhuma diferença, já que ela sempre me olhava assim. — Por que eu iria sair daqui com um estranho babaca e pobre? — Garota, deixa de graça e vem comigo, depois você decide se eu sou um babaca, um pobre, se eu mereço outro murro, ou coisa do tipo. — Você não está me convencendo. — Que chata, tô sem paciência, anda logo. Eu falei puxando pelo pulso dela, obrigando ela a se levantar e me acompanhar. — Se você não me soltar, o próximo murro vai quebrar o seu nariz. — Primeiro você me acompanha, depois você me b**e. Ela puxou o braço dela e se soltou. Eu parei e olhei pra ela, eu já estava no limite da minha paciência, ela deu o dedo do meio pra mim e saiu andando em direção ao refeitório. — Você vai comigo sim, sua insuportável. Eu peguei ela e coloquei no meu ombro, enquanto todo mundo ficou olhando. — Eu vou fazer você ser expulso, seu idiota escroto. — Ah, tá bom, mas antes de eu ser expulso você vem comigo. Ela ficou gritando, mas ninguém se meteu e nem tentou ajudá-la. Eu fui carregando ela até o estacionamento, coloquei ela no chão, e ela voou em cima de mim. — Eu vou matar você, seu cretino. Eu voltei a segurar ela e a olhei no fundo dos olhos… — Você quer calar a boca um segundo, garota? Ela finalmente calou a boca e então eu a soltei. Eu tirei a chave do bolso, peguei a mão dela e fiz ela abrir. — Toma a chave do seu carro, pega, é esse aqui. Ela olhou pro carro e depois voltou a olhar pra chave na mão dela e por fim, voltou a me olhar com uma cara de bobona. — Eu posso até ser um babaca, mas eu sou um babaca rico, de dinheiro e de espírito, faça bom proveito, e por favor, coloque o carro no seu nome e tira do meu, entendeu? Eu dei as costas pra ela e saí andando, mas ela me interrompeu. — Ei, babaca? Eu olhei pra trás e ela estava com um sorriso no rosto, eu poderia até ser enganado por ela, de tão angelical que foi. — Você vai me pedir o quê agora? Um apartamento? — Não sei, você vai me dar? Ela era inacreditável, parecia que ela estava me testando, eu só não sabia o motivo dela querer testar alguém que ela nem conhecia, mas então eu tive a brilhante ideia de testar ela também, talvez eu pudesse tirar algum proveito daquilo tudo. — Eu não vou te dar um apartamento, mas posso te deixar ficar no meu até o fim do seu curso.Ela ficou séria, e deu alguns passos na minha direção. — Eu topo. — Eu nem te falei das minhas condições. — E tem condições? — Quando você pediu esse carro, você deu as suas condições, mas ainda está me chamando de babaca, porém eu tenho as minhas condições pra que você fique no meu apartamento. — E quais são? — Você vai passar uma semana andando comigo nos intervalos das aulas me chamando de meu amor, você vai pegar o meu café, vai me entregar e vai dizer: Está aqui meu amor, e vai todos os dias na minha sala e dizer: Boa aula meu amor. — Nem fodendo eu vou fazer isso. — Então nada feito, pode dar adeus ao meu apartamento. Eu saí andando e ela me interrompeu novamente. — Eu aceito. Eu olhei pra ela me sentindo vitorioso, enquanto ela estava com sangue nos olhos. — Eu não tomei café ainda, vamos? Ela saiu andando ao meu lado furiosa, e eu fiz o possível pra não rir da cara dela, afinal ela sabia esmurrar uma pessoa muito bem. Quando chegamos no refeitório, eu sentei em u
Ela ficou me encarando por alguns segundos, como se estivesse buscando algum vestígio de brincadeira. — Vamos? Eu perguntei, já pegando a mala da mão dela. — Eu não vou fazer o quê você me pediu, se é isso que você tem em mente ao me levar pro seu apartamento. — Relaxa esquentadinha, eu não quero que você faça nada, além de continuar estudando aqui e correndo atrás dos seus sonhos, entendeu? Ela me encarou outra vez, e os olhos dela ficaram marejados, e eu percebi que isso acontecia com frequência. — Quem falou pra você que eu não iria mais estudar aqui? — Sua amiga, mas não briga com ela, eu que insisti pra ela me dizer. — Então você perguntou a ela por mim? — Sim. — Então você sentiu a minha falta? Eu vi o sorrisinho debochado dela e tentei ignorar. — Você não vai fazer eu me irritar com você já no primeiro dia de convivência Maya. — Convivência? Como assim? Ela perguntou assustada. — Sim, se vamos dividir o apartamento, nós precisaremos nos entender. —
Foi preciso ter uma conversa séria com a Maya pra ela aceitar a minha ajuda financeira, ela teria mais tempo pra estudar, teria liberdade pra fazer os trabalhos dela, e conforto, coisa que ela não tinha antes, e enquanto conversávamos eu tive uma grande surpresa, ela estava fazendo o mesmo curso que eu.— Eu estou surpreso.— Surpreso porquê? Você acha que eu não tenho capacidade pra estudar farmacêutica?— Não se trata disso, e sim porque eu também faço farmacêutica. A fisionomia dela mudou, e eu tive que rir.— Tá vendo? Você também ficou surpresa e eu nem fico julgando os teus pensamentos.Ela começou a rir também, enfim estávamos nos entendendo.— Qualquer dia desses eu vou falar quem eu sou e os meus planos, e se agente conseguir se manter no mesmo ambiente sem se matar, eu te incluo neles.— E quem disse pra você que eu quero fazer parte dos teus planos?— Quando você souber tudo sobre mim, eu tenho certeza que você vai querer.Eu falei já pegando as coisas dela e levando pro q
