CAPÍTULO 4

Ela ficou séria, e deu alguns passos na minha direção.

— Eu topo.

— Eu nem te falei das minhas condições.

— E tem condições?

— Quando você pediu esse carro, você deu as suas condições, mas ainda está me chamando de babaca, porém eu tenho as minhas condições pra que você fique no meu apartamento.

— E quais são?

— Você vai passar uma semana andando comigo nos intervalos das aulas me chamando de meu amor, você vai pegar o meu café, vai me entregar e vai dizer: Está aqui meu amor, e vai todos os dias na minha sala e dizer: Boa aula meu amor.

— Nem fodendo eu vou fazer isso.

— Então nada feito, pode dar adeus ao meu apartamento.

Eu saí andando e ela me interrompeu novamente.

— Eu aceito.

Eu olhei pra ela me sentindo vitorioso, enquanto ela estava com sangue nos olhos.

— Eu não tomei café ainda, vamos?

Ela saiu andando ao meu lado furiosa, e eu fiz o possível pra não rir da cara dela, afinal ela sabia esmurrar uma pessoa muito bem.

Quando chegamos no refeitório, eu sentei em uma mesa e a amiga dela deu sinal com a mão pra ela ir até lá.

— Não, eu não tomei café ainda.

Eu falei, fazendo ela lembrar do nosso acordo.

— Cadê o dinheiro?

Eu tirei a carteira e dei o dinheiro pra ela, que pegou da minha mão com brutalidade.

Eu fiquei observando ela ir pegar o café e me diverti com a situação, ela voltou e entregou na minha mão, e eu encarei ela esperando ela dizer a palavra mágica.

— Está aqui o seu café, meu amor.

Dessa vez não deu, eu gargalhei alto, e ela simplesmente pegou o café e jogou ele inteiro em cima de mim e saiu andando indignada.

— Tudo bem querida, eu sei que foi sem querer. Falei alto o suficiente pra ela ouvir.

Eu não vi mais ela pelo restante do dia, e eu agradeci por isso internamente, pois com a raiva que ela saiu da lanchonete, ela poderia me matar e esconder o corpo.

Nos dias seguintes eu vi apenas a amiga dela na lanchonete, e eu comecei a achar estranho aquele sumiço, não que eu me importasse, afinal eu nem conhecia a garota ao ponto de sentir saudades, mas algo me levou a perguntar por ela.

— Oi, tudo bem? Onde está a sua amiga?

— Ah, você é o babaca que usou a condição dela pra humilhá-la?

— Como assim? do que você está falando?

— A Maya não virá mais, ela perdeu o emprego e não vai mais conseguir pagar os custos da universidade.

Na mesma hora eu me dei conta que no momento em que fiz a brincadeira de muito mal gosto, ela estava agindo com desespero, na intenção de conseguir um lugar pra ficar, e consequentemente ter tempo de conseguir outro emprego e se manter na universidade.

— Onde eu consigo encontrá-la?

— Pra quê você quer saber? Você não já a humilhou o bastante?

— Olha só, eu não queria humilhá-la, eu nem sabia o que ela estava passando, eu estava só brincando com ela, nem o nome dela eu sabia, fiquei sabendo agora que você falou.

— Não sabia o nome dela e nem se deu o trabalho de perguntar.

— Você pode me dizer onde eu a encontro, por favor? Eu prometo que vou tentar ajudá-la.

A amiga dela ficou um pouco pensativa, mas depois suspirou derrotada.

— Ela estava a pouco tempo no alojamento pegando o restante das coisas dela, não sei se ainda conseguirá encontrá-la, quarto 42, ala norte, segundo andar.

— Obrigado.

Eu saí correndo, sem nem entender o motivo de eu estar fazendo aquilo, algo além das minhas forças estava fazendo eu me movimentar feito um leão.

Quando eu cheguei no alojamento, e bati na porta, ninguém atendeu, então eu abri, e ele estava vazio.

— Droga, cheguei tarde.

Eu me senti culpado, era como se eu estivesse pegando toda aquela responsabilidade pra mim.

— O que você está fazendo aí?

Uma voz atrás de mim me fez dar um salto, quando eu olhei pra trás, o meu coração rapidamente se aliviou.

— Eu..eu..droga, você não pode sumir assim garota.

— Você veio até aqui pra me cobrar sobre aquele acordo ridículo? Pode esquecer, eu não preciso mais me submeter a isso.

— Não, eu vim te pegar pra levar pro meu apartamento.

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