Enquanto devoramos aquela comida maravilhosa, entramos em um assunto que eu não estava preparado naquele momento.— Quais serão as regras para namorados e namoradas aqui?Eu quase engasguei. Uma hora eu estava em cima dela, segurando seus braços, ficando duro e batendo uma punheta pensando nos peitos dela. No outro, ela estava diante de mim, falando mesmo que indiretamente que em breve teria um cara fazendo com ela tudo o que eu gostaria de fazer.— Que cara é essa? Precisa desse tanto de tempo para pensar?— Eu prefiro que você não traga ninguém aqui.— E você? Vai trazer?— Olha, levando em consideração que esse apartamento é meu, eu poderia, mas vou servir de exemplo para você e não trazer.— Que cara mais justo, eu amo isso. Então vamos oficializar essa regra?Ela lambeu a palma da mão e esticou para mim apertar.— Eca, que nojo. Isso é o quê? Uma sentença? — É o nosso contrato. Vai apertar ou não?— Você parece um moleque, não me impressiona o fato de ter se vestido como um naqu
Eu passei o restante do dia trancado no quarto, eu não queria ter que encará-la, e era muito provável que ela também não quisesse, já que eu praticamente larguei ela na cozinha quando ela estava sedenta pelo o meu pau. Parecia muita presunção minha pensar dessa forma, mas ela estava roçando a bunda em mim, e alguém que não queria nada, jamais faria isso.Quando a noite chegou, ela bateu na minha porta e eu me vi mais uma vez na mesma situação da tarde, com medo de abrir, eu não sabia o que esperar dela depois de tudo.— Aslan, o jantar está pronto, vai me acompanhar, ou vai se esconder aí até amanhã?— Eu não estou me escondendo.Falei enquanto criava coragem para abrir a porta.Quando eu abri, ela já não estava mais lá, então o jeito foi ir seguindo o cheiro da comida, que mais uma vez havia preenchido o ambiente.— Eu tenho que começar a me acostumar com isso.Falei quando cheguei na cozinha. Ela já havia colocado a minha comida, e abriu aquele sorriso lindo para mim.Eu sentei e en
Eu já estava ficando louco, vendo ela daquele jeito, sem falar o que dr fato estava pensando. — Você quer parar e voltar a sentar, por favor? — Você tem noção da enorme responsabilidade que você terá nas mãos quando o... Você sabe. — Quando o meu pai morrer? — Desculpa falar sobre uma possível morte do seu pai, mas não dá para imaginar uma indústria tão importante ir para o túmulo com ele. — É exatamente por isso que estou fazendo farmacêutica. Ela finalmente parou de andar e sentou. — Porque você decidiu falar isso para mim agora? — Porque as coisas estão andando rápido demais por aqui. — Você quer dizer, rápido demais entre a gente? — Isso. E se um dia você se tornar algo mais do que só alguém que divide o apartamento comigo, você tem que saber da complicação que será sua vida. — Eu não quero ter um relacionamento agora, Aslan. Nem você iria querer ter um comigo, eu sou complicada, cheia de traumas, e não quero que você seja mais um. — Eu não estou pedindo vo
MAYA""""Eu já amei muito alguém, mais do que a minha própria vida, amei tanto, que quando eu perdi esse amor, não havia nada no que eu pudesse me segurar.Quando você entra em um relacionamento com alguém, você leva um tempo até conhecer verdadeiramente aquela pessoa, mas eu o amei antes de eu o conhecer de verdade.Quando eu percebi, eu já havia saído de casa, estava morando em uma kitnet, com um viciado em pó, com a desculpa de que o meu amor iria tirar ele daquela vida.Eu ignorei todos os sinais, os objetos que inesperadamente sumiam, e ele dizia que havia quebrado e ele tinha jogado fora, enquanto eu trabalhava para termos uma vida melhor, ele trabalhava para alimentar o vício.Um certo dia, eu acordei, e ele não estava do meu lado, logo eu pensei que ele havia ido mais uma vez atrás de drogas, e logo voltaria, mas ele não voltou.Eu fiquei louca atrás dele, andando pelas ruas, vasculhando cada calçada, cada beco, cada boca, até um traficante local falar para eu parar de procur
Aslan"""Eu me chamo Aslan Rounx, tenho 31 Anos, e herdei as empresas Rounx depois que o meu pai faleceu. Nessa época eu havia acabado de me formar em Farmacêutica justamente para trabalhar com ele, mas acabei recebendo toda a responsabilidade dos negócios.Eu ainda estava na universidade quando conheci uma garota insuportável, ela estava procurando uma vaga e eu também, mas eu cheguei primeiro, e ela colocou o carro velho e horrível dela bem no meio da passagem pra roubar a minha vaga.— Me desculpe, mas essa vaga é minha.— Não é não, eu coloco o meu carro aqui todos os dias.— E por conta disso você se tornou a dona do espaço?A garota estava com os cabelos presos em um boné e de óculos escuros, parecia um moleque.— O fato de eu colocá-lo aqui todos os dias faz dessa vaga minha sim.— Anda garota, sai da frente, você está fazendo eu me atrasar pra aula.— Sai você, afinal é você que está fazendo nós dois perdermos tempo.A minha vontade era de bater no carro dela e tirá-lo da